quarta-feira, dezembro 31, 2008
[o meu]mundo
Por alguma razão [ainda] desconhecida, o mundo parece-me hoje um lugar ainda mais estranho do que habitualmente.
2009 II
Em 2009 vou perder 5 quilos. Vou tentar a "liposhaper". Vou poupar dinheiro para viajar. Vou outra vez a Nova Iorque. Vou a Roma. Vou trabalhar melhor, chatear-me menos, vou ser mais serena e evitar erupções sem sentido. Vou à aldeia da minha mãe, passados 5 anos de abstinência. Vou resolver o passado de vez. Vou engravidar. Vou comprar uma casa nova. Vou convencer o meu namorado a tudo isso. Vou convencê-lo a casar. Vou esquiar e passar férias na neve. Vou estar mais tempo com a minha avó. Mais tempo com os meus sobrinhos. Vou dedicar mais horas à minha família. Vou ajudar alguém, em especial. Vou encontrar-me com velhos amigos. Vou estar mais com esta cidade. Vou sorrir. Vou rir-me à gargalhada e com razão. Vou usar um aparelho nos dentes e não me vou importar. Vou aproveitar os meus afilhados. Vou ao Rio com as milhas da TAP. Vou fazer uma boa reportagem. Vou acreditar no meu trabalho, na minha função, na minha empresa. Vou trabalhar mais alegre, menos desiludida, mais entusiasmada. Vou comer melhor. Vou beber menos meias-de-leite. Vou inscrever-me no ginásio. Vou inaugurar a minha bicicleta há 4 anos na arrecadação. Vou mudar de carro. Vou passear a Sintra. Vou fazer massagens. Vou tratar da minha saúde. Vou gostar. Vou amar. Ou não.
2009
Em 2009 vou trabalhar menos. Vou sair mais cedo do pasquim. Vou dar mais atenção às pessoas verdadeiramente importantes. Vou ler mais. Vou voltar a Nova Iorque. Vou estar mais vezes com as mulheres desta cidade. Vou estar menos tempo em frente ao computador. Vou andar mais de patins. Vou mais vezes ao cinema. Vou dar mais de mim aos outros. Vou voltar a estudar. Vou ganhar os prometidos cinco quilos. Vou ver mais vezes os meus putos. Vou a Angola. Vou rir muito. Vou triplicar as idas à praia. Vou ser menos azeda. Vou almoçar uma vez por semana com a C. Vou [de novo] a Cabo Verde. Vou comer melhor. Vou voltar a ser perfeccionista. Vou-me apaixonar. Vou fazer disparates. Vou mais vezes à Serra. Vou dormir mais. Vou conhecer novas músicas. Ser mais feliz. Vou fazer voluntariado. Vou ter um jardim a sério. Vou voltar a escrever compulsivamente. Vou encher-me de mimos. Vou voltar a cortar o cabelo. Vou transformar o sofrimento em formato mensal em arte. Vou voltar ao ioga. Vou mudar de país. Vou ter mais atenção ao orçamento. Vou aprender a fotografar decentemente. Vou chorar. Vou mudar de casa. Vou renovar a carteira profissional pelo menos uma vez por mês. Vou acabar o mestrado. Vou terminar todos os livros que deixei a meio. Vou deixar de fumar. Ou não.
terça-feira, dezembro 30, 2008
%!”$#/&
Uma das senhoras que faz a limpeza aqui no pasquim, as únicas que por cá andam a horas impróprias e fazem de figurantes durante os meus sofrimentos em formato mensal, perguntou-me há pouco se a flor vermelha era minha, que coitada, da flor, estava tão seca e até já tinha flores amarelas, e por isso tinha decidido regá-la. E eu a agradecer, continuo a ser a pior pessoa do mundo para cuidar de plantas, não tenho a culpa que elas não se lembrem de pedir água, uma pessoa tem mais que pensar e esquece-se invariavelmente de as alimentar, e por isso muito agradecida, digo e penso que talvez assim a planta resista até final do ano ou mais alguns dias ainda. Agradeço e penso que a senhora é simpática, não me limpa a secretária, nem a de ninguém à excepção das dos senhores directores, mas ao menos salvou-me a flor. O que não sabia ainda é que a grande %!”$#/& tinha usado o Actual desta semana, aquele que guardei religiosamente para não me esquecer em 2009 dos [melhores] livros que me esqueci de ler em 2008, para aparar o excesso de água que saiu do vaso.
segunda-feira, dezembro 29, 2008
Natal [a ressaca ii]
Estar quatro dias na Serra tem também as suas desvantagens. Passar a estar, no regresso, constantemente com fome, mesmo que tenham passado vinte minutos do pequeno-almoço ou uma hora do almoço, é sem dúvida a maior delas.
domingo, dezembro 28, 2008
Crise
Nos dias que antecederam o Natal, os portugueses gastaram, média/hora, 7 milhões de euros. Eu nem sabia que havia quantias tão altas...
sábado, dezembro 27, 2008
Natal [a ressaca]
Não sei se, nestes dias, consegui ganhar algum dos cinco quilos desejados há séculos, mas não tenho dúvidas que me aproximei escandalosamente da diabetes.
Gente de 2008
Voto em Barack Obama para Personalidade Internacional do Ano 2008. E Manoel de Oliveira para Personalidade Nacional.
O primeiro representa a esperança. O segundo, o passado e o que mais pode vir.
O primeiro representa a esperança. O segundo, o passado e o que mais pode vir.
quarta-feira, dezembro 24, 2008
Natal
Os melhores natais foram sempre em dias de sol, muito frios, de céu azul metálico, muito limpo. Como hoje. Feliz Natal!!!
Natal
Esta noite as luzes vão acender-se todas ao mesmo tempo. Haverá uma estrela-guia, para o que quer que desejemos. Haverá risos e crianças. Haverá embrulhos e papel pelo chão. Rasgado.
Esta noite haverá fome e gente triste nas ruas. Haverá morte e choro e gritos e lágrimas.
Esta noite poderia ser igual às outras.
Mas esta noite, nasce Jesus. Acredite-se, ou não...
Esta noite haverá fome e gente triste nas ruas. Haverá morte e choro e gritos e lágrimas.
Esta noite poderia ser igual às outras.
Mas esta noite, nasce Jesus. Acredite-se, ou não...
terça-feira, dezembro 23, 2008
Tu, outra vez
Falámos 40 minutos. Actualizámos informação. Soubemos pormenores um do outro. O Natal também é isto: perdoar, passar à frente, ser capaz de enfrentar fantasmas. A tua vida distante da minha, os meus pensamentos longe dos teus, mas tantas referências iguais. Como se tivéssemos crescido juntos. E crescemos, a cada Verão. E ficou a promessa de um reencontro, um destes dias. Ou no próximo Natal.
segunda-feira, dezembro 22, 2008
zen
Estou sentada e agarro-me à cadeira. É uma questão de segurança. A perspectiva de passar seis dias sem por os pés no pasquim está a deixar-me em absoluto estado zen. Leve. Se não me seguro corro o risco de sair a flutuar de um momento para o outro.
o passado [em três tempos]
O passado chegou-me este fim-de-semana às golfadas. Sorvi cada momento enquanto retrocedia dois meses, dez anos, 17 anos. Por ordem inversa. Primeiro no Tóquio, com palavras que não entendi ou não quis entender. Mas foi bom repartir uma cerveja, rir desbragadamente, olhar-te nos olhos e perceber porque ficas[te] tanto tempo na minha vida. E hoje, no caos do Chiado em dias de Natal, à procura de presentes de última hora e receber o melhor de todos, em forma de perfume, tanto tempo depois, com o mesmo sorriso, o mesmo olhar doce, a mesma pessoa, que conheço tão bem, que tanto quero, para sempre. E por fim ao jantar, frente-a-frente, reencontrar-me com o passado mais recente e ter a certeza que vai ficar tudo bem.
domingo, dezembro 21, 2008
Eu cá gosto do Natal!

