quinta-feira, maio 29, 2008
quarta-feira, maio 28, 2008
dor de alma [ou o papel...]
- Mas eu não quero ir.
- Então não vás.
- Mas eu não posso não ir só porque...
- Então vai.
- Mas eu não quero ir.
- Então não vás.
- Mas se eu for...
- Então vai.
- Mas eu não posso ir só porque...
- Então não vás.
[...]
[És grande. Muito grande]
terça-feira, maio 27, 2008
Viagem no tempo
Depois de 50 anos de ditadura entrámos num clube de ricos que nos ajudou a minorar o que já pareciam séculos de atraso. Mas no velho continente ainda há milhões à espera desse salto em frente. Como na Geórgia, onde os "inimigos" do regresso ao berço europeu estão apenas do outro lado das magníficas montanhas do Cáucaso. (Embora ainda haja catinhos em Portugal onde estas imagens não destoam).
A feira
Digam o que disserem, que a feira está morta, que este formato já não funciona, que é preciso modernizar, digam tudo isso, mas ainda assim não me convencem a deixar de ir. De Cumprir o meu calendário emocional. De me sentar no topo do Parque Eduardo VII com o rio lá bem ao fundo, os telhados de Lisboa pelo meio, e o burburinho das conversas em volta. Nada como descer a calçada entre as barracas, folhear livros, comparar preços com os desejos que colei nos pulsos agora na contracapa da Moleskine, subir a calçada pelo lado contrário, demorar tempos infinitos nas barracas preferidas, temperar tudo com o açúcar das farturas. O que não combina com a Feira do Livro é o frio de rachar, a chuva torrencial, os pés alagados e o corpo a tremer de frio. Não achasse eu que este blog está a um passo de se transformar num site da meteorologia e desatava a mandar vir com o tempo. Mas hoje não. Fico por aqui que já gastei as palavras para uma semana.
sexta-feira, maio 23, 2008
3 anos de Mais Cidade
A dizer coisa nenhuma. Ainda assim, gosto de aqui estar. Às minhas companheiras de viagem um ‘bem haja’ por existirem na minha vida. Aos outros, os que passam e deixam marca, os que vêm sem dizer palavra, o meu [nosso] obrigada.
[É estranho como me lembro tão bem do primeiro dia, da escolha do nome – autoria da Samantha -, dos primeiros posts, escritos em catadupa, quando a Carrie ainda não era Carrie, antes Bea, personagem de um livro que marcou uma vida, do enorme vazio que este espaço preencheu, do gozo que me deu desde o primeiro minuto. E apesar da dificuldade que tem sido estar mais presente, gostava sinceramente que continuássemos...]
status report
Girassóis, dálias e coroas imperiais devem florir dentro de dias. Os malmequeres, depois de lhes ser diagnosticada a morte prematura, estão verdejantes. Continuam a existir várias espécies não identificadas.
quinta-feira, maio 22, 2008
Identidade
quarta-feira, maio 21, 2008
terça-feira, maio 20, 2008
Maio
Esta cidade está quase a fazer três anos e não merecia ser tão mal tratada. Eu ando às voltas com a vontade de escrever, faz-me falta este exercício de exorcismo, começo posts mentais à saída da garagem, na descida para os Restauradores, mas quando chego à Avenida já a cabeça vai a mil hora, a pensar nas queixas, nas resmunguices, na vida que não se vive. Experimento frases soltas a meio de um cigarro enquanto olho os jacarandás no Largo do Carmo, raramente contra o céu azul, como deviam estar sempre os jacarandás, ficam mal no céu carregado de cinzento que parece chumbo, que me pesa nos ombros e na alma. Pensei em escrever sobre as cerejas, já pintam o verde da Serra e vieram por ai abaixo na carreira das seis, mas é sempre mais do mesmo. Acho que já disse tudo o que havia a dizer, basta procurarem nos arquivos em Maio de há dois anos, que não me apetece andar com links. Sei que este ano mal terei tempo para subir às árvores, comer directamente dos ramos, suster a respiração para não pensar nas vertigens enquanto salto para o chão, já enjoada com o peso das cerejas no estômago. Dar tempo para me recompor e voltar lá, ter que subir mais um pouco, procurar as que estão escondidas entre os ramos mais altos que o meu pai tenta a todo o custo vergar sob o peso de um arado velho, para que as cerejas não sejam somente comida de pássaro. Vão-me fazer falta estes dias, mas Maio este ano parece mais curto.
