sábado, setembro 04, 2010

Sem dúvidas

segunda-feira, julho 26, 2010

Um grande amor

Encontreia-a sem querer, quase nua, de coração ferido. Não a conheço assim, magoada de amores, mulher crescida, de coração na boca. E linda, tão linda que abraçá-la-ia hoje como quando a embalava ao colo e lhe beijava as mãos tão pequeninas, tão perfeitas. Esse meu grande amor.

segunda-feira, julho 12, 2010

Em Junho




sábado, junho 26, 2010

it's so fucking hot,

i'm so fucking drunk e as noites são afrodisíacas.
estou no 18th lounge, o bar dos Thievery Corporation em washington dc, e a única coisa que consigo pensar é que aqueles candeeiros ficariam muito bem na casa de banho lá de casa. o que vale é que durou só até ao início do segundo gin tónico. depois foi dançar até acabar [esta gente vai muito cedo para casa], rir muito e voltar a pé para casa à procura de um 7 eleven ou de uma simples fatia de pizza.

sábado, junho 19, 2010

de partida, a começar mais um ano

A mala está finalmente feita depois de um martírio que durou, sem exagero, dois dias. Mas tenham dó, são mais de três semanas fora de casa do outro lado do oceano, e uma mulher tem que estar preparada para tudo. Roupa, sapatos, maquilhagem, electrónica, caixa de primeiros socorros com tudo o que é comprimido que possa fazer falta, mais roupa, blocos de apontamentos, livros, e tudo e tudo e tudo. A partida é amanhã às 10 e qualquer coisa e eu não podia imaginar melhor forma de começar os 36 [mas ninguém me dá mais do que 25!]

quinta-feira, junho 17, 2010

a minha avó

Reconheceu-me à primeira no sofá dos 95 anos que habita. Ontem foi levada para o hospital depois de um desequilíbrio que deixou marcas numa cabecinha que agora tem dois pontos que não são finais. Sei que está baralhada mas não a vi. Estou a duas horas de casa numas alegadas férias de Verão. Penso nela a cada minuto e só páro para fechar os olhos com uma dor de cabeça que não me larga há vários dias. Mergulho neste cansaço depois de um mês consecutivo sem folgas, depois de um jet lag na China e quatro dias de sol a 24 horas a norte da Noruega. No dia em que regressei pude finalmente estar junto dela e recebi os carinhos do costume. Também os dei. Falámos da guitarra que o avô tocava, e dela, que com ele cantava à desgarrada. Falámos dos bisnetos de cujos nomes não se recorda, falámos do facto de ter estado ausente. Fez um esgar de admiração quando lhe disse que tinha ido à China e disse que sim, que sabia como eram os chineses. Raguei o meu rosto e ela sorriu percebendo no gesto os meus olhos em bico. Pedi-lhe que não olhasse o chão, mas o céu, e gabei-lhe os olhos cinzento azulados, que eu gostava que um filho meu tivesse um dia. Ficou feliz. Abriu-os bem grandes para me ver melhor e para me fazer crer que estava viva. Repetiu vezes sem conta o "já cá não faço nada" que oiço há 20 anos. Disse-lhe que sim, que fazia, que era minha única avó e que não podia ficar sem ela, que me fazia falta e a muitos mais da família. E faz. Peno nestas horas de férias entre o cansaço e a sensação de impotência. Voltou esta noite para casa mas amanhã espera-a um lar de repouso e velhinhos na sala. Sofremos a mudança. Ninguém quer ver uma avó num lar. Mas já não poderá subir facilmente os 52 degraus do número 41, e as noites para a mãe têm mesmo de ser dormidas. Há 3 meses que a avó não descansa durante a noite. E não deixa descansar. Há 3 meses que chama, que pede ajuda, que refila quando não vêm, que diz não recordar o que faz, que exige, que pergunta, que se esquece. A mãe chora e o pai dá o ombro para acolher as duas. A mais velhinha cai um sem número de vezes e já não há forças para erguê-la de novo. A casa de repouso parece gentil, espaço dito de simplicidade mas com harmonia no meio e pessoas atentas a estas coisas que só a velhice trás. Deposito amarguras nestas letras que escrevo, incapaz de evitar uma mudança de casa para a avó. Terá de conhecer amiguinhas, terá de dormir mais calma, de deixar de parte as manias de velha e os mimos de única idosa na família há mais de 10 anos. Fica ali a dois passos de mim. Poderei vê-la todos os dias, agarrar-lhe a mão rugosa e com as veias a saltar pela pele, poderei beijá-la mais do que até aqui tenho beijado porque, nestas coisas, acabamos por ficar mais próximos. Poderemos conversar sobre o passado porque do presente não tem memória. E deixar-me-ei ficar a seu lado apenas para lhe pegar na mão. É difícil perder um residente na casa onde cresci uma vida. Mas talvez desta forma o mundo possa tê-la com vida por mais uns tempos. E, quando o momento chegar, só peço para estar a seu lado.

domingo, junho 13, 2010

rituais de junho

Há rituais que são para cumprir religiosamente em dias de Santo António, mesmo que os 300 quilómetros custem horrores pelo cansaço acumulado nos últimos meses, mesmo que em Lisboa fique tanta coisa por fazer a uma semana de partir para o outro lado do Atlântico. Regresso à serra, ao mimo, ao relvado à volta da piscina, às cerejeiras carregadas de negro e verde. Regresso para comer, dormir, esquecer que o mundo existe, para desligar o cérebro e não pensar em mais nada. Isto és tu a fugir para a frente, mais uma vez, como sempre. Passo metade do fim-de-semana a dormir, a outra metade em cima das cerejeiras. O ritual é conhecido, está escrito e reescrito nos arquivos deste blog, que já leva cinco anos e que este Maio não teve direito a que lhe cantassem os parabéns. Subo às cerejeiras para comer até ficar enjoada, desço para me espraiar na relva, para andar de baloiço, para a frente, para trás, cada vez mais de depressa, com a cabeça virada para cima e olhos colados no céu.

segunda-feira, maio 10, 2010

Coisas que gostava

Eu gostava de ter tempo e dinheiro. Tempo para usar o dinheiro da forma mais ajuizada, sem esquecer a auto-estima, os amigos, a família, e uma ou outra instituição de caridade. Gostava de ir ao cabeleireiro tirar estes brancos que já voltam a cobrir-me as têmporas. Pedia à senhora - que deveria chamar-se Lisete, Vanda ou Manela - uma cor de um castanho suave, talvez uns brilhos aqui e ali, uma tinta que saísse com o tempo, sem pintar a toalha branca e sem deixar raízes ao léu. Ela pintava e secava, penteava-me com uma escova daquelas redondinhas e cheias de cabelos de outras clientes, eu faria uma cara enojada e ela fingiria não reparar. Depois punha-me cera, que a laca já pouco se usa - e puxava os cabelinhos rebeldes para baixo e para os lados, ficando eu com um ar de quem acabou de sair... do cabeleireiro. Eu realmente saía e dirigia-me à casa-de-banho mais próxima e reconstituiria a minha imagem, com base numa fotografia tirada ontem, onde o meu cabelo tinha um ar leve e suave, sem parecer peça de um leilão da "Cabral Moncada". Eu gostava de usar o dinheiro que, se pudesse, tinha, para comprar maquilhagem e fazer um curso com uma profissional, daquelas da MAC, num centro comercial da periferia, para aprender a pôr o eye-liner direitinho, num só risco suave e definido, e para não borrar a cara quando aplico o rímel bem preto. A base seria a perfeita para a minha pele, que teria então um ar acetinado e jovem. O sinal no canto esquerdo do queixo completaria a beleza. Mas esse, já cá está. Eu gostava de ir a umas quantas lojas de roupa e duplicar o meu guarda-roupa. Não, duplicar, não. Já tenho roupa que chegue, mas podia dar alguma e arranjar nova, assim de ganga e de cores de Verão, mais uns biquinis para ir para o Rio e ainda pulseiras para pôr no braço, quase até ao cotovelo. Seria roupa nova de lojas mais ou menos baratas, que não precisava de ir à Channel nem à Purification Garcia, e também não ligo muito à Desigual, mas gosto do Custo Barcelona. E teria sapatos para todas elas, como já tenho agora, mas ainda mais bonitos e prontos a estrear. Gostava de ter as unhas pintadas de um vermelho vivo, atraente, sensual, capaz de bater os dedos na mesa e fazer um barulhinho "clic, clic" e mostrar um anel lindo, de noivado, brilhante, com pedras verdadeiras e sem ser apenas de prata. E assim, estaria noiva outra vez. Depois, os meus pés estariam à vista numas sandálias abertas e nem uma calosidade, nem um mancha da tal tinta vermelha fora do sítio, nem uma nesga de pele morta e sem vida. E gostava de fazer cavitação ou uma coisa com um nome mais apelativo, mas que me deixasse elegante, com as curvas assinaladas nos sítios certos, capaz de usar uns jeans que me ficassem a matar, uma camisola para destacar o peito e marcar bem a cintura. E só faria um tratamento por mês, porque "estava óptima" e não precisava de mais e só lá ia para relaxar e ouvir a conversa da Idália, que se tinha separado do marido mas que estava já com outro homem que a fazia muito feliz na cama. Mas a Ídália calava-se, mal me punha as mãos em cima, e então eu dormia na marquesa do atelier de beleza - que se chamava Conchita - e acordava uma nova mulher. Isto seria apenas pela auto-estima. Mas o que eu gostava mesmo, era de não me deixar levar pelas ideias banais da "Happy Woman", e de não acordar com enxaqueca, para não me pôr com tonterias, num blogue que ninguém lê.

