Ainda sinto um vago zumbido na cabeça. E a sensação de ter levado uma valente martelada. Foi do SMS recebido a meio da tarde. O acreditar que os deuses estão do lado de quem não merece. Respiro fundo. Afinal sempre perco o avião. Eu e todos. Não há vistos. Talvez venham a tempo para terça-feira. Fecho os olhos e abano a cabeça. Para que desapareça o zumbido.
sexta-feira, fevereiro 29, 2008
[...]
quinta-feira, fevereiro 28, 2008
À cabeceira
das relações
Lourenço Bray in o nascer do sol
desafio
[A excepção é a orquídea oferecida há mais de três anos pela minha mãe, da qual só me lembro uma vez por mês e que estranhamente me continua a oferecer flores uma vez por ano. A dia diz que são plantas caprichosas, que precisam de muita atenção, que devemos falar com elas. Logo eu, que cada vez mais me faltam as palavras. Disse-me, ou escreveu, as memórias do dito e do escrito baralham-se facilmente nesta amizade esquizo, que as orquídeas só dão flores a quem as mima. A minha gosta de ser a excepção à regra.]
Sonhos
Sonho que perco o avião. Sonho que voo para a China. No primeiro sonho entra o Mantorras. No segundo as pessoas que comigo partilham o dia à dia em duas ilhas de um open space laranja. Não preciso de Freud para perceber esta versão. Só não entendo porque raio ando a sonhar com os jogadores do Benfica!
da amizade
As simpatias que vi nascer entre pessoas diante dos meus olhos, acabaram sempre por se afogar nos pântanos do egoísmo e da vaidade. A camaradagem, o companheirismo, às vezes, parecem amizade. Os interesses comuns por vezes criam situações humanas que são semelhantes à amizade. E as pessoas também fogem da solidão, entrando em todo o tipo de intimidades de que, a maior parte das vezes, se arrependem, mas durante algum tempo podem estar convencidas que essa intimidade é uma espécie de amizade."
Sándor Márai, as velas ardem até ao fim
Ao Leão...
terça-feira, fevereiro 26, 2008
Rio (de Janeiro)
Esquecida
Eu - Sim, com o J.
Avó - Ele também casou?
Eu - Sim, avó. Comigo.
Avó - E foi pela Igreja?
Eu - Foi.
Avó - Não me lembro de nada.
Sorrio. Eu lembro-me demasiado bem.
segunda-feira, fevereiro 25, 2008
O avô Aznavour
quinta-feira, fevereiro 21, 2008
Telefonemas
segunda-feira, fevereiro 18, 2008
Onde pára o tempo?
Andam a roubar-me o tempo. Tiram-me voltas do relógio. Os ponteiros saltam minutos. Calculo que quartos de hora inteiros. Andam a roubar-me o tempo e já nem falo do tempo que roubo à vida. Há um ano o dia dava para tudo. Hoje não sei por onde se perdem as horas. E fazem-me falta os dias que se esfumam. Falta-me tempo para os jornais. Salva-me a TSF. Tempo para ter paciência. Para ouvir com atenção as pessoas que trabalham à minha volta. Ando exausta com o corrupio constante. Falta-me tempo para ser perfeccionista. Organizo-me. Faço listas. Aponto tudo minuciosamente na agenda. As horas, dos dias que nunca mais acabam, que se esticam das 10 da manhã às 10 da noite, não dão para nada. Onde pára o tempo?
35
Depois os do passado. Já passaram 5 anos? Sim, tanto tempo. Parece que foi ontem. Cheguei a casa depois de 'As Confissões de Schmidt' e lá estava o armário vazio, o lugar vago na cama. E claro que não ligou. Claro que não. Esperavas que ligasse? Não sei. Tinha pensado que era possível. Não era uma esperança, não era um desejo. Era apenas uma possibilidade.
E então o presente. Há tanto ainda por fazer. Uma casa para comprar a dois, uma família para reunir, mais amigos para rir, viagens para fazer, sobrinhos para beijar, livros para ler, concertos para ouvir, espectáculos para assistir, pessoas para juntar, trabalho para fazer, projectos para concretizar, mimos para dar. À Avó. Amor para dar. Amizade para partilhar. E quem sabe outros 35.
domingo, fevereiro 17, 2008
Em festa!
sexta-feira, fevereiro 15, 2008
Ir à terra
quinta-feira, fevereiro 14, 2008
quarta-feira, fevereiro 13, 2008
uma questão de mau feitio?
Carnaval e Dia de S. Valentim rivalizam entre si como as piores épocas festivas do ano. Eu, pouco dada a manifestações forçadas de felicidade e alegria, arrepio-me perante a visão de montras repletas de corações, rosas vermelhas e ursos de peluche. Até o coelho da Páscoa é mais simpático que o Cupido.
afectos [xvi]
"Gosto de ti porque tens coisas que mais ninguém tem. Como ir à cozinha comer às quatro da manhã e voltar para a cama com a maior naturalidade."
terça-feira, fevereiro 12, 2008
as clementinas
Há os hipermercados, os supermercados, as mercearias de bairro. E depois há o cesto a secção x do pasquim. Numa equipa só de mulheres não há grande preocupação com a linha. E as idas ao supermercado resultam em olhares de viés. Diagnóstico médico feito à pressão pelas meninas da caixa. Ou a dúvida entre a bulimia ou a anorexia numa figura de 50 quilos de peso. Gigantescas bolachas de chocolate. Tarteletes de morango. Chocolate de caramelo. Férrero Roche. Tudo serve para encher o cesto da S.. Também já se comeram tremoços às 11 da manhã. Somos a mercearia de um jornal inteiro. Do director aos estagiários. A outra S. acabada de chegar, sentada na mesa da minha eterna estagiária, diz que comemos muito. Também falamos muito. E rimos desbragadamente. A verdade é que existe o receio latente de que possa acontecer qualquer espécie de cataclismo que nos impeça de sair da sala. Armazenamos comida como na iminência de uma III Guerra Mundial. Hoje tenho clementinas em cima da secretária. Estranhamente ninguém lhes tocou…
segunda-feira, fevereiro 11, 2008
o meu projecto
Ainda não é um jardim. É apenas um projecto. De girassóis e margaridas. Com salsa e coentros para apanhar a meio dos cozinhados. Com dois abacateiros vindos de São Tomé. Com a promessa de pequenos-almoços prolongados numa esplanada improvisada. O grelhador já posicionado. Lanternas vermelhas para dar cor as noites que se vão querer quentes. É o meu jardim. Construído do nada. Um terreno atacado por ervas daninhas. Muitas horas [literalmente] de enxada na mão. A descoberta de novos músculos [muito pior do que muitas horas de ginásio]. A ajuda preciosa da A. e do meu pai. Incansáveis. Mas é ainda um projecto. Faltam nascer os girassóis plantados pelo G. “Quando chove para as minhas sementes crescerem?” Faltam as margaridas do F.. Os malmequeres que hão-de vir da serra. Falta-lhe verde. Faltam conversas. Gente à volta do churrasco. Conversas e risos. Então será um verdadeiro jardim.