sexta-feira, setembro 30, 2005

Coisas que me fazem sorrir 14

A vida, a paixão, os afectos, a perda, as lágrimas, todas as coisas, "Segundo" Maria Rita.

Mentiras piedosas

Sexta-feira. F-i-m-d-e-s-e-m-a-n-a! Não me lembro da última vez em que anseie tanto por dois dias de descanso. Passei a última semana no centro do caos e preciso de parar. De dormir. De ficar de papo para o ar. Arranjar uma vida própria. Outro dia, depois de chegar a casa às 23h, a minha mana ligou. Depois de me ouvir durante meia hora falar sobre o stress do dia, pergunta-me: E o resto? Por uma fracção de segundos fiquei próxima do pânico… O resto? Não há resto. Pelo menos não esta semana! Consumi as minhas horas, gastei a paciência, nasceram-me novas rugas e cabelos brancos, só e apenas no trabalho, sem sequer tentar arranjar tempo para mais nada. À noite, demasiado cansada para pensar, gastei horas a fazer zapping na televisão, folheei livros que não li, deixei a tocar CD que não ouvi. Isto definitivamente não é vida. Depois ainda me admiro que alguém, todos os dias e invariavelmente, me diga: Estás com má cara! Será que esta gente nunca ouviu falar de mentiras piedosas?

quinta-feira, setembro 29, 2005

Diferentes



Haverá sempre uma diferença entre eles... e elas.
Isso não é, necessariamente, mau.

Saldos 2




... mas espero ansiosamente pela nova colecção...

Saldos



Sinto-me em época de baixas.

Rumo




Procura-se...
Nuns dias mais do que noutros.
Se há mapas de todo o lado porque não temos pelo menos uma planta, para a nossa vida? Podíamos localizar os problemas, as angústias, as dúvidas... e arrepiar caminho.

Aula de lógica

1. A liberdade é muitíssimo importante.
2. Uma pessoa apaixonada não é uma pessoa livre.
3. Que se lixe a liberdade.

Farol II

Saída da ilha do Pico, Fevereiro 05

É pequenino, mas será que serve?

Abandono

Estou triste. Muito triste. Um dos meus colegas preferidos vai abandonar este pasquim. Fico contente por ele, mas custa-me perder alguém que há muito tempo que é mais do que um simples colega. A ele desejo-lhe toda a sorte do mundo. Eu ficarei sem dúvida mais pobre.

quarta-feira, setembro 28, 2005

Classificados I

Procura-se aconchego com cozinha integrada.*

(*Desabafo ao fim de 13 horas e meia (!) de trabalho. Também pode ser só um cozinheiro!)

segunda-feira, setembro 26, 2005

Ruminante

Alguém me dá uma marretada na cabeça a ver se enxoto os pensamentos ruminantes? Obrigada.

Farol

Do alto viam-se apenas manchas amarelas, azuis e verdes, consoante o olhar passava do mar para as dunas e e destas para a folhagem. Sentia-me em casa, no centro do mundo e no centro de mim. Vivi aquele momento sem pressas, demoradamente, saboreando (mesmo tendo passado apenas alguns minutos). A minha retina e o meu coração guardavam a doce lembrança do equilíbrio, da plenitude, da serenidade. Independentemente de onde vinha e de para onde ia, sentia-me no sítio certo, na hora certa, com a atitude correcta. Não senti saudades do passado nem angústia pelo futuro. Agora sinto falta desse sentir. Não deverei voltar tão cedo àquele pedaço do paraíso maranhense, mas preciso encontrar aquele sentimento de mim. Haverá por aí um farol?

O meu mundo

O meu mundo acordou hoje mais pequeno, sem o azul do mar a marcar a linha do horizonte. Sinto-me a atrofiar neste ‘open space’ imenso, que daqui a nada estará cheio com o ruído de fundo das conversas, um burburinho incessante que nem a música nos 'head-phones' consegue eliminar. Não queria voltar. Não hoje. Principalmente porque não sei quanto tempo mais vão durar os jogos de bastidores. Lutas de poder sem explicação aparente. Não tenho paciência para o diz-que-disse. Cansa-me mesmo quando tomo parte dele. Exaspera-me o carreirismo, as pessoas que são capazes de passar por cima de tudo e de todos. Nunca ninguém conhece o quadro todo, mesmo quando julga saber. Neste momento, sinto-me desiludida com alguém a quem julguei poder confiar tudo. Talvez seja a minha vez de não conhecer toda a história. Afinal, só ouvi duas versões!

domingo, setembro 25, 2005

De volta

“Shakespeare tinha razão, no fim tudo fica em nada. A ardósia é constantemente apagada”*

Li pouco estes dias. Reformulo: li o que me apeteceu, o que foi pouco comparado com as maratonas de leitura que tenho feito nas pausas dos últimos meses. Acabei o Lixo, do Irvine Welsh, mas nada ficou desta “viagem” que valha a pena reter. Pelo menos nada que seja publicável num site que se diz de família, ainda que ache o livro genial, com o personagem mais abjecto que alguma vez me passou pelos olhos, muita cocaína e muito sexo, mesmo muito sexo!