Gosto de casamentos assim


Verona, Itália, Abril de 2010

quinta-feira, abril 29, 2010

calendário sentimental

hoje era dia de começar a cumprir o meu calendário sentimental, porque o ano só começa a ser ano com os livros que enchem o parque, com o sobe e desce das alamedas acompanhado por risos e conversas boas. o trabalho não deixou ir hoje ao parque, para um almoço que estava prometido, e também não deixará nos próximos dias. segunda à noite estou lá batida para a happy hour. só não me conformo que tenham antecipado a féria em um mês. ano que é ano só começa a sê-lo no final de maio.

quarta-feira, abril 28, 2010

fuga para a frente ou para qualquer outro sítio

Estou a sair-me particularmente bem a arranjar alternativas para os dias de grandes enchentes. Este fim-de-semana rumo a Norte, logo a pensar em voltar para Sul, fugindo às comemorações do 1º de Maio. E daqui a uma semana embarco para o Brasil, escapando por uma unha negra à sua santidade. Só me falta mesmo arranjar programa para o final do mês. A perspectiva de estar na mesma cidade dos black eyed peas não é propriamente a mais entusiasmante.

terça-feira, abril 13, 2010

Em Junho...

sábado, abril 10, 2010

Parabéns Miranda

quarta-feira, março 31, 2010

em junho ii

os distantes dias de junho e julho começam a compôr-se. Duas semanas e meia em washington d.c., de mente aberta para absorver tudo e todos, seguidos de mais cinco dias na big apple. o apartamento em ny está em vias de estar reservado, a companhia para andar a subir e a descer avenidas e a entrar e sair de museus está assegurada. entrei na fase de fazer riscos da parede, entrei em countdown, como escreveu ali em baixo a Miranda...

sexta-feira, março 19, 2010

em junho


durante duas semanas e alguns dias esta será a minha casa.

terça-feira, março 16, 2010

se não for pedir muito

parece frase feita, mas não acredito na sorte, apenas no trabalho. desta vez, em que o trabalho foi pouco, dava-me jeito ter o meu quinhão de sorte. pode ser?

quinta-feira, março 11, 2010

foi há uma semana

tenho umas quantas fotografias para descarregar, imagens com cores fortes, calor, sol, chuva e sorrisos, tenho um post meio escrito, tenho sons ainda na cabeça, tenho um 'room with a view' para mostrar, tenho muitas memórias desembrulhadas e voltadas a guardar na caixinha verde alface, e tenho muitos horas de sono para pôr em dia, sem que a viagem tenha alguma coisa a ver com o assunto. maputo continua a ser altamente recomendável, o costa do sol também, principalmente ao almoço com o índico pela frente...

segunda-feira, março 08, 2010

Dia Mundial da Mulher

Acordei à hora do costume.
Fui trabalhar para o sítio do costume.
Fiz as tarefas do costume.
Não recebi flores, nem bombons nem outros frufrus tais.
Cheguei a casa à hora do costume. jantei, bebi o meu vinho, como de costume, e ninguém me abraçou de forma diferente do... costume.
O melhor direito adquirido é, sem dúvida, aquele que é assumido.

sábado, fevereiro 27, 2010

Assim dá gosto ir trabalhar

31º

[Maputo 2002]

Regresso nove anos depois, por dois dias e meio com uma agenda de doze horas de trabalho cada. Mas a BBC garante que a temperatura mínima é de 31 graus... com chuva. Na mala irão havaianas e sandálias, pelo sim, pelo não.

