quarta-feira, dezembro 31, 2008
[o meu]mundo
Por alguma razão [ainda] desconhecida, o mundo parece-me hoje um lugar ainda mais estranho do que habitualmente.
2009 II
Em 2009 vou perder 5 quilos. Vou tentar a "liposhaper". Vou poupar dinheiro para viajar. Vou outra vez a Nova Iorque. Vou a Roma. Vou trabalhar melhor, chatear-me menos, vou ser mais serena e evitar erupções sem sentido. Vou à aldeia da minha mãe, passados 5 anos de abstinência. Vou resolver o passado de vez. Vou engravidar. Vou comprar uma casa nova. Vou convencer o meu namorado a tudo isso. Vou convencê-lo a casar. Vou esquiar e passar férias na neve. Vou estar mais tempo com a minha avó. Mais tempo com os meus sobrinhos. Vou dedicar mais horas à minha família. Vou ajudar alguém, em especial. Vou encontrar-me com velhos amigos. Vou estar mais com esta cidade. Vou sorrir. Vou rir-me à gargalhada e com razão. Vou usar um aparelho nos dentes e não me vou importar. Vou aproveitar os meus afilhados. Vou ao Rio com as milhas da TAP. Vou fazer uma boa reportagem. Vou acreditar no meu trabalho, na minha função, na minha empresa. Vou trabalhar mais alegre, menos desiludida, mais entusiasmada. Vou comer melhor. Vou beber menos meias-de-leite. Vou inscrever-me no ginásio. Vou inaugurar a minha bicicleta há 4 anos na arrecadação. Vou mudar de carro. Vou passear a Sintra. Vou fazer massagens. Vou tratar da minha saúde. Vou gostar. Vou amar. Ou não.
2009
Em 2009 vou trabalhar menos. Vou sair mais cedo do pasquim. Vou dar mais atenção às pessoas verdadeiramente importantes. Vou ler mais. Vou voltar a Nova Iorque. Vou estar mais vezes com as mulheres desta cidade. Vou estar menos tempo em frente ao computador. Vou andar mais de patins. Vou mais vezes ao cinema. Vou dar mais de mim aos outros. Vou voltar a estudar. Vou ganhar os prometidos cinco quilos. Vou ver mais vezes os meus putos. Vou a Angola. Vou rir muito. Vou triplicar as idas à praia. Vou ser menos azeda. Vou almoçar uma vez por semana com a C. Vou [de novo] a Cabo Verde. Vou comer melhor. Vou voltar a ser perfeccionista. Vou-me apaixonar. Vou fazer disparates. Vou mais vezes à Serra. Vou dormir mais. Vou conhecer novas músicas. Ser mais feliz. Vou fazer voluntariado. Vou ter um jardim a sério. Vou voltar a escrever compulsivamente. Vou encher-me de mimos. Vou voltar a cortar o cabelo. Vou transformar o sofrimento em formato mensal em arte. Vou voltar ao ioga. Vou mudar de país. Vou ter mais atenção ao orçamento. Vou aprender a fotografar decentemente. Vou chorar. Vou mudar de casa. Vou renovar a carteira profissional pelo menos uma vez por mês. Vou acabar o mestrado. Vou terminar todos os livros que deixei a meio. Vou deixar de fumar. Ou não.
terça-feira, dezembro 30, 2008
%!”$#/&
Uma das senhoras que faz a limpeza aqui no pasquim, as únicas que por cá andam a horas impróprias e fazem de figurantes durante os meus sofrimentos em formato mensal, perguntou-me há pouco se a flor vermelha era minha, que coitada, da flor, estava tão seca e até já tinha flores amarelas, e por isso tinha decidido regá-la. E eu a agradecer, continuo a ser a pior pessoa do mundo para cuidar de plantas, não tenho a culpa que elas não se lembrem de pedir água, uma pessoa tem mais que pensar e esquece-se invariavelmente de as alimentar, e por isso muito agradecida, digo e penso que talvez assim a planta resista até final do ano ou mais alguns dias ainda. Agradeço e penso que a senhora é simpática, não me limpa a secretária, nem a de ninguém à excepção das dos senhores directores, mas ao menos salvou-me a flor. O que não sabia ainda é que a grande %!”$#/& tinha usado o Actual desta semana, aquele que guardei religiosamente para não me esquecer em 2009 dos [melhores] livros que me esqueci de ler em 2008, para aparar o excesso de água que saiu do vaso.
segunda-feira, dezembro 29, 2008
Natal [a ressaca ii]
Estar quatro dias na Serra tem também as suas desvantagens. Passar a estar, no regresso, constantemente com fome, mesmo que tenham passado vinte minutos do pequeno-almoço ou uma hora do almoço, é sem dúvida a maior delas.
domingo, dezembro 28, 2008
Crise
Nos dias que antecederam o Natal, os portugueses gastaram, média/hora, 7 milhões de euros. Eu nem sabia que havia quantias tão altas...
sábado, dezembro 27, 2008
Natal [a ressaca]
Não sei se, nestes dias, consegui ganhar algum dos cinco quilos desejados há séculos, mas não tenho dúvidas que me aproximei escandalosamente da diabetes.
