segunda-feira, novembro 28, 2005

Não gosto de poesia. Mas gosto de Pessoa.

Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego...
Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...

Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...

Fernando Pessoa

O dia em que a Carrie foi de férias....

Custa a crer.
Mas ela não estará neste blog, pelo menos durante uma semana.
Não creio que, lá por São Tomé, entre as aulas de ioga e o sol, e mais os livros que eu sei que levou, consiga ter tempo, e um computador capaz, para escrever um 'post'...

Dada a indisponibilidade (constante) das que connosco partilham este espaço, tentarei por aqui passar. Não tanto quanto gostaria. Mas as vezes que me forem possíveis.

Até já. (sem patrocínio da TMN)

sábado, novembro 26, 2005

Férias!!!!

Esta viagem não é a solução para todos os meus problemas. Na verdade não é solução para nenhum deles, a não ser, talvez, a falta de descanso. Também não é um princípio, nem um fim. É apenas uma das viagens da minha vida: São Tomé e Príncipe. As roças, as praias, o verde...

Não deixa de ser estranho ir de férias sozinha. Ou quase... fazer um retiro de ioga, para quem a prática é pouco diferente de fazer uma aula de ‘body attack’, com pessoas que não conheço, e correndo o risco de serem completamente ‘místicas’ – mais preocupados com as fases da lua e o alinhamento dos planetas do que eu em deixar de fumar e fazer uma alimentação saudável –, é no mínimo uma aventura. Imaginar-me a fazer ioga ‘ao sol nascente’, quando o dito ‘acorda’ lá para as cinco da manhã, também não é propriamente animador. Mas a verdade é que tudo isto são pormenores sem importância. Se os tipos forem ‘místicos’, mando-os a todos dar uma curva a seguir à aula, enquanto me deixo ficar a tostar ao sol. Companhia não me falta: Ballester, Saramago, Javier Cercas, Pedro Almeida Vieira, além do Roth que ainda estou a acabar. E o que eu me pelo por passar dias inteiros a ler, sem ligar pevide a ninguém!

De malas aviadas, ou não...

É uma sensação estranha, esta de meter na mala roupa leve, enquanto a chuva fustiga as janelas e o céu cinzento ameaça abater-se sobre a cidade. Mais ainda quando a mala, já fechada, