sábado, dezembro 31, 2005

Um balanço? Porque não!

Recuso-me a fazer balanços. Não saberia o que deixar nas colunas de deve e haver. É difícil saber se foi bom ou mau o ano em que tudo acabou, em que tudo começou, e voltou a acabar. Não faço balanços só porque chegámos ao fim de Dezembro. Porque é disso que se trata. Um mês como outro qualquer. Também não escrevo cartas de intenções. Os meus balanços e os respectivos objectivos são sempre traçados por alturas de Junho. Aí sim, é altura de repensar a vida. Pôr o cronómetro a zeros, puxar de uma folha em branco e continuar em frente. Mas se seguir o figurino e fizer como toda a gente, só posso dizer que os doze meses que passaram não foram um ano. Foram apenas uma interrupção, um momento descontinuado dos dias, que o tempo não contou.

Mas como é um clássico... deixo à BB, à RT, Dia, à Rosebund, ao Bandeira, ao FTA (os nossos leitores mais fiéis) os votos de um excelente 2006. Para os outros segue um telefonema dentro de momentos, porque há coisas que tem que ser ditas ao ouvido...

Um balanço. E porque não??

2005 não foi o pior ano da minha vida. Não foi o melhor.

Mas foi melhor que o ano passado... e espero que pior que o que aí vem.

Acho uma piroseira andarmos a fazer contas à vida de 365 em 365 dias. Os políticos só têm de fazer promessas de 4 em 4 anos - ultimamente menos - e nós temos de fazê-las a cada ano que passa? Porquê? E, sobretudo, para quê?

Creio que o fim do ano é como uma igreja. Só a possibilidade de lá estarmos, nos permite parar para pensar.

Por esta razão faz sentido fazermos o tal balanço, quase sempre acompanhado de uma lista de intenções que aguenta até meados de Janeiro. Depois rasga-se, perde-se, molha-se, desaparece com o tempo... e volta tudo ao mesmo.

Mas é como no Natal. Durante uns tempos anda-se meio anestesiado, e nem se nota que os aumentos da função pública não vão além dos 1,5%; ao mesmo tempo que bens de primeira necessidade aumentam 5 por cento, ou mais... E esta anestesia, não permitindo a entrada da dor, deixa-nos suspensos cerca de um mês. Se a esse mês juntarmos mais um, de férias, e outro, que é o da excitação que antecede as férias. Se somarmos ainda o mês de depois de chegarmos de férias (com as fotografias e essas tretas que nos agarram ao passado... Sobram apenas 8 meses. Que passam a correr.

Eis o segredo para deixarmos andar. Em vez de fazermos alguma coisa para que corra... bem.

Há outro fenónemo que nos impede de mudar. Os prazos. Determinamos prazos para tudo. Por exemplo, o célebre, "a partir de Janeiro deixo de fumar"... Aguenta-se ali uma, duas semanas - eu não, que não fumo, e aguento a vida toda, até ver - mas depois lá vem uma festa: "Ah, é só hoje". Depois, uma depressão: "Ah, é só um". E como a seguir ao primeiro vêm os outros lá se estabelece um novo prazo. Quem diz no tabaco, diz em tudo. A regra serve para emagrecer, para procurar emprego, para ser mais cumpridor, para ser mais organizado, para esquecer o tipo que nos fez a cabeça em água...

Os balanços deviam ser escritos e não pensados. Deviam ser escarrapachados à nossa frente, lado a lado com a tal carta de intenções. Para que pudessemos, todos os dias, olhar para eles e reduzir, em cada mês, pelo menos um dos iténs da lista. Pelo menos um.

Vou ali fazer a minha, em vez de estar a 'postar' banalidades neste blog.

Que seja para todos, o bom 2006.

À distância de um clique...

Finalmente!

Computador e net em casa!

A fechar 2005.

sexta-feira, dezembro 30, 2005

Serviço público

É que já nem é preciso sair de casa... Está aqui tudo. Com o devido agradecimento ao T&Q.

Smoke*

Auggie: If you can't share your secrets with your friends then what kind of friend are you?
Paul: Exactly... life just wouldn't be worth living.
Smoke, Wayne Wang/Paul Auster (1995)

Entre as gotas para o nariz, os comprimidos para a febre e os lenços de papel, lá consegui ver o Smoke, comprado há uns meses em Nova Iorque, que me fez correr Manhattan de uma ponta a outra – a Broadway com a Prince, 5th com a 32th, a Park com a 54th – , para depois voltar à casa de partida, precisamente a Times Square. Smoke visto, há dez anos, no King com um dos homens da minha vida, é um dos filmes da minha vida (passe a repetição), porque é sobre os pequenos prazeres da vida: a amizade, boas conversas e claro, o prazer de fumar um cigarro. Porque é um filme sobre Nova Iorque e o amor à cidade onde ainda não desisti de viver, sobre histórias, vividas e contadas, como aquela do escritor que à falta de mortalhas para enrolar o tabaco usou as folhas da única cópia do seu manuscrito. Porque tem o Harvey Keitel e foi escrito pelo Paul Auster. Tudo o que possa escrever será secundário. Smoke é um filme para ser sentido. Se não o sentirem é porque não o perceberam. No filme, Auggie (Harvey Keitel) faz uma fotografia por dia a partir da esquina da sua loja. Todos os dias, sempre à mesma hora durante 14 anos. São mais de 4000 fotografias catalogadas em álbuns negros. Work in progress', tal como a vida.