Lembro-me ainda do Natal em que o meu tio levou um convidado à ceia. Era negro, um rapaz, adolescente, pouco mais velho que eu. E vivia numa instituição, com outros miúdos, sem pais. Sei que trocámos presentes com ele, que lhe demos brinquedos, que partilhou connosco o sabor do perú. E, anos mais tarde, acabei por convidar o N. com o mesmo intuito. Ele estava a preparar-se para passar a noite de Natal sozinho, em casa. Estávamos a sair da redacção e calhou perguntar-lhe o que ia fazer. E assim acabámos juntos, a comer Tiborna, a ouvir as crianças que eram minhas mas que o fizeram sorrir. E o Pai Natal já existia, dessa vez!
Hoje, nas últimas compras, ouvi muita gente a maldizer o Natal. Não partilho dessa opinião, dos que dizem que é só consumismo e não sei mais o quê... Eu comecei cedo a fazer as compras e fui comedida: mais do que valores materiais, procurei, nos meus presentes, caras. A cara de cada um, quando receber o presente. Gosto de ver os sorrisos, de sentir os beijinhos, de agarrar os abraços. Gosto disso. E é nesses momentos que penso, quando compro a prenda, seja cara ou barata. É claro que quase me irritei quando, na sexta-feira, fiquei mais de uma hora e meia à procura de lugar para o carro, no Bairro Alto. Mas suportei, espírito zen - como aprendi com o Detective Crews, da série Life - e acabei a comer um bife com alho e a beber cola zero. Com as miúdas com quem lido diariamente, com aquelas de quem pouco ou nada sei se não houver momentos assim.
Já agora: troquei hoje presentes com o P. Acertei em tudo! E tenho um ipod espectacular. Só me falta aprender a lidar com ele. Tenho 365 dias para isso.
Feliz Natal a todos os que por aqui passam. É um prazer contar convosco!
sábado, dezembro 20, 2008
sexta-feira, dezembro 19, 2008
dias assim
Algo vai mal quando, depois [apesar] de trabalhar das 8h20 às 21h00, pensamos que tivemos um bom dia. Pelo simples facto de sair antes das dez da noite, porque tudo correu sobre rodas, sem mudanças, sem guinadas bruscas quando o comboio já está a 200km/h, tudo aconteceu como se de uma engrenagem perfeita se tratasse. E depois há os sorrisos, a partilha, os grilos falantes e o riso desenfreado. E o melhor é que o dia não acabou ainda. Hoje renova-se a carteira profissional.
blá, blá, blá
Os dois c’s da minha vida estão transformados em grilos falantes. Não sei se gosto. Tinha mais piada quando uma fazia de anjo e a outra de diabinho.
sofrimento em formato mensal [iv]
Existe muito de tortura chinesa no toque de um despertador às 7 da manhã. Principalmente quando lá fora está ainda noite cerrada e o dedo grande do pé congela no momento em que sai de debaixo do edredon. É tratamento de choque. Salto da cama no exacto segundo em que abro os olhos, com a certeza de que se os fecho não volto a acordo. Que falto ao sofrimento em formato mensal e provavelmente ao resto do dia. Há muito de tortura chinesa na voz do locutor da TSF que diz, com o ar mais normal do mundo, ‘estão cinco graus em Lisboa’.
Já não é noite cerrada quando abro a porta de casa, mas – de certeza que ali no meio devem estar agentes da Scotland Yard ou Mr. Sherlock Holmes, himself – não veria um elefante à frente nem que o mesmo estivesse sentado em cima do carro no momento em que abro a porta. O resto é a história do costume. Carros, muitos carros, até ter o privilégio de estacionar o carro numa garagem em pleno Chiado. Subir o elevador a dizer mal da vida e do gajo que teve a ideia peregrina de inventar certas coisas. É receber o telefonema do M., diz que sim, que sou eu, sim podemos falar disso, ou então do Benfica, mesmo que o Benfica tenha perdido ontem na Luz, um jogo a que faltei apesar de ter bilhete para camarote, até o Benfica seria melhor do que empréstimos e taxas de juro. Depois são três minutos sentada, como se estivesse de castigo, encostada um canto com orelhas de burro, só que agora tenho uma câmara à frente e um auricular nos ouvidos, testar a voz, contar até 20 ou falar do perfume da Burger King, consta que é de homem e cheira a carne grelhada com um certo toque de Ketchup, esperar até receber o sinal, dizer o que tenho a dizer, rápido, muito rápido, sempre em pânico, as pernas a tremer e a garganta seca. Não demoro mais de minuto e meio, obrigada, adeus, até à próxima, que seja só daqui a uns meses, mesmo quando sei que é já dentro de dias.
Já não é noite cerrada quando abro a porta de casa, mas – de certeza que ali no meio devem estar agentes da Scotland Yard ou Mr. Sherlock Holmes, himself – não veria um elefante à frente nem que o mesmo estivesse sentado em cima do carro no momento em que abro a porta. O resto é a história do costume. Carros, muitos carros, até ter o privilégio de estacionar o carro numa garagem em pleno Chiado. Subir o elevador a dizer mal da vida e do gajo que teve a ideia peregrina de inventar certas coisas. É receber o telefonema do M., diz que sim, que sou eu, sim podemos falar disso, ou então do Benfica, mesmo que o Benfica tenha perdido ontem na Luz, um jogo a que faltei apesar de ter bilhete para camarote, até o Benfica seria melhor do que empréstimos e taxas de juro. Depois são três minutos sentada, como se estivesse de castigo, encostada um canto com orelhas de burro, só que agora tenho uma câmara à frente e um auricular nos ouvidos, testar a voz, contar até 20 ou falar do perfume da Burger King, consta que é de homem e cheira a carne grelhada com um certo toque de Ketchup, esperar até receber o sinal, dizer o que tenho a dizer, rápido, muito rápido, sempre em pânico, as pernas a tremer e a garganta seca. Não demoro mais de minuto e meio, obrigada, adeus, até à próxima, que seja só daqui a uns meses, mesmo quando sei que é já dentro de dias.
quinta-feira, dezembro 18, 2008
É oficial
Odeio o natal. Não se pode passar rapidamente para o dia 2 de Janeiro?
[estejam à vontade para criticar, insultar ou apedrejar]
[estejam à vontade para criticar, insultar ou apedrejar]
caos
Chego ao final do dia com 39 feeds e 150 emails por ler. Não sei se o mundo acabou ou não. Não sei sequer como chego ao fim do dia. E também não sei se este dia foi pior do que ontem ou do que o mesmo dia há uma semana. É cada vez maior a sensação de que não controlo nada. Que cada produto final é um verdadeiro milagre.
quarta-feira, dezembro 17, 2008
com amor
[...] E os sonhos pareciam ter sido sonhados a noite passada, e podíamos até contá-los como uma história de encantar, pudéramos tê-los cantado como uma canção de embalar que se entoa, ao fim da noite, à cabeceira de uma criança que ainda não tem medo do escuro; eles voltaram para nós como se tivéssemos acabado de os sonhar, como se nenhum dano os tivesse infligido ou deturpado: eles traziam em si as metáforas mais bonitas, e nós éramos os heróis em todos os capítulos, a nossa força e coragem enterrava todos os monstros e todas as criaturas grotescas do mal; éramos portadores de toda a esperança do mundo e da justiça também; sabíamos isso, tínhamos acabado de acordar e os sonhos, os nossos sonhos, afinal, não tinham ido a lado nenhum.
Pela melhor escritora da blogosfera. Aqui
Pela melhor escritora da blogosfera. Aqui
quarta-feira, dezembro 10, 2008
à procura de uma saída
se nada for feito a situação irá resolver-se por si em Fevereiro de 2010. a dúvida é saber se sobrevivo a mais um ano e dois meses 'disto'…
segunda-feira, dezembro 08, 2008
Pecado
O Padre chama-me à parte. Estado civil? - pergunta. Sei que sabe o que sou. Confirmo. Digo-o em voz alta no interior da sacristia e tudo me parece gelado, a batina que ele então despe, os paramentos que retira devagar, o olhar cravado no meu. E estás a resolver isso? - nova pergunta. Que sim, que tenho namorado, que - quem sabe - casarei outra vez. Não, não será a mesma coisa, perante a Igreja, mas ainda assim quero-o. Volta à carga: E porque não anular o anterior casamento? - terceira pergunta, de rajada. Não. Laconicamente respondo. O aviso: e sabes as regras da Igreja? Sei, não sei eu outra coisa. Gosto de ti na mesma, remata. E penso se será verdade. E penso que a Igreja nunca aceitará o meu divórcio, concluo que não vale a pena insistir, eles que preferem que minta a manter a minha integridade. Tudo por uma imagem. Saio da sacristia a pensar no que nunca terei ousado dizer: que se lixe a Igreja dos homens!
Madrinha
Baptizei o meu quarto afilhado hoje (afilhada, no caso). E apesar dos estragos no orçamento, dos folares que me deixam na penúria, dos presentes por alturas do Natal, das ofertas pelo aniversário, das prendas no Dia da Criança... apesar destes gastos, e de outros, ocasionais, não há como ouvir a palavra Madrinha. E alargar as relações familiares.
sábado, dezembro 06, 2008
My friend The Dead Tree
Há anos que tenho um projecto. Escolher uma árvore na Serra e fotografá-la quatro vezes ao ano. Uma imagem por cada estação. Por preguiça nunca passou disso, de um projecto. Há quem o tenha levado à prática ainda que numa dimensão muito superior. Está aqui e é lindo.
quinta-feira, dezembro 04, 2008
quarta-feira, dezembro 03, 2008
Natal
Mais cedo do que é costume, ergui a minha árvore. Artificial. No topo a estrela vermelha e, por todos os ramos, as bolas e as recordações natalícias que trago daqui e dali. E o presépio, a três.
É oficial: gosto do Natal!
É oficial: gosto do Natal!
sexta-feira, novembro 28, 2008
Paulista
Disse Saramago, hoje, na apresentação mundial do livro "A Viagem do Elefante":
"Se tivesse morrido antes de conhecer Pilar, teria morrido mais velho do que sou hoje".
"Se tivesse morrido antes de conhecer Pilar, teria morrido mais velho do que sou hoje".
quinta-feira, novembro 27, 2008
quarta-feira, novembro 26, 2008
post-it
Deixar em casa o look [pseudo] new yorker nos dias que se prolongam pela noite. Os ténis não servem para dançar e provocam cãibras após uso prolongado.
segunda-feira, novembro 24, 2008
sexta-feira, novembro 21, 2008
'it's all in me head'
Há um bando de pombas que sobrevoa ordenadamente as cerejeiras quase despidas de folhas, fazem voos rasantes numa espécie de treino meticuloso. Por baixo, alinhadas no telheiro, um outro grupo de pássaros, brancos, cinzentos e pretos, observa. Vão-se revezando na observação e no voo. A mim, distraída da leitura, só me fazem lembrar A fuga das Galinhas ou um menos feliz Valiant.
Recomendo
Ainda o Prison Break

Jornalistas?
Encontro-me numa sala de aula, algures em Leiria. Estou no meio dos alunos, na condição de observadora. A cadeira é de um Politécnico e está relacionada com Comunicação Social. Vejo trabalhos vídeo realizados pelos alunos. Oiço, nas entrelinhas, comentários de quem ainda não sabe o que quer. Têm 19, 20 anos. Mais raparigas que rapazes. Não sabem o que é um lead, não têm noção da notícia, estão desinteressados. Em breve farão estágios numa qualquer redacção do País. Mas não querem saber. Há um futuro que assusta. E já nem sequer é o meu, mas o deles.
segunda-feira, novembro 17, 2008
sexta-feira, novembro 14, 2008
New York, New York
Saio do metro em frente ao estudio de onde e emitido o David Letermann. Quero poupar dinheiro a empresa e ando de transportes publicos desde o aeroporto, em Newark. Se NY e a capital do mundo, expliquem-me porque tem menos escadas rolantes que o Centro Comercial Colombo. Carrego a mala ja sem folego e praguejo contra a ideia de ter vindo.
Entao, chego a 5a Avenida. E mudo de semblante...
Mesmo sem acentuacao nos computadores, esta e a minha cidade - depois de Lisboa, claro - e venho sempre que posso, mesmo quando e melhor nao vir. Gosto de ver um Starbucks a cada esquina, de entrar e pedir o Hot Chocolate com creme; gosto de me rever na cidade dos filmes e de Paul Auster; gosto do fumo que se agita do chao e da chuva que agora cai, mansinha; e gosto das lojas luminosas, algumas com cheiro a Natal, consigo entrar na FAO Schwartz e nao me importo de ser crianca outra vez; gosto das pessoas que passam, das mulheres bonitas, do sotaque americano, mas daqui, de NY; gosto da multiculturalidade e do mundo ao telemovel, na conversa, em negocios, das pastas penduradas na mao, da pressa, de olhar para cima e fotografar os predios, altos, brancos, as vezes escuros, imponentes.
A Grande Maca cheira a morango. E eu gosto.
Entao, chego a 5a Avenida. E mudo de semblante...
Mesmo sem acentuacao nos computadores, esta e a minha cidade - depois de Lisboa, claro - e venho sempre que posso, mesmo quando e melhor nao vir. Gosto de ver um Starbucks a cada esquina, de entrar e pedir o Hot Chocolate com creme; gosto de me rever na cidade dos filmes e de Paul Auster; gosto do fumo que se agita do chao e da chuva que agora cai, mansinha; e gosto das lojas luminosas, algumas com cheiro a Natal, consigo entrar na FAO Schwartz e nao me importo de ser crianca outra vez; gosto das pessoas que passam, das mulheres bonitas, do sotaque americano, mas daqui, de NY; gosto da multiculturalidade e do mundo ao telemovel, na conversa, em negocios, das pastas penduradas na mao, da pressa, de olhar para cima e fotografar os predios, altos, brancos, as vezes escuros, imponentes.
