terça-feira, agosto 22, 2006

Conto[s]

O
Agarras-lhe pela cintura. Beijas-lhe o pescoço. Há uma mão que tenta afastar-te. Insistes. Indiferente aos cheiros dos ingredientes para o jantar. Encostas-lhe o corpo contra a bancada da cozinha. A mão desce por entre as pernas nuas sob a mini-saia. Ela evita tocar-te. Refila por causa dos cheiros. Pela hora do jantar que se aproxima. Mas beija-te o pescoço. Sabe a sal. A mar. É um jogo de forças. A responsabilidade contra o prazer. As convenções contra o prazer. Vira-la para ti. Desapertas o fecho da saia que cai. Continuas a beijá-la enquanto a fazes deslizar para fora da cozinha. As resistências começam a desmoronar-se. Os olhos dela, transparentes, são agora uma súplica silenciosa. Pegas-lhe ao colo. Não há tempo para chegar ao quarto.

[Este conto tem dono. Foi pago a um euro.]

14 comentários:

  1. Este conto tem uma imprecisão técnica. Se é urgente, tão urgente que não há tempo de a levar para o quarto, se ela está de mini-saia, de certeza que ele não vai perder tempo numa coisa tão elaborada e tecnicamente complexa como desapertar-lhe o fecho da saia.

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  2. Que pena a referência final do post!
    Li este texto linha a linha e só no final vi a referência de que se tratava de um conto escrito por outrem, um dono, que tudo leva a crer ser macho.
    No entanto, acreditando ao ler o texto que o conto tinha sido escrito pela autora do post (Carrie), e referindo-se o mesmo a uma ela que usava mini-saia (que cai), pensei tratar-se de uma relação lésbica.
    Esta crença, desfeita com a referência final ao "dono", provocou em mim leitor um entusiasmo visual acrescido. As relações lésbicas são, de facto, excitantes para o homem quando voyeur.

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  3. De facto, o "dono" do conto é uma mulher [eu]. Ainda que o texto não seja sobre uma relação lésbica.

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  4. E caro Leão, sem saia facilitam-se os movimentos.

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  5. Leao, estas desatento (essas ferias !!!!). Preliminares, meu caro, preliminares! lembras-te que ela estava relutante? o fecho deve ate ser desapertado MUITO DEVAGARINHO; a mao deve rocar a pele ao de leve quando desapertar o fecho no movimento descendente. Efectivamente tinhas que estar desatento, leste demasiado depressa.

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  6. Leão, Esclarecido?
    [Registo que não perdes uma para botar defeito! Mas todas as críticas são bem vindas, principalmente as construtivas...]

    Rasputine, a autora do texto, sim é uma gaja!, está devidamente identificada, como todos os outros. Se tem dono é apenas porque foi encomendado e comprado. Quanto à relação lésbica... cada um lê o que quer.

    Pedro, " fecho deve ate ser desapertado MUITO DEVAGARINHO; a mao deve rocar a pele ao de leve"?!!? UAU...

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  7. Ena, ena. Não só é um bonito conto, como ainda tivemos o prazer de saborear um derby entre leãozinho e pedronuno e bater palmas no fim ao, incontestável, vencedor, Pedronuno!
    Eu li este post, ontem, à noite, a comer gelado com molho de chocolate. Aconselho!

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  8. Caríssima Lady,

    Não se tratando de um conto autobiográfico, trata-se então de um conto escrito na pespectiva masculina?

    Ou de um conto escrito na posição da flor a quem lhe vão tirando as pétalas?

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  9. Rasputine,
    O conto foi escrito por mim e não é autobiográfico. É escrito na perspectiva masculina de quem seduz uma mulher.

    [porra! pior que um mau conto, só um mau conto explciado!]

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  10. Cara Carrie,

    não falava consigo, mas com a minha amiga Lady, até porque foi ela quem assumiu a maternidade inicial do conto.

    Agora a caríssima diz que o conto foi escrito por si (!!!)

    Confesso que estou confuso.

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  11. Querido Rasputine,
    o conro foi escrito pela Carrie e comprado por mim [sou dona e não autora].

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  12. Eu sei que falava com a Lady, mas uma vez que o conto é da minha autoria ela não podia responder-lhe às questões que colocava.

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  13. E ainda dizem que as mulheres são complicadas...

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  14. gostei muito da bólinha no canto superior direito (e... certo, de tudo o resto, comentários incluídos.)

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