sábado, fevereiro 27, 2010

Assim dá gosto ir trabalhar

31º

[Maputo 2002]

Regresso nove anos depois, por dois dias e meio com uma agenda de doze horas de trabalho cada. Mas a BBC garante que a temperatura mínima é de 31 graus... com chuva. Na mala irão havaianas e sandálias, pelo sim, pelo não.

fugi de casa

Fugi de casa em grande estado de ansiedade. Fugi depois de tomar banho demoradamente no único sítio da casa onde não me sinto no meio de um furacão, mesmo tendo uma janela. Desconheço se quando voltar a casa estará no mesmo sítio ou se ainda terá telhado. A vista paga-se e também se sente. Num dos sítios mais altos de Lisboa, um 3º andar num prédio desabrigado é dose, mesmo que a vista seja deslumbrante. nota mental: não voltar a mudar de casa no Inverno sob pena de passar a odiar a casa. Não sei a quantos quilómetros soprava o vento, mas é dose, logo para mim que sofro horrores com o mau tempo, que uma tromba de água já me faz pensar em toda a espécie de catástrofes naturais, que passo a vida a mudar de canal para não ver o que se passa na Madeira, que mudo de rádio para não ouvir os mortos do terramoto do Chile. Fujo de casa em grande estado de ansiedade e corro para casa da mamã. Sejamos sinceros. Esta de fugir para casa da mãe está bem justificada. Ainda não me dei ao trabalho de levar para a casa nova a roupa de Verão e vou precisar dela nos próximos dias. Fujo para casa da mãe, arrumo a mala que me acompanhará para o hemisfério sol. Não está errado. É mesmo que sol que preciso.

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Zen...

Quando as coisas não resultam à primeira, temos a compensação de podermos continuar a tentar....

PS - não tenho muito jeito para este Dalai Lama style. Mas também não tenho alternativa.

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Gostavam, não gostavam?

O Johnny Depp está à minha espera em Londres.

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

that's all folks

pela primeira vez em cinco anos deixei passar em branco a data mais importante do calendário sentimental deste blog, no que me diz respeito pelo menos, lembrei-me agora quando conduzia em piloto automático a caminho de casa. é caso para dizer que estou crescida, ou então é a análise que está a fazer efeito...

Agora sim: 37

Aos 37 anos tenho um aparelho nos dentes como não tive aos 13. Tenho um namorado que não é o mesmo dos 13, mas que é muito melhor. Não tenho filhos, aos 37, mas uma enorme vontade de trabalhar para tê-los, mesmo que custe, que demore tempo, que seja cruel e desolador. Mesmo que a resposta seja não, no final do esforço. Aos 37 tenho uma profissão que adoro e uma equipa de gente fantástica. Tenho umas amigas especiais neste blogue, e outras, uma delas para lá do Atlântico. Tenho um carro com quase 9 anos em perfeito estado e sempre lavadinho. Tenho uma casa onde me sinto bem e com o pôr-do-sol à janela (quando o há, coisa que já não me lembro). Aos 37 anos tenho uma mãe e um pai maravilhosos. Tenho uma avó prestes a fazer 95 anos e que me tem como a preferida da família (modéstia à parte). Tenho uma Bimby e já fiz um bolo sozinha, experiência vivida após anos de medo da cozinha. Aos 37 anos tenho uma ou outra ruga de expressão, sendo que já não choro há muito tempo, por isso devem ser de sorrir. E tenho quase 1 metro e 60 e mais 5 quilos que os que queria ter. Tenho uma inscrição num ginásio, imaculada, sem nunca ter sido testada. O mesmo se passa com a bicicleta que fez ontem 5 anos. Aos 37 anos não tenho um corpo de modelo nem grande orgulho na minha figura. Mas aos 37 já convivo bem com isso. Não tenho o ordenado que mereço mas sobrevivo às minhas custas. Não tenho problemas maiores de saúde, a não ser as normais enxaquecas, as dores de costas e pescoço e uma depressão que já não se nota mas que continua a ser tratada. Se calhar, tenho problemas maiores de saúde. Aos 37 tenho uma família unida e maravilhosa, com 4 sobrinhos de verdade e outros 3 emprestados, mais um afilhado à parte e uma afilhada de crisma. E apadrinhei o casamento do meu irmão do meio. Aos 37 anos já fui casada, já me divorciei, e já sinto que tenho de casar outra vez. Não tenho medo do escuro mas prefiro não ver filmes de terror sozinha em casa. Tenho uma queda por meias-de-leite e um fétiche por crepes e panquecas. Aos 37 anos já gosto de favas. Tenho dois seguros de saúde e outro de vida que deve valer um dinheirão, se eu morrer. Mas aos 37 anos estou viva. Mais do que nunca!

