sexta-feira, junho 27, 2008

Menina do Rio

Queixo-me da chuva mas deixo-me molhar pelas gotas que espaçadamente caem e me deixam com a marca de água. Rio porque faz rir, o momento. Rio que se fez de livros e de passeios, de boa comida e novos restaurantes, de algumas visitas e mais um doce pintado com suco de abacaxi. Perco-me nas compras dos preços baratos e caio na asneira do saco cheio. Faço contas e tenho vontade de partir. Tarde demais. Embrulho as sandálias em papel esmagado e trago tudo para casa. Umas para cada dia da semana. Quase. Não resisto ao chamamento de uma lembrança para ti, para ti, e para ti... os que amo receberão o meu riso, carteira vazia e um presente. Sei que não devo. Nem temo. Mas volto. E trago para a mãe, para o pai, para o petiz. E as amigas que fazem anos. Os mimos da feira Hippie. Tudo isto me custa. Tudo isto me vai deixar mal. E bem. Porque é assim que gosto. Embrulho o sol de uma manhã de praia em Ipanema e protejo-me da queima com mais um creme caríssimo. E novo biquini, a estrear no Posto 9. Retiro-me com a chegada da noite e procuro então aonde ir. Vamos. Damos as mãos de alegria porque a sorte nos trouxe aqui outra vez. Contamos os dias, fazemos promessas, nova viagem para fazer. O Rio sabe bem. Não é o melhor que sei, mas o melhor que posso. Um "oi" disfarçado de "olá", um gesto universal, uma hawaiana no pé e somos todos iguais. A visita ao camelot deixa-me embriagada: o cheiro a amendoim torrado, as marcas da contrafacção, o Rolex que não o é, e o Gucci que sonha sê-lo. A pobreza está ali. Desboqueiam-se telefones e as play stations que for preciso. Corro para sair de lá mas não me deixam. Prende-te o gosto pela maré, mar de gente que sabe a Brasil. Saímos. Venho de mãos a abanar. E a "Confeitaria Colombo" deixa-me com água na boca, 1001 sabores, doces que são, e uma memória que data de um século passado. O Presidente da República de Portugal mostra-se numa fotografia, à porta, ele e a mulher, que ali foram de visita. Sento-me à sombra de um espelho, as caravelas atrás iluminam a sala, em cima um espaço para refeições e dois namorados que se deixam fotografar. Tiro também a minha fotografia. Outra. Numa perspectiva de voltar. Porque o Rio vê-se por várias vezes.

3 comentários:

centrípeta disse...

Por momentos... (até parece que sonhei) o vosso blog apareceu-me vedado. "Diz que" não era uma leitora convidada.

Por momentos... quando hoje aqui voltei (até parece que sonhei) eis-me de volta à leitura. Vossa. Assídua.

Já percebi, pelo teor de alguns posts e comentários que algumas de vós (se não todas) são figuras públicas... +/- ???

Não faço ideia quem sejam e sinceramente não é isso que me trazia/traz aqui todos os dias. Mas compreendo que queiram zelar pelos vossos pensamentos, que se querem livres, sem quaisquer amarras.

Serve este comentário para vos pedir que, se regressarem à decisão de manter o blog exclusivo a alguns, tenham em consideração esta alma simples... comum mortal... que gosta das vossas divagações... independentemente de serem beltrano ou cicrano.

Xim? Sim? Tim?

Obrigada, marina.

Carrie disse...

Muito bom!

Rosa Negra disse...

Que saudades que tinha de vos ler :)
E faço minhas as palavras da centrípeta, têm todo o direito de tornar o blog privado (e até de não me deixar entrar, claro) mas gostaría muito de poder continuar a vir a esta cidade.