domingo, julho 16, 2006

Palavras*

Há palavras que pesam como chumbo. Deixam marcas que nem o tempo apaga. Que nenhum laser fará desaparecer. Ficam tatuadas num qualquer músculo. Magoam. Há também as que nos deixam quase indiferentes. Pequenas plumas. Deixam na pele uma ligeira impressão. Mas não mudam nada. Se não tivessem sido proferidas os dias continuariam iguais. Há palavras que pesam como chumbo. Que devem ser medidas e pesadas, ao miligrama, antes de serem arremessadas. Palavras doces, numa espécie de oração. Uma 'ordem' para seguir em frente. Um esconjuro de fantasmas e tristezas. Há palavras que são perfeitos beijos na boca. Não é preciso mais nada. Palavras que a brisa junto ao mar não leva. Que ficam. Sentidas e com sentido. Está dito, está dito. E o mundo continua a girar. "'Round and 'round and 'round it goes. Where it stops only i know".

[ou post delicodoce, na designação de um blogger de referência]

4 comentários:

  1. Pois há, sim senhora, é verdade.
    Agora outro assunto: quando uma pessoa vos quer escrever um mail, escreve para onde, cum raio?!

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  2. fui editado? ou será que me troquei num passo ou noutro?

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  3. Há palavras que nos beijam
    Como se tivessem boca.
    Palavras de amor, de esperança,
    De imenso amor, de esperança louca.

    Palavras nuas que beijas
    Quando a noite perde o rosto;
    Palavras que se recusam
    Aos muros do teu desgosto.

    De repente coloridas
    Entre palavras sem cor,
    Esperadas inesperadas
    Como a poesia ou o amor.

    (O nome de quem se ama
    Letra a letra revelado
    No mármore distraído
    No papel abandonado)

    Palavras que nos transportam
    Aonde a noite é mais forte,
    Ao silêncio dos amantes
    Abraçados contra a morte.

    Alexandre O'Neill

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