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Flores para a Samatha


Em dia de aniversário, um campo cheio de túlipas para ti.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

Finalmente...

Chegou ao fim o Carnaval. E dia 11 estarei no Rio...

porque há coisas que nunca mudam

A D. repete-me constantemente que não posso dizer que vendo a alma ao diabo, mas a superstição dela não chega para me convencer quando a chuva não pára de matraquear as janelas, quando os dedos já roxos de frio ameaçam cair a qualquer instante, quando a pele já passou do branco e se aproxima perigosamente do verde, quando a depressão ultrapassa todos os limites. A carência elevada ao expoente máximo pela falta de sol. Hoje vendia a alma ao diabo por uma nesga de sol quente e temperaturas acima dos 30º. Talvez hiberne até que chegue a primavera, talvez imigre em definitivo para um país onde os termómetros não desçam dos 25º durante o ano inteiro. É que, de repente, não me lembro de outro remédio.

Problema

Por estes dias só penso no terror que é fazer 37...

domingo, fevereiro 14, 2010

Countdown

Há qualquer coisa de irracional e quase fatalista nesta nossa necessidade de estar sempre em contagem descrescente: para sair de casa, para chegar, para o fim de semana, para ir de férias, para ser promovido, para amar e ser amado, para o Verão, para as castanhas quentes no Inverno, para a praia e para as lareiras, para o filme que vai estrear e a viagem que faremos a seguir. É como se a condição humana fosse uma espécie de corrida para o precipício. E só quando chegamos à beirinha é que gostaríamos de ter andado mais devagar. Hoje li uma citação que, com pena, não conseguirei reproduzir. Era de alguém que dizia que depois de percebido, finalmente, que nunca iria conseguir entender o significado da vida, tinha finalmente começado a concentrar-se naquilo que realmente importa: o significado na vida. Muito sábio.

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Vamos lá tentar outra vez...

Regresso ao fim de um dia em que a cabeça tilintou e o sono pairou sobre os olhos até às 4 da tarde. Felizmente há shiatsu (e luar) numa sala pequena com velas e um aquecedor, que a t-shirt do costume já foi obrigada a cobrir-se com um casaco de malha. Ela começa pelos meus pés e fala comigo enquanto sinto os dedos ao de leve, com um creme que massaja suavemente. Depois viro-me e há silêncio. Ela cala-se e eu respiro, suspiro, deixo-me morta para nem sentir o corpo que sinto passar ao meu lado. Sei que me levanta as pernas e os braços, passa com força pelas minhas costas e deixa-me a coluna a assobiar. Namoro-lhe as mãos resistentes e peço mais sem falar. Desejo que a hora não acabe e continuo a fechar os olhos, às vezes a cerrá-los, numa dor quase sentida mas muito àquem do que me prometeram que seria uma sessão deste género.

Os nós dos ombros começam então a desenrolar-se, a destrinçar-se e posso rodar melhor a cabeça. Oiço que o meu corpo estalar e quase gemo por saber disso. A dor de cabeça regressa, talvez porque a noite teima em ser cedo, talvez porque a forte massagem me atiça o sofrimento. Sinto-a do lado direito, o mesmo onde começou esta manhã e foi calada pelo milagroso 'migretil'. Dizem que é forte. O meu estômago queixa-se ao segundo. As meias de leite talvez não ajudem. Duas e meia, bebi eu hoje. Uma pela manhã, antes de ligar o computador; outra depois de almoço para curar a ressaca de sono; uma terceira ao fim do dia, para enganar a vontade de comer um bom jantar. Esta última ficou a três quartos. Tantas vezes me acontece assim. Gosto dela com espuma e devolvo-a se não me aparece à frente comme il faut. Já sabem como é, as senhoras do bar. Perdem mais tempo com a minha meia de leite do que com 4 ou 5 cafés. Faço a fila crescer sempre que chego ao balcão. Disfarço, como se não soubesse de nada, como se não fosse a minha escolha o motivo do alongar das gentes.

Não penso nisto quando a minha cabeça sente os cabelos num rodopio suave com as mãos de Isabel a passarem por ela. Segue-se a zona da barriga que faz aqueles barulhinhos incómodos quando mais nada se ouve em redor. Ela remexe o meu estômago, desembrulha-me os intestinos e talvez me passe os dedos pelo apêndice. Dói. Mas não tanto como queria que doesse. Soube de gente que numa sessão de shiatsu limitou-se a chorar enquanto dormia. Eu não durmo, nem choro. Fico ali a tentar aproveitar o momento e lamento que as mãos não me batam mais. É duro, o meu corpo. Nem o sinto, esta noite.