A Grande Maca cheira a morango. E eu gosto.
segunda-feira, novembro 10, 2008
Sexo e a Cidade
Charlotte mantém a serenidade na relação, mas dá gritinhos histéricos quando a boa notícia vem das amigas.
Miranda mantém a sobriedade da existência e está pronta a ajudar quando o problema é das amigas.
Carrie mantém a independência de ser e esconde o pior para chegar mais longe com as amigas.
E eu? Faço o quê?
...Limitei-me a oferecer as castanhas e a dizer: bem-vindas! Voltem sempre...
Miranda mantém a sobriedade da existência e está pronta a ajudar quando o problema é das amigas.
Carrie mantém a independência de ser e esconde o pior para chegar mais longe com as amigas.
E eu? Faço o quê?
...Limitei-me a oferecer as castanhas e a dizer: bem-vindas! Voltem sempre...
dos piropos
Desço a calçada do Sacramento com a AM enquanto falamos de obras públicas e da ida do Mário Lino ao Parlamento para discutir o orçamento do ministério. Vamos mais ou menos coladas a um grupo de yuppies. Acabamos por os ultrapassar para ouvir: ‘O que interessam as obras públicas quando os monumentos andam?’
domingo, novembro 09, 2008
Porque hoje é sábado!
Nem nos estamos a sair mal de todo neste 2008! Mais uma vez, este blogue conseguiu conciliar agendas e marcar uma tarde de companhia.
Programa:
Conversa e mais conversa- comer-castanhas-assadas-ver o filme "O sexo e a cidade"-conversa-comer-maltesers-conversa-pipocas-conversa-chá-galão :)-conversa-hamburgueres-conversa-conversa-roupa-conversa
...enfim, o habitual :)
Soube-me bem. Dificilmente se encontram quatro pessoas dispostas a rir tanto de tantos motivos para chorar.
Programa:
Conversa e mais conversa- comer-castanhas-assadas-ver o filme "O sexo e a cidade"-conversa-comer-maltesers-conversa-pipocas-conversa-chá-galão :)-conversa-hamburgueres-conversa-conversa-roupa-conversa
...enfim, o habitual :)
Soube-me bem. Dificilmente se encontram quatro pessoas dispostas a rir tanto de tantos motivos para chorar.
sábado, novembro 08, 2008
remédio
- Cure-me de sonhar, Doutor.
- Sonhar é uma cura.
- Um sonhadeiro anda por aí, por lonjuras e aventuras, sei lá fazendo o quê e com quem... Não haverá um remédio que me anule o sonho?
Venenos de Deus, Remédios do Diabo, Mia Couto
- Sonhar é uma cura.
- Um sonhadeiro anda por aí, por lonjuras e aventuras, sei lá fazendo o quê e com quem... Não haverá um remédio que me anule o sonho?
Venenos de Deus, Remédios do Diabo, Mia Couto
sexta-feira, novembro 07, 2008
quinta-feira, novembro 06, 2008
momento fútil
Comprar umas calças pretas, com um corte decente e que não façam lembrar os odiosos anos 80, tamanho 34, parece neste momento tão provável como ganhar o euromilhões.
quarta-feira, novembro 05, 2008
Juan Muñoz
Estou capaz de ir ao Porto só para ver esta exposição. E comer um brunch em Serralves.
Alinham?
segunda-feira, novembro 03, 2008
domingo, novembro 02, 2008
Prison Break


A série é fantástica e está escrita ao estilo Dan Brown: ninguém consegue evitar o capítulo seguinte. Ficamos até ao início da madrugada a ver a história do rapaz que quer salvar o irmão, inocente, condenado à morte na prisão de Fox River. E tem de arriscar tudo na companhia do patrão da máfia; do pedófilo; do latino-americano apaixonado e quase a perder a mulher que ama; do louco e do ex-militar que diz à mulher estar no Iraque quando está, afinal, na cadeia.
E se ainda não estão convencidos (e convencidas, sobretudo), eis o actor principal, Wentworth Miller... Michael Scofield, ao nosso dispôr. Numa televisão perto de si!
quinta-feira, outubro 30, 2008
Haja fatalismo
Se esta semana não estivesse a acabar, teria eu que acabar com ela.Há alturas em que parece que se vai sobrevivendo como se pode... e isso é triste.
terça-feira, outubro 28, 2008
por uma boa causa
Porque não quero perder as minhas tardes de leitura a metros do rio. Porque quero que os meus putos tenham um sítio fantástico para andar de bicla e já agora para continuar a andar de patins. Porque as pessoas merecem mais. Porque o Tejo me consola quando não tenho tempo de ir ver o mar. Porque Lisboa é a melhor cidade do mundo e o Tejo o seu traço mais característico.
Lisboa é das pessoas. Mais contentores não!
Lisboa é das pessoas. Mais contentores não!
mais do mesmo
Começo a achar que ter um blog é capaz de não fazer muito sentido quando, de cada vez que penso em vir aqui escrever, percebo que já quase tudo foi dito. É por estas páginas que tenho a certeza que de a vida é feita de ciclos, situações repetidas. Recorrentes. Nos últimos dias, por exemplo, só me apetece dizer mal do tempo. Vir aqui avisar que comprei um bilhete para os trópicos e que só volto quando o frio abalar. Depois percebo que já disse isto tudo. E fico no meu canto. Queita e calada.
domingo, outubro 26, 2008
sábado, outubro 25, 2008
limpeza geral
Vamos fazer limpeza, mas geral
e vamos deitar fora as coisas todas
que não nos servem para nada, essas
coisas que não usamos já e essas
que nada fazem mais que apanhar pó,
as que evitamos encontrar porquanto
nos trazem as lembranças mais amargas,
as que nos fazem mal, enchem espaço
ou não quisemos nunca ter por perto.
vamos fazer limpeza, mas geral,
talvez melhor ainda uma mudança
que nos permita abandonar as coisas
sem sequer lhes tocar, sem nos sujarmos,
que fiquem onde sempre têm estado;
vamos embora só nós, vida minha,
para voltar a acumular de novo.
Ou vamos deitar fogo ao que nos cerca
e ficarmos em paz com essa imagem
do braseiro do mundo face aos olhos
e com o coração desabitado.
amalia bautista
em there's only 1 alice via Corta-fitas
e vamos deitar fora as coisas todas
que não nos servem para nada, essas
coisas que não usamos já e essas
que nada fazem mais que apanhar pó,
as que evitamos encontrar porquanto
nos trazem as lembranças mais amargas,
as que nos fazem mal, enchem espaço
ou não quisemos nunca ter por perto.
vamos fazer limpeza, mas geral,
talvez melhor ainda uma mudança
que nos permita abandonar as coisas
sem sequer lhes tocar, sem nos sujarmos,
que fiquem onde sempre têm estado;
vamos embora só nós, vida minha,
para voltar a acumular de novo.
Ou vamos deitar fogo ao que nos cerca
e ficarmos em paz com essa imagem
do braseiro do mundo face aos olhos
e com o coração desabitado.
amalia bautista
em there's only 1 alice via Corta-fitas
quarta-feira, outubro 22, 2008
terça-feira, outubro 21, 2008
quinta-feira, outubro 16, 2008
Assessores de Teixeira dos Santos não conseguem tirar a BIC do Magalhães
Os assessores do ministro das Finanças estão, desde terça-feira à tarde, a tentar tirar a BIC do Magalhães. A pen preta, onde foi carregado Orçamento do Estado para 2009, está encravada na entrada de USB do computador tudo porque alguém se terá esquecido de lhe tirar a tampa. A equipa do ministro já mergulhou o portátil num alguidar com água e sabão azul, mas mesmo assim a pen teima em não sair. Os assessores também já experimentaram puxar mas estão com medo de a estragar pois é uma daquelas pens de cristal, de ponta fina e escrita normal.