Despedi-me devidamente do Verão, mas com a esperança de ainda poder voltar a vestir o bikini este ano. Passeie à beira-mar, com a água fria a molhar-me os tornozelos (não houve coragem para mais...), vi o dia morrer na praia, fiz quilómetros atrás de quilómetros com "o prego a fundo" e a música a partir. Não fiz ‘rallys’ (a suspensão do carro agradece), nem vi o pôr-do-sol no cabo Sardão. Em compensação tive boa companhia, óptimas conversas, caipirinhas com fartura e muito tempo para pensar.

“De nós só ficará o amor...”*

*As citações são d’“A companhia de estranhos”, de Robert Wilson, que está longe da genialidade do “Cego de Sevilha”, mas que vale pelos ambientes de uma Lisboa mergulhada nos meandros da espionagem na II Guerra.

sexta-feira, setembro 23, 2005

Torre

Surpresa!

E hoje... estás em casa?


Despedidas

Vou para sul despedir-me do Verão. Respirar a maresia misturada com o cheiro dos campos alentejanos. Ver o dia morrer nas escarpas do cabo Sardão, de costas para o farol sobranceiro. Levantar poeira enquanto seguro o volume com uma mão e invento ‘rallys’ em estradas de terra batida. Alienar-me do mundo nas páginas dos livros que se amontoam na mesa-de-cabeceira. Sentir a areia molhada nos pés, o calor do sol a entranhar-se na pele, sofrer com o fresco da noite que começa a pedir as primeiras camisolas. Acordar e adormecer com o barulho das ondas. Vou para sul despedir-me do Verão.

quinta-feira, setembro 22, 2005

Consultório (de graça)

Tenho sido, ultimamente, uma espécie de psicóloga de vão de escada. Consultas gratuitas, claro.

Casos?
O da amiga que se apaixonou pelo tipo casado que volta para a mulher (várias vezes); a que se envolve com o solteiro que acaba por casar (com outra); a que faz 10 mil quilómetros por um homem que tem, afinal, dúvidas sobre a relação; ou a que, num curto espaço de tempo tem, na mesma pessoa, o 80 e depois o 8...

Todas mulheres interessantes. Todas. E todas, em crise. Por causa de um homem.
Ora... eu não sou feminista e tenho pouco dinheiro para andar por aí a queimar soutiens, mas custa-me que a nossa vida, a das mulheres, seja tão dependente dos homens e da relação que mantemos com um, e apenas com um deles.

É provável que haja por aí homens com este mesmo discurso, que têm, ultimamente, sido confidentes de vários amigos em crise. Mas, se os há, das duas uma... ou são crises que duram, no máximo, uma semana... ou as consultas são cobradas!

É que nós, as mulheres, temos a mania de prolongar os problemas. Quase todas, que eu não gosto de generalizar. Gostamos de aprofundar o porquê, chorar sobre as razões, concluir que afinal são outras, e não aquelas... e começa tudo de novo. Resultado: uma crise que um homem - ou uma mulher expedita - resolvem em menos de dois meses... nós demoramos um, a dois anos a resolver. E não estou a exagerar.

As minhas consultas são de graça e dadas com gosto. Porque é delas que gosto. Das minhas amigas. Além disso, algumas destas, e muitas outras ouviram/presenciaram, durante os dois últimos anos (lá está, os tais dois anos...) as minhas queixas, as minhas dúvidas, os meus altos e baixos, as minhas lágrimas...

Pergunto-me: se não soube, na altura, resolver o meu problema, porque acham elas que consigo ajudá-las nos delas? Parece ridículo.

Mas não é.
E por uma única e simples razão.
É que nós, as mulheres, e algumas da minhas amigas em particular, e eu... Nós perdemos o discernimento quando a crise nos bate à porta. O nosso problema não é o mais grave, não é único, não é impossível de resolver... Mas torna-nos cegas. E arrasta-nos. Arrasta-se connosco. Até nos cansarmos.

Ou até um homem... outro, nos aparecer à frente como se pudesse, só ele, salvar-nos da crise que nenhuma das nossas amigas resolveu.

Pagassemos nós as consultas umas às outras, e as crises seriam menores. E mais curtas! Ou então, estaríamos todas ricas, e passávamos à terapia das compras no Shopping...

E a nova coleccção já está nas montras...

Radical

Dia de praia sem protector solar!

terça-feira, setembro 20, 2005

A Picada...


... terá um fim?

A banhos




Em Maputo, mesmo que a água não seja límpida e o fato de banho seja muito antigo...

Olha, mudei de CD

(...)

Grace...
She carries a world on her hips
No champagne flute for her lips
No twirls or skips between her fingertips
She carries a pearl in perfect condition

What once was hurt
What once was friction
What left a mark
No longer stings...
Because Grace makes beauty
Out of ugly things

Grace finds beauty in everything

U2, All That You Can't Leave Behind

segunda-feira, setembro 19, 2005

Danos colaterais



Passou o dia a construir castelos
nas nuvens,
deu um passo em frente
e caiu no vazio.
Como nas guerras,
os danos colaterais superaram as baixas directas.
Não há actos sem consequências…

domingo, setembro 18, 2005

Post roubado* Porque sim!

"Hoje venho cá apenas para te dizer que, de repente, os dias voltaram a passar. Os objectos que me rodeiam deixaram de estar cobertos por uma espessa camada de pó e revelaram-me novamente a sua natureza em forma de cor, textura e geometrias variadas.