fugi de casa

Fugi de casa em grande estado de ansiedade. Fugi depois de tomar banho demoradamente no único sítio da casa onde não me sinto no meio de um furacão, mesmo tendo uma janela. Desconheço se quando voltar a casa estará no mesmo sítio ou se ainda terá telhado. A vista paga-se e também se sente. Num dos sítios mais altos de Lisboa, um 3º andar num prédio desabrigado é dose, mesmo que a vista seja deslumbrante. nota mental: não voltar a mudar de casa no Inverno sob pena de passar a odiar a casa. Não sei a quantos quilómetros soprava o vento, mas é dose, logo para mim que sofro horrores com o mau tempo, que uma tromba de água já me faz pensar em toda a espécie de catástrofes naturais, que passo a vida a mudar de canal para não ver o que se passa na Madeira, que mudo de rádio para não ouvir os mortos do terramoto do Chile. Fujo de casa em grande estado de ansiedade e corro para casa da mamã. Sejamos sinceros. Esta de fugir para casa da mãe está bem justificada. Ainda não me dei ao trabalho de levar para a casa nova a roupa de Verão e vou precisar dela nos próximos dias. Fujo para casa da mãe, arrumo a mala que me acompanhará para o hemisfério sol. Não está errado. É mesmo que sol que preciso.

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Zen...

Quando as coisas não resultam à primeira, temos a compensação de podermos continuar a tentar....

PS - não tenho muito jeito para este Dalai Lama style. Mas também não tenho alternativa.

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Gostavam, não gostavam?

O Johnny Depp está à minha espera em Londres.

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

that's all folks

pela primeira vez em cinco anos deixei passar em branco a data mais importante do calendário sentimental deste blog, no que me diz respeito pelo menos, lembrei-me agora quando conduzia em piloto automático a caminho de casa. é caso para dizer que estou crescida, ou então é a análise que está a fazer efeito...

Agora sim: 37

Aos 37 anos tenho um aparelho nos dentes como não tive aos 13. Tenho um namorado que não é o mesmo dos 13, mas que é muito melhor. Não tenho filhos, aos 37, mas uma enorme vontade de trabalhar para tê-los, mesmo que custe, que demore tempo, que seja cruel e desolador. Mesmo que a resposta seja não, no final do esforço. Aos 37 tenho uma profissão que adoro e uma equipa de gente fantástica. Tenho umas amigas especiais neste blogue, e outras, uma delas para lá do Atlântico. Tenho um carro com quase 9 anos em perfeito estado e sempre lavadinho. Tenho uma casa onde me sinto bem e com o pôr-do-sol à janela (quando o há, coisa que já não me lembro). Aos 37 anos tenho uma mãe e um pai maravilhosos. Tenho uma avó prestes a fazer 95 anos e que me tem como a preferida da família (modéstia à parte). Tenho uma Bimby e já fiz um bolo sozinha, experiência vivida após anos de medo da cozinha. Aos 37 anos tenho uma ou outra ruga de expressão, sendo que já não choro há muito tempo, por isso devem ser de sorrir. E tenho quase 1 metro e 60 e mais 5 quilos que os que queria ter. Tenho uma inscrição num ginásio, imaculada, sem nunca ter sido testada. O mesmo se passa com a bicicleta que fez ontem 5 anos. Aos 37 anos não tenho um corpo de modelo nem grande orgulho na minha figura. Mas aos 37 já convivo bem com isso. Não tenho o ordenado que mereço mas sobrevivo às minhas custas. Não tenho problemas maiores de saúde, a não ser as normais enxaquecas, as dores de costas e pescoço e uma depressão que já não se nota mas que continua a ser tratada. Se calhar, tenho problemas maiores de saúde. Aos 37 tenho uma família unida e maravilhosa, com 4 sobrinhos de verdade e outros 3 emprestados, mais um afilhado à parte e uma afilhada de crisma. E apadrinhei o casamento do meu irmão do meio. Aos 37 anos já fui casada, já me divorciei, e já sinto que tenho de casar outra vez. Não tenho medo do escuro mas prefiro não ver filmes de terror sozinha em casa. Tenho uma queda por meias-de-leite e um fétiche por crepes e panquecas. Aos 37 anos já gosto de favas. Tenho dois seguros de saúde e outro de vida que deve valer um dinheirão, se eu morrer. Mas aos 37 anos estou viva. Mais do que nunca!

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Flores para a Samatha


Em dia de aniversário, um campo cheio de túlipas para ti.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

Finalmente...