PS - Lá por não sermos um blog político ou económico, não quer dizer que não possamos contribuir para o esclarecimento público em questões de Orçamento do Estado!
PS - Lá por não sermos um blog político ou económico, não quer dizer que não possamos contribuir para o esclarecimento público em questões de Orçamento do Estado!
terça-feira, outubro 14, 2008
dias longos
Isto não é um blog político, muito menos económico, mas isso vocês já sabem. É um blog de coisa nenhuma. Mas hoje, na noite das pizzas, a quarta desde que me mudei para este pasquim, apetece-me perguntar se alguém acredita mesmo que a pen que o Teixeira dos Santos entregou ao Jaime Gama tinha outra coisa lá dentro que não o último episódio do Lost?
[e como se não bastasse, à conta de orçamentos virtuais, amanhã temos outra noite de pizzas]
[e como se não bastasse, à conta de orçamentos virtuais, amanhã temos outra noite de pizzas]
quinta-feira, outubro 09, 2008
terça-feira, outubro 07, 2008
Sobre os outros
Não importa se somos bonitos ou feios, magros ou gordos, se estamos mal, ou bem vestidos... sempre que podemos, tecemos considerações sobre a imagem dos outros: o corpo, a roupa, o rosto, a forma de andar. Sobre uma rapariga que acho simpática, bonita e até elegante, alguém me dizia "mamas, ela tem é umas grandes mamas". Então e a cara? - perguntei eu. "É mais feia que um mocho aos gritos". E assim se viu ela reduzida à figura de um animal nocturno em sofrimento, com a beleza assente no peito e nada mais.
Não é raro ouvirmos homens gordos e de bigode farfalhudo, a coçarem as partes baixas e de palito nos dentes tecerem considerações sobre uma donzela linda de morrer mas que, quis Deus, tivesse o nariz torto. E dirão eles que é um estrafego, uma "anémona morta", "a parte de trás de um desastre". Assim, sem mais, porque um pequeno (grande) defeito faz de cada um de nós uma figura singular aos olhos de outros. Tem o rabo grande? Ora aí está um defeito gigantesco! Orelhas compridas? Pois... Mamas pequenas? Sai ao Pai.
Somos cruéis.
O que também me parece é que esta nossa crueldade traz sempre uma ponta de inveja ou, pelo menos, um sofrimento recalcado dobre o nosso próprio corpo. Os homens e mulheres quase perfeitos - que os há, fisicamente - não devem ser tão mauzinhos a julgarem os outros. Não sei, confesso que conheço poucos quase perfeitos. Mas creio que serão mais condescendentes, talvez porque valorizem mais qualquer pequeno defeito que possam ter, nem que seja temporário.
A rapariga das "grandes mamas" é gira, boa miúda, e muito simpática. Se tivesse que escolher-lhe um dos atributos, ao contrário do que possam pensar, não seriam as mamas, mas o sorriso e a simpatia no olhar. Curioso, não?
Não é raro ouvirmos homens gordos e de bigode farfalhudo, a coçarem as partes baixas e de palito nos dentes tecerem considerações sobre uma donzela linda de morrer mas que, quis Deus, tivesse o nariz torto. E dirão eles que é um estrafego, uma "anémona morta", "a parte de trás de um desastre". Assim, sem mais, porque um pequeno (grande) defeito faz de cada um de nós uma figura singular aos olhos de outros. Tem o rabo grande? Ora aí está um defeito gigantesco! Orelhas compridas? Pois... Mamas pequenas? Sai ao Pai.
Somos cruéis.
O que também me parece é que esta nossa crueldade traz sempre uma ponta de inveja ou, pelo menos, um sofrimento recalcado dobre o nosso próprio corpo. Os homens e mulheres quase perfeitos - que os há, fisicamente - não devem ser tão mauzinhos a julgarem os outros. Não sei, confesso que conheço poucos quase perfeitos. Mas creio que serão mais condescendentes, talvez porque valorizem mais qualquer pequeno defeito que possam ter, nem que seja temporário.
A rapariga das "grandes mamas" é gira, boa miúda, e muito simpática. Se tivesse que escolher-lhe um dos atributos, ao contrário do que possam pensar, não seriam as mamas, mas o sorriso e a simpatia no olhar. Curioso, não?
sábado, outubro 04, 2008
Pós-Operatório II
O tempo passa com um tempo diferente. O dia parece ser mais dia e a noite mais escura. Quando o alrme toca saio para a cozinha e engulo em pequenos tragos aquelas 5 drageias, um genérico, e o resto de marca, de laboratórios diferentes. Por esta hora anda a S. em Orlando a passear os médicos que receitam os medicamentos da empresa dela. Foram ontem, uma semana, também com passagem por Nova Iorque, e até parece que vão a uma conferência. Mas têm tempo para a Disney e para os Outlets. Talvez o meu médico de olhos verdes vá numa próxima viagem, senão com ela, então com outra pessoa que lhe pagará almoços e jantares, que pedirá o melhor vinho para a refeição em grupo, que dirá obrigada por tudo o que estamos a oferecer. E ele voltará prescrever.
Consegui tomar banho sozinha e a água só molhou partes autorizadas. É um exercício mas não é impossível. Espaçadamente, os telefonemas e a simpática visita desta Cidade cá a casa, com as conversas de sempre, sobre os temas do costume, sempre com uma graça, um encanto, e todo o interesse do mundo. Podíamos falar a noite inteira e não seria demais. Aguardo agora a chegada maternal, uma canja de galinha e mais líquidos que é o que posso ingerir. Tenho vontade de um cozido à portuguesa e anseio por um belo bife com batatas fritas. Daqui a dias, um mês? Não sei... terei de contentar-me com o iogurtes Danone, o sumo de limão ou maçã e a banana esmagada à mão, qual bebé em fase de crescimento do primeiro dente. O ouvido fala sozinho e oiço-o todo o dia. Deixo-o estar e espero pela hora em que se calará, em que a história que tem para contar acabe, feliz, sem dores, sem mais cirurgias para adivinhar.
O tempo nasce todos os dias. Posso ler e passar a pente fino todas as séries de televisão, posso falar - não muito - e, sobretudo, ouvir. Faço planos para regressar ao trabalho mas ainda é cedo e dedico-me àquilo a que chamam Baixa. Não sabia como era. E agora já sei. Amanhã é Domingo.
Consegui tomar banho sozinha e a água só molhou partes autorizadas. É um exercício mas não é impossível. Espaçadamente, os telefonemas e a simpática visita desta Cidade cá a casa, com as conversas de sempre, sobre os temas do costume, sempre com uma graça, um encanto, e todo o interesse do mundo. Podíamos falar a noite inteira e não seria demais. Aguardo agora a chegada maternal, uma canja de galinha e mais líquidos que é o que posso ingerir. Tenho vontade de um cozido à portuguesa e anseio por um belo bife com batatas fritas. Daqui a dias, um mês? Não sei... terei de contentar-me com o iogurtes Danone, o sumo de limão ou maçã e a banana esmagada à mão, qual bebé em fase de crescimento do primeiro dente. O ouvido fala sozinho e oiço-o todo o dia. Deixo-o estar e espero pela hora em que se calará, em que a história que tem para contar acabe, feliz, sem dores, sem mais cirurgias para adivinhar.
