Numa ocasião ouvi um cliente habitual comentar na livraria do meu pai que poucas coisas marcam tanto um leitor como o primeiro livro que realmente abre caminho até ao seu coração. Aquelas primeiras imagens, e eco dessas palavras que julgamos ter deixado para trás, acompanham-nos toda a vida e esculpem um palácio na nossa memória ao qual, mais tarde ou mais cedo - não importa quantos livros leiamos, quantos mundos descobramos, tudo quanto aprendamos ou esqueçamos -, vamos regressar. Para mim, aquelas páginas enfeitiçadas serão sempre as que encontrei entre os corredores do Cemitério dos Livros Esquecidos.
Bea diz que a arte de ler está a morrer muito lentamente, que é um ritual íntimo, que um livro é um espelho e que só podemos encontrar nele o que já temos dentro, que ao ler aplicamos a mente e a alma, e que estes são bens cada vez mais escassos.
A Sombra do Vento, Carlos Ruiz Zafón
Talvez seja possível gostar de um homem que não lê os mesmos livros. [Mesmo que esse homem não queira conhecer a história de Julian Caráx. Não se apaixone pela Bea. Não se curve perante o amor do Daniel. Não derrame uma lágrima quando chegar ao fim da história, porque nunca chegará à última página]. Talvez se baixar a guarda e deixar a vida entrar, por todos os sentidos, o amor possa acontecer de outra forma.
Carrie, não sei se já te tinha dito, mas A Sombra do Vento foi o melhor livro que eu li este ano. Não é nada complicado, abrange quase todos os géneros literários, prende do princípio ao fim e tem personagens apaixonantes.Fiquei fã do Ruiz Zafon.
ResponderEliminarHonestamente acho possível amar um homem que não LÊ os mesmos livros que eu.
ResponderEliminarO factor de exclusão reside na minha necessidade de ter a certeza que ambos estamos a ESCREVER a mesma história!