Chegou ao fim o Carnaval. E dia 11 estarei no Rio...

porque há coisas que nunca mudam

A D. repete-me constantemente que não posso dizer que vendo a alma ao diabo, mas a superstição dela não chega para me convencer quando a chuva não pára de matraquear as janelas, quando os dedos já roxos de frio ameaçam cair a qualquer instante, quando a pele já passou do branco e se aproxima perigosamente do verde, quando a depressão ultrapassa todos os limites. A carência elevada ao expoente máximo pela falta de sol. Hoje vendia a alma ao diabo por uma nesga de sol quente e temperaturas acima dos 30º. Talvez hiberne até que chegue a primavera, talvez imigre em definitivo para um país onde os termómetros não desçam dos 25º durante o ano inteiro. É que, de repente, não me lembro de outro remédio.

Problema

Por estes dias só penso no terror que é fazer 37...

domingo, fevereiro 14, 2010

Countdown

Há qualquer coisa de irracional e quase fatalista nesta nossa necessidade de estar sempre em contagem descrescente: para sair de casa, para chegar, para o fim de semana, para ir de férias, para ser promovido, para amar e ser amado, para o Verão, para as castanhas quentes no Inverno, para a praia e para as lareiras, para o filme que vai estrear e a viagem que faremos a seguir. É como se a condição humana fosse uma espécie de corrida para o precipício. E só quando chegamos à beirinha é que gostaríamos de ter andado mais devagar. Hoje li uma citação que, com pena, não conseguirei reproduzir. Era de alguém que dizia que depois de percebido, finalmente, que nunca iria conseguir entender o significado da vida, tinha finalmente começado a concentrar-se naquilo que realmente importa: o significado na vida. Muito sábio.

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Vamos lá tentar outra vez...

Regresso ao fim de um dia em que a cabeça tilintou e o sono pairou sobre os olhos até às 4 da tarde. Felizmente há shiatsu (e luar) numa sala pequena com velas e um aquecedor, que a t-shirt do costume já foi obrigada a cobrir-se com um casaco de malha. Ela começa pelos meus pés e fala comigo enquanto sinto os dedos ao de leve, com um creme que massaja suavemente. Depois viro-me e há silêncio. Ela cala-se e eu respiro, suspiro, deixo-me morta para nem sentir o corpo que sinto passar ao meu lado. Sei que me levanta as pernas e os braços, passa com força pelas minhas costas e deixa-me a coluna a assobiar. Namoro-lhe as mãos resistentes e peço mais sem falar. Desejo que a hora não acabe e continuo a fechar os olhos, às vezes a cerrá-los, numa dor quase sentida mas muito àquem do que me prometeram que seria uma sessão deste género.

Os nós dos ombros começam então a desenrolar-se, a destrinçar-se e posso rodar melhor a cabeça. Oiço que o meu corpo estalar e quase gemo por saber disso. A dor de cabeça regressa, talvez porque a noite teima em ser cedo, talvez porque a forte massagem me atiça o sofrimento. Sinto-a do lado direito, o mesmo onde começou esta manhã e foi calada pelo milagroso 'migretil'. Dizem que é forte. O meu estômago queixa-se ao segundo. As meias de leite talvez não ajudem. Duas e meia, bebi eu hoje. Uma pela manhã, antes de ligar o computador; outra depois de almoço para curar a ressaca de sono; uma terceira ao fim do dia, para enganar a vontade de comer um bom jantar. Esta última ficou a três quartos. Tantas vezes me acontece assim. Gosto dela com espuma e devolvo-a se não me aparece à frente comme il faut. Já sabem como é, as senhoras do bar. Perdem mais tempo com a minha meia de leite do que com 4 ou 5 cafés. Faço a fila crescer sempre que chego ao balcão. Disfarço, como se não soubesse de nada, como se não fosse a minha escolha o motivo do alongar das gentes.

Não penso nisto quando a minha cabeça sente os cabelos num rodopio suave com as mãos de Isabel a passarem por ela. Segue-se a zona da barriga que faz aqueles barulhinhos incómodos quando mais nada se ouve em redor. Ela remexe o meu estômago, desembrulha-me os intestinos e talvez me passe os dedos pelo apêndice. Dói. Mas não tanto como queria que doesse. Soube de gente que numa sessão de shiatsu limitou-se a chorar enquanto dormia. Eu não durmo, nem choro. Fico ali a tentar aproveitar o momento e lamento que as mãos não me batam mais. É duro, o meu corpo. Nem o sinto, esta noite.

