Coisas que (só a mim) me fazem sorrir
Chegar a casa às quatro da manhã, esquecer-me das horas, deixar bater a porta das escadas e acordar a vizinhança toda até ao terceiro andar, no mínimo.
Chegar a casa às quatro da manhã, esquecer-me das horas, deixar bater a porta das escadas e acordar a vizinhança toda até ao terceiro andar, no mínimo.
Escrito por Carrie às 12:48 0 comentários
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Quatro miúdas muita giras à conversa numa esplanada à beira mar.
Frase do dia: "Queres um copo de água com acúcar? Estás a ficar branca..."
Escrito por Carrie às 12:46 0 comentários
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Ver o Benfica a jogar de verde(?!).
* Também se pode dar o caso de eu estar a ficar daltónica.
Escrito por Carrie às 21:52 0 comentários
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Este post vai ser longo, nostálgico e sentimental. Em suma, uma seca. Depois não digam que não avisei! (Ainda aí estão?)
Não foi n’A Capital que dei os primeiros passos no jornalismo, mas foi lá que o “bichinho” se entranhou. Que encontrou o seu espaço e se instalou cá dentro, sem apelo nem agravo.
Lembro-me bem do dia em que cheguei. Em pânico, confesso. Estive até às seis da tarde a ‘picar’ telexes da France Press (logo eu que sempre fugi do francês) e antes de sair perguntei ao J.C. se ainda precisava de ajuda (como se uma mísera estagiária como eu pudesse fazer a diferença): “Já que aqui estás bem podias ir a um leilão”. Era coisa importante. Ia à ‘praça’ um quadro da Paula Rego que poderia valer uma pequena fortuna. Problema? Eu tinha entrado às oito da manhã e o leilão era às nove da noite! Não tive outro remédio senão ir. Seria assim durante um ano e meio. Entrar às oito, sem nunca saber quando acabaria o dia.
Lembro-me particularmente de dois: um acabou com o J.C. a dizer-me que tinha uma hora para ir a casa fazer a mala e apanhar um comboio com destino a Saragoça. Quando regressei, dois dias depois (desta vez de avião!) tinha à minha espera uma comitiva de boas vindas com os recibos de ordenado na mão. A peça falava dos desgraçados dos portugueses que eram explorados na apanha do tomate em Espanha. Uns desgraçados, que feitas as contas, ganhavam mais do que nós!
Houve uma sexta-feira que acabou às oito da noite do dia à seguir, com uma passagem por Manteigas. Era uma história de maus-tratos infantis num lar de acolhimento. Uma freira que há anos que batia nas crianças. Para fazer a peça entrevistei uma miúda da minha idade (23 aninhos!), que tinha vivido no lar alguns anos antes. Contou-me como a freira lhe partira a cabeça com uma concha da sopa. A mesma sopa que a obrigou a comer quando o sangue começou a cair para dentro do prato. Fiz toda a entrevista com as lágrimas a correrem-me pela cara abaixo, com o R.D. do outro lado da sala a olhar para mim com ar de pânico. Lembro-me como me senti importante quando a manchete d’A Capital deu história nas televisões e mais ainda quando, dois dias depois, soube que “O anjo negro da guarda” (foi este o título da peça, do melhor!) tinha sido internada numa instituição de saúde mental.
Há também a história do Creoula, uma reportagem sobre os meus tormentos numa viagem de navegação costeira. Ainda hoje o J.M. jura a pés juntos que já na redacção, doze horas depois de ter saído do barco, me agarrei ao pilar que estava por detrás dele, como quem se segura para não continuar a balançar. Não era comum haver peças escritas na primeira pessoa, mas o P.T. (que Deus, ou qualquer outra força divina, o mantenha longe do meu caminho) achou tanta piada ao meu sofrimento que decidiu que a peça só poderia ser sobre isso mesmo. A verdade é que a história, lida sete anos depois, é exactamente aquilo que se pretendia: um enjoo.
E antes e depois dessas, as cheias no Alentejo, onde mais uma vez fui incapaz de conter as lágrimas. O Crime de Amarante. A leitura da sentença do Gang Multibanco e o medo que senti da multidão em fúria à porta do tribunal. As centenas de visitas às obras da Expo98. O incêndio numa fábrica de Alverca, com um jornalista da SIC a perguntar: “Afinal morreram quantos?”. Ainda ninguém sabia ao certo, mas ele insistia que se todos disséssemos o mesmo número, não ia haver problemas. As minhas primeiras autárquicas e uma viagem de Setúbal para Lisboa às duas da manhã.
