terça-feira, setembro 30, 2008

urgências

preciso desesperadamente de me fechar no escuro de uma sala de cinema. por mais que tente não me consigo lembrar da última vez.

segunda-feira, setembro 29, 2008

Hoje [ii]

Foi o dia em que quase peguei numa metralhadora e disparei sobre toda a gente. Tiveram sorte de não me chamar para a sexta reunião.

sábado, setembro 27, 2008

Hoje

O dia em que recuperei as velhas amigas. E ainda não me arrependi.

sexta-feira, setembro 26, 2008

Ai que medo!

Que medo de entrar naquele Hospital com ar lavadinho e técnicos vestidos de azul, médicos em branco limpo e sujeitos verdes a condizer com o bloco operatório. Ai que medo do momento em que deixarei de ver, de ouvir, de estar, em que o meu corpo existirá na marquesa e, na minha mente, a marquesa já não estará mais. E se não puderes dormir lá? E se a mãe não tiver tempo? E se o horário de visitas for curto? O pijama e o computador, os livros e um comando de televisão. O sono que vai estar comigo na cama. E o olhar verde do senhor Doutor, cirurgião que me levará à noite em branco na tarde de um dia qualquer.

quinta-feira, setembro 25, 2008

Da maldade e da incompetência

Parece que andam juntas. Só não sei se as duas são uma ou se cada uma delas vale por si só. De uma maneira ou de outra, ambas são dispensáveis.

sexta-feira, setembro 19, 2008

Aos 30

Não receei a chegada aos 30, mas também não ansiei por ela. Deixei-me ficar à espera que viesse, certa de que iria mudar qualquer coisa, mas não tudo. Fui alertada para o facto de tanta coisa ser diferente, disseram-me o melhor e o pior dessa idade que tantos pensam ser mágica: os 30 anos.

Costumo dizer que "aos 30, o meu marido saiu de casa". É verdade. Foi na véspera dos meus 30 anos que ele saiu pela primeira vez. Já tínhamos decidido ficar por ali, e não pensei que parar, exactamente naquele dia, faria alguma diferença. Ele também não pensou. A verdade é que não nos vimos no dia dos meus 30 anos, e recebi apenas um telefonema de Madrid. A verdade é que, perante a ausência e o que se esperava que daí viesse, a minha família mais chegada deixou o trabalho para almoçar comigo. Nesse dia, a minha equipa comprou-me um bolo de aniversário e cantou-me os Parabéns. Ao partir o bolo, nada mais me ocorreu dizer senão: "o último bolo que cortei foi o do meu casamento". Era quase verdade.

Não esperes que os 30 mudem tudo mas, como também já se avizinha, haverá diferenças. Partes para lá do Atlântico, mais uma vez, e agora sem viagem de volta marcada. Arriscas um novo emprego e uma casa diferente, uma cidade que já conheces e que amas. Tens lá os amigos, tens-me a mim, e terás quem mais quiseres com esse teu sorriso de encantar. Os 30 vão trazer-te gente nova e conhecimentos com que não sonhas agora. Haverá surpresas. Os 30 vão trazer-te a ideia de que acabou a década dos "vintes" e isso quer dizer que estás a crescer. Não muito depressa, mas a crescer. Aos 30, as pessoas de 40 e mais anos já nos respeitam e olham para nós como iguais. Já não somos uns miúdos e temos responsabilidades: pagamos uma casa, fazemos contas à vida, temos autoridade no emprego e já não somos os mais novos do escritório. Aos 30 podemos ir a reuniões importantes e já nos deixam falar. E mesmo que já o fizéssemos aos 29, agora é diferente.

Muda mais a nossa cabeça que a nossa vida, aos 30 anos. E cada um saberá a melhor maneira de entrar na idade sem qualquer crise. Mais vale pensar tudo agora e evitar a decadência dos 40. Aí, o salto é maior, dizem. A meio caminho entre uma e outra idade, digo-te que não custa nada, que tudo melhorou, que o crescimento tem sido saudável e que valeu a pena. A meio caminho dou-te o meu apoio e ofereço-te alguma experiência para passar a barreira. É como mudar de Ano a 31 de Dezembro: não custa nada, e os dias voltam a ser iguais.

Parabéns, amiga!

Regresso

S. Miguel recebe-me de braços abertos. Espera-se um fim de semana recheado, com direito ao Cozido das Furnas e um Churrasco à beira da piscina. E depois, há os teus 30 anos. Essa data em que prometeste deixar de fumar, será?

segunda-feira, setembro 15, 2008

Diva






domingo, setembro 14, 2008

39 + 1

Take 1: O P. entra numa livraria e vê um livro nitidamente light que se chama 39+1. Acha que será uma prenda engraça para a namorada, a poucos dias da célebre data, e compra-o.

Take 2: O P. entra numa livraria e vê um livro nitidamente light que se chama 39+1. Acha que será uma prenda engraça para a namorada, a poucos dias da célebre data, e compra-o. "Tive uma sensação de deja vu", conta-me.

Take 3: O P. oferece-me o livro em excesso, embora ainda falte muuuuiiiiiiiitoooo
para os meus 39+1. O livro é giro, sim senhor. Light e bem disposto. E não resisto a partilhar esta passagem.

O GINECOLOGISTA
"Outro médico com quem temos que simpatizar, mas com quem nunca conseguimos simpatizar, é o ginecologista. Como é possível engraçar com um tipo que nos obriga a abrir as pernas e nos mete a mão enquanto comenta a actualidade política ou o tempo? E vai dizendo "relaxe... descontraída... não esteja tensa..." ---- aqui a autora esqueceu-se do quanto ainda pagamos no fim.
Tensa? Histérica, é o que eu fico por não poder responder: "quer que lhe apelpe os tomates um instantinho enquanto comentamos o último livro do Paul Auster?"

quinta-feira, setembro 11, 2008

Neste País

Um homem sai de casa e dirige-se a uma esquadra da Polícia. Encontra um segundo homem que ali está para fazer queixa do primeiro. O homem que saiu de casa pela fresquinha com uma arma debaixo do braço - como se de uma baguete parisiense se tratasse - dispara 5 tiros sobre o queixoso. O segundo homem fica em estado grave. O homem do pão aguarda julgamento em Liberdade.