Por agora, passa na minha televisão 'Gran Torino'. Belo filme de e com Clint Eastwood a quem chamaram 'o mestre'. Não o vejo, porque sei-o do cor. Embalo o ouvido com a voz de James Blunt e um sussurrado tom grave do cineasta. Sabe bem acabar assim o dia.

Combinado, Miranda. Voltei para te fazer companhia nesta cidade.

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

No meu i-pod

Muitos clarinetes de Mozart, com companhia dos violinos, para me serenar. Lhasa, dois albuns, para me fazer companhia. E Doce, sempre que preciso de muito boa disposição. E ainda, claro, o senhor Leonard Cohen.

PS - Parece que estou mesmo sozinha nesta cidade...

domingo, fevereiro 07, 2010

A ressaca

Foi bera. Mas já passou. O day after foi de calma.... muita calma. As dores têm a vantagem de nos obrigar a andar mais devagar :) Entreguei-me nas mãos do meu massagista de shiatsu que uma semana antes me tinha perguntado, meio embaraçado, seu eu não tinha filhos por opção ou por estar a ter dificuldades. Achei que era um sinal. Ele garante que a acunpuntura tem taxas de sucesso elevadas em tratamento de infertilidade. Por isso, decidi jogar com todas as armas. Depois de duas semanas de análises e injecções, achei que mais umas agulhas não me iriam fazer mal. Diz ele que é para fortalecer energeticamente as zonas do corpo mais importantes em termos de fecundação. Eu acredito. Cheguei devagar, parti devagar. Passeei na praia, respirando fundo, de olhos fechados, abrindo os braços para apanhar os raios de sol. Corpo quente, mar nos pulmões. Que saudades do Verão. Senti-me apaziguada, a sorrie. Achei que era um sinal. Contei à minha mãe que, entre lojas, em quis demover de comprar um blazer porque o corpo muda e etc. Achei que também era um sinal. Dei por mim a acariciar a barriga. Mais um sinal? Esperam-me pelo menos 15 dias de sinais....
E se não der resultado. E se der? :)

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Depois de anos de choro e negação, Miranda assume-se

Miranda não é homossexual, não é homem, não é vesga, não tem mau hálito e também não é ruiva como a jeitosa da série. Mas tem 36 anos, quase 37. E é visita regular da Maternidade Alfredo da Costa. Já tem cartão de cliente. Ainda nem sabia ler e já queria ter filhos. A vida trocou-lhe as voltas. E depois de muito chorar, decidiu trocar agora ela as voltas à vida. Por isso, já é altura de deixar de falar na terceira pessoa :)
Depois de quase dois anos de consultas - e muitos anos de sexo, e do bom, que fique claro - na sexta feira vou fazer a minha primeira inseminação. Uma semana de injecções depois, já estou a rebentar com tantas hormonas. Não há quase nada que não me doa, a começar pela alma, mas essa já se vai habituando. A Miranda tem um defeito de origem - é muito estúpida (é mais fácil voltar a dirigir-me na terceira pessoa para me insultar...). Mas cansei-me, finalmente. Por isso decidi que este fim de semana vou contar tudo à minha mãe que nunca me pediu netos, mas que em cada conversa teleónica lá encontra sempre mais uma gravidez de uma prima para me contar. É verdade que tenho muitas primas, mas não exageremos... Pois bem, estava eu a dizer que na sexta vou fazer a minha primeira inseminação. Os médicos resumem as hipóteses de sucesso a 10%. Não é lá muito animador... mas é o que tenho, para já. Na verdade, tenho bem mais. Família, amigos, três neurónios. E a maravilhosa descoberta de que não estou sozinha. Depois de dias intermináveis na MAC, decidi render-me às conversas de corredor. Somos quase sempre as mesmas. E decidi que era altura de desenburrar-me do meu canto. Desde então, tudo me parece mais fácil. Já sei qual a farmácia que tem desconto, que até sou corajosa por dar a injecções a mim a mesma, e que este ano já se salda em duas grávidas. "A XXXXXXXXXXXXXXXXXXX , que veio ontem à consulta, está grávida. Pediu-me para contar a toda a gente, pois assim ficamos todas com mais esperança", dizia-me hoje uma brasileira num dos muitos momentos de espera. E apeteceu-me abraçá-las a todas! Eu não sou a única.

domingo, janeiro 10, 2010

Blog

Acho que desistimos...