O tempo nasce todos os dias. Posso ler e passar a pente fino todas as séries de televisão, posso falar - não muito - e, sobretudo, ouvir. Faço planos para regressar ao trabalho mas ainda é cedo e dedico-me àquilo a que chamam Baixa. Não sabia como era. E agora já sei. Amanhã é Domingo.
sexta-feira, outubro 03, 2008
Pós-Operatório
Duas noites em branco e a terceira em casa. A mão inchada quase não me permite escrever, mas a cabeça insiste para que não páre, para que não desista, para que não desanime. Do hospital trago a memória de ter sido muito bem tratada e de ter - disseram-me - tentado bater nos enfermeiros e auxiliares, imediatamente depois de acordar da anestesia geral. Parece que é sempre assim, coitados. Eu não me lembro de nada, senão de abrir levemente os olhos e de me terem dito que era mais forte que eles. Perguntei-lhe o que tinha eu feito e riram-se. Fechei os olhos e recordo depois o quarto 21, naquele 4ª piso com vista sobre a Ponte Vasco da Gama e, ao longe, se punha os óculos, o teleférico de um lado para o outro.
O quarto era só meu e o serviço não podia ser melhor. Conheci o enfermeiro Paulo, que me fez lembrar o carteiro e a música do gato preto e branco; conheci ainda o enfermeiro Walter, mulato, com um bonequinho da mesma cor pendurado ao peito, "para a Pediatria", disse-me. Mas eu também gostei. E havia uma enfermeira de dia, de quem não cheguei a saber o nome, mas com uns bonitos caracóis sobre os ombros e um olhar simpático, que me confessou não lavar o cabelo todos os dias por causa da queda. E eu que sangrava.
Em casa sinto-me bem. Estarei acompanhada. E mesmo só, poderei dormir, que é o que mais tenho feito desde que as dores amainaram. Já não tenho buracos nas mãos, nem um dreno pendurado no ouvido; já não estou de bata branca e tirei as meias de descanso. Fico-me pelo pijama das ovelhinhas - se o Presidente da República pôde, hoje, andar a observar vaquinhas a Norte, porque não posso ter ovelhas na roupa de dormir? - e ajeito-me debaixo dos lençóis para esquecer o frio. Vais ficar comigo, esta noite. E amanhã, logo se vê.
O quarto era só meu e o serviço não podia ser melhor. Conheci o enfermeiro Paulo, que me fez lembrar o carteiro e a música do gato preto e branco; conheci ainda o enfermeiro Walter, mulato, com um bonequinho da mesma cor pendurado ao peito, "para a Pediatria", disse-me. Mas eu também gostei. E havia uma enfermeira de dia, de quem não cheguei a saber o nome, mas com uns bonitos caracóis sobre os ombros e um olhar simpático, que me confessou não lavar o cabelo todos os dias por causa da queda. E eu que sangrava.
Em casa sinto-me bem. Estarei acompanhada. E mesmo só, poderei dormir, que é o que mais tenho feito desde que as dores amainaram. Já não tenho buracos nas mãos, nem um dreno pendurado no ouvido; já não estou de bata branca e tirei as meias de descanso. Fico-me pelo pijama das ovelhinhas - se o Presidente da República pôde, hoje, andar a observar vaquinhas a Norte, porque não posso ter ovelhas na roupa de dormir? - e ajeito-me debaixo dos lençóis para esquecer o frio. Vais ficar comigo, esta noite. E amanhã, logo se vê.
terça-feira, setembro 30, 2008
urgências
preciso desesperadamente de me fechar no escuro de uma sala de cinema. por mais que tente não me consigo lembrar da última vez.
segunda-feira, setembro 29, 2008
Hoje [ii]
Foi o dia em que quase peguei numa metralhadora e disparei sobre toda a gente. Tiveram sorte de não me chamar para a sexta reunião.
sábado, setembro 27, 2008
sexta-feira, setembro 26, 2008
Ai que medo!
Que medo de entrar naquele Hospital com ar lavadinho e técnicos vestidos de azul, médicos em branco limpo e sujeitos verdes a condizer com o bloco operatório. Ai que medo do momento em que deixarei de ver, de ouvir, de estar, em que o meu corpo existirá na marquesa e, na minha mente, a marquesa já não estará mais. E se não puderes dormir lá? E se a mãe não tiver tempo? E se o horário de visitas for curto? O pijama e o computador, os livros e um comando de televisão. O sono que vai estar comigo na cama. E o olhar verde do senhor Doutor, cirurgião que me levará à noite em branco na tarde de um dia qualquer.
quinta-feira, setembro 25, 2008
Da maldade e da incompetência
Parece que andam juntas. Só não sei se as duas são uma ou se cada uma delas vale por si só. De uma maneira ou de outra, ambas são dispensáveis.
sexta-feira, setembro 19, 2008
Aos 30
Não receei a chegada aos 30, mas também não ansiei por ela. Deixei-me ficar à espera que viesse, certa de que iria mudar qualquer coisa, mas não tudo. Fui alertada para o facto de tanta coisa ser diferente, disseram-me o melhor e o pior dessa idade que tantos pensam ser mágica: os 30 anos.
Costumo dizer que "aos 30, o meu marido saiu de casa". É verdade. Foi na véspera dos meus 30 anos que ele saiu pela primeira vez. Já tínhamos decidido ficar por ali, e não pensei que parar, exactamente naquele dia, faria alguma diferença. Ele também não pensou. A verdade é que não nos vimos no dia dos meus 30 anos, e recebi apenas um telefonema de Madrid. A verdade é que, perante a ausência e o que se esperava que daí viesse, a minha família mais chegada deixou o trabalho para almoçar comigo. Nesse dia, a minha equipa comprou-me um bolo de aniversário e cantou-me os Parabéns. Ao partir o bolo, nada mais me ocorreu dizer senão: "o último bolo que cortei foi o do meu casamento". Era quase verdade.
Não esperes que os 30 mudem tudo mas, como também já se avizinha, haverá diferenças. Partes para lá do Atlântico, mais uma vez, e agora sem viagem de volta marcada. Arriscas um novo emprego e uma casa diferente, uma cidade que já conheces e que amas. Tens lá os amigos, tens-me a mim, e terás quem mais quiseres com esse teu sorriso de encantar. Os 30 vão trazer-te gente nova e conhecimentos com que não sonhas agora. Haverá surpresas. Os 30 vão trazer-te a ideia de que acabou a década dos "vintes" e isso quer dizer que estás a crescer. Não muito depressa, mas a crescer. Aos 30, as pessoas de 40 e mais anos já nos respeitam e olham para nós como iguais. Já não somos uns miúdos e temos responsabilidades: pagamos uma casa, fazemos contas à vida, temos autoridade no emprego e já não somos os mais novos do escritório. Aos 30 podemos ir a reuniões importantes e já nos deixam falar. E mesmo que já o fizéssemos aos 29, agora é diferente.