Auggie: Just come to me. Ity’s my corner after all. I mean, it’s just one little part of the world, but things take place there, too, just like everywhere else. It’s a record of my little spot.
Paul: It’s kind of overwhelming.
Auggie: You’ll never get it if you don’t slow down, my friend.
Paul: What do you mean?
Auggie: I mean, you’re going too fast. You’re hardly even lookin’ at the pictures.
Paul: But... they’re all the same.
Agguie: They’re all the same, but each one is different from every other one. You got your bright mornings and your dark mornings. You got you summer light and you your autumn light. You got your weekdays and your weekends. You got your people in overcoats and galoshes… and you got your people in t-shirts and shorts. Sometimes the same people, same time different ones. Sometimes the different ones become the some and the same ones disappear. The Earth revolves around the sun, and every day, the light from the sun hits the Earth at a different angle.
Paul: Slow down, huh?
Auggie: That’s what I’d recommend. You know how it is. “Tomorrow and tomorrow and tomorrow… time creeps on its petty pace.”


* Ou um presente de aniversário em forma de post.

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Woman

“There are only three things to be done with a woman’ said Clea once. ‘You can love her, suffer for her, or turn her into literature.’
The Alexandria Quartet, Lawrence Durrell

Aprendam, sff!

Entre um blog e outro

“Há palavras que nos dão perfeitos beijos na boca. E não é preciso mais nada.”

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Para a Carrie, que só vê o Panda....

Querida amiga,

Imagino que o Panda te canse, mais dia menos dia. Eu prefiro o Cartoon, porque tem 'ofertas do antigamente', e não troco o Mickey por nada. Ainda assim, e tendo em conta os shares e assim, percebo porque ganha o Panda a todos os outros, no Cabo. Honrosa excepção, claro, feita à SIC Notícias, no topo da actualidade, no topo das audiências.

E porque a vejo - todos os dias, por dentro, por fora, prevendo-o, estudando-a, criticando-a e tecendo, por ela, rasgados elogios - ponho-te a par das notícias do dia. Das que perdeste. Comento uma ou outra, só para que as vivas pelos meus olhos... as amigas são para as ocasiões.

Às 8H da manhã destaque, por exemplo, para o orçamento das campanhas dos principais candidatos à Presidência da República. Ronda os 10 milhões de euros... quantia oferecida pelos partidos e por particulares. Sabias, Carrie, que cada candidato pode gastar até ao limite de 10 mil salários mínimos? Em 15 dias! Quem sabe vais receber, na tua caixa de correio, uns quantos cêntimos feitos campanha... Espero que já tenhas o autocolante do 'Publicidade não endereçada, aqui não, obrigado'...

Já à hora de almoço uma boa notícia. A vacina da Meningite C vai passar a ser gratuita. è recomendada para crianças e adolescentes... até aos 18 anos. Serve-nos de pouco, portanto. Mas servirá para os nossos filhos - que teremos lá para 2016 (se ainda formos férteis... e vivas!)

A meio da tarde - se pudesses mudar o Panda - ficarias a saber que só as candidaturas de Garcia Pereira, Francisco Louçã, Jerónimo de Sousa, Manuel Alegre, Mário Soares e Cavaco Silva estão em ordem. Isto é, foram aceites pelo Tribnunal Constitucional. Há 7 candidaturas com irregularidades, portanto. Pela minha parte, lamento. Estava a pensar 'deitar o voto' no António Lança de Carvalho, um controlador de tráfego aéreo (há qualquer coisa no ar, nestas eleições, não notas?)... ou no Nélson Magalhães, que trabalha num restaurante. Na Suiça. Mas 'isso agora não interessa nada' porque, já se sabe, os Presidentes da República dão-se bem é 'lá fora', em viagem...

Não posso deixar de fechar este bloco que te dedico - e como também acontece nas notícias a sério - com cultura. A Câmara de Lisboa decidiu aprovar a demolição da Casa Garrett. Parece-me uma óptima ideia, especialmente se pensarmos que a casa vai abaixo para que lá seja erguido um prédio de cinco pisos com apartamento luxuosos, com garagem para estacionamento. Tudo pertença do senhor Manuel Pinho, Ministro. Mas vou economizar as palavras, porque isto é apenas um post, e se fosse um dossier, seria de 'Folhas Caídas', na mesa de um qualquer Ministério.

Genérico Final e as melhoras.

Afinal sempre posto

Não há tristeza, mas há muito mau feitio por estar fechada. Neura por não ter ido trabalhar, porque o ar condicionado do pasquim regulado nos 30 graus me faz mal à saúde. O sistema respiratório dá-se mal com o ar asfixiado pelo fumo dos cigarros, com as correntes de ar provocadas pelos colegas que não conseguem vencer as suas lutas antitabágicas e que se vingam abrindo as janelas. Dá-se mal com o despe-veste-despe-veste do casaco. Juntei os meus vírus aos do Guigas e passamos a manhã a ver o Panda, o que me livrou das desgraças televisivas nacionais. Passamos a manhã a fazer concursos com o termómetro e lenços de papel. Felizmente estou eu a ganhar. Melhor seria que ficasse o termómetro a perder, que baixasse dos 39º, o Guigas ao menos já vai nos 37º. Ele está tristinho e não dá aquelas gargalhadas contagiantes. A mim dói-me a cabeça e não consigo pegar no Bellow, nem no Le Carré, no Lobo Antunes ou no Durrell, este sugerido por aquele que elegi como meu conselheiro literário para os tempos mais próximos. Ele ainda não sabe, mas enquanto durar o 'The Alexandria Quartet', também não precisa de saber. Agora o Guigas está a dormir e eu, com uma pedrada valente de anti-histamínicos, não consigo fechar os olhos, porque tenho a cabeça às voltas com tudo o que podia estar a fazer, o que me apetecia fazer, se pudesse por o pé na rua.

terça-feira, dezembro 27, 2005

Fechada para balanço

Não estou para ninguém. Fechei para balanço até que a %#&!$ da rinite me deixe em paz. Fechei para balanço, porque não tenho nada para escrever, e o que podia escrever não me apetece, não merece ser escrito, por isso escusam de voltar tão cedo. Ou então voltem, sinceramente não quero saber.

