segunda-feira, dezembro 31, 2007

Em 2008...

Vou ao ginásio,
Vou emagrecer,
Vou ao médico,
Vou poupar dinheiro,
Vou estar mais tempo com a família,
Com os amigos,
Vou trabalhar menos horas,
Vou pedir aumento,
Vou ser melhor pessoa,
Melhor profisional,
Vou mais vezes ao teatro,
ao cinema,
a espectáculos,
Vou ler mais,
Vou fazer boas acções...

Em 2008...
Volto a fazer uma lista de intenções. Para 2009.

domingo, dezembro 30, 2007

Ainda o Natal...

Pela primeira vez, em 34 anos, faltei à missa no dia de Natal. Não fui à do Galo, não pus os pés em nenhuma outra. Adormeci, acordei mal, não dormi bem. Mas que mal me senti por não ter ido à missa no dia de Natal. Eu sou católica, nada praticante desde que me desiludi, mas acredito. Acredito mesmo. Não tenho dúvidas existênciais nem religiosas. Penso todos os dias na minha fé, e naquilo em que acredito, e agradeço aquilo que considero bençãos, e peço por mim e por todos os que sei precisarem de ajuda. Rezo. Às vezes distraio-me a meio de uma oração, e lá volto ao princípio, ou penso noutra e tento concentrar-me. Eu já não cumpro as regras e tornei-me numa daquelas católicas que a Igreja não aprecia. Já não tenho paciência para os sermões do Pe. L. ou do I.. Estão velhos e sem sentido. Mas também não vou à procura de outros. Nunca fui à missa aqui a Belas, por exemplo. E também não acredito na amizade sã dos que comigo cresceram na fé. Alguns abandonaram-me quando precisei deles, outros fizeram de conta que o problema não existia. Poucos se preocuparam. E esses, mantenho-os como meus amigos. Os outros não merecem sequer um telefonema, uma mensagem personalizada pelo Natal. Porque eu não mando mensagens iguais para toda a gente. Não gosto. Nem de recebê-las. Eu já fui feliz a acreditar. Já passei por experiências fantásticas ao lado de um Deus em que acredito. Há uns 4 anos deixei-me disso. É uma coisa entre nós. Não demonstro, não provo. Falto à missa no dia de Natal. E sinto-me culpada por isso. Gostava de ter beijado o Menino, naquele pé que limpam com um paninho depois de cada beijo molhado, às vezes de uma velha beata, às vezes de uma criança simples de cabelos dóceis. Gostava de ter entoado os cânticos, tal como fiz no carro, sozinha. Tal como noutros tempos em que organizava concertos de Natal e juntava o grupo para a cantoria, e teatros, e outras coisas que pagavam para ver. Eu já não sou praticante. Às vezes custa-me. Mas não o suficiente para voltar.

Mais cidade que sexo

Esperaram pela hora tardia a que cheguei a casa da Carrie. Estava já seca a massa, metade com queijo, metade sem, para agradar a quatro bocas apenas. Comemos, acompanhámos com vinho ou coca-cola ou água e ice tea. Somos afinal tão diferentes. Mas nem se nota. Comemos os pastéis comprados em Belém, deliciámo-nos com o açúcar e canela que cada cobertura pede. E comemos salada de fruta para disfarçar. Trocámos presentes. Gostámos de ler as escolhas da Charlotte, de vestir o que pediu a Miranda, de usar o que viu a Carrie, de admirar o que me entusiamou. Gostámos da troca, dos sorrisos, dos espantos, da experiência e de experimentar. De vestir, de tirar, de pôr e de exclamar. E foi a conversa noite dentro, sem que o relógio nos dissesse a que horas já estávamos. Sem pressa. Sono da Carrie. Conforto. Confidências, conselhos. E sempre a amizade. A 15 dias de uma viagem que ficará para sempre; passados anos desde o dia em que entrámos pela mesma redacção e nos tornámos amigas. Assim, parecidas com as de uma série qualquer. Mais cidade do que sexo. Obrigada!

quinta-feira, dezembro 27, 2007

O Pai Natal existe

E chegou a 26 de Dezembro.

[Cabe agora à Dia explicar porquê...]

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Um doce natal

entre o bolo de caramelo, as azevias, as filhoses e antes do bacalhau chegar a mesa, passo por aqui de fugida para desejar um excelente e doce Natal a todos.

Feliz Natal

Aos que não acreditam no Nascimento, a Paz.
Aos que crêem que a vida mudou, o Dia.
Aos que sabem partilhar a época, o Amor.
Aos que podem dar sem receber, a Alegria.
Aos que não podem sentir o espírito, a Ternura.