Muda mais a nossa cabeça que a nossa vida, aos 30 anos. E cada um saberá a melhor maneira de entrar na idade sem qualquer crise. Mais vale pensar tudo agora e evitar a decadência dos 40. Aí, o salto é maior, dizem. A meio caminho entre uma e outra idade, digo-te que não custa nada, que tudo melhorou, que o crescimento tem sido saudável e que valeu a pena. A meio caminho dou-te o meu apoio e ofereço-te alguma experiência para passar a barreira. É como mudar de Ano a 31 de Dezembro: não custa nada, e os dias voltam a ser iguais.
Parabéns, amiga!
Costumo dizer que "aos 30, o meu marido saiu de casa". É verdade. Foi na véspera dos meus 30 anos que ele saiu pela primeira vez. Já tínhamos decidido ficar por ali, e não pensei que parar, exactamente naquele dia, faria alguma diferença. Ele também não pensou. A verdade é que não nos vimos no dia dos meus 30 anos, e recebi apenas um telefonema de Madrid. A verdade é que, perante a ausência e o que se esperava que daí viesse, a minha família mais chegada deixou o trabalho para almoçar comigo. Nesse dia, a minha equipa comprou-me um bolo de aniversário e cantou-me os Parabéns. Ao partir o bolo, nada mais me ocorreu dizer senão: "o último bolo que cortei foi o do meu casamento". Era quase verdade.
Não esperes que os 30 mudem tudo mas, como também já se avizinha, haverá diferenças. Partes para lá do Atlântico, mais uma vez, e agora sem viagem de volta marcada. Arriscas um novo emprego e uma casa diferente, uma cidade que já conheces e que amas. Tens lá os amigos, tens-me a mim, e terás quem mais quiseres com esse teu sorriso de encantar. Os 30 vão trazer-te gente nova e conhecimentos com que não sonhas agora. Haverá surpresas. Os 30 vão trazer-te a ideia de que acabou a década dos "vintes" e isso quer dizer que estás a crescer. Não muito depressa, mas a crescer. Aos 30, as pessoas de 40 e mais anos já nos respeitam e olham para nós como iguais. Já não somos uns miúdos e temos responsabilidades: pagamos uma casa, fazemos contas à vida, temos autoridade no emprego e já não somos os mais novos do escritório. Aos 30 podemos ir a reuniões importantes e já nos deixam falar. E mesmo que já o fizéssemos aos 29, agora é diferente.
Muda mais a nossa cabeça que a nossa vida, aos 30 anos. E cada um saberá a melhor maneira de entrar na idade sem qualquer crise. Mais vale pensar tudo agora e evitar a decadência dos 40. Aí, o salto é maior, dizem. A meio caminho entre uma e outra idade, digo-te que não custa nada, que tudo melhorou, que o crescimento tem sido saudável e que valeu a pena. A meio caminho dou-te o meu apoio e ofereço-te alguma experiência para passar a barreira. É como mudar de Ano a 31 de Dezembro: não custa nada, e os dias voltam a ser iguais.
Parabéns, amiga!
Regresso
S. Miguel recebe-me de braços abertos. Espera-se um fim de semana recheado, com direito ao Cozido das Furnas e um Churrasco à beira da piscina. E depois, há os teus 30 anos. Essa data em que prometeste deixar de fumar, será?
segunda-feira, setembro 15, 2008
domingo, setembro 14, 2008
39 + 1
Take 1: O P. entra numa livraria e vê um livro nitidamente light que se chama 39+1. Acha que será uma prenda engraça para a namorada, a poucos dias da célebre data, e compra-o.
Take 2: O P. entra numa livraria e vê um livro nitidamente light que se chama 39+1. Acha que será uma prenda engraça para a namorada, a poucos dias da célebre data, e compra-o. "Tive uma sensação de deja vu", conta-me.
Take 3: O P. oferece-me o livro em excesso, embora ainda falte muuuuiiiiiiiitoooo
para os meus 39+1. O livro é giro, sim senhor. Light e bem disposto. E não resisto a partilhar esta passagem.
O GINECOLOGISTA
"Outro médico com quem temos que simpatizar, mas com quem nunca conseguimos simpatizar, é o ginecologista. Como é possível engraçar com um tipo que nos obriga a abrir as pernas e nos mete a mão enquanto comenta a actualidade política ou o tempo? E vai dizendo "relaxe... descontraída... não esteja tensa..." ---- aqui a autora esqueceu-se do quanto ainda pagamos no fim.
Tensa? Histérica, é o que eu fico por não poder responder: "quer que lhe apelpe os tomates um instantinho enquanto comentamos o último livro do Paul Auster?"
Take 2: O P. entra numa livraria e vê um livro nitidamente light que se chama 39+1. Acha que será uma prenda engraça para a namorada, a poucos dias da célebre data, e compra-o. "Tive uma sensação de deja vu", conta-me.
Take 3: O P. oferece-me o livro em excesso, embora ainda falte muuuuiiiiiiiitoooo
para os meus 39+1. O livro é giro, sim senhor. Light e bem disposto. E não resisto a partilhar esta passagem.
O GINECOLOGISTA
"Outro médico com quem temos que simpatizar, mas com quem nunca conseguimos simpatizar, é o ginecologista. Como é possível engraçar com um tipo que nos obriga a abrir as pernas e nos mete a mão enquanto comenta a actualidade política ou o tempo? E vai dizendo "relaxe... descontraída... não esteja tensa..." ---- aqui a autora esqueceu-se do quanto ainda pagamos no fim.
Tensa? Histérica, é o que eu fico por não poder responder: "quer que lhe apelpe os tomates um instantinho enquanto comentamos o último livro do Paul Auster?"
quinta-feira, setembro 11, 2008
Neste País
Um homem sai de casa e dirige-se a uma esquadra da Polícia. Encontra um segundo homem que ali está para fazer queixa do primeiro. O homem que saiu de casa pela fresquinha com uma arma debaixo do braço - como se de uma baguete parisiense se tratasse - dispara 5 tiros sobre o queixoso. O segundo homem fica em estado grave. O homem do pão aguarda julgamento em Liberdade.
Bichinho
Penso no trabalho durante as férias. Se fecho os olhos vem-me à cabeça a redacção e os planos para amanhã. Se tento descansar, vêm-me à ideia as palavras que tenho de dizer, as decisões que devo tomar, as mudanças necessárias. E nem o sol me tira o ofício da mente. Quem me dera que fosse de outra maneira para chamar a isto repouso...
quarta-feira, setembro 10, 2008
A Sul
Sabe tão bem quando o sol bate nas costas, salpicadas pela água da piscina, corpo deitado no colchão que deambula devagar sobre as ondas de quem nada. E bebo a minha meia de leite à beirinha, olhos postos no azul do céu, na transparência líquida. Mantenho ligação com a realidade porque há assuntos para resolver até domingo. Mas não faz mal. Desligo o telefone e regresso à cama ensolarada, suspiro, chapéu a tapar os olhos e a cabeça, deixo-me relaxar. Esta sessão de férias termina amanhã. E hoje há mexilhões no Gigi.
segunda-feira, setembro 08, 2008
Fátima
Interrompo o sol na piscina para ouvir dizer que Fátima Felgueiras vai responder por 23 crimes e que, ainda assim, a Defesa acredita que será absolvida de todos eles! Fico espantada. Eu não gosto de Fátima (excepto a Nossa Senhora, que Deus a tenha ali em Ourém) e fiquei horrorizada com a fuga para o Brasil, com o saco azul, com a recandidatura, com a vitória... Saber que uma mulher que se aproveitou do cargo para uma campanha para se manter no poder, deixa-me doente. Só um milagre deixará esta mulher sem mácula. E os milagres são para quem os merece.