A Festa do Avante (escrita a quatro mãos com o P.C, que se perdeu quando finalmente conseguimos colar o meu texto ao dele. Tivemos que refazer tudo de novo, enquanto o P.T. berrava da outra ponta da sala: “Fechem a p*** da página”). A Grande Noite do Fado (mais uma maratona de 36 horas e um verdadeiro estudo sociológico). O 13 de Maio em Fátima. As ‘Noivas de Santo António’ e as histórias de namoricos que tive que escrever. O dia dos casamentos, com a personagem que falta neste blog a acabar a noite a andar descalça na redacção, fartinha dos seus lindos sapatos pretos de salto alto. As Festas de Lisboa. A história da cadeira eléctrica que fritava os presos antes de os matar (mais uma das brilhantes! ideias do J.V.). A entrevista ao senhor que descobriu que a morte da princesa Diana estava escrita na Bíblia! Violações. Suicídios. Homicídios...
Além disso, há as pessoas. O velho A.S.M. que todos os dias lia a edição de fio a pavio e nos dava na cabeça sempre que encontrava uma incorrecção, uma gralha, uma vírgula que estivesse fora do sítio. O J.V. com as suas ideias mirabolantes só porque às 6 da manhã tinha visto uma qualquer notícia, numa qualquer televisão internacional. O J.C. a quem devo muito do que sou hoje, porque me atirou às feras sem me dar tempo sequer de pensar. A boa disposição generalizada do pessoal dos espectáculos com o R.T à cabeça. A insuportável, para além do imaginável, namorada do M.P. (o típico caso em que só se estraga uma casa). O J.M. com as suas gravatas inenarráveis e a mandar perdigotos para cima de toda a gente enquanto falava. O A.P. que nunca ia a lado nenhum sem cravar uma caneta, um pin, um boné... qualquer coisa servia. A antipática da D. Vitoria que geria o bar do andar de baixo. O P.C. que chegou lá como um puto porreiro e depois foi que se viu. E depois havia aquele tipo do internacional completamente passado, aquele que resolveu levar uma arma para a A.R. e achou estranho não o deixarem entrar. A P.F. sempre stressada a fumar como uma chaminé.
Sou, ou somos, do tempo em que A Capital tinha duas edições. Uma fechada à noite e outra que tinha que estar na rotativa ao meio-dia. Hoje queixo-me por escrever três mil caracteres por edição. Naqueles dias chegávamos a fazer a 2-3 (qualquer coisa como 16 mil caracteres?) entre as oito e as onze e meia. É certo que nos queixávamos. Dizíamos que não. Esperneávamos. Mas fazíamos. E a mim dava-me um gozo tremendo. É disso que mais me lembro. Do prazer enorme que era ir trabalhar todos os dias.
À Capital devo ainda algo muito mais importante. Foi A Capital que nos juntou, lembram-se?
À personagem que falta nesta ‘cidade sem sexo’ conheci-a no dia da entrevista. É provável que ela já não se lembre, mas descemos juntas no elevador e soube que ficaria a trabalhar na mesma secção que ela. À Vida é Muito Difícil já a conhecia de vista dos tempos da faculdade e tinha sobre ela a pior das opiniões. Não foi preciso muito tempo para perceber o quanto estava errada. A última a chegar foi a Miranda, mas essa já há muito tempo que fazia parte da minha vida. A Capital só nos reaproximou.
Não, A Capital não era o melhor jornal do mundo. Já o sabia quando lá trabalhei. Confirmei-o hoje ao rever os textos que fui buscar ao "baú". Além disso, A Capital que hoje fechou nada tinha a ver com o jornal onde eu trabalhei. Mesmo assim, acho mal!
Escrito por Carrie às 21:48 0 comentários
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Temo o pior. E o pior é o medo.
Sempre que avanço sei que vou recuar. Se dou um passo em frente, ando dois para trás. Como se o chão tivesse gravilha e me fizesse escorregar. Para trás, para o passado.
Tenho feito melhorias. Sei disso. Não as suficientes para progredir, de facto. Fazer o quê?
Ou seja...
Tenho ao meu alcance o melhor que agora vejo à minha volta. E não estendo a mão. Baixo a cabeça, apenas...
Escrito por a dona da gata às 20:35 0 comentários
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...
Se gosto de ti
Se gostas de mim
Se isto não chega
Tens o mundo ao contrário...
Xutos & Pontapés
O Mundo ao Contrário (2004)
Escrito por a dona da gata às 20:28 0 comentários
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Inspirar fundo.
Sentir o doce aroma da sexta-feira a invadir os sentidos.
Esperar uns segundos para que faça efeito.
Conservar ao ar livre e consumir lentamente durante dois dias inteiros...