Hoje venho cá para te dizer que não me importo que estejas longe. Prefiro essa ausência à que sentia quando estavas presente. Subitamente a distância de mim aos outros dissipou-se e deu lugar a um mar que me transporta na sua ondulação sem destino pré-definido. E não me angustia mais não saber exactamente onde me vai conduzir.

Hoje dei por mim a vibrar novamente só por notar que a minha pele ainda é macia e quente, que a minha boca ainda tem a forma do desejo e que as minhas mãos ainda mergulham sofregamente na realidade com a certeza inabalável de que vale a pena ousar...

Olhei o meu reflexo em tudo o que à minha volta mo devolve. E, surpreendida, constato que estou a sorrir..."

* Em As conversas que nunca tivemos

Parabéns

Há uns dias Alguém se queixava da falta de reconhecimento público. Porque o mesmo é merecido, aqui ficam os Parabéns pelo novo programa. Bem estruturado, pertinente, interessante (nada que surpreenda, aliás) e com uma voz off mais segura e assertiva do que há um ano atrás. Se faltou alguma coisa resolve-se no próximo Sábado, prometo!

Calvin

(Já sabem, é só clicar na imagem...)

Este foi desenhado a pensar em mim...

Post-it

Não ir ao supermercado a um domingo de manhã, principalmente em vésperas de abertura do ano escolar!

sábado, setembro 17, 2005

Ainda as ilhas...




Não vivemos numa, tantas vezes?
E quando olhamos para trás, o que antes parecia nublado, não pode estar já a limpar? Há um oceano de medos a percorrer. Mas há bóias que não nos deixam afundar.

Pôr-do-Sol



No Pico. A ilha da montanha...
Das mais bonitas imagens dos últimos tempos.
Das que se vêem.
Porque há outras que apenas ficam guardadas na memória.

Cansaço


Há quatro dias que trabalho de sol a sol. Mesmo.
Há quatro dias que não faço uma refeição.
Há quatro dias que não converso com um amigo.
Há quatro dias que não abraço outro.
Há quatro dias que não tenho vida.
Há dias que parecem quatro.
Porto Santo. Recebes-me, outra vez?

sexta-feira, setembro 16, 2005

Coisas que me fazem sorrir 13

Almoçar com um

quinta-feira, setembro 15, 2005

Tia ou simplesmente cínica?

Das duas uma: ou estou a tornar-me numa verdadeira cínica ou estou perto de entrar para o clube das tias, em vias de me mudar para a Quinta da Marinha. Não ainda não tenho um longo rabo-cavalo, mas acho que já lhes apanhei os tiques todos. Vem isto a propósito de que? De mais uma ida ao futebol, pois então.

Como a prática de orgasmos intelectuais e ejaculações precoces (prometo que não volto a escrever isto) veio para ficar, só consegui chegar a tempo de assistir à segunda parte. Não foi um banho de bola, o Benfica jogou mal e os tipos passaram o tempo todo de cabeça no ar a ver passar a bola. Mas o que interessa, ainda que não interesse nada para esta cidade sem sexo, é que ganhamos (pronto! Este assunto está praticamente arrumado, mas ainda lá volto*).

Ontem fui a Luz a convite de uma das empresas sobre as quais escrevo (sim, sei que sou uma vendida) e encontrei um camarote cheio com a ‘elite’ jornalística e uns quantos gestores xpto dos quais falava outro dia. De repente dou por mim a tratar toda a gente por querido e querida e a falar de uma maneira montes de afectada. Parei dois segundos (o jogo estava a começar e não havia tempo para mais) para pensar e tentar perceber se aquilo era defeito ou feitio. A conclusão não é das mais felizes. Esta vida (de jornaleira, leia-se) transformou-me numa cínica. Como é que sei? As tias não chamam nomes ao árbitro, nem dizem impropérios à frente da fina flor empresarial, não saltam da cadeira, nem gesticulam para dentro do campo. No final do jogo, lá estava eu novamente a distribuir um beijinho aos senhores gestores e a tratar toda a gente como se fossem meus amigos para a vida. É triste, eu sei.

(* Ontem no final do jogo liguei para a Serra. O meu pai lá fez o sacrifício de vir ao telefone… Eu: Só para dizer que Nós estamos na Liga dos Campeões e vocês? Balbuciou qualquer coisa em resposta, que nem sabia que estavam a jogar, mais isto e aquilo, para depois se sair com esta pérola. Está bem ganharam o jogo, vê lá se amanhã rezas por nós. É que é preciso ter lata! Primeiro goza e agora vem pedir ajuda? Claro que disse que sim, afinal é meu pai, as pessoas mais velhas têm que ser respeitadas, blá, blá, blá… Mas eu torcer pelo Sporting? Talvez daqui a umas semanas quando me esquecer da humilhação de Alvalade, mesmo assim…)

Regresso às aulas

Há duas semanas resolvi pegar na minha tese enquanto espero por Abril para fazer a cadeira que me falta no mestrado. Não avancei um milímetro, mas os livros e apontamentos têm feito quilómetros entre a sala e o escritório! Ontem cheguei à conclusão que me faltava um incentivo, não tinha à mão os materiais certos (as desculpas que uma pessoa arranja!) e hoje lá fui à Fernandes comprar canetas, marcadores, fichas de leitura… Agora é que isto vai!

Artista


Este homem é um senhor e esta fotografia podia ir direitinha para a pseudo-secção "as coisas que me fazem sorrir". O enquadramento é perfeito, a cor fabulosa e é a confirmação que não há como uma tarde de chuva no Verão...

