Estava demasiado quente em Sevilha o que obrigou, diariamente, a uma siesta. A capital Andaluza não perdeu, no entanto, o encanto de uma cidade com raízes e muita História. Mesmo nos momentos de olhos fechados.
O Guadalquivir mostrou-se calmo e não impediu travessias como a que um dia se fez, para uma tal ilha, Mágica, antes Cartuja, à procura de emoções fortes e cheiro de piratas. Mas sobre isso falaremos mais tarde...
As ruas de Sevilha estavam cheias. Dia e noite, à semana e nos dias de descanso. É que as rebajas chegaram às montras e o entra e sai fazia-se de sacos na mãos, com os vermelhos, os do El Corte Inglês, a sobrepôr-se aos outros, de lojas de roupas e tantas de sapatos, que ninguém anda descalço em Sevilha. Parece uma população feliz e criativa. Veste a rigor e passa na rua a moda recente para contrastar com as marcas da História, ora coloridas - como os multicolores azulejos - ora cinzentas de pedra, ou castanhas, como os monumentos que a UNESCO já classificou como Património da Humanidade: a Giralda, a Catedral, ou o Alcázar...
Foi este último que visitámos à noite. Foi edificado por volta do ano 900, e desde então são visíveis as alterações e as influências dos que por lá já passaram. A visita nocturna permitiu conhecer um pouco dos hábitos mouriscos, e entrar ali, de música de fundo a embalar, cheiro a insenso e azulejaria de mil cores a contrastar sempre, umas e outras, como se quem veio depois, apenas tivesse completado o gosto de quem já tinha saído.
Sevilha é ainda calor porque as gentes assim o querem. O castelhano ouve-se bem alto e o abocanhar das tapas e dos bocadillos não engana: estamos em Espanha. No centro da cidade as Bodegas deixam sair cheiros de refeições rápidas e variadas, que correm numa espuma de cerveja que só a temperatura pode compreender. E levantam-se toldos para tapar o sol, que as cabeças, cá em baixo, andam descobertas, bem como as carteiras que os mais distraídas deixam roubar. Assisti a uma fuga de bicicleta, já o larápio pedalava rua fora com o assaltado a correr atrás, até desistir porque as pernas não andam como as que têm raios e rolam entre quem passa distraído e habituado ao acontecimento.
Gostei de Sevilha. Até entrei na Praça de Touros, apesar de não concordar com o que ali se passa. Mas se a História da cidade passa pela Maestranza, como contorná-la? Já agora, fica a lenda Joselito, rapaz que aos 4 anos já toureava e aos 14 já matava o touro na arena. Famoso, carreira promissora, novo... suicidou-se aos 25 por amor. O corajoso Joselito, matador reconhecido, não deixou de escolher para si, um fim tão fatal como a fatalidade da paixão não correspondida.
Haverá mais, de Sevilha.
Vou tirar brilho ao Leão, mas sabes que temos as nossas similitudes ocasionais...
ResponderEliminarAinda mais, ele não poderia responder sob pena de represália.
Mas «Catalão»?!
É que se algum Andaluz lê isto está mesmo tramada.
Beijinhos.
PS o post está muito bem escrito.
Lindo! Mas deixa muitas saudades de Sevilha. Trás à memória outras histórias...
ResponderEliminarQue erro crasso!!!
ResponderEliminarObrigada Chatter. Vou já mudar...