Escrito por Carrie às 17:39 0 comentários
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Será a confiança um sentimento transmissível por osmose? Como é que se explica a tendência para acreditarmos, de forma quase inquestionável, e por vezes inconsciente, em algumas pessoas, apenas porque são dignas da confiança de quem gostamos?
Escrito por Carrie às 14:58 0 comentários
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Sol mais sangria igual a sono. Muito sono…
Escrito por Carrie às 14:38 0 comentários
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"Há dias, sabes, em que gostava de ser como o gato e que me tocasses sem desejar encontrar quaisquer sentimentos a não ser o que se exprime num espreguiçar muito lento – num vago agradecimento? – e que depois me deixasses deitado no sofá sem que nada pudesses levar da minha alma, pois nem saberias o que dela roubar."
Pedro Paixão, Viver todos os dias cansa
Escrito por Carrie às 14:59 0 comentários
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O cheiro da maresia na noite da marginal.
Escrito por Carrie às 01:35 0 comentários
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Rever uma amiga de quem tinha muitas, muitas saudades e perceber que tudo continua na mesma.
Escrito por Carrie às 00:14 0 comentários
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Sair à rua e apanhar uma chuva de Verão. Adormecer a ouvir água a cair lá fora. Já tinha saudades. Vocês não?
Escrito por Carrie às 19:45 0 comentários
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Um amigo meu disse-me várias vezes que tenho os abraços mais sinceros que alguma vez lhe deram. Hoje, porque faltou qualquer coisa, percebi o que ele queria dizer.
Escrito por Carrie às 23:15 0 comentários
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No princípio era o verbo.
E o verbo era 'ser'.
Ao segundo dia Deus criou o adjectivo. E com isso ficou feliz.
Nos restantes dias - que quis Deus fossem mais 5 - partilhou o estado de espírito.
Estava criado o mundo.
Escrito por a dona da gata às 23:08 0 comentários
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Pode um beijo ser tranquilo como a lua?
Escrito por a dona da gata às 23:02 0 comentários
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Adoro a máquina de café aqui do jornal. Uma pessoa dá-lhe trinta cêntimos em troca de um café que vale 25 e ela ainda nos devolve uma moedinha de vinte, uma de dez e outra de cinco. É só fazer contas. Acho que a seguir ao concerto temos que passar pelo Casino.
Escrito por Carrie às 12:26 0 comentários
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Acordar com dores de cabeça, depois de quatro horas de sono. Entrar no café para a primeira dose maciça de cafeína e dar de caras com um bebé aos guinchos, que a mãe tenta controlar berrando ainda mais do que ele.
Escrito por Carrie às 10:11 0 comentários
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Nova Iorque. Setembro 2004.
Dois mundos opostos fazem a beleza de uma imagem com o céu em fundo. Talvez cada um valesse, por si só. Talvez, na fotografia, tivesse valido a pena separá-los. Talvez... Mas juntos dizem muito mais.
Completam-se.
Escrito por a dona da gata às 21:53 0 comentários
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Saem duas páginas e duas aspirinas para mesa atrás da coluna!
Escrito por Carrie às 15:37 0 comentários
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Sem vontade nenhuma, mas voltei.
Escrito por Carrie às 12:13 0 comentários
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Adormeceu cansada de lutar com os pensamentos. Antes disso ainda teve tempo para ganhar dois assaltos por K.O..
Escrito por Carrie às 13:41 0 comentários
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Procura agora a tranquilidade que não pensava que tinha. Só quando as águas se agitaram percebeu isso. Afinal, estava num ponto de serenidade, quase ultrapassada a mágoa.
O empurrão fez com que se movesse. Tirou os pés do chão e viu que ficaram marcas. O caminho que aí vinha era novo.
Por pisar...
Valeria a pena percorrê-lo?
Escrito por a dona da gata às 19:14 1 comentários
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SA, Julho 2003
... em que nos sentimos irresistíveis. Capazes de fazer parar o trânsito ou um simples jogo de bola na praia.
Passei duas semanas a fazer “fotossíntese” e sinto-me exactamente assim.
PS: Desculpem a imodéstia :)
Escrito por Carrie às 16:55 0 comentários
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Uma colega falou-me do “Expiação” do Ian McEwan. Confesso que torci o nariz. Há uns anos, mais precisamente depois do senhor ter ganho o Booker Prize, comprei o “Amesterdão” e abandonei-o a meio do caminho.