Coisas que me fazem sorrir...

Ao fazer a revisão da matéria dada, o mesmo é dizer ao passar os olhos pelos últimos posts desta cidade sem sexo, reparei que há muito tempo que não há nenhuma entrada da presudo-secção “As coisas que me fazem sorrir”. Esclareça-se que este ‘sorrir’ é muito mais do que um simples sorriso. O primeiro post, sobre uma tarde de chuva em pleno Verão, veio-me à cabeça depois de um amigo ter comentado comigo o meu ar de felicidade plena ao entrar no jornal depois de ter estado coisa de meio minuto na rua a levar com a chuva. As coisas ou os momentos que me fazem sorrir, são alturas em que por alguma razão, por muito pequenina que seja, dou por mim a sentir uma paz interior e uma plenitude difícil de explicar, e então surge aquele sorriso, e o brilho nos olhos, que algumas pessoas conhecem tão bem.

Pois é, realmente há coisa de duas semanas que não há nenhum post sobre as coisas que me fazem sorrir. Fiquem as minhas amigas descansadas, em particular tu, Samantha, que não deixei de sorrir. Sinto apenas que estou a entrar numa nova fase, em que esta cidade sem sexo vai perdendo uma das principais razões de existência: exorcizar fantasmas (Samantha, escusas de ir comprar as bandeirolas e os balões para fazer a festa porque não tenciono abrandar o ritmo da escrita, ou como tu dizes, acabar com o monopólio). Durante uns tempos deixei de pensar e passei a escrever posts mentais que depois, escrevia em facturas da Fnac, guardanapos, marcadores de livros, whatever, depois sentava-me ao computador e debitava tudo. Nas últimas semanas têm havido muitas coisas que me fazem sorrir, muitas pequenas conquistas que davam centenas de “Coisas que me fazem sorrir”, mas para que banalizar o tema? Qualquer dia sento-me e escrevo um livro sobre o assunto. Depois é que vão ser elas...

terça-feira, setembro 13, 2005

Avó

A minha tem 90 anos. E meio.
Não ouve bem, mas está sempre atenta ao que eu lhe digo...
Não vê em condições, mas consigo sempre ser visível, aos olhos dela...
Anda devagar, mas conseguimos sempre chegar uma, perto da outra...
Fala pelos cotovelos. Assim tenha interlocutor.
É por isso que nem sempre me sinto uma boa neta.
A minha avó fala pelos cotovelos e eu nem sempre tenho tempo para ouvi-la...

Não é novidade que a solidão é a principal doença dos velhotes. Também é verdade que, mesmo acompanhados, tendem a isolar-se. Cabisbaixos, pensativos, meditam sobre o passado e pensam que amanhã poderão já não fazê-lo... A minha avó pensa muito na morte. Mas gosta de viver. Eu esforço-me para que continue a gostar. Eu continuo a gostar dela. E muito! Cada vez mais...

Se a minha avó percebe que pode ser-me útil - ou a alguém - fica com mais vontade de cá estar. Sente-se motivada. Pergunta-me, às vezes: 'Eu já não faço cá nada, pois não?'Digo-lhe que sim. Que faz muita falta. A todos nós. A mim, em particular. E não minto. Ela faz-me mesmo falta. Ri-se comigo tantas vezes... Gosta de me fazer cócegas - que nunca tive - e pergunta sempre 'Não tens cócegas?'... Gosta de se queixar porque não lhe telefono. E quando lhe explico que sim, que telefono todos os dias, mas que não falo com ela, porque ela não me ouve, mas que sei, todos os dias, todos, que ela está bem, ou como está mal... Baixa os olhos, deixa cair as mãos enrugadas sobre os meus ombros e responde... 'Pois é...'

Pois é.. as avós são a nossa memória, a nossa história, a nossa ternura. A minha é-o para mais três netos. Mas ambas sabemos que somos, uma para a outra, demasiado especiais...

Finalmente sinais de sexo, neste blog... 3

Os meus chefes passam a vida a ter orgasmos intelectuais e ejaculações precoces. Se tivessem vida própria, e sexo com fartura!, eu não tinha voltado a perder a aula de ioga. Como eu os odeio!

It’s alive!

Estamos vivas! Pelo menos na blogosfera. Desde que coloquei aqui ao lado uma lista de links para outros blogs (da minha inteira responsabilidade) que saímos do anonimato e começamos a ser lidas – ainda que eu própria não entenda que interesse é que isto possa ter –, ou será mais correcto dizer, comecei a ler lida, já que Vossas Excelências continuam mudas e sossegaditas (a única que tem desculpa é mesmo a Samantha) e eu continuo para aqui a falar sozinha. Sei que a ideia não vai agradar pelo menos a uma de vós, mas agora já não há volta a dar. Seja como for aqui fica o meu obrigada à BB, à Maria Lua (já agora o nome deste blog é Mais Cidade que Sexo, o que diz muito sobre muita coisa…), à Rosebud e ao Bandeira. Bem hajam!

domingo, setembro 11, 2005

Almost a Perfect Day 2

Eu sei que isto é uma cena de gajas, do tipo bolinha-não-entra. Também sei que nenhuma de vocês percebe porque raio gosto de futebol, mas a verdade é que gosto.