Gente de 2008
Voto em Barack Obama para Personalidade Internacional do Ano 2008. E Manoel de Oliveira para Personalidade Nacional.
O primeiro representa a esperança. O segundo, o passado e o que mais pode vir.
O primeiro representa a esperança. O segundo, o passado e o que mais pode vir.
quarta-feira, dezembro 24, 2008
Natal
Os melhores natais foram sempre em dias de sol, muito frios, de céu azul metálico, muito limpo. Como hoje. Feliz Natal!!!
Natal
Esta noite as luzes vão acender-se todas ao mesmo tempo. Haverá uma estrela-guia, para o que quer que desejemos. Haverá risos e crianças. Haverá embrulhos e papel pelo chão. Rasgado.
Esta noite haverá fome e gente triste nas ruas. Haverá morte e choro e gritos e lágrimas.
Esta noite poderia ser igual às outras.
Mas esta noite, nasce Jesus. Acredite-se, ou não...
Esta noite haverá fome e gente triste nas ruas. Haverá morte e choro e gritos e lágrimas.
Esta noite poderia ser igual às outras.
Mas esta noite, nasce Jesus. Acredite-se, ou não...
terça-feira, dezembro 23, 2008
Tu, outra vez
Falámos 40 minutos. Actualizámos informação. Soubemos pormenores um do outro. O Natal também é isto: perdoar, passar à frente, ser capaz de enfrentar fantasmas. A tua vida distante da minha, os meus pensamentos longe dos teus, mas tantas referências iguais. Como se tivéssemos crescido juntos. E crescemos, a cada Verão. E ficou a promessa de um reencontro, um destes dias. Ou no próximo Natal.
segunda-feira, dezembro 22, 2008
zen
Estou sentada e agarro-me à cadeira. É uma questão de segurança. A perspectiva de passar seis dias sem por os pés no pasquim está a deixar-me em absoluto estado zen. Leve. Se não me seguro corro o risco de sair a flutuar de um momento para o outro.
o passado [em três tempos]
O passado chegou-me este fim-de-semana às golfadas. Sorvi cada momento enquanto retrocedia dois meses, dez anos, 17 anos. Por ordem inversa. Primeiro no Tóquio, com palavras que não entendi ou não quis entender. Mas foi bom repartir uma cerveja, rir desbragadamente, olhar-te nos olhos e perceber porque ficas[te] tanto tempo na minha vida. E hoje, no caos do Chiado em dias de Natal, à procura de presentes de última hora e receber o melhor de todos, em forma de perfume, tanto tempo depois, com o mesmo sorriso, o mesmo olhar doce, a mesma pessoa, que conheço tão bem, que tanto quero, para sempre. E por fim ao jantar, frente-a-frente, reencontrar-me com o passado mais recente e ter a certeza que vai ficar tudo bem.
domingo, dezembro 21, 2008
Eu cá gosto do Natal!

Lembro-me ainda do Natal em que o meu tio levou um convidado à ceia. Era negro, um rapaz, adolescente, pouco mais velho que eu. E vivia numa instituição, com outros miúdos, sem pais. Sei que trocámos presentes com ele, que lhe demos brinquedos, que partilhou connosco o sabor do perú. E, anos mais tarde, acabei por convidar o N. com o mesmo intuito. Ele estava a preparar-se para passar a noite de Natal sozinho, em casa. Estávamos a sair da redacção e calhou perguntar-lhe o que ia fazer. E assim acabámos juntos, a comer Tiborna, a ouvir as crianças que eram minhas mas que o fizeram sorrir. E o Pai Natal já existia, dessa vez!
