Agora já sabem o que vão receber no Natal
Uma colega falou-me do “Expiação” do Ian McEwan. Confesso que torci o nariz. Há uns anos, mais precisamente depois do senhor ter ganho o Booker Prize, comprei o “Amesterdão” e abandonei-o a meio do caminho.
Não há como dar uma segunda oportunidade. Comprei o "Expiação" e os primeiros passos foram tímidos. Página a página, num ritmo marcado por outras personagens que não a Briony, a Cecilia ou o Robbie. A partir de certa altura (com outras histórias resolvidas), a viagem tornou-se irreversível. E irresistível. A minha amiga tinha-me explicado que era um livro surpreendente principalmente para quem tinha uma irmã. Do que não me falou foi dos destinos que se desencontram. Da vida que se perde. Da história de amor que povoa aquelas páginas.
Também eu me perdi de amores pelo Ian McEwan. Depois disso já devorei o “Sábado” e o “Inocente”. Como é possível que da mesma “pena” nasçam mundos tão diferentes. Pela mão dele já visitei Londres, quando a cidade e o mundo se preparavam para a guerra. Com o 11 de Setembro ainda bem presente. Afinal o perigo pode estar bem mais próximo do que imaginamos. Fiquei a saber muito mais do que alguma vez quis sobre neurocirurgia. Senti o medo de uma violência latente.
No “Inocente” voei até uma Berlim que tenta recompor-se da Guerra. Os traumas que marcaram que lá vivia e a inocência de quem chega. O amor entre um homem e uma mulher que simboliza a paz entre duas nações. Ri-me às gargalhadas quando não devia, não porque estivesse numa esplanada à beira rio, mas porque a cena nada tinha de cómica, mas esta escrita de uma forma absolutamente deliciosa. Como se o riso da leitora pudesse apagar a pena de quem vive um homicídio.
Pronto! Agora já sabem o que vão receber no Natal.
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