sábado, julho 28, 2007

Apaixonada

Treme, a tua voz ao telefone. Os sms não páram de chegar e as mensagens terminam sempre em ponto de interrogação. Fazes perguntas, umas atrás das outras. 'Tenho medo', dizes-me. E eu, vontade de rir.

Estás apaixonada por quem também está apaixonado por ti. No teu caso, um feito: habituada a gostar de homens que nada valem, habituada a paixões com quem não te pode garantir nada (quem não quer), costumeira em relações impossíveis, com fim à vista, escondidas. Eis que te apaixonas por quem gosta de ti! Eis que surge a pessoa certa (para este momento, pelo menos) que te encanta com um beijo que todos podem ver, que te dá a mão num lugar onde se amontoam pessoas, que assume contigo uma relação que não pode ser escondida. Porque existe, porque é bonita, porque é recíproca.

Não há noites loucas que superem isto; não há mentiras e telefonemas sussurados mais valiosos que este namoro; não há relação de pé ante pé que seja mais importante que esta. Porque o amor fez-se para ser partilhado. Entre dois, e com os outros. Às escondidas, só dos pais quando somos mais novos. Na idade adulta, nada nos pode impedir de dizer: é de ti que eu gosto.

A tua voz treme com o teu riso. Imagino os teus olhos azuis muito abertos e um cigarro a fumegar devagar, para fazer de conta que não tens que enfrentar esta nova situação. Em breve estarei aí, junto de ti, para o conhecer, para te dizer 'sim, aposta, vai em frente', como se a minha opinião contasse, como se valesse de alguma coisa tudo o que possa dizer-te. Para ti vale, porque estás insegura. Não sabes muito bem o que é ser gostada, amarrada, apaixonada. Tudo isto à luz do dia.

Combinas encontros e fins-de-semana. Passas noites em claro para que todos vejam. Almoças e jantas, fazes uma vida normal. E estranhas. Estás agora mais feliz do que alguma vez te vi (ouvi). Mesmo receosa sinto o seu sorriso aberto e uma despreocupação com tudo o resto. Ultimamente nem te queixas do excesso de trabalho, das crises com a tua chefe, de um ou outro problema com a tua mãe. Só conta o novo namorado, o rapaz por quem te apaixonaste e que antes se apaixonou por ti. E essa sensação, a que sentes agora, é única.

O medo passará com o tempo. Talvez não por completo porque, no amor, especialmente no início, receamos sempre perder aqueles momentos bons, aquela sensação de paz, de respirar fundo e fazer bater o coração mais depressa. Mas esse é um medo bom. Não magoa. E verás que vai ser melhor assim: todos vão saber que estás apaixonada. E que desta vez, vale a pena!

2 comentários:

maria inês disse...

adorei...

Anónimo disse...

Muito bonito!!!!!!!!!