Hoje, nas últimas compras, ouvi muita gente a maldizer o Natal. Não partilho dessa opinião, dos que dizem que é só consumismo e não sei mais o quê... Eu comecei cedo a fazer as compras e fui comedida: mais do que valores materiais, procurei, nos meus presentes, caras. A cara de cada um, quando receber o presente. Gosto de ver os sorrisos, de sentir os beijinhos, de agarrar os abraços. Gosto disso. E é nesses momentos que penso, quando compro a prenda, seja cara ou barata. É claro que quase me irritei quando, na sexta-feira, fiquei mais de uma hora e meia à procura de lugar para o carro, no Bairro Alto. Mas suportei, espírito zen - como aprendi com o Detective Crews, da série Life - e acabei a comer um bife com alho e a beber cola zero. Com as miúdas com quem lido diariamente, com aquelas de quem pouco ou nada sei se não houver momentos assim.
Já agora: troquei hoje presentes com o P. Acertei em tudo! E tenho um ipod espectacular. Só me falta aprender a lidar com ele. Tenho 365 dias para isso.
Feliz Natal a todos os que por aqui passam. É um prazer contar convosco!
sábado, dezembro 20, 2008
sexta-feira, dezembro 19, 2008
dias assim
Algo vai mal quando, depois [apesar] de trabalhar das 8h20 às 21h00, pensamos que tivemos um bom dia. Pelo simples facto de sair antes das dez da noite, porque tudo correu sobre rodas, sem mudanças, sem guinadas bruscas quando o comboio já está a 200km/h, tudo aconteceu como se de uma engrenagem perfeita se tratasse. E depois há os sorrisos, a partilha, os grilos falantes e o riso desenfreado. E o melhor é que o dia não acabou ainda. Hoje renova-se a carteira profissional.
blá, blá, blá
Os dois c’s da minha vida estão transformados em grilos falantes. Não sei se gosto. Tinha mais piada quando uma fazia de anjo e a outra de diabinho.
sofrimento em formato mensal [iv]
Existe muito de tortura chinesa no toque de um despertador às 7 da manhã. Principalmente quando lá fora está ainda noite cerrada e o dedo grande do pé congela no momento em que sai de debaixo do edredon. É tratamento de choque. Salto da cama no exacto segundo em que abro os olhos, com a certeza de que se os fecho não volto a acordo. Que falto ao sofrimento em formato mensal e provavelmente ao resto do dia. Há muito de tortura chinesa na voz do locutor da TSF que diz, com o ar mais normal do mundo, ‘estão cinco graus em Lisboa’.
Já não é noite cerrada quando abro a porta de casa, mas – de certeza que ali no meio devem estar agentes da Scotland Yard ou Mr. Sherlock Holmes, himself – não veria um elefante à frente nem que o mesmo estivesse sentado em cima do carro no momento em que abro a porta. O resto é a história do costume. Carros, muitos carros, até ter o privilégio de estacionar o carro numa garagem em pleno Chiado. Subir o elevador a dizer mal da vida e do gajo que teve a ideia peregrina de inventar certas coisas. É receber o telefonema do M., diz que sim, que sou eu, sim podemos falar disso, ou então do Benfica, mesmo que o Benfica tenha perdido ontem na Luz, um jogo a que faltei apesar de ter bilhete para camarote, até o Benfica seria melhor do que empréstimos e taxas de juro. Depois são três minutos sentada, como se estivesse de castigo, encostada um canto com orelhas de burro, só que agora tenho uma câmara à frente e um auricular nos ouvidos, testar a voz, contar até 20 ou falar do perfume da Burger King, consta que é de homem e cheira a carne grelhada com um certo toque de Ketchup, esperar até receber o sinal, dizer o que tenho a dizer, rápido, muito rápido, sempre em pânico, as pernas a tremer e a garganta seca. Não demoro mais de minuto e meio, obrigada, adeus, até à próxima, que seja só daqui a uns meses, mesmo quando sei que é já dentro de dias.
Já não é noite cerrada quando abro a porta de casa, mas – de certeza que ali no meio devem estar agentes da Scotland Yard ou Mr. Sherlock Holmes, himself – não veria um elefante à frente nem que o mesmo estivesse sentado em cima do carro no momento em que abro a porta. O resto é a história do costume. Carros, muitos carros, até ter o privilégio de estacionar o carro numa garagem em pleno Chiado. Subir o elevador a dizer mal da vida e do gajo que teve a ideia peregrina de inventar certas coisas. É receber o telefonema do M., diz que sim, que sou eu, sim podemos falar disso, ou então do Benfica, mesmo que o Benfica tenha perdido ontem na Luz, um jogo a que faltei apesar de ter bilhete para camarote, até o Benfica seria melhor do que empréstimos e taxas de juro. Depois são três minutos sentada, como se estivesse de castigo, encostada um canto com orelhas de burro, só que agora tenho uma câmara à frente e um auricular nos ouvidos, testar a voz, contar até 20 ou falar do perfume da Burger King, consta que é de homem e cheira a carne grelhada com um certo toque de Ketchup, esperar até receber o sinal, dizer o que tenho a dizer, rápido, muito rápido, sempre em pânico, as pernas a tremer e a garganta seca. Não demoro mais de minuto e meio, obrigada, adeus, até à próxima, que seja só daqui a uns meses, mesmo quando sei que é já dentro de dias.