Há vidas mais baratas...




Bichinho

Penso no trabalho durante as férias. Se fecho os olhos vem-me à cabeça a redacção e os planos para amanhã. Se tento descansar, vêm-me à ideia as palavras que tenho de dizer, as decisões que devo tomar, as mudanças necessárias. E nem o sol me tira o ofício da mente. Quem me dera que fosse de outra maneira para chamar a isto repouso...

quarta-feira, setembro 10, 2008

desejos

à procura de um livro que me 'engula'.

A Sul

Sabe tão bem quando o sol bate nas costas, salpicadas pela água da piscina, corpo deitado no colchão que deambula devagar sobre as ondas de quem nada. E bebo a minha meia de leite à beirinha, olhos postos no azul do céu, na transparência líquida. Mantenho ligação com a realidade porque há assuntos para resolver até domingo. Mas não faz mal. Desligo o telefone e regresso à cama ensolarada, suspiro, chapéu a tapar os olhos e a cabeça, deixo-me relaxar. Esta sessão de férias termina amanhã. E hoje há mexilhões no Gigi.

segunda-feira, setembro 08, 2008

Fátima

Interrompo o sol na piscina para ouvir dizer que Fátima Felgueiras vai responder por 23 crimes e que, ainda assim, a Defesa acredita que será absolvida de todos eles! Fico espantada. Eu não gosto de Fátima (excepto a Nossa Senhora, que Deus a tenha ali em Ourém) e fiquei horrorizada com a fuga para o Brasil, com o saco azul, com a recandidatura, com a vitória... Saber que uma mulher que se aproveitou do cargo para uma campanha para se manter no poder, deixa-me doente. Só um milagre deixará esta mulher sem mácula. E os milagres são para quem os merece.

domingo, setembro 07, 2008

Silêncio, que estamos de férias

A piscina parece o Paraíso. Ao fundo, sem som, um LCD na parede mostra a SIC e o directo do Red Bull Air Race. Deixamo-nos ficar a ver os fantásticos pilotos e prometemos ir lá, para o ano, se a trasmissão voltar a ser nossa. Comemos um hamburguer com queijo - mesmo depois de o rapaz do bar ter dito que não havia Cheese, só Hamburguer (!) - e bebo a minha meia de leite com calma. Reclamámos, e já temos a TV arranjada, no apartamento, pronta para ver o Kennedy, logo à noite, a partir da PSP2 que o Pandes trouxe. Na piscina, dois ou três casais com filhos silenciosos, bebés, homens e mulheres que falam inglês, mas baixinho. Já bastou ontem, no irlandês, duas duplas de bêbedos; ela quase despida com pernas de fazer inveja mas um olhar turvo e sem maneiras nenhumas, loira; a morena, mais sóbria, mas não totalmente, a ameaçar beijar na boca o namorado da loira; ele, cuecas fora das calças e uma t-shirt sobre uma party qualquer, shots uns atrás dos outros, e a pôr a loira ao colo, enquanto os pés - com uns sapatos pirosos, mesmo como as inglesas usam - já estavam sobre a mesa do jantar. E o outro tirava fotografias com o telefone. Hoje não, eram calmos e educados estes estrangeiros que povoam a Quinta do Lago e Vale do Lobo, onde nos encontramos. Na televisão Jerónimo fala aos camaradas no encerramento da Festa do Avante!. Já hoje ouvi o discurso da Ferreira Leite, o tão esperado, depois de um mês de silêncio. Exijo-o à rapaziada que ao fim da tarde apareceu na piscina e que nos fez desistir do sol: dois miúdos, adolescentes, uma miúda, ainda sem maminhas mas com soutien. Gritos e turbulência na piscina onde não é permitido mergulhar. Eles mergulham. E amanhã, se calhar, vamos antes à praia.

Ainda Veneza...





sábado, setembro 06, 2008

Dúvida

Devemos, ou não, voltar ao lugar onde fomos felizes?
Já cá estou outra vez!

sexta-feira, setembro 05, 2008

Na Marquesa

O ambiente era de Dr House: paredes brancas, batas verdes e azuis, máscaras quase transparentes a cobrir o rosto, apenas os olhos - verdes, atentos - sobre mim. Eu estava nua, só com um véu, uma espécie de lençol, branco, ali, na marquesa. Durante quase duas horas a picada junto ao ouvido deixou-me num estado letárgico. Ao longe, a batida do meu coração, ora pausado, ora acelerado, conforme a dor se esgueirava e me fazia arrepiar o corpo. Dói?, perguntava. Que não, que não fazia mal, que continuasse. Mas sim, doía. E os olhos choravam sozinhos. Ele limpava as lágrimas que parte do rosto não sentia, as vozes sobre o dia-a-dia e a vida do hospital, enfermeiras que palram mas não usam bata branca. E a batida do meu coração. Então, veio a desilusão: não estava a resultar, a cirurgia, não conseguia melhor, não podia ficar por ali. A promessa de um regresso à marquesa, daqui a um, dois meses, anestesia geral prometida, e uma dor confinada ao sono de umas horas. Lá estarei. Não tenho outro remédio.

terça-feira, setembro 02, 2008

stand by

hoje podia ter sido o primeiro dia do resto da minha vida. não foi e a vida continua em stand by.