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Coisas que me fazem sorrir 18

Num segundo desapareceram da minha caixa do correio mais de 600 emails. Vários meses de vida e uma história de amor que não teve um final feliz. Debaixo da vassoura foi também o histórico de mensagens do msn. Tenho um nó na garganta (ao qual não dou nem cinco minutos para se desatar), mas um sorriso nos lábios.

Conto (com o) Natal

Conto com o Natal para me resolver algumas crises:

Para começar, a financeira.
Conto que algumas ofertas - nomeadamente a dos progenitores - aconcheguem uma conta já nos saldos... negativos. Conto os trocos para ver se aguento até ao Ano Novo. Que não trará uma vida nova, já sei, mas aproximará a minha de uma velhice que começo a temer.

Conto com o Natal para resolver a crise das amizades. Não mandei, não mando, e não mandarei sms's para ninguém. Não escrevi, não escrevo, e não escreverei uma mensagem igual para todos. Telefonei a alguns, respondi às mensagens de outros. Personalizei. Porque o Natal não deve servir - na minha óptica - para a generalização. Antes para apurar quuem, de entre todos é, de facto, especial. Falei com alguns dos que há muito não vejo, dos que há muito queria ver. Falei com outros, os de todos os dias, porque não é possível não estar com eles. Conto com todos, todos os dias, como se do Natal se tratasse.

Conto com o Natal para me fazer acreditar que não tem importância nenhuma que seja Natal. Que não estou mais sensível, que não sinto a falta de nada, que não guardo memórias que, por esta altura, insistem em vir ao de cima... Conto não olhar para trás. Conto os dias para não voltar a fazê-lo. Nunca mais.

E conto com o Natal para melhor perceber o que é o Natal. Eu que sempre o vivi de uma forma sentida, partilhada. Eu que sempre vivi o Natal como ele vem nos livros. A sonhar.
Apesar de tudo, sonhei mais, desta vez. Acordei cansada. Mas menos do que noutros natais.

Conto com o próximo. Que sejam de Natal, todos os contos.

Céu sobre Lisboa

Redescobri uma esplanada para as minhas leituras da hora de almoço. O único problema serão as vertigens na descida, que me deixam as pernas a tremer, o passo trémulo e o estômago às voltas. Do mal o menos. No cimo de Sta Justa, se me puser em bicos de pés e esticar o braço, toco no céu de Lisboa.

Sorrisos

domingo, dezembro 25, 2005

Christmas sucks

[revisto]

O que não me impede de desejar a todos os leitores anónimos deste blogue um bom Natal. Para os menos anónimos boas festas… pelo corpo todo (sei que não é original, mas achei lindo!). Para as três mulheres da minha vida… you know…

[Desculpem a demora, mas a netcabo boicotou, mais uma vez, esta minha existência paralela.]

sábado, dezembro 24, 2005

Palavras ou blá, blá, blá...

Consta que o Javier Marias anda para aí a dizer que nos condenamos sempre por aquilo que dizemos e não pelo que fazemos. O rapaz é capaz de ter razão. Mas a mim, desde ontem à noite, que isto não me sai da cabeça.

Porque é Natal

Entro no carro a pensar em ti, que não me devia ter vindo embora, que o A. tem razão, que me retiro delicadamente quando ele precisa de reforços... o problema é que o A. tem razão em muitas das coisas que disse hoje. Assustou-me ver-me de repente, assim, na boca dele, mesmo que ele não soubesse que tudo o que dizia se aproximava mais de mim do que de ti. Saio sem saber como reagir à falta do teu sorriso, sem argumentos, sem palavras, gastei-as, às palavras, sem saber ainda se foram bem ou mal empregues. Entro no carro e ponho Jack Johnson no máximo para que a música me faça sorrir, se sobreponha aos pensamentos, estes e outros, os que tu adivinhaste. Nem o Jack me salva e os pensamentos impõem-se, atropelam-se, quando paro de cantar – Love is the answer, at least for most of the questions in my heart / Like why are we here? and where do we go? / And how come it's so hard? – para acender um cigarro. Fumar faz mal. Faz mesmo. Penso que não devia ter saído. Que as promessas não me convenceram, que não mereces isto, não mereces porque é Natal, porque ficas linda com um sorriso nos lábios. O mesmo que me assalta quando o conta-quilómetros passa os 140, faço curvas a rasgar e penso que podia continuar assim a noite inteira. Às vezes precisamos de tão pouco para ser felizes.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Carta ao Pai Natal

Sr. Pai Natal,
Já não vou a tempo de meter a carta no correio, que além de andarem sempre atrasados não têm renas para mandar os carteiros à Lapónia. Este ano portei-me bem. Não tanto quanto devia, é certo, sabes que nem sempre foi culpa minha, mas isso são águas passadas, chão que já deu uva, sem que tenha havido direito a vinho, e a partir de agora é a sério. Sou uma menina (mesmo) linda e (muito) bem comportada, pelo menos o suficiente para responderes ao meu pedido. O que queria mesmo, mesmo, mesmo, mais que tudo no mundo, era um comando para a garagem. Vês! É fácil. Claro que se tiveres tempo podes passar naquela sapataria da esquina e trazer os camper lindos de morrer que vimos outro dia à hora do almoço, o casaco azul que experimentei naquela loja no centro comercial, mas também pode ser o verde alface que me fica lindamente, sabes como sou, qualquer trapinho me cai bem, e se há coisa que não sou é esquisita, um corretor da shiseido número 2, que isto de fazer noitadas está-me a estragar a figura, aquele DVD de que não paro de falar, mas acho que esse já sabias. E se não for abuso... também podes deixar um bilhete de ida, o mais provável é não voltar mesmo, para Chicago e uns trocos para fazer a route 66 até Los Angeles, mas se for um bilhetinho para a Argentina, com passagem pelo Peru e pelo Chile, também pode ser, eu prometo não ficar chateada. E já agora, será que podes passar mais cedo para levares a “$#%%$%# da constipação que se decidiu a ficar, logo agora que não preciso de desculpas para ficar em casa aconchegadita com a minha mantinha nova, com uma overdoses de chá verde e o “The Alexandria Quartet”, que precisa de mais tempo e atenção do que o Orçamento de Estado.
Obrigada,
Carrie