quinta-feira, dezembro 18, 2008
É oficial
Odeio o natal. Não se pode passar rapidamente para o dia 2 de Janeiro?
[estejam à vontade para criticar, insultar ou apedrejar]
[estejam à vontade para criticar, insultar ou apedrejar]
caos
Chego ao final do dia com 39 feeds e 150 emails por ler. Não sei se o mundo acabou ou não. Não sei sequer como chego ao fim do dia. E também não sei se este dia foi pior do que ontem ou do que o mesmo dia há uma semana. É cada vez maior a sensação de que não controlo nada. Que cada produto final é um verdadeiro milagre.
quarta-feira, dezembro 17, 2008
com amor
[...] E os sonhos pareciam ter sido sonhados a noite passada, e podíamos até contá-los como uma história de encantar, pudéramos tê-los cantado como uma canção de embalar que se entoa, ao fim da noite, à cabeceira de uma criança que ainda não tem medo do escuro; eles voltaram para nós como se tivéssemos acabado de os sonhar, como se nenhum dano os tivesse infligido ou deturpado: eles traziam em si as metáforas mais bonitas, e nós éramos os heróis em todos os capítulos, a nossa força e coragem enterrava todos os monstros e todas as criaturas grotescas do mal; éramos portadores de toda a esperança do mundo e da justiça também; sabíamos isso, tínhamos acabado de acordar e os sonhos, os nossos sonhos, afinal, não tinham ido a lado nenhum.
Pela melhor escritora da blogosfera. Aqui
Pela melhor escritora da blogosfera. Aqui
quarta-feira, dezembro 10, 2008
à procura de uma saída
se nada for feito a situação irá resolver-se por si em Fevereiro de 2010. a dúvida é saber se sobrevivo a mais um ano e dois meses 'disto'…
segunda-feira, dezembro 08, 2008
Pecado
O Padre chama-me à parte. Estado civil? - pergunta. Sei que sabe o que sou. Confirmo. Digo-o em voz alta no interior da sacristia e tudo me parece gelado, a batina que ele então despe, os paramentos que retira devagar, o olhar cravado no meu. E estás a resolver isso? - nova pergunta. Que sim, que tenho namorado, que - quem sabe - casarei outra vez. Não, não será a mesma coisa, perante a Igreja, mas ainda assim quero-o. Volta à carga: E porque não anular o anterior casamento? - terceira pergunta, de rajada. Não. Laconicamente respondo. O aviso: e sabes as regras da Igreja? Sei, não sei eu outra coisa. Gosto de ti na mesma, remata. E penso se será verdade. E penso que a Igreja nunca aceitará o meu divórcio, concluo que não vale a pena insistir, eles que preferem que minta a manter a minha integridade. Tudo por uma imagem. Saio da sacristia a pensar no que nunca terei ousado dizer: que se lixe a Igreja dos homens!
Madrinha
Baptizei o meu quarto afilhado hoje (afilhada, no caso). E apesar dos estragos no orçamento, dos folares que me deixam na penúria, dos presentes por alturas do Natal, das ofertas pelo aniversário, das prendas no Dia da Criança... apesar destes gastos, e de outros, ocasionais, não há como ouvir a palavra Madrinha. E alargar as relações familiares.
sábado, dezembro 06, 2008
My friend The Dead Tree
Há anos que tenho um projecto. Escolher uma árvore na Serra e fotografá-la quatro vezes ao ano. Uma imagem por cada estação. Por preguiça nunca passou disso, de um projecto. Há quem o tenha levado à prática ainda que numa dimensão muito superior. Está aqui e é lindo.
quinta-feira, dezembro 04, 2008
quarta-feira, dezembro 03, 2008
Natal
Mais cedo do que é costume, ergui a minha árvore. Artificial. No topo a estrela vermelha e, por todos os ramos, as bolas e as recordações natalícias que trago daqui e dali. E o presépio, a três.
É oficial: gosto do Natal!
É oficial: gosto do Natal!