Não há como dar uma segunda oportunidade. Comprei o "Expiação" e os primeiros passos foram tímidos. Página a página, num ritmo marcado por outras personagens que não a Briony, a Cecilia ou o Robbie. A partir de certa altura (com outras histórias resolvidas), a viagem tornou-se irreversível. E irresistível. A minha amiga tinha-me explicado que era um livro surpreendente principalmente para quem tinha uma irmã. Do que não me falou foi dos destinos que se desencontram. Da vida que se perde. Da história de amor que povoa aquelas páginas.
Também eu me perdi de amores pelo Ian McEwan. Depois disso já devorei o “Sábado” e o “Inocente”. Como é possível que da mesma “pena” nasçam mundos tão diferentes. Pela mão dele já visitei Londres, quando a cidade e o mundo se preparavam para a guerra. Com o 11 de Setembro ainda bem presente. Afinal o perigo pode estar bem mais próximo do que imaginamos. Fiquei a saber muito mais do que alguma vez quis sobre neurocirurgia. Senti o medo de uma violência latente.
No “Inocente” voei até uma Berlim que tenta recompor-se da Guerra. Os traumas que marcaram que lá vivia e a inocência de quem chega. O amor entre um homem e uma mulher que simboliza a paz entre duas nações. Ri-me às gargalhadas quando não devia, não porque estivesse numa esplanada à beira rio, mas porque a cena nada tinha de cómica, mas esta escrita de uma forma absolutamente deliciosa. Como se o riso da leitora pudesse apagar a pena de quem vive um homicídio.
Pronto! Agora já sabem o que vão receber no Natal.
Escrito por Carrie às 16:50 0 comentários
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No castelo assombrado começam a abrir portões. Sobre a vala que impede as entradas desce uma ponte que ainda não chegou ao chão.
Não há, na torre mais alta, uma princesa aos gritos, em perigo. Não há, tão pouco, a expectativa de ver chegar o cavaleiro, princípe ou lacaio apaixonado pelo doce sorriso que ela tem.
Há fantasmas no castelo. Mas começam a sair como chegaram. Vestidos de branco.
Escrito por a dona da gata às 00:36 0 comentários
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Mais de meia hora às voltas com um post... Até não estava a correr mal, se tivermos em conta a situação descrita dois posts abaixo. A meio olhei para o ecrã e fiz ‘delete’. Era um recado, ou se preferirem uma carta. Uma carta para uma amiga. Por ser para quem é, resolvi que há coisas que devem ser conversadas frente-a-frente. Talvez tendo como moderador uma caipirinha ou um bom “alentejano”.
Saber esperar é uma virtude e nunca é tarde para aprendermos, por isso vou dar tempo ao tempo. Ou dar tempo à minha amiga...
Escrito por Carrie às 23:32 0 comentários
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Os livros não são só uma paixão. São um meio de sobrevivência. Gosto que cada “kit” chegue às minhas mãos intacto. Inviolado. Virgem. Gosto de saber que sou a primeira a abrir aquelas páginas. De saber que ninguém antes de mim fez aquela “viagem”. No final marco território com a minha assinatura e a data de “chegada”.
Alguns livros têm também uma data de “partida”. São aqueles que são oferecidos por algumas daquelas pessoas sem as quais não posso viver. Nestes casos sou intransigente no que toca a dedicatórias. A última foi das mais bonitas que já me escreveram. Fiquei com a lágrima ao canto do olho... e como sei que é extensível resolvi partilhar. Espero que me a autora me perdoe a inconfidência. Reza assim:
“É curioso que o autor tenha no nome um desejo: “Rever-te”. Caligrafia diferente, mas sonoridade que não deixa dúvidas. Na maior parte das vezes não pensamos em mais nada: apenas queremos rever. Rever alguém, rever a vida, rever o passado (sem ser na série de TV britânica).
Gostaria de rever-te toda a vida. Gostaria que o nosso clube, o clube “Dumas” miúdas impecáveis, que se tornaram inseparáveis, nunca fechasse. Gostaria que soubesses que qualquer revisão que faça, ter-te-á incluída.”
PS: O livro chama-se “Clube Dumas” e o autor Arturo Pérez-Reverte
Escrito por Carrie às 22:30 1 comentários
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Estou como o País. Em seca extrema. Não me falta água, mas estou desidratada. Faltam as palavras. Secaram-se as ideias. Esgotaram-se os argumentos. Estou a pensar em declarar estado de calamidade pessoal.
Escrito por Carrie às 21:52 0 comentários
Pode a tarde cair sem trazer a noite?
Pode a lua chegar sem apagar o sol?
Pode um rio correr sem nunca chegar ao mar?
Pode a vida ter graça se não nos rirmos dela?
Pode a graça ser vida antes do entardecer?