segunda-feira, maio 19, 2008
Letras maiúsculas
Quidam
Não caiam agora as críticas a desmentir esta opinião dizendo que o Cirque du Soleil é único e eu não sei o que estou para aqui a dizer... Concordo: é único! Mas já não é tão único como noutros tempos e, para mim, não vale bilhetes tão caros. Bem sei que sou pouco dada a coisas de circo e os números de trapézio, cordas e malabarismo não são a minha paixão... mas, ainda assim, há coisas que me surpreendem. E o Cirque não me surpreendeu muito. Gostei do momento em que quatro meninas (teriam mais de 15 anos?) faziam um jogo de malabarismo com uma espécie de ampulheta gigante equilibrada numa corda. É uma brincadeira que já vi por aí, entre miúdos mas, claro, houve naquele número mestria e capacidades para lá do normal. Não digo que também não fiquei impressionada com a rapariga do hula hula... fiquei. Mas é imperdoável, por exemplo, que um malabarista deixe cair uma das bolas. Imperdoável porque o meu bilhete custou 65 euros. Imperdoável porque são muitas as equipas que formam a grande companhia que é o Cirque, e porque a escolha dos artistas é feita a dedo.
Mas o Cirque du Soleil é organizado, profissional, comercial. E nisso, não haverá melhor. Há ali muito trabalho, muito empenho e muito profissionalismo. E isso vale dinheiro. Além disso, há prazer, o que sabe bem apreciar. E não se denota cansaço, o que é impressionante. E há ainda os números em simultâneo, quando o nosso olhar se distrai por vários pontos da arena. E o guarda-roupa.
Os trabalhadores do Cirque du Soleil vivem como ciganos. Viajam, acampam, ficam uns dias e partem. É uma grande máquina, a companhia. As crianças têm que estudar com professores particulares porque não podem inscrever-se na escola; os casais formam-se no grupo; há uma mescla de nacionalidades que vai buscar os melhores de cada País... e há camiões de material, dezenas... para que o mundo se mude para cada cidade onde actuam.
Há, portanto, magia neste circo. E não há nada que choque, não há momentos mortos nem motivo para apontar o dedo (nem tem animais)... Mas eu só consegui levantar-me para sair. Mesmo quando muitos estavam de pé apenas para aplaudir.
quinta-feira, maio 15, 2008
Repetição por motivos nada técnicos*
[a gerência pede desculpa pela repetição, mas a primavera que teima em não chegar anda a trocar-me as voltas]
quarta-feira, maio 14, 2008
formas de vida
“Há vinte anos, no meu país, pôs-se o problema de criar um fundo de pensões para os jornalistas, dado que no fim de todas as carreiras profissionais, supostamente, vem a reforma. No sindicato dos jornalistas chegámos a esta conclusão: era um problema que não se colocava, visto que na nossa classe quase ninguém vive até à idade da reforma. Esta é uma das características da nossa profissão, uma profissão feita de stress constante, nervosismo, insegurança, riscos e em que trabalhamos noite e dia.”
‘os cínicos não servem para este ofício’, Ryszard Kapuscinski
quarta-feira, maio 07, 2008
Boas vindas
Quando me vê chegar os olhos amendoados ficam maiores, o sorriso é franco, os braços abrem-se em arco. Aperta-me o pescoço e esconde-se entre os meus cabelos. "Olá!!!", grita quando enrola as pernas à volta da minha cintura. Dá-me um beijo e pede-me para brincar. Sinto a confiança, o carinho, a inocência.
Ele tem oito meses, ela tem cinco cinco anos e dão-me as melhores boas vindas do mundo. Têm o condão de com elas tornarem o meu dia muito mais feliz.