Jack

O Pai Natal já chegou cá casa. Trouxe-me um DVD com dois concertos do Jack Johnson que já enchem a casa com uma música doce e forte, amarga e frágil. Eu, que nem gosto de videoclips e acho que a música é para tocar bem alto na aparelhagem, estou aqui em puro estado Zen. O surfista não tem piadinha nenhuma, mas tem uma voz (um dos instrumentos mais eróticos que conheço), que me faz perder o sentido do tempo, me ajuda a relativizar o (meu) mundo. Obrigada, Pai Natal.

(...)
Never knowing

Shocking but we're nothing
We're just moments
We're Clever but we're clueless
We're just human
Amusing but confusing
Were trying but where is this all leading
Never Know

It all happened so much faster
Than you could say disaster
Wanna take a time lapse
And look at it backwards
From the last one
And maybe thats just the answer
That we're after
But after all
We're just a bubble in a boiling pot
Just one breath in a chain of thought
The moments just combusting
Feel certain but we'll never never know
Just seems the same
Give it a diff. name
We're beggin and we're needing
And we're trying and we're breathing
(…)


Never Know, Jack Johnson (In between dreams)

O senhor canta agora (pela terceira vez) Sitting Waiting Wishing... Love it, S.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Sonhar acordada

Acho que foi um sonho, mas ainda agora não tenho a certeza. A luz a pestanejar no branco dos lençóis, depois substituído pelo vermelho do tapete, não fumo no quarto, nunca fumo no quarto. Os cigarros procurados às apalpadelas, dentro da mala, perdida entre as compras de natal desorganizadas, por embrulhar, porque sabe bem estar no escuro. Acender as velas para me sentir aconchegada na penumbra, para que naquele sonho houvesse algo que fizesse parte de mim. Houve palavras, muitas. Uma hora de adjectivos, substantivos, verbos, advérbios de modo, no silêncio da noite. Foi um sonho, não foi? Só pode. Aquela não era eu.

Boicote

Há muita coisa que me tira do sério, que me deixa rezingona, a refilar durante tempos infinitos, a espernear e a chamar nomes a muito boa gente. Mas há duas com as quais lido realmente muito mal. Uma são más traduções. É certo que toda a gente comete erros, as gralhas acontecem, por muito que se leia um texto há sempre uma ou outra palavra que escapa... blá, blá, blá. Não sou perfeita e também dou erros, por isso alguns até deixo passar. Mas alguém é capaz de me explicar como é que se instala “um amante de pássaros”? Foi isso que Sorella mandou fazer em Nova Jérsia. Está, tal e qual, na página 64 do “Uma recordação minha”, do Saul Bellow, editado pela Teorema. E já não é a primeira que me acontece. O S. (a quem hoje chamei ‘amor’, atirando com a cabeça contra a parede no mesmo instante em que rezava para que a ligação estivesse suficientemente mal para não se ter percebido...) deve lembrar-se bem da altura em que li o “Psicopata Americano” (da Teorema) e de todas as vezes que me disse, ‘se está assim tão mal não leias’. Se há coisa que me tira do sério são más traduções. Durante três anos boicotei a Teorema, que publicou livros que quis ler, mas que deixei deliberadamente nas prateleiras da Fnac. Boicote a sério!

Outra é que me respondam ‘porque sim’...

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Samantha's law*

Carrie: So are you saying there's no way you'd go out with a guy who lived with his family?
Samantha: Well... maybe Prince William.

* Que também pode ser a lei da Carrie...

Uma árvore por Dia


Não é de longe, nem de perto a minha melhor foto de uma árvore, mas esta traz com ela o calor dos trópicos e a recordação de dias felizes.

terça-feira, dezembro 20, 2005

Lista de compras

Preciso de umas luvas para oferecer a um amigo no Natal, mesmo que um par seja um desperdício. O que ele precisa mesmo é de uma luva para a mão esquerda, porque há dois dias que anda diligentemente com a dita no bolso, situação que pode ter as mais variadas, e ordinárias (em ambos os sentidos), interpretações, ainda que ele e eu saibamos que só tem uma. [E não, miúda gira, não é mania da perseguição.] Não me vou censurar por saber que ele lê este blogue, ainda que menos frequentemente, já basta a auto-censura nas conversas de café e no msn. E aproveito para dizer que agradeço a atenção, mas que fico bem obrigada. Sou feita de uma estirpe que aguenta tudo, enrijecida aos longos dos tempos no frio da Serra, com uma ajudinha dos tropeções da vida, que chora, esperneia, bate com a cabeça, fica com o coração partido em mil pedacinhos, mas que se levanta sempre, apanha os cacos e segue em frente.

É Natal

O Natal chegou ontem a minha casa. Ficou linda a árvore de Natal, as bolinhas azuis e a fita prateada comprada a correr no Corte Inglês. Mas a minha árvore mono-temática é um pinheiro artificial e eu tenho saudades dos tempos em que comprávamos um abeto natural, enfiado num vaso que depois transplantávamos para o jardim. Alguns ainda sobrevivem, um é a árvore mais bonita que os meus pais têm na Serra. Ontem, enquanto me sentia impotente para encaixar as peças do puzzle que fazem a base do pinheiro artificial, evocando as mais terríveis pragas sobre o gajo (só pode ter sido um homem, qualquer mulher teria feito algo bem mais simples) que inventou tal suporte, ainda vesti o casado decidida a sair para cumprir a tradição familiar. Desisti antes de pegar na chave do carro, onde dificilmente conseguiria encaixar um pinheiro. No meio destas andanças dou-me conta que este ano não haverá Esparguete para deitar abaixo as bolas da árvore, que já não preciso de fechar a sala, que ninguém era comer as folhas plásticas do pinheiro artificial para depois as vomitar em cima do tapete. Tenho saudades do Esparguete e apetece-me interpor uma ordem judicial para que se cumpra a guarda conjunta durante a época natalícia.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Em contagem decrescente*


* Post dedicado a uma miúda muita gira que gosta de Tim Burton quase tanto quanto eu.

