quinta-feira, abril 30, 2009
Feira
Já há livros para comprar a preços baixos. Ainda assim, aproveitei o dia do aderente na FNAC e comprei um Robert Wilson por 10 euros. Estou fã. E um guia para a Bretanha, em castelhano porque não havia outro. Sonho vir a utilizá-lo em Junho. Se o meu companheiro de viagem aceitar. Até lá, viajarei pelas páginas em branco, de letras printadas. Oiço agora o tal companheiro ler um dos livros que comprou na Feira: "O Santo contra a Scotland Yard". Diz-me que devia saber o autor. Não sei. Vai ler outro: "O Companheiro Secreto", de Joseph Conrad. Lê e diz que é brilhante. Comprou 20 livros na Feira. Gastou 35 euros. Vale, ou não vale a pena? Amanhã vamos lá os dois. "Às vezes, quando tenho de ver um espectáculo ou um jogo, tiro umas coisas do frigorífico e janto por volta das seis e meia..." E enfantiza: Isto dá logo vontade de ler o livro. Por mim passava a vida a ler. Estou-me borrifando para o resto. É o meu companheiro de vida!
terça-feira, abril 28, 2009
segunda-feira, abril 27, 2009
Dias...
Música no CCB. Pelos corredores, sons de piano e teclados de quem nada sabe interpretar. Outros, talentosos, experimentam lentamente o de cauda ou o outro, vertical, e sabem de cor o que lhes canta o ouvido. Encontro um menino de doze doces anos que me diz gostar muito de Rachmaninov. Sorrio. Diz que é por causa de Rap II e Rap III - as mais célebres obras do compositor russo do séc. XIX. Tem um olhar seguro, o rapaz, e as mãos ágeis no piano que toca há seis anos. Mais ao lado, um casal de "jovens" idosos. Ambos de cabelos branquinhos, ela de braço dado com ele, mais baixinha, rabiosque de mais de 80 anos - nunca repararam como se percebe a diferença? - e um olhar atento aos pianos para venda. Conversam. Perguntam. No concerto de Filipe Pinto-Ribeiro, aquele onde o pianista assimila o tema musical BACH (que se traduz em notas musicais, em alemão)vêem-se olhos rendidos, fechados, uma sala cheia. Noutro lado, os contrabaixos dos Carlos - Barreto e Bica - parecem conhecer-se há anos e ali estão, em conversa, alegre, às vezes quase silenciosa. O concerto dura mais do que é previsto porque a plateia gosta. De Bach, sei que teve 20filhos, 7 da primeira, 13 da segunda mulher. Aprendo a compreender. O cravo para o qual compôs, o cravo que no 25 de Abril vejo andar, de um lado para o outro, carregado pelos homens a quem cabe o transporte de instrumentos. E fazem-se filas. Há iô-iôs com Bach gravado na face, concertos para todas as idades, crianças que escutam como se a música já fizesse parte da vida. E faz.
quinta-feira, abril 23, 2009
O PM e a TVI
Eu não aprecio os modos do Primeiro-Ministro, José Sócrates. Admito que é um homem inteligente, com capacidade de decisão. Mas isso não quer dizer que concorde com as decisões que toma. E, sobretudo, com o modo como as anuncia, como se anuncia.
Eu não gosto da Manuela Moura Guedes. Aceito que seja uma mulher inteligente e com uma vasta experiência (da publicidade ao jornalismo, quem diria? passando pela política). O que não significa que goste da forma como encara o jornalismo e como o apresenta. Como se apresenta.
Por isso... venha o Diabo e escolha...
Eu não gosto da Manuela Moura Guedes. Aceito que seja uma mulher inteligente e com uma vasta experiência (da publicidade ao jornalismo, quem diria? passando pela política). O que não significa que goste da forma como encara o jornalismo e como o apresenta. Como se apresenta.
Por isso... venha o Diabo e escolha...
há homens que sabem elogiar uma mulher
Hoje recebi uma mensagem que dizia: "Página 3 do Guardian: Tu."
quarta-feira, abril 22, 2009
na melhor esplanada de lisboa
Vesti o meu melhor sorriso, soltei o cabelo, deixei os ombros à mostra, deixei que os pés rejubilassem dentro de umas sandálias de sete centímetros. Desci ao rio, senti a maresia, o cheiro que faz saltar da caixinha verde alface mil recordações felizes. Tudo para esconjurar a tristeza e o mau humor.
segunda-feira, abril 20, 2009
Um novo medo
Hoje senti medo de te perder. Ainda nem tinha dado conta da tua idade, da tua fragilidade, dos teus cabelos brancos. Hoje vou rezar por ti, antes de adormecer. E vou querer ver-te, amanhã. E sempre. Porque não consigo imaginar os meus dias sem ti, avozinha.
sexta-feira, abril 17, 2009
Afectos
Um almoço para recarregar baterias para os próximos meses e a certeza que há pessoas que são para a vida toda. Obrigada.
quarta-feira, abril 15, 2009
Sem idade
No dia em que me cai no colo uma peça sobre o mais velho actor de filmes pornográficos do Japão, um assunto de sempre, à hora de almoço. O japonês tem 75 anos e usa placa. Nada o impede de fazer as actrizes 30 anos mais novas darem gritinhos para a câmara, com esgares ditos sensuais e poses arrepiantemente sexuais. Quando era miúda recusei-me a ver um filme de primeiro escalão em casa de um amigo porque, simplesmente, me enojava. Nunca achei piada, nunca me excitou, nunca achei interessante. Nem mesmo quando descobri que "Branca de Neve" e "???uma série de anões???", guardado pelo meu irmão em VHS era, afinal, um filme porno. Ao almoço a conversa da maternidade e da idade para ser mãe e mais não sei o quê... que já se faz tarde e que qualquer dia temos 40. Éramos três. E o raio do homem tem erecções aos 75 e diz que há-de continuar a carreira até aos 80.
Não é injusto, o mundo?
Não é injusto, o mundo?
domingo, abril 12, 2009
94
Perguntou-me quantos anos eram. Uma e outra vez. Repeti-lhe a idade e no segundo seguinte esqueceu as minhas palavras. Estou muito velha, sorriu, quase nos 100 anos. Mostrei-lhe seis dedos e disse-lhe que tantos faltavam para o século. Que estava mesmo velha, repetiu. Mas que gostava de cá andar, que Deus Nosso Senhor é que sabia, mas ela gostava, pronto. Tinha uma camisola nova. Preta. Viu a flor que lhe ofereci e reconheu a planta: orquídea. Não mais se lembrou dela. Há-de regá-la, um destes dias, quando perceber que também ela pode morrer. A flor. Parabéns avózinha. 94 anos e um abraço do tamanho de um coração centenário. Com tudo o que cabe dentro de uma vida assim.
sexta-feira, abril 10, 2009
quinta-feira, abril 09, 2009
segunda-feira, abril 06, 2009
quinta-feira, abril 02, 2009
Andorra
Há três dias que nao pára de nevar. Levanto-me cedo e carrego o cansaco para o pequeno-almoco. Nada importa. Lá fora há uma brancura cândida, inesquecível, maravilhosa. As botas custam a calcar na entrada para as pistas. Tudo a postos: o gorro e as luvas, o tapa-orelhas e o forfet no bolso de lado. Vou esquiar. E descobri um novo sinónimo de alegria.