quarta-feira, julho 30, 2008
A Espuma dos Dias
domingo, julho 27, 2008
Aguarde a sua vez

Diz-me como compras dir-te-ei quem és? Pus-me hoje a pensar que seria possível escrever um daqueles livros de personalidade - mas do género fast-food - para mulheres. Seria alguma coisa do género: saiba que tipo de pessoa é, confira os seus traços de personalidade pela forma como vai às compras.
As fúteis seríamos todas, está bem de ver. Quanto ao sub-tipos teriamos a fútil-racional, a fútil-pessimista, a fútil-impetuosa, a fútil fácil.
Vamos esmiuçar:
Fútil-fácil - aquela que entra, vê e compra. Não precisa, não tem dinheiro mas a verdade é que também não pensa
Fútil-pessimista - aquela que cede aos primeiros 30% de desconto nas promoções por achar que depois será tarde demais Qualquer mulher com um pingo de auto-estima sabe que menos de 50% não é saldo que se apresente. E esta é uma fasquia de exigência que nos separa claramente da comunidade masculina.
A fútil-optimista - (na qual eu me insiro :)Aquela que se apaixona por uns sapatos da Fly London em Maio, que em rigor não precisa deles mas que fica a remoer durante vários meses porque-são-mesmo-giros-nem-altos-nem-baixos-e-super-coloridos-que-dão-tanto-jeito-para-o-verão. Dois meses depois regressa à loja e consegue comprar o último par 37 com mais de 50% de desconto. Pelo caminho, ainda entra na loja ao lado e sai de lá com um vestido que já tinha experimentado três vezes (ainda bem que as empregadas mudam de turno) e que, sendo o único desde os tempos do -20%, ainda resistiu até aos 60%.
É possível ficar feliz com tão pouco? É sim senhora e ainda bem! Porque se nos pusermos a pensar a sério esta parece ser a condição feminina. Ser mulher é um acto de espera:
- que as maminhas cresçam
- e que depois não descaiam
- que nos deixem usar saltos altos
- que falte pouco para chegar a casa e tirar os sapatos
- que os pelos acabem de crescer para finalmente os poder tirar
- que as unhas sequem
- que a máquina acabe de lavar
- que a roupa acabe de secar
- que o período venha
- que não venha
- que ele telefone
- que eles nunca cresçam
- que eles cresçam para os ver vencer
- que os cabelos fiquem todos brancos que sempre é mais charmoso que às manchas
sexta-feira, julho 25, 2008
dias produtivos
do ócio
- Fiz amor - confessou Samantar com naturalidade.
- É um motivo muito nobre. Se é essa a tua desculpa, pela minha parte estás perdoado. [...]
Uma ambição no deserto, Albert Cossery
dos livros
João Pereira Coutinho, in Expresso [12 de Julho 08]
segunda-feira, julho 21, 2008
status report ii
Chegar a casa e regar girassóis, malmequeres, dálias, coroas imperiais e um sem número de coisas verdes, que não faço ideia de como se chamam, tornou-se numa espécie de relaxante diário. A água que me passa entre os dedos antes de chegar ao chão, que salpica para os pés, que me refresca nas noites que tem estado quentes. Como se querem. Os girassóis passam o muro e espreitam para o pátio dos vizinhos. O rosa choque da buganvília está enrolado nas grades da varanda. A Oliveira continua pequenina. E a magnólia não há meio de dar flores...
domingo, julho 20, 2008
sábado, julho 19, 2008
10 anos
Se estiver descalça, lado a lado com o F, ficamos praticamente da mesma altura. Falta um ou dois centímetros para que as nossas cabeças estejam ao mesmo nível. Mas o F. tem só 10 anos. Curioso, atento, perspicaz. Talvez porque as nossas cabeças ficam praticamente à mesma altura, esquecemo-nos muitas vezes que são só 10. E com isso somos desbocados. Medimos mal as palavras. E ontem à propósito de uns calções de banho, escolhidos por ele, e que são verdadeiramente aterradores, comparou-os com outros comprados pela mãe, e que no seu dizer são ‘gay’. Abri a boca de espanto. Perguntei-lhe se sabia o que estava a dizer. Que sim. Que são homens que gostam de homens. E continuamos a conversa primeiro com ele. Que ele não ligasse à opinião da tia, porque as miúdas iam gostar daqueles calções. E mais do que isso, o que gostariam mesmo era de lhos tirar. E eu chocada a dizer que o puto tem só 10 anos. Ele a rir com um sorriso constrangido, mas feliz porque o tratam quase como igual. Depois deixando-o um pouco de parte falando de filmes. Do tropa de elite, que ele viu com os pais, da Cidade de Deus e um pouco mais a despropósito do Delicatessen. Uma espécie de filme de culpa para a minha irmã. O Delicatessen tem uma cena absolutamente deliciosa em que um prédio inteiro, em que se ouve tudo, em toda a parte, age ao ritmo de um acto sexual. E eu a contar a cena, a falar de sexo, e agora nem vale a pena soletrar, porque o puto apanha tudo, e a esquecer-me que ele tem só 10.
sábado, julho 12, 2008
sexta-feira, julho 11, 2008
Heil Berlin!
Berlim é para ver, não apenas para visitar. Nesta segunda ida à cidade vejo mais, apreendo mais, sinto mais. E, de mãos dadas, corremos as ruas que conduzem a História e o passado. Bebemos da cultura e das gentes que agora sorriem, saímos do caminho para que uma bicicleta não nos atropele. Na Torre olhamos de cima e visitamos por alto. O cheesecake sabe melhor e vivemos então como se fossemos outras pessoas. Ela pergunta, eu respondo, se sei; procuro, se ignoro. E aprendemos juntas. Gosto disto. Quero voltar a senti-la comigo. Haveremos de conhecer mais.
quinta-feira, julho 10, 2008
desafios
Gourmet
recomeço
Regresso ao Yoga dois anos depois num dos meus eternos e infindáveis recomeços. Durante hora e meia estico-me, contorço-me, dobro-me. Regresso ao Yoga e percebo que não me lembro da ordem das posturas. Que não consigo seguir a regra dos movimentos. Que a série se perdeu nos confins da memória. Só uma vaga sensação de conforto resta ainda na caixinha verde alface, a tal do terceiro compartimento da esquerda a contar da pálpebra direita. Não faço mais de oito posturas, de novo repetidas para serem memorizadas pelos músculos, pelo cérebro. E aquilo que há uma semana atrás parecia uma excelente ideia é de repente um verdadeiro tormento, quando na manhã seguinte não consigo mexer os braços e as pernas. Quando dói tudo. Até o dedo mindinho do pé direito.
domingo, julho 06, 2008
O drama da planície
sexta-feira, julho 04, 2008
profissão a quanto obrigas
A.B.
quinta-feira, julho 03, 2008
brincadeiras perigosas
Paul: Why not?
Funny Games, Michael Haneke (1997)
Estreia hoje. Vi a primeira versão, numa noite de princípio de Verão no King. Já lá vão uns dez anos. Falada em alemão [o realizador é, senão me engano, austríaco] ficou-me para sempre cravada, num qualquer recanto da caixa verde alface. Não por ser uma boa memória. Apenas por ser memorável pela forma como retrata a crueldade humana. O mal pelo mal. É puro terror psicológico. Michael Haneke revisita agora esta família de férias junto a um lago. Pai, mãe e filho. Bonecos de trapos nas mãos dois rapazes imaculados, pelo menos por fora…
quarta-feira, julho 02, 2008
As águas de Junho
'Há-des' ter muitos amigos
Manuela Ferreira Leite, em entrevista à TVI