Aos amigos, aos que estão doentes, à família, aos mais próximos, aos que esperam, aos que sofrem, aos que não suportam cada Natal.

A todos, a eterna felicidade de uma quadra de afectividade.

Ainda gosto de gostar do Natal!

sexta-feira, dezembro 21, 2007

A pergunta que se impõe

Porque raio não trabalho numa repartição de finanças?

[onde é que entrego o cv?]

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Estou em falta

Estou em falta. Com pessoas importantes para a minha vida. Com tarefas para cumprir. Estou em falta com a minha cama. Em falta com os postais de Natal. Sinto que exigem de mim mais do que consigo dar. Duvido de todas as minhas capacidades. Puxo por mim até ao limite e só me apetece parar. E apetece-me Natal. Por tudo o que representa. As horas de leitura. Azevias de batata-doce. Dormir em frente à lareira. Filhóses. Horas de brincadeira. ‘Roupa velha’ bem avinagrada. Bolo do Natal*. Passeios pela quinta com o nariz congelado. E dormir mais ainda. E passar o dia a comer. E brincar com os meus putos. Porque é Natal.

[*de caramelo e nozes, que dás tanto trabalho a fazer que só consigo fazê-lo especialmente para a quadra]

Mulheres

Women are meant to be loved, not to be understood.
O. Wilde

[A sabedoria dos Baci, ou uma questão de conceitos.]

terça-feira, dezembro 18, 2007

sofrimento em formato mensal [ii]

O problema é que tem um nome do tempo da outra senhora. A dada altura [não sei se ainda existe] havia numa parede do Tertúlia o retrato de uma mulher, já entrada na idade, um ar muito composto de tia solteira, a quem ela sempre chamava pelo seu próprio nome. O problema é que ela tem nome de gaja [re]conhecida noutros tempos. E por isso, muitas vezes, lhe trocam os apelidos. E como hoje, ela lá ficava a pensar que devia ter levado o xaile e uma jarra de vinho da taberna da rua de baixo. A questão é que dificilmente arranjaria guitarras.

domingo, dezembro 16, 2007

[...]

O prognóstico é reservado. A cria, ainda por cima quase órfã, é bem capaz de não chegar aos três anos. Pela parte que me toca tenho pena.

Hobbies [ii]

O termómetro do carro marca 7º. No relógio passam poucos minutos das nove. Se alguém me dissesse, há um mês, que iria acordar a um sábado com a disposição que tenho naquele momento seria alvo de fortes gargalhadas. Tenho muito tempo antes de me fazer à marginal. Hoje é a sério. Sem rede. Sem ambiente controlado. Chego muito antes da hora. Sento-me em frente ao mar. Um azul imenso. Está frio. Doem-me as mãos do vento gelado. Ponho as protecções. Testo o capacete, prenda recente de quem ‘gosta muito de ti’ [presumo que seja uma forma de me dizer que o capacete é bom, resistente]. De repente sinto que tenho dois pés esquerdos. O que é muito mau no meu caso. Já pensei em cortá-lo. Ao pé esquerdo. É incapaz de fazer o que lhe mando. Estou quase em pânico quando me ponho em cima de oito rodas. Por alguma razão, de repente tudo aquilo me parece uma péssima ideia. Contranatura. A cabeça uma folha em branco. Ver o Luís funciona como um xanax. Dez minutos e estou a rolar como nunca. Estar junto ao mar obriga-me a descer. A subir. A fazer curvas com pouca visibilidade. Obriga-me a lidar com os outros. Um vento sul demasiado frio obriga-me a abrir os olhos. Faz-me sentir viva. Cair também ajuda. Rio-me. Não tenho outro remédio. Cair sem saber como ajuda ainda mais. Obriga-me a pensar no que faço. Onde ponho os pés. E fazer tudo bem ajuda-me a perceber o controlo que consigo ter sobre aquelas oito rodas. Ando hora e meia para trás e para a frente. Canso-me. Canso-me muito e sei que amanhã não me mexo. E gosto. Desde que deixei o ioga que nada me fazia sentir tão bem.

sábado, dezembro 15, 2007

Entre um blog e outro*

Ainda estou para perceber como é que algo tão simples como tu e eu se tornou, subitamente, em algo tão complicado.