Na estante

O ‘Bilhete de Identidade’ já está arrumado na estante. Duvido que alguma vez lhe volte a pegar, mesmo que me tenha prendido da primeira a última página, lido muitas vezes noite dentro, roubando horas ao sono. Ia a história já a meio quando um amigo me perguntou se estava a gostar. A resposta, como ele próprio o disse, não podia ter sido mais sincera: ‘Não sei’. A verdade é que continuo sem saber. Confirmei o meu ponto de partida: Maria Filomena Mónica (MFM) não tem estatuto para escrever uma autobiografia. É uma menina/mulher fútil que se perde em questões triviais, num registo que em muito se assemelha aos diários que eu própria escrevia quando tinha 16 anos. Escudando-se na superioridade intelectual de Vasco Pulido Valente, MFM passou ao lado do que realmente importa no período em questão: o Salazarismo e a Revolução de Abril parecem memórias confeccionadas com a ajuda dos livros de história, acessórios dos seus amores e desamores. Também confirmei a impressão inicial quanto à escrita. É pouco elaborada, com excepção dos três primeiros capítulos, em que MFM escreve sobre os pais e a avô. Porque é que o levei até ao fim? Porque sou teimosa, e como alguém escrevia, por puro “voyeurismo, do tipo que condenamos sabendo-nos incapazes de lhe resistir”.

[Adenda: Numa tarde de produtividade zero até tive tempo para ler uma crítica ao livro. Eu, que não passo de uma simples leitora, que aquilo que vou escrevendo está longe de ser crítico, concordei com tudo. Dito isto, não gostei da auto-biografia da MFM. Obrigada, JPG. Agora vão e leiam antes de gastarem o vosso dinheiro.]

domingo, dezembro 18, 2005

O princípio ou o fim?


O princípio do fim...

Não quero!

Tenho um brinquedo novo. Lindo! Foram semanas de espera que valeram a pena. À minha volta, o caos. O brinquedo antigo, velho mesmo, jaz a um canto deste tapete vermelho, junto às velas que ontem não acendi – porque voltei ao incenso, comprado a granel no centro comercial da Mouraria –, qual cadáver à espera de ser autopsiado, para a colheita de órgãos que se acumularam nos arquivos ao longo dos últimos cinco anos. Alinhados num montinho estão os livros de instruções que nunca lerei, os CD’s de instalação da internet e dos outros programas todos que farão deste brinquedo um prolongamento do anterior. O cinzeiro está cheio da noitada de ontem, uma embalagem de bolachas de manteiga está vazia há muito, e na caneca um resto de chá já frio. Apesar da desordem, que me mexe com os nervos, não me apetece sair. Hoje deixava de bom grado a ida ao Op Art, que afinal de contas vou ter que saltar. Não pegava num livro. Não ia ver os meus meninos. Não ligava a televisão.Adiava mais uma vez a hora de ir buscar a árvore de Natal à arrecadação ... Deixava-me ficar de pijama, sentada neste tapete vermelho, com a música que se deve ouvir no terceiro andar, o meu chá e o meu brinquedo novo. Mas não hoje. Vou tomar banho, vestir-me com o meu melhor sorriso e pôr-me a caminho do trabalho. Não! Vou ligar, dizer que morreu o canário, que tenho um calo no pé direito que não me deixa calçar os sapatos, que rebentou a canalização, que se furou um pneu... qualquer coisa. Só não quero sair daqui.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Concorrência desleal

Depois desta desconfio que os senhores do "Inimigo Público" estejam a caminho do desemprego...

Despacho n.º 25 798/2005 (2.ª série). - A Sociedade Filarmónica Harmonia Reguenguense pretende deslocar-se a Praga, República Checa, entre os dias 24 e 27 de Novembro de 2005, para participar no 15.º Festival Internacional de Música do Advento e do Natal, tendo vindo solicitar que os funcionários públicos que a integram possam ser considerados em efectividade de serviço durante o período da deslocação.
Atendendo ao inegável interesse cultural associado a este evento, entende o Governo adoptar as providências adequadas a permitir que os elementos do mencionado grupo que sejam funcionários ou agentes do Estado beneficiem de regime idêntico ao concedido aos membros de outros grupos culturais. Assim, nos termos do disposto no n.º 4 do artigo 5.º da Lei Orgânica do XVII Governo Constitucional, aprovada pelo Decreto-Lei n.º 79/2005, de 15 de Abril, e ao abrigo da competência que me foi subdelegada pela alínea b) do n.º 4 do despacho n.º 14 405/2005 (2.ª série), do Ministro da Presidência, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 124, de 30 de Junho de 2005, determino que os responsáveis dos serviços públicos de que dependem os referidos membros da Sociedade Filarmónica Harmonia Reguenguense considerem os mesmos em exercício efectivo de funções durante o período da deslocação. 24 de Novembro de 2005.
O Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Jorge Lacão Costa.


Via Insubmisso

Post 'fora de prazo'

“Poucos dias depois de ter vindo para Lisboa, escrevia-me, contando que estivera a reler as minhas cartas: «Sempre lhe digo que até dá vontade de morrer. Como é que nós pudemos estragar tudo o que era bom, bonito e importante?» Eu respondi-lhe que a culpa era dos deuses."
Bilhete de Identidade, Maria Filomena Mónica

Um dia, muito antes do fim, na verdade ainda mesmo antes do princípio, e respondendo eu algo semelhante, numa troca de piropos por SMS que demorou mais de uma hora, escreveu: “Já reclamei, mas Deus não tem livro de reclamações.” A 300 quilómetros de distância, no silêncio de uma noite de lua cheia na Serra, ouviu-se a minha gargalhada...

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Plágios

Talvez por defeito profissional sou altamente ciosa do que se costuma chamar direitos de autor. Além de ser o reconhecimento do trabalho de cada um de nós, a assinatura de uma fotografia (as que aparecem neste blog, não estando assinadas foram feitas por cada uma de nós, ou como diz a Charlotte são do nosso espólio pessoal), obra de arte, livro, trabalho de faculdade, whatever, responsabiliza-nos perante o (nosso) público.

Se há coisa que não tolero são plágios. É certo que, se a coisa vai acontecendo de forma mais ou menos encapotada em trabalhos de faculdade, já no que toca aos trabalhos que chegam ao conhecimento do grande público a história é outra. Lembram-se do artigo da Clara Pinto Correio sobre Vaclav Havel?

Pela parte que me toca, recuso-me a assinar um trabalho em que a minha colaboração não vá além de um simples telefonema, da mesma forma que aceito cair no ridículo de no topo da prosa virem três linhas exclusivamente dedicadas aos autores. Como diz a sabedoria profissional, ‘o seu a seu dono’.

Hoje pediram-me um trabalho que descobri já ter sido (bem) feito por outro colega. Ctrl C/Ctrl V/Ctrl S e está o assunto despachado. Mas como no caso até exigiu algum trabalho de edição, acabei por pedir ao autor que revisse o texto, já que no final iriam aparecer as suas iniciais e não as minhas. Fiquei mal vista perante os meus chefes por não ter feito um trabalho? E então? Siga para bingo que há mais páginas para encher.

Ontem aconteceu uma situação idêntica. Com a diferença de que a autora do texto inicial era eu. Quando disse à pessoa que estava incumbida de fazer novo trabalho sobre o mesmo tema “usa e abusa”, nunca esperei que seguisse as minhas palavras à letra. Hoje o texto sai publicado palavra por palavra, vírgula por vírgula, acento por acento, como o tinha escrito há umas semanas atrás. Pronto, pronto, tinha uma frase de abertura diferente... só que no final não estava assinado Carrie.

“Fico chateada! Pois claro que fico chateada!”

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Novela (ou a vida real de alguns de nós)

(Interpretam esta novela Soraia Isabel - a namorada - Ruben Filipe - o namorado - e Paula Cristina - a amiga. Participação especial de duas amigas cujos nomes não entram nesta ficha técnica.)

Soraia (ao telefone) - (...) achas que podemos ir ver aquele filme... o 'Amo-te demais para ser verdade'? É com aquele actor muita giro, o que tem nome de pão...

Paula Cristina - Por mim tudo bem. Eu compro os bilhetes.

Soraia - Compra três.

Paula Cristina - Três????

Soraia - Dois para nós e um para ti.

Paula Cristina - Nós?

Soraia - Para mim e para o Ruben, claro.

Paula Cristina - Ah.... ok. Eu compro.

Mais tarde, no cinema...

Soraia - Môoor... Compra-me pipocas....

Ruben - (beijando-a na boca)Compro. Mas 'xó xe me deres um beijinho'... (apalpa-a no rabo, com a mão sob o casaco de malha grossa que ela veste)

Soraia - Ó pá...

Ruben arrasta-a para comprar pipocas. Enquanto a empregada, do lado de lá do balcão, espera pela nota de 5 euros, para pagar um mísero pacote que servirá para incomodar todos os espectadores da sala, Ruben agarra Soraia pela anca e pendura o dedo na presilha das calças desbotadas.

Paula Cristina - Compraste para mim?

Ruben - Não. Também querias?

Paula Cristina - Deixa lá... Vou ali comprar uma pastilha.

Paula masca violentamente uma pastilha com sabor a menta. Tem os três bilhetes no bolso. Ruben e Soraia trocam risinhos e beijos lambidos, no mesmo banco de Paula. Soraia desvia Ruben - mantendo a mão na perna dele - para falar com Paula:

Soraia - Tens aí os bilhetes?

Paula Cristina - Tenho. Queres os vossos?

Soraia - Já me dás. (vira-se para Ruben) Môor... vamos só ali espreitar a montra da 'Tara'? (e de novo para Paula) a gente vem já, Paulinha...

Paula Cristina - 'Tá.

Levantam-se aos beijos e vão em direcção à montra da 'Tara', uma loja de roupa da moda.
Paula olha para o relógio. Está quase na hora do início do filme. A pastilha já perdeu o sabor a menta. Levanta-se e sacode as pipocas que os amigos deixaram cair no banco onde estavam os três sentados. Procura-os com o olhar. Na montra da 'Tara' está muita gente, mas o casalinho não. Entraram.

Paula Cristina dirige-se à bilheteira. Duas raparigas, na fila, falam sobre Bread Pito, o actor giraço do filme que Paula também vai ver.

Paula Cristina - Olá. Já têm bilhetes?

Rapariga 1 - Não.

Paula Cristina - Vão ver o quê?

Rapariga 2 - Não sabemos. Íamos ver aquele filme com o Bread Pito mas está esgotado.

Paula Cristina - Dou-vos dois bilhetes, querem? Vamos as três.

Raparigas 1 e 2 - A sério???! Claro que queremos.

Saem da fila e vão para o balcão das pipocas.

Rapariga 1 - Querem pipocas? Ofereço eu...

Rapariga 2 - Só se ela quiser. Odeio pipocas no cinema.

Paula Cristina - Por mim, dispenso...

Rapariga 2 - Então vamos. Mas não queres mesmo o dinheiro dos bilhetes... como é que te chamas?