Escrito por a dona da gata às 21:51 0 comentários
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8:30
Desligar o telemóvel logo que cumpra a sua principal função: acordar-me. (Sim, ninguém acorda a estas horas em férias, mas morro de saudades de uma manhã de Verão sem fazer nada.)
9:00
Pequeno-almoço numa esplanada à beira Rio. Ler o jornal (deitar o caderno de economia no primeiro caixote do lixo disponível. Para a semana consulto o arquivo). Deixar-me ficar até encher a alma do rio.
11:00
Praia! Praia! Praia!
12:00
Acabar de ler o “Sábado” do Ian McEwan. Já ando há dois dias com o livro e está a estragar-me a média.
18:00
Banho de imersão com velas à volta da banheira e Erykah Badu (não perguntem! É um CD antigo mas altamente relaxante) na aparelhagem.
19:00
Caipirinha à beira rio (está “prometida” há pelo menos uma semana).
21:00
Jantar. Estou a morrer por um bom indiano (leia-se restaurante).
22:00
Cinema.
Escrito por Carrie às 23:04 0 comentários
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Sexta-feira, final de tarde. A1. Estação de serviço de Santarém. Dois homens, o primeiro com pouco mais de trinta, o segundo já bem entrado nos 50, estão sentados a uma mesa onde descansam os despojos de duas garrafas de branco. Compreendo-os. Lá fora os termómetros devem andar ainda acima dos 30 e o sol que ainda derrete o asfalto não ajuda a acalmar o calor. Diz o mais novo:
- Vou-te fazer um convite que não podes recusar.
O mais velho olha-o de soslaio com o ar de quem já está habituado a algumas estravangâncias. O mais novo não se deixa intimidar:
- Vais fumar uma ganza.
Tento esconder o riso por detrás do livro, enquanto o mais velho solta uma espécie de grunhido imperceptível. Não parece convencido, mas o mais novo não desiste:
- São 6h30. Às 7h20 estás a fumar uma.
Fico sem perceber porque é preciso quase uma hora para enrolar um charro. Mas não é isso que me preocupa. Os dois têm o ar cansado de quem já palmilhou muitos quilómetros, beberam uma garrafa de branco cada um e a ganza está marcada para daí a uma hora. Espero que antes disso cheguem ao destino e que esse não seja o de engrossar as listas de mortos nas estradas. Se for, pode sempre culpar-se o mau estado das estradas, a falta de sinalização... os suspeitos do costume.
Escrito por Carrie às 16:38 0 comentários
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Tinha uma colega de faculdade que tinha um fetiche: fazer amor em cima do capôt de um carro. Presumo que não fosse a única (a ter um fetiche, não este especificamente), mas esta – não sei se à procura de candidato – fazia alarde do tema para quem a quisesse ouvir. Fetiches todos temos, mais ou menos perversos, mais ou menos inocentes. O meu não me saiu da cabeça nas noites quentes da Serra...
Escrito por Carrie às 16:00 0 comentários
Está decidido. Volto para a Serra. As noites podem não ser tão animadas (mesmo que lá também haja rede de telemóvel para incensantes e aborrecidas trocas de mensagens), mas são de certeza mais quentes. E sobre isso muito mais há para dizer, mas fica para logo. Vou matar saudades da minha almofada e adormecer com o Ian McEwan.
Escrito por Carrie às 03:50 0 comentários
É um conceito que desconhecia. A Amizade Apaixonada. Mistura dois mundos sem confundi-los, sem que um anule o outro; sem que nenhum, ao outro se sobreponha. Descobri-o, certa de que não o inventei. Exploro-o agora todos os dias.
Escrito por a dona da gata às 21:09 2 comentários
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... para uma semana na Serra. Quem sabe um pouco mais.
Deixo-vos com um beijo grande e desejos de dias bem passados.
Até já.
Escrito por Carrie às 00:16 0 comentários
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- Tiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiia
De braços no ar, corre pelo corredor fora sob as perninhas trémulas. Baixo-me para ficar ao mesmo nível e no mesmo segundo duas mãozitas cobertas de chocolate atacam a minha t-shirt imaculadamente branca.
- Tiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiia
Aqueles olhos azuis imensos abrem-se ainda mais, e a cara, normalmente de um branco nórdico, está também cor de chocolate. Os lábios pequeninos esticam-se e formam um beijo que assenta de fugida na minha cara. Tento agarrá-lo, mas com uma gargalhada genuína daquelas que só a inocência permite, já ele foge outra vez para o seu mundo de brincadeiras.
Com momentos destes como é que podemos não ser felizes?
Escrito por Carrie às 15:10 0 comentários
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