[* em versão depois-de-ter-descoberto-que-fomos-
separadas-à-nascença-descubro-alguém-que-escreve-o-que-me-vai-na-alma]

O joaquín cortés vestiu-se

O Joaquín Cortés vestiu-se. E nós, a bem da verdade, até agradecemos. Nem todos, mas o plural majestático soa-me bem. O Joaquín Cortés vestiu-se porque engordou. Mas apesar das circunstâncias continua a fazer suspirar muita mulher. Que o diga a cinquentona, a atirar para os 60, atrás de nós na fila das reclamações[*], que antes lamentou o facto, enquanto refrescava as faces rosadas abanando os bilhetes em frente à cara, apesar do vento frio, a atirar para o negativo, que entrava pela porta principal do Campo Pequeno. “Pena que se tenha despido pouco.” Foi bonita a festa cigana, mas faltou-lhe a sinceridade que vi há uma década [Jesus!] na fila da frente de uma praça Sony em delírio. O homem escultural que vimos nessa noite de Verão fazia vibrar pela fluidez de movimentos, arrancava aplausos da plateia pela sensualidade. O Joaquín Cortés vestiu-se porque envelheceu. Pena que Cortés não seja um Porto Vintage. O frenesi que vi com a Charlotte [soará menos mal se disser que foi há dez anos?!] era natural. A cada passo, a cada reviravolta, a cada bater dos saltos, Cortés enchia a noite e dizia com o corpo muito mais do que muitos discursos, do que muitas palavras conseguem traduzir. Ontem faltou-lhe espontaneidade. E a cada passo, a cada reviravolta, a cada bater dos saltos, Cortés pedia a aprovação do público. Actores, músicos, dançarinos, whatever, quando são bons valem pelo que fazem. Outros valem pelo público que têm. É pena.


[foto retirada de http://porbulerias.com]


[* O que dizer de uma empresa como a portoeventos, ou seja lá quem for o responsável pela disposição da sala no espectáculo de ontem, venda bilhetes para lugares com visibilidade nula? Foi uma espécie de jogo do gato e do rato. Agora temos Cortés, agora não temos. Certamente que a portoeventos não imaginava que o homem ia usar o palco todo para actuar. Foram assim os primeiros minutos do espectáculo até que nos sentamos na escada de cimento a meio de sala. No final foram uns bons 40 minutos na fila para preencher o livro de reclamações. Cenas!]

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Lisboa engalanada

Longas faixas [muito] coloridas nas principais avenidas. Procuro na memória notícias que falem de um mega evento da Ilga. Leio em letras pequenas no topo das faixas ‘Tratado de Lisboa’. Ah!

terça-feira, dezembro 11, 2007

Natal

Ainda não me encontrei com o Natal. Acho que andamos a brincar às escondidas. Ao princípio culpei o tempo. Ninguém [pelo menos, não por cá] festeja o Natal de t-shirt e roupa leve. Eu bem via, à hora que saia do trabalho, as pessoas carregadas, a sair do Corte Inglês. Viam-se embrulhos, com ar de gozo, a espreitar pelos sacos de compras. Viam-se enfeites nas lojas. Grandes bolas natalícias. Vermelhos. Dourados. Prateados. Mas Natal, nem vê-lo. Sentada no meu tapete vermelho, em frente à lareira, ficava atenta ao mais leve dos sons, não fosse ganhar coragem e bater à porta. Nada. Na sexta enchi-me de coragem e pensei em procurá-lo nas luzes do Chiado, aquelas que a Dia não encontrou porque chegaram mais tarde. Talvez andasse pelas ruas do Chiado. Também o procurei nas lojas. Na vontade de encher o sapatinho dos miúdos. Nem isso, foram compras [quase] automáticas, com a certeza que iam gostar de cada escolha. Outra foi comprada há mais de um mês. De impulso. Sei que vai gostar. Hoje, enchi-me de coragem à hora de almoço, decidida a arrastar a C. de loja em loja. Na segunda já tinha perdido a esperança. Falta-me encontrar o Natal para que os presentes façam sentido. Sem isso, não passarão de embrulhos de conveniência. E isso não é Natal.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

há um mês


[e tanta vida aconteceu desde então]

sábado, dezembro 08, 2007

Anjo da guarda

Às vezes acontece-me. Vem um anjo da guarda cá a casa e deita-se na minha cama. Hoje entrou chorosa e mal disposta. Ficou mais rabujenta quando percebeu que a mãe tinha saído, continuou a chorar mesmo quando lhe pus 50 peças de Lego à frente. Não gostou de nenhuma cor, não viu nenhuma peça interesante, não construiu um castelo. Chorou como se tivesse sido esbofeteada, agredida, insultada. Dorme agora, o anjinho, depois de uma sopa no 'Manel', depois de beijos e carinhos e um empurrão no baloiço do jardim infantil cá do BCC. Dorme depois de ter depenicado as minhas batatas fritas e de ter comido parte do meu hambúrguer no pão. Dorme depois de me ter deliciado com o cheiro dela, depois de a ter envolvido nos meus braços, depois de a ter agasalhado e de a ter posto na cama como quem deita o Menino Jesus. Dorme depois de lhe ter mudado a fralda, de lhe ter repetido vezes sem conta 'está aqui a tia'. Este anjo da guarda não ficará muito mais tempo. Mas sei que vai voltar. E eu gosto.