Paula Cristina - Paula. Não quero não. Eram para dois amigos meus.


Rapariga 1
- E eles?

Paula Cristina - Não vieram.


Entram as três na sala e sentam-se nuns lugares fantásticos, a meio da sala. Começa a publicidade. Lá fora, Ruben e Soraia não encontram os bilhetes, perdão... a amiga!

Classificados II

Saem duas novelas para o jornal da esquina, sff.

A teoria diverge sobre se existe material para uma ou duas novelas, mas está de acordo quanto ao género (dramático, como qualquer novela mexicana que se preze). As divergências serão esclarecidas se um dia se chegarem a apurar responsabilidades.

[Adenda: Antes que me processem, cabe-me informar que este post foi escrito a quatro mãos. Motivos relacionados com o segredo de justiça impedem-me de divulgar a co-autoria.]

Foward

Em conversa com a BB, que não percebia o porquê do post anterior, aproveitando desde já para esclarecer que não há razão nenhuma em especial para o mesmo, além da vontade de escrever, nem que seja para dizer baboseiras, cheguei à conclusão que preciso urgentemente de uma tecla de ‘foward’. Estou cansada que me digam que isto, aquilo e aqueloutro, não pode ser agora. Farta que me digam ‘daqui a algum tempo’, sem que ninguém me consiga medir a duração do mesmo, seja em horas, dias, meses ou anos. E mesmo a esse ‘daqui a algum tempo’ vem colado a um ‘talvez’ que me exaspera para além do imaginável. Não se trata aqui de ter pressa de viver como dizia há alguns meses a Charlotte (num dos poucos momentos em que nos deu o prazer da sua escrita, mas como o tema foi exaustivamente tratado no último encontro não vou voltar a ‘dar-lhe na cabeça por nunca escrever), mas tão só a vontade de que os compartimentos da minha vida se ordenem, que tudo seja apenas aquilo que é, que as coisas, mudando, voltem a ser como eram. Confuso? Pois, se não fosse, não estaria a falar sobre mim!

Miss Bradshaw pops up the big question*

When did we stop being free to become "you" and "me"?"

Por alguma razão insondável homens e mulheres tem uma tendência natural de se anularem estando, entendo-se este ‘estar’ por uma situação mais ou menos definida de intimidade, com o outro. Não generalizo à toa: afastei-me de amigos por isso. Perdi uma amiga durante uns meses quando ela começou a relação que tem actualmente, mas com o tempo as coisas foram-se compondo. Por estes dias um grande amigo recusa-se a sair comigo por ter uma nova namorada, achando imcompatível a nossa amizade e o seu namoro.

Talvez por serem mais sentimentais - no sentido de serem mais afectivas e dedicadas e não tanto na versão ‘Sabrina', com lágrimas e romances de faca e alguidar à mistura -, a propensão para praticar o ‘nós’ em detrimento do ‘eu’ é maior nas mulheres. Não crítico quem o faz, porque também eu já passei por isso e não sei, sinceramente, se aprendi com o erro. Mas há situações levadas ao extremo que me exasperam. Conheço quem não dê um passo fora do seu ambiente profissional, e às vezes até neste, sem que leve a reboque o seu mais-que-tudo, comportando-se como se a ‘cara metade’ fosse fisicamente isso mesmo, quais gémeos siameses.

Talvez a falta de tempo de que todas(os), de forma mais ou menos acentuada, sofremos, possa explicar as razões porque tendemos a colocar em primeiro lugar as actividades que possam incluir o “nós”. Mas será que isso explica tudo? Não explica, quase de certeza, a tendência, esta sim maioritariamente feminina, de, de um momento para o outro, as frases começarem e acabarem no plural…

* Título e citação roubados no Pausa para café, se não sabem quem é a Miss Bradshaw azar! (Obrigada R.)

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Descubram as diferenças...

Samantha to Carrie about Mr. Big: Have fun, just don't have amnesia.

Cumprir ou não?

Esta coisa de cumprir decisões tem muito que se lhe diga.

domingo, dezembro 11, 2005

Bilhete de Identidade

Não gostei do que li na pré-publicação feita pelo Público. Não gostei da escrita, que achei um tanto ou quanto infantil, pouco ao estilo do que Maria Filomena Mónica nos habitou. Não gostei da exposição da privacidade. Chocaram-me, confesso, as referências a terceiros, sem que isso violasse um pressuposto de intimidade que ela terá construído com eles. Desconfiei do interesse que pode ter a vida de uma mulher de 60 e poucos anos, que por muito que tenha alcançado enquanto académica, socióloga e historiadora, não é mais do que isso mesmo. Vi depois retratadas, de forma mais ou menos elaborada, todas estas ‘críticas’ em vários blogues e excluí definitivamente a hipótese de ir à FNAC buscar a etiqueta do ‘Bilhete de Identidade’ para juntar à lista de compras para depois do Natal.

Foi o artigo da asl ontem no ‘Mil Folhas’ que me fez mudar de ideias. Além de uma escolha inteligente de citações, a frase final do artigo - “O auto-retrato de Filomena Mónica será, a partir de agora, bibliografia indispensável para a reconstituição de uma época. Perante a enormidade do feito, a polémica em curso na blogosfera e na imprensa sobre a "legitimidade" da revelação dos casos afectivos é, seguramente, uma questão menor.” - convenceu-me. Hoje é a custo que fecho o livro para ir dormir...

PS: Quanto à escrita, percebo agora que foram infeliz as passagens escolhidas para a pré-publicação.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

De bestial a besta...

...e de besta a bestial em menos de um fósforo. É aproveitar enquanto estou na mó de cima.