Confesso que não entendo muito de futebol, raramente percebo porque é falta, já para não falar em foras de jogo, e que este ano ainda não sei sequer o nome de todos jogadores do Benfica (das outras equipas nem sequer tento). Mas dá-me gozo ir ao estádio, mesmo nos dias em que tenho que sofrer a humilhação de entrar na casa de banho pública da segunda circular (sim, sei que a piada é fácil, mas não deixa de ser verdade!), e sofro (uma vez na vida sabendo a razão!) até estar perto do ataque cardíaco, muito mais do que estando em casa sentada no sofá.

Seja como for, derby é derby, e eu, que tenho pavor a multidões, principalmente com potenciais hollings – e ontem eram muitos, todos vestidos de verde –, ganhei coragem e aventurei-me por terras do inimigo, sentindo-me protegida pelo M.B. (gargalhada) e com a companhia da S. e da R.T. A desgraçada da S., além de ter o azar de ser casada com o M.B., é do Sporting e teve que aguentar o jogo sentadinha ao lado de três benfiquistas, qual deles o mais doente (assim à primeira vista, ou pelo menos ao primeiro jogo, diria que é a R.T.). A sorte da S. é que o Sporting ganhou...

A verdade é que, apesar da dupla humilhação, me diverti à grande até ao segundo golo do Sporting. Aí, além de perder a esperanças, perdi também a calma. Salvou-me já ter descoberto uma vítima. À minha frente estava uma loura, do tipo galinha-histérica, que saltava por tudo e por nada, falava altíssimo com alguém que estava umas filas mais atrás e abanava o rabo-de-cavalo, qual Esparguete a dar à cauda depois de uma sessão de festas, insistentemente. Era uma verdadeira tia de Cascais, desculpem da Quinta da Marinha (esta é para não ferir susceptibilidades de uma certa pessoa que desconfio nunca mais entrou neste blog, mas pelo sim, pelo não...), que, segundo da R.T., tem um nome com tantos apelidos, cada um melhor, ou pior, dependendo da perspectiva, que o outro, que na universidade ocupava duas filas da pauta. Dizia que já tinha descoberto a minha vítima... A R.T. já tinha sugerido colar-lhe a pastilha ao cabelo, mas era coisa para dar bandeira. Mas a cabra (pardon my french) estava a pedi-las. A meio de um quase 2-2 por parte do Benfica dei um salto da cadeira com a garrafa de água na mão. E não é que um bom bocado de água saltou da garrafa direitinha para a cabeça da tia. Ensaiei o meu sorriso mais cínico, disse desculpe, e continuei a ver o jogo. Foi remédio santo, a tia mexeu-se mais uma ou duas vezes na cadeira, desta vez para aconchegar o casaco ao pescoço, com um ligeiro abanar de ombros do tipo arrepio de frio, e eu senti-me vingada da humilhação. Ou pelo menos achava eu.

Esta manhã, logo pela fresquinha, porque vingança nem sempre se serve fria, recebo um telefonema da Serra. Mãe: Tenho aqui uma pessoa que quer falar contigo. Eu: Não quero falar com ninguém. (silêncio) Pai (parênteses para dizer que o meu pai nunca pega num telefone a não ser em casos de vida ou de morte): É só para te dizer que hoje acordei cedo, andei aqui às voltas e não encontrei nada vermelho. Já estão a ver o filme? Eu sou do Benfica porque o meu pai era/é do Sporting, e agora tenho que levar com isto. Ok, concedo que ele até pode estar feliz. Mas eu sou filha dele, sangue do seu sangue, é suposto ele apoiar-me nos momentos mais difíceis e não espezinhar-me quando eu já estou ferida de morte no chão, certo?

Já perceberam o título?

Finalmente sinais de sexo, neste blog... 2

Às voltas com revistas antigas (das poucas que se salvaram das garras do Esparguete), no corte e arquiva do costume, encontrei um artigo na Pública com o sugestivo nome Foi bom? Ao que parece observar diariamente durante dez minutos seios femininos – "dos considerados bons como o milho" – equivale para os homens à frequência de meia hora de ginásio. Consta que a coisa até foi provada por um estudo médico (aposto que com o patrocínio da Playboy). E nós? Vamos ter que continuar a queimar calorias no ginásio ou haverá uma alma caridosa disposta a descobir algo mais estimulante?

Almost a Perfect Day 1

Yoga ao abrir da pestana. Samasthitih. Alongar os músculos. Inspirar-expirar, para acordar com as ideias mais claras. Inspirar-expirar para esticar mais um bocadinho e fazer Marichasana D de forma quase perfeita. Inspirar-expirar. Equilibrar os chakras. Sair da aula com a sensação de que fui atropelada por um camião TIR. Dói-me tudo, mas estou feliz.

É dia de tratar de mim. Depois de um duche relaxante (mais uma vez, as desculpas ao País e aos ambientalistas...) sigo para uma massagem integral de uma hora. Não foi com o tailandês que andei a pedir durante toda a semana, mas com uma tipa com umas mãos de fada que pacientemente desfez todos os nós que o cansaço, o stress e os meus chefes deixaram acumulados no meu pescoço e nas minhas costas. Quando acaba, nem os pés ficaram de fora, sinto os músculos assim como que feitos de ar. E eu leve, leve... tenho a impressão que se o vento aumenta sou arrastada para longe. Não me importo, desde que me deixe perto do mar. Preciso do cheiro a maresia, de sentir a areia fria e molhada debaixo dos pés, para completar esta sensação de paz.