domingo, setembro 07, 2008
Silêncio, que estamos de férias
A piscina parece o Paraíso. Ao fundo, sem som, um LCD na parede mostra a SIC e o directo do Red Bull Air Race. Deixamo-nos ficar a ver os fantásticos pilotos e prometemos ir lá, para o ano, se a trasmissão voltar a ser nossa. Comemos um hamburguer com queijo - mesmo depois de o rapaz do bar ter dito que não havia Cheese, só Hamburguer (!) - e bebo a minha meia de leite com calma. Reclamámos, e já temos a TV arranjada, no apartamento, pronta para ver o Kennedy, logo à noite, a partir da PSP2 que o Pandes trouxe. Na piscina, dois ou três casais com filhos silenciosos, bebés, homens e mulheres que falam inglês, mas baixinho. Já bastou ontem, no irlandês, duas duplas de bêbedos; ela quase despida com pernas de fazer inveja mas um olhar turvo e sem maneiras nenhumas, loira; a morena, mais sóbria, mas não totalmente, a ameaçar beijar na boca o namorado da loira; ele, cuecas fora das calças e uma t-shirt sobre uma party qualquer, shots uns atrás dos outros, e a pôr a loira ao colo, enquanto os pés - com uns sapatos pirosos, mesmo como as inglesas usam - já estavam sobre a mesa do jantar. E o outro tirava fotografias com o telefone. Hoje não, eram calmos e educados estes estrangeiros que povoam a Quinta do Lago e Vale do Lobo, onde nos encontramos. Na televisão Jerónimo fala aos camaradas no encerramento da Festa do Avante!. Já hoje ouvi o discurso da Ferreira Leite, o tão esperado, depois de um mês de silêncio. Exijo-o à rapaziada que ao fim da tarde apareceu na piscina e que nos fez desistir do sol: dois miúdos, adolescentes, uma miúda, ainda sem maminhas mas com soutien. Gritos e turbulência na piscina onde não é permitido mergulhar. Eles mergulham. E amanhã, se calhar, vamos antes à praia.
sábado, setembro 06, 2008
sexta-feira, setembro 05, 2008
Na Marquesa
O ambiente era de Dr House: paredes brancas, batas verdes e azuis, máscaras quase transparentes a cobrir o rosto, apenas os olhos - verdes, atentos - sobre mim. Eu estava nua, só com um véu, uma espécie de lençol, branco, ali, na marquesa. Durante quase duas horas a picada junto ao ouvido deixou-me num estado letárgico. Ao longe, a batida do meu coração, ora pausado, ora acelerado, conforme a dor se esgueirava e me fazia arrepiar o corpo. Dói?, perguntava. Que não, que não fazia mal, que continuasse. Mas sim, doía. E os olhos choravam sozinhos. Ele limpava as lágrimas que parte do rosto não sentia, as vozes sobre o dia-a-dia e a vida do hospital, enfermeiras que palram mas não usam bata branca. E a batida do meu coração. Então, veio a desilusão: não estava a resultar, a cirurgia, não conseguia melhor, não podia ficar por ali. A promessa de um regresso à marquesa, daqui a um, dois meses, anestesia geral prometida, e uma dor confinada ao sono de umas horas. Lá estarei. Não tenho outro remédio.
terça-feira, setembro 02, 2008
stand by
hoje podia ter sido o primeiro dia do resto da minha vida. não foi e a vida continua em stand by.
domingo, agosto 31, 2008
O que eu vi em Veneza II...
Estava tanta gente à porta que temi não poder entrar. Mostrei o cartão vermelho com a fotografia e a palavra "daily", imprensa diária, portanto, e a luz verde acendeu-se para mim e para o repórter de imagem. Ali, a dois passos, os homens das revistas e da televisão, dos filmes e dos Óscares. Sorriso lindo, o do Clooney... Brad Pitt de chapéu na cabeça, um certo ar de cowboy, e a frescura de quem acabou de desembarcar em Veneza, ao sol. Dezenas de jornalistas de mão no ar para fazer perguntas. Também levantei a minha, microfone em riste, lá atrás as muitas câmaras a captar as respostas das estrelas. E os Cohen, irmãos, bem-dispostos, sempre a rir e a fazer piadas. Agora tu, George, agora tu, Brad... E os dois homens, provavelmente dos mais bonitos do Universo (que eu não sei como é em Marte, mas na Terra são, de certeza, dos melhores) ali estavam, à minha frente, à distância de uma pergunta que não consegui fazer. Tanta gente. Um pseudo-repórter brasileiro conseguiu ter voz e perguntou se seria melhor um óscar ou encontrar a mulher de uma vida em Veneza... interesante, pois, a pergunta... e eu, os jornalistas da BBC e da Time, outros italianos e tantos japoneses, à epsera de um "talking head" aproveitável. Mas não, veio uma tonta, italiana, vestida como quem vai fazer jogging e perguntou: "Brad, George, algum de vós quer correr comigo?" Responde Clooney, com graça: "Eu fugia era de si..." E a plateia riu.
Meia hora passa num instante e ainda houve tempo para a Tilda Swinton, também ela protagonista no filme que abriu Veneza (depois de uma curta do nosso Manoel... pois), "Burn After Reading". Fim da conferência anunciado, uma multidão de máquina em punho e papel a pedir autógrafos. Eu, retirada, a observar. Não, eu não vou lá... Não fui. Para quê? Lembro-me de um anúncio de há uns anos sobre uma boneca, a "Joana" (fazia bolinhas). Dizia: "É mentira, é mentira, ela é mesmo igual a nós!"
Meia hora passa num instante e ainda houve tempo para a Tilda Swinton, também ela protagonista no filme que abriu Veneza (depois de uma curta do nosso Manoel... pois), "Burn After Reading". Fim da conferência anunciado, uma multidão de máquina em punho e papel a pedir autógrafos. Eu, retirada, a observar. Não, eu não vou lá... Não fui. Para quê? Lembro-me de um anúncio de há uns anos sobre uma boneca, a "Joana" (fazia bolinhas). Dizia: "É mentira, é mentira, ela é mesmo igual a nós!"
sábado, agosto 30, 2008
quinta-feira, agosto 28, 2008
angústias
O meu desejo é de morrer, pelo menos temporariamente, mas isto, como disse, só porque me dói a cabeça. E neste momento, de repente, lembra-me com que melhor nobreza um dos grandes prosadores diria isto. Desenrolaria, período a período, a mágoa anónima do mundo; aos seus olhos imaginadores de parágrafos surgiram, diversos, dos dramas humanos que há na terra, e através do latejar das fontes febris erguer-se-ia no papel toda uma metafísica da desgraça. Eu, porém, não tenho nobreza estilística. Dói-me a cabeça porque me dói a cabeça. Dói-me o universo porque a cabeça me dói. Mas o universo que realmente me dói não é o verdadeiro, o que existe porque não sabe que existo, mas aquele que se eu passar as mãos pelos cabelos me faz parecer sentir que eles sofrem todos só para me fazerem sofrer.
Livro do Desassossego, Bernardo Soares
Livro do Desassossego, Bernardo Soares
quarta-feira, agosto 27, 2008
beijos de veneza
Acabei de assistir a uma conferência de imprensa com os cohen, george clooney e brad pitt. a 3 metros deles. já posso morrer. Samantha