Dia não

Continuam a faltar-me as palavras. E eu sem conseguir reagir. Cansa-me esta apatia, que me tolda o pensamento e aferrolha a capacidade de resistência. Antes estar furiosa, espernear, gritar com tudo e todos. Estou desorientada e pela primeira vez sinto a tua falta. Apetecem-me dois dedos de conversa…

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Pratique

Espero sinceramente que o leitor que aqui chegou, através do Google, para saber “quantas ejaculações seguidas pode ter o homem?”, acabe por encontrar a resposta às suas dúvidas. Um conselho? Pratique, homem!

A pedido*

* do Puto...

Entardecer

No céu havia algodão doce rosa e das árvores caiam confetes.

A Praia


Não é fácil chegar à ‘Praia’. São poucos metros de areia branca escondidos de olhares indiscretos por coqueiros, mangueiras e vegetação afim. As escarpas desencorajam qualquer um, mas o azul do mar é chamamento maior.

A medo, pés descalços, o corpo quase nu colado às rochas, sem olhar para o mar em baixo, passinhos inseguros, de quem nunca foi dada a escaladas, mãos crespadas na rocha negra, arrastei-me até poder saltar para a areia. Achei que o pior tinha passado. Subir é sempre mais fácil, porque as vertigens paralisam-me nas descidas. Enganei-me. A subida, feita pelo lado contrário (junto à raiz do coqueiro sobre a rocha arredondada) deixou-me as pernas a tremer, um joelho esfolado e uma nódoa negra num braço.

A fotografia, tal como está no negativo, sem recurso a photoshop para fazer sobressair o azul, não faz jus ao local. Se realmente existe um paraíso na terra, não pode ser muito diferente disto…

Roth*

"Mas S. estava absolutamente certo: Mr. W. morrera, embora ninguém o viesse a saber se não no dia seguinte, quando o carro incendiado contendo os restos mortais da sua mãe foi encontrado, fumegante, numa vala de drenagem ao lado de um batatal, na região plana logo a sul de Louisville. Aparentemente, fora espancada e roubada e o carro incendiado nos primeiros minutos de violência do anoitecer, que não se confinara às ruas do centro de Louisville, onde havia lojas que eram propriedade de judeus, ou ruas residenciais, onde vivia um punhado de cidadãos judeus de Louisville. Os homens do Klan sabiam que, uma vez as tochas acesas e as cruzes a arder, a ralé tentaria sair e, por isso, estavam à sua espera, não apenas na estrada principal que levava para norte, para o Ohio, mas também ao longo das estreitas estradas vicinais que seguiam para sul, que foi onde Mrs. W. Pagou com a vida a difamação do bom nome de Lindbergh, primeiro pelo falecido W. W. e agora pela máquina de propaganda controlada pelos judeus do primeiro-ministro Churchill e do rei Jorge VI.”
A Conspiração contra a América, Philip Roth

*A pedido de "várias famílias", mas com a quase emissão dos nomes para não estragar a leitura a quem ainda não chegou lá.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Liberdade

Contrastes

Leituras

“Senti as horas, meti-me dentro delas, percorri-as inteiras e, pela primeira vez, soube o que era a solidão.”
Don Juan, Torrente Ballester

terça-feira, dezembro 06, 2005

Osmose

Olhares

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Voltei

Ilhéu das Rolas, São Tomé

Voltei. Sem palavras. Nem tanto pelo que vi e senti, mas apenas porque sim. Até que regressem, ficam as fotografias. Pode ser que com as imagens, que sempre se disse valerem mais que mil palavras, venham também algumas histórias. Sem promessas.

A Ilha



(Lagoa do Fogo, S. Miguel, Açores)

Aqui passei os últimos 4 dias. E já não é a primeira vez. Gosto deste lugar.

São Miguel é uma Ilha. Mas não apenas no que à geografia diz respeito.
É uma ilha de beleza. Mas também uma ilha, pelo isolamento que proporciona. Bom para os que vão. Às vezes mau, para os que ficam.

Uma viagem a São Miguel - a mais habitada ilha açoriana - custa, em média, 200 euros. Isto se marcarmos com antecedência (muita, mais de um mês), se não mudarmos o voo, se pagarmos pela internet. São Miguel fica em Portugal. Mas não parece.

Muitos portugueses não conhecem os Açores. Nenhuma das nove ilhas. Mas passam férias no Brasil, porque o sol queima... passam férias na Escócia, porque são fantásticos os contrastes... passam férias no sul de Espanha, porque é mais quente o mar... passam férias na Suiça, porque há percursos de montanha...

Eu já passei férias em todos estes sítios, por estes motivos que referi. E depois passei férias nos Açores.

Eu gosto de viajar. Gosto muito. Em trabalho, ou em lazer, já fui a alguns sítios. Gostava de ir a mais. Não costumo repetir locais, porque acredito que mais vale conhecer um novo destino a ver, com outro olhar, o mesmo. Mas fui, nos últimos dois anos, umas quantas vezes aos Açores... e não me cansei de voltar.

Para que fique registado:
Há muito sol, no Verão Açoriano. Menos areia, mas rocha que, pasme-se, chega a ser tão confortável como a areia. E como a rocha é negra (tal como a areia de todas as praias, à excepção da que cerca Santa Maria), negro fica o corpo em poucos dias.

O Outono e o Inverno provocam, nos Açores, um mar de contrastes. A chuva e o sol que, todos sabem, fazem de um dia, quatro estações, contribuem para uma multiplicidade de cores e de vegetação que não cansam o olhar.

No Verão, é tão quente como um banho de casa, a água dos Açores. Há sítios - onde estão as caldeiras, no mar - que são autênticas banheiras. É só conhecer a costa...

E, cada vez mais, oferecem-se percursos de montanha, nas ilhas açorianas. E não é só no Pico, a montanha que parece fácil.

Eu não tenho uma agência de viagens. Apenas uma amiga, a viver em São Miguel. E gosto de lá ir.

Um destes dias, volto...

Eu não cumpri

Pensei que conseguiria. Mas não consegui.
Carrie... já que voltaste, volta a alimentar este Blog como ele merece.