Acabo por dedicar a tarde à família. Dou mimos a minha avó que, aos 87 anos (88 dentro de mês), começa a dar sinais de querer desistir. Deixa-me triste. Seguro-lhe nas mãos e faço como quando era pequena: pego levemente na pele enrugada e faço caminhos ladeados por muros (é estranho como a pele se deixa ficar exactamente na mesma posição em que a coloco) que depois percorro com os dedos. Ela sorri e diz-me que contínuo na mesma, mas já não tenho cinco anos e ela já não tem a mesma força. A minha tia brinca e diz que ela agora está de dieta, que quase não come. Fico por lá muito mais tempo do que é costume. Fico triste por a ouvir dizer que já chega, que viveu demais, e tenho medo. Será que alguma vez vivemos demais? (Cont.)

Mais uma viagem 1

"Na vida, o essencial é fazerem-se juízos a priori sobre tudo. Com efeito as massas erram, como é evidente, e os indivíduos têm sempre razão. A tal respeito, é forçoso abstermo-nos de deduzir regras de conduta: para serem seguidas não devem ter necessidade de ser formuladas. Só existem duas coisas: o amor de todas as maneiras, com as raparigas belas, e a música de Nova Orleães ou Duke Ellington. O resto deveria desaparecer porque o resto é feio (…)"

A Espuma dos Dias, Boris Vian

(No sublinhado há que fazer a devida correcção... o amor de todas as maneiras, com os homens belos...)

sexta-feira, setembro 09, 2005

Incógnita

O que fazer quando a solução é a fonte do problema?

(Aceitam-se sugestões!)

Dia de reciclagem

Azul para o papel. Amarelo para as embalagens. Verde para o vidro. E em que ecoponto deixamos as ideias? Haverá de certeza algures no meu universo um sítio onde vou reciclando os sorrisos, as lágrimas, os afectos, sabendo como sei que há coisas que temos que deixar para trás para podermos seguir em frente. Hoje foi dia de reciclagem. Não tive coragem para fazer delete. Houve quem o fizesse por mim. Tenho um buraco no estômago e garanto-vos que não é fome. Por isso escolho o laranja, o branco (dos malmequeres!), o verde, qualquer cor que me deixe com um sorriso nos lábios. Para cinzento já basta o dia!

quinta-feira, setembro 08, 2005

O meu gato

O Esparguete está a passar férias em casa da dona. Já tinha saudades do meu gato. Ainda por cima voltou mais doce, anda à minha volta a pedir festas, deita-se ao meu colo, ronrona por tudo e por nada. É um gato novo, diria, não fossem as demonstrações de que há coisas que nunca vão mudar.

Dia 1: Cheguei a casa e tinha o caixote do lixo espalhado no chão, não me perguntem como ele consegue - é daqueles de metal, com tampa a vedar os cheiros e um pedal para abrir - e uma embalagem de queques destroçada. Não faço ideia qual foi a ordem da ementa, mas o prato de comida dele continuava cheio daquelas bolinhas mal cheirosas que ele habitualmente devora num abrir e fechar de mandíbulas. Presumo que estivesse com saudades do caixote do lixo e que o queque tenha sido para a sobremesa. Pelo sim, pelo não, fechei o caixote do lixo a sete chaves na despensa.

Dia 2: Quem me manda a mim deixá-lo tantas horas sozinho? Quem me manda a mim morar numa casa que não tem acesso a um quintal e uma janela por onde ele entra e saí quando quer? Um gato não é de ferro e há energias que têm que se extravasar por algum lado, certo? Mas tinha logo que ser na pilha de jornais e revistas que tinha no escritório à espera de ser reciclada, com uns quantos artigos que queria arquivar? Verdade seja dita, poupou-me o trabalho de seleccionar fosse o que fosse, com os jornais desfeitos em tiras finas, pior do que se tivessem passado por um triturador de papel, não me resta outra solução do que levar tudo para o ecoponto.

Dia 3: Já uma mulher não pode dormir mais um bocado, acordar devagarinho, um músculo de cada vez, que a coisa hoje não está para brincadeiras, depois da aula de ontem, sem que o Esparguete salte para cima da cama a pedir comida. Ao início até teve piada, umas marradinhas na cabeça tipo “dona linda (é assim que ele me trata, o que pode ser comprovado por qualquer pessoa que tenha um tradutor de 'miados'), acorda que eu tenho fome”, mas como a coisa não resultou toca de tirar as unhas para fora e fazer umas festinhas mais incisivas, primeiro nas mãos e depois na cabeça. A verdade é que funcionou e ele lá foi andando por entre as minhas pernas até à cozinha...

Esparguete! Quando o é que o teu dono volta de férias?!

quarta-feira, setembro 07, 2005

Zen



Hoje estive assim... Mexi músculos que há dois anos que estavam quietinhos, que já nem me lembrava que existiam. Amanhã vão-se queixar. Ai vão, vão!

Bandeira

José Bandeira
Hoje, graças a estes senhores, descobri que um dos meus cartoonistas preferidos também anda por cá.

terça-feira, setembro 06, 2005

Pluma

Não é o peso que marca a balança, que esse será (espero) sempre de pluma, é a leveza que sinto na alma, a ligeireza, que não frívola, com que hoje olho o mundo, como se tudo estivesse no sítio certo, com as alegrias, as tristezas e os afectos devidamente relativizados. Como se a chuva desta manhã tivesse desempoeirado as ideias.

segunda-feira, setembro 05, 2005

Até posso mudar...