Por agora, passa na minha televisão 'Gran Torino'. Belo filme de e com Clint Eastwood a quem chamaram 'o mestre'. Não o vejo, porque sei-o do cor. Embalo o ouvido com a voz de James Blunt e um sussurrado tom grave do cineasta. Sabe bem acabar assim o dia.

Combinado, Miranda. Voltei para te fazer companhia nesta cidade.

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

No meu i-pod

Muitos clarinetes de Mozart, com companhia dos violinos, para me serenar. Lhasa, dois albuns, para me fazer companhia. E Doce, sempre que preciso de muito boa disposição. E ainda, claro, o senhor Leonard Cohen.

PS - Parece que estou mesmo sozinha nesta cidade...

domingo, fevereiro 07, 2010

A ressaca

Foi bera. Mas já passou. O day after foi de calma.... muita calma. As dores têm a vantagem de nos obrigar a andar mais devagar :) Entreguei-me nas mãos do meu massagista de shiatsu que uma semana antes me tinha perguntado, meio embaraçado, seu eu não tinha filhos por opção ou por estar a ter dificuldades. Achei que era um sinal. Ele garante que a acunpuntura tem taxas de sucesso elevadas em tratamento de infertilidade. Por isso, decidi jogar com todas as armas. Depois de duas semanas de análises e injecções, achei que mais umas agulhas não me iriam fazer mal. Diz ele que é para fortalecer energeticamente as zonas do corpo mais importantes em termos de fecundação. Eu acredito. Cheguei devagar, parti devagar. Passeei na praia, respirando fundo, de olhos fechados, abrindo os braços para apanhar os raios de sol. Corpo quente, mar nos pulmões. Que saudades do Verão. Senti-me apaziguada, a sorrie. Achei que era um sinal. Contei à minha mãe que, entre lojas, em quis demover de comprar um blazer porque o corpo muda e etc. Achei que também era um sinal. Dei por mim a acariciar a barriga. Mais um sinal? Esperam-me pelo menos 15 dias de sinais....
E se não der resultado. E se der? :)

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Depois de anos de choro e negação, Miranda assume-se

Miranda não é homossexual, não é homem, não é vesga, não tem mau hálito e também não é ruiva como a jeitosa da série. Mas tem 36 anos, quase 37. E é visita regular da Maternidade Alfredo da Costa. Já tem cartão de cliente. Ainda nem sabia ler e já queria ter filhos. A vida trocou-lhe as voltas. E depois de muito chorar, decidiu trocar agora ela as voltas à vida. Por isso, já é altura de deixar de falar na terceira pessoa :)
Depois de quase dois anos de consultas - e muitos anos de sexo, e do bom, que fique claro - na sexta feira vou fazer a minha primeira inseminação. Uma semana de injecções depois, já estou a rebentar com tantas hormonas. Não há quase nada que não me doa, a começar pela alma, mas essa já se vai habituando. A Miranda tem um defeito de origem - é muito estúpida (é mais fácil voltar a dirigir-me na terceira pessoa para me insultar...). Mas cansei-me, finalmente. Por isso decidi que este fim de semana vou contar tudo à minha mãe que nunca me pediu netos, mas que em cada conversa teleónica lá encontra sempre mais uma gravidez de uma prima para me contar. É verdade que tenho muitas primas, mas não exageremos... Pois bem, estava eu a dizer que na sexta vou fazer a minha primeira inseminação. Os médicos resumem as hipóteses de sucesso a 10%. Não é lá muito animador... mas é o que tenho, para já. Na verdade, tenho bem mais. Família, amigos, três neurónios. E a maravilhosa descoberta de que não estou sozinha. Depois de dias intermináveis na MAC, decidi render-me às conversas de corredor. Somos quase sempre as mesmas. E decidi que era altura de desenburrar-me do meu canto. Desde então, tudo me parece mais fácil. Já sei qual a farmácia que tem desconto, que até sou corajosa por dar a injecções a mim a mesma, e que este ano já se salda em duas grávidas. "A XXXXXXXXXXXXXXXXXXX , que veio ontem à consulta, está grávida. Pediu-me para contar a toda a gente, pois assim ficamos todas com mais esperança", dizia-me hoje uma brasileira num dos muitos momentos de espera. E apeteceu-me abraçá-las a todas! Eu não sou a única.