Regresso


Adoro voltar ao centro do mundo.

Em Setembro...



... foi assim que vi a Islândia. Akureiry, a norte!

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Entre um blog e outro*

Às vezes não compreendes o porquê, nem qual a origem deste mal-estar que nunca acaba, deste desconforto que faz com que tu sintas que há sempre algo que não está bem. Talvez porque aquilo que procuras só existe no fundo dos sonhos, num país chamado imaginação.

[* em versão eu-podia-ter-escrito-isto]

Hobbies

Tenho um novo. Estou a divertir-me com'o caraças.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Afectos XV

- Não me olhes assim.
- Assim como?
- Como se eu fosse a mulher mais bonita do mundo.

Ele sorria. Olhava-a directamente nos olhos. Ela perdia sempre. Não suportava a ideia de que ele podia ler-lhe o pensamento. Mas guardava aquele sorriso e aquelas palavras. Guardava aqueles momentos na caixinha verde alface, no terceiro compartimento da esquerda a contar da pálpebra direita. Passou o tempo. E de um momento para o outro o olhar dele mudou. Já não brilhava. Ela foi ficando. À espera de uma declaração de amor que substituísse o olhar em falta. Até que se limitou a abrir a porta e sair. Ele ficou no mesmo sítio. Não se mexeu. Ela presume que ele ainda lá esteja. Nunca veio à procura dela.

Como se me tivessem tirado as palavras da boca

Eu também quis ser repórter de guerra. Em Portugal não há espaço para isso. E, onde trabalho, o quotidiano acaba por não ser muito diferente de um dia mau em Bagdad."

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Há dias mais difíceis que outros. Em que se perde a garra. A coragem. Perde-se até a raiva. Incapaz de levantar a voz. De recriminar uma injustiça. Dirimir argumentos. Dias em que se aceita um ‘porque sim’. As frases que se odeiam. Perder o poder. A vontade. A emoção. Os sentidos. Perder a inspiração. A vocação. A inércia pela inércia. Cumprir os mínimos. Respirar. Apenas isso. E esperar que tudo passe depressa.

o 'meu' bairro

Gosto deste meu bairro. Das casas antigas. Da roupa estendida nas varandas. Do vizinho de trás que por vezes vem à janela em boxers [continuo a achar que o senhor nos poderia poupar a este triste espectáculo]. Das conversas das vizinhas. Das tascas e dos restaurantes. Gosto da calçada portuguesa, do largo com jacarandás. Gosto dos bancos de pedra, das mesas ali ao lado que convidam a jogar sueca [penso muitas vezes nos velhos do jardim da estrela quando aqui passo em dias soalheiros]. Gosto dos turistas. Dos sonos dos diferentes linguarejes. Mas gosto principalmente da familiaridade do bairro. É aqui que trabalho. Onde passo a maior parte do meu tempo. Talvez por isso me sinta em casa. Com os ‘bons dias’ da senhora do bazar. Com a família da mercearia e até com o mau humor do senhor Z. do café da frente. À parte destes não conheço a maior parte das pessoas com quem me cruzo todos os dias, mesmo assim, há sorrisos, acenos de cabeça e ‘bons dias’ como vizinhos que se cruzam todos os dias na escada.

domingo, dezembro 02, 2007

À espera

[Henri Cartier-Bresson, 1947]

sábado, dezembro 01, 2007

Dor

[a três tempos]

Pago para que me ensinem a cair. Sem dor ou ossos partidos. Por momentos eu sou eu de novo. Ensinam-me que não posso baixar os patins a dois tempos. Dizem-me para flectir as pernas, inclinar as costas. É uma questão de centro de gravidade. Faço tesouras. Sou incapaz de virar à direita. Travo. E caio. Caio como nunca cai de cima dos patins. Faço carrinhos. Rio-me. Rio-me muito. Rio com vontade. E eu sou de novo eu. Desligo o piloto automático da última semana e deixo-me ir. Sem rede. Para cair à vontade. Nem sempre nos partimos quando vamos ao chão.

Trabalho durante a tarde entre o riso do G e os enfeites de natal. Despacho em meia hora metade do trabalho que me atormenta há três meses. Sem dor.

Dói-me a garganta do frio e de gritar pelo Benfica. Dói-me a alma de pensar em tudo menos em futebol de cada vez que o número 6 toca na bola.