...de nome, afinal a gaja até é a mais gira!, mas sabes que isso não basta para mudar este monopólio. Alegrar-te-á saber que também vão mudando outras coisas, mas essas seguem a seguir por correio electrónico. Há coisas que nem a um blog se confessam...

Basta!

Nunca gostei de monopólios. Não, não é verdade... Não gosto de ver este Blog monopolizado... esta é que é a afirmação correcta.

Por isso aqui estou. Antes que, no jardim que pode ser este canto de internet, se veja apenas um malmequer... perdido. Não podia ser, antes, uma rosa? Um amor-perfeito? Não. Ela escolheu o malmequer. Porque nunca um amor-perfeito teria uma carga tão depressiva em tudo o que escreve.

Olha, flor. Tu és das que se cheiram. E não precisas de nenhum perfume rasca, como tantos de quem falas, como alguns dos que te fazem perder a cabeça, a noção, o bom senso... o olfacto. Não precisas. E não precisas porque tu, flor, de malmequer nada tens. Uma pétala, ou outra, talvez. Mas quem se atreve a arrancá-las?

Por isso sugiro-te que voltes a ser o que eras. Para começar, que voltes a ser Carrie, para que se complete este quarteto onde a cidade é sempre mais vista que o sexo. E que, a mudança de nome, te faça perder os medos de uma flor. Que até pode embelezar os campos... mas dificilmente o fará sozinha.

Mudas?
É que basta de monopólio, neste blog.

Angústia

1. PSICOLOGIA mal-estar, ao mesmo tempo psíquico e físico, caracterizado por um receio difuso, sem objecto bem determinado, desde a inquietação ao pânico, e por impressões corporais penosas, como a constrição torácica ou laríngea;
2. angústia existencial inquietude metafísica e moral, como consciência de um destino pessoal sob o signo da liberdade ou da ameaça do nada;
in Infopédia


Estou perdida entre uma e outra, ou serão as duas?

domingo, setembro 04, 2005

Invisível

Sinto-me imparável. Já escrevi qualquer coisa como 10 mil caracteres, duas 'postas' médias (de qualidade duvidosa, mas foi o que se conseguiu arranjar) e acho que ainda não fico por aqui. O problema é que também me sinto invisível. Pois é. Temos pena!

Miss Bean

Passei o fim-de-semana a sentir-me perto do caos. Deixei cair uma taça no meio do chão que só não se partiu porque o tapete (que era bege e ficou com uma bonita mancha, que podia com certeza ser usada nos testes de Rochard, de gelado de chocolate e baunilha. Na verdade, acho que tão cedo a minha amiga M.H. não me deixa entrar lá em casa, porque antes, quando ataquei um copo com a travessa do arroz – não tenho a culpa que aquela porcaria estivesse a escaldar –, já tinha deixado uma nódoa de vinho na toalha. Eu juro que tentei não mexer uma palha, mas os olhares assassinos do tipo tu-em-vez-de-estares-aí-refastelada-bem-podias-fazer-qualquer-coisa-em-prol-da-sociedade que tanto mulheres como homens – sim, porque com estes amigos é tudo muito democrático e tanto fazem elas como eles – obrigaram-me a levantar), dizia eu que o tapete amparou a queda da taça. Fui ao supermercado e trouxe tudo o que não precisava e só não comprei o que realmente lá fui buscar. Fiz uma máquina de roupa de cor e ganhei uma t-shirt branca nova, nova porque agora têm uns efeitos azuis muito engraçados. E, para fechar com chave de ouro, guardei uma embalagem cheia de sumo dentro da máquina de lavar loiça, o que me valeu foi que ainda tinham ficado umas colheres de fora e tive que abrir a máquina novamente. Alguém sabe o que acontece a um pacote de sumo depois de uma lavagem na máquina?

Boas maneiras

Anda uma gaja durante anos a fazer ‘terapia’ para se portar como uma senhora, para deixar de dizer palavrões, que isso é coisa de gente brejeira e não fica bem na boca de uma menina de família, a convencer-se que nem o facto de ter trabalhado numa redacção das antigas, em que as frases de quatro palavras tinham pelo menos duas asneiras, justificam tal linguagem, porque na ‘elite’ jornalística essas coisas não são bem vistas, não vá sair uma palavra menos própria à frente do empresário xpto, para depois, de um momento para o outro, sem apelo nem agravo, voltar aos velhos hábitos. Primeiro devagarinho, um palavrão, sempre o mesmo, dito sempre na mesma altura, como que num desabafo, num esconjuro de fantasmas. E agora, agora é por tudo e por nada. É certo que ainda não voltei aos tempos áureos em que a cada irritação correspondiam três vernáculos emparelhados como elos de uma cadeia, tipo a-b-c-d-e, todos ditos de seguida sem parar para respirar. É o que no que dão as más companhias… ****-se que me esqueci do frango no forno. Lá vai a ***** do almoço!

sábado, setembro 03, 2005

Território ocupado

Quando é que começaste a invadir-me? Acho que desde o primeiro dia, naquele café claustrofóbico em que a exiguidade do espaço rivalizava com o peso da história. Frente a frente numa mesa que nos mantinha muito próximos. Demasiado próximos. Eu sem coragem de te olhar nos olhos, esses olhos de um castanho doce como avelãs onde, sabia já, acabaria por me perder. Eu, de mãos entrelaçadas sobre o tampo de mármore frio, a direita sobre a esquerda, fazendo rodar no dedo o anel, com medo que me olhasses nos olhos. Acho que já nessa altura sabia que eles acabariam por me trair. Lembras-te como mais tarde me disseste que não consigo esconder o que sinto? Falei de rajada entre o fumo azulado dos cigarros, convencida que te diria o suficiente para te levar para longe. Ficaste. Falaste de ti, de mim. Só faltou o ‘nós’. Um ‘nós’ que ninguém acreditava viesse a existir. Não podia acontecer. Era fruto proibido. Procuraste as minhas mãos, e como eu as afastasse, passaste os dedos pelo meu braço nu e agora, agora, era eu quem queria fugir, levantar-me sem olhar para trás. Mas era tarde para sair de cena, como era tarde para prolongarmos aquela conversa que de última se transformou na primeira de muitas. Era tarde e a vida esperava-nos lá fora. Sei hoje que foi a nossa despedida mais difícil. Queria prolongar aquele momento indefinidamente. Mandar às urtigas a vida, a minha, a tua, a dos outros. Os meus lábios a roçagar a tua cara num beijo tímido de ‘até já’. Foi a primeira vez que senti o teu cheiro, um cheiro que durante muito tempo trouxe colado à pele. Que me fez virar a cara na rua mesmo sabendo que não eras tu, que não era o teu cheiro, porque esse estava na mesma cabeça, nos meus sentidos. Um cheiro que me fez querer enterrar a cara na curva do teu pescoço, envolver-te num abraço e ficar. Simplesmente ficar. Soube então que parte de mim já não me pertencia. Era território ocupado.

Pragmatismo

Consigo-me lembrar de umas quantas pessoas assim.
(Se clicarem na imagem conseguem ler)

Advogados

A minha irmã: Amanhã não há televisão, não há ‘gameboy’, nem ‘Playstation’. Vais fazer os deveres, porque há dias que não pegas em nada.
Francisco (7 anos): Quero o meu advogado.

sexta-feira, setembro 02, 2005

Samantha

Nunca ninguém quis assumi-la. Que seja eu, neste regresso de Verão.

Coisas que me fazem sorrir 12*

Fazer o Eixo Norte-Sul a 160km. Aposto que deixei o tipo do Porsche meio zonzo.

* Em versão qualquer-dia-fico-sem-carta

quinta-feira, setembro 01, 2005

Post roubado*

"Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade. Sente-se numa outra cadeira, do outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa. Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde passa. Apanhe outros autocarros. Mude por uns tempos o seu estilo de vestir. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.

Veja o mundo de outras perspectivas. Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros, viva outros romances. Não faça do hábito um estilo devida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo. Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua. Corrija a postura. Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas sabores.Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor, a nova vida. Tente.

Procure novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações. Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, beba uma outra bebida, compre pão em outra padaria. Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa. Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outra pasta de dentes... Tome banho em novos horários. Use canetas de outras cores. Vá passear noutros lugares. Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes. Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias. Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores. Abra conta noutro banco.

Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus. Mude. Lembre-se de que a Vida é uma só. Pense seriamente em arranjaroutro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais suave, mais prazeroso, mais digno, mais humano. Se não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo. E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez. Certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa. O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda! Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!" Clarice Lispector

*Nos arquivos do Diário de uma boa rebelde

Vazio

Acordei com um buraquinho na alma. Nada de preocupante. Uma ligeira sensação de vazio. Fui à Fnac (onde havia de ser?) para compensar. Trouxe um Boris Vian e passei pela música para mudar de CD. No plasma ao fundo da loja passavam o DVD de um concerto dos U2. Apeteceu-me sentar no chão e ficar ali o resto da tarde. Se fechasse os olhos de certeza que conseguia voltar a colar as folhas do calendário e regressar a Alvalade. Passaram duas semanas, parece uma eternidade.

Insatisfações

“É sempre assim com o que não temos. Se nos falta alguma coisa, não paramos de pensar nisso. Tivesse eu aquilo, pensamos nós, e todos os meus os meus problemas estariam resolvidos. Mas assim que o conseguimos, assim que nos caia nas mãos, o objecto dos nossos desejos começa logo a perder o seu encanto. Outros desejos surgem, outros desejos se fazem sentir e, pouco a pouco, apercebemo-nos de que voltámos ao ponto de partida.”

Mr. Vertigo, Paul Auster

"Viver todos os dias cansa"

Quando a noite chega, ou quando ela se instala em definitivo e nos prédios em volta as luzes se começam a apagar, tudo parece mais fácil. Olhar para trás, para quantas horas teve o dia, e pensar “foi só isto”. Já passou. Foi fácil. Mas o medo está lá. E todas as noites adia a hora de deitar a cabeça na almofada. Mesmo sabendo que o despertador tocará à mesma hora. Ou por saber que daqui a umas horas começará tudo de novo. Do princípio. Uma e outra vez.

Coisas que me tiram do sério 5

Ter a tecla 'Ç' do computador avariada e descobrir que existem mais palavras com “C” cedilhado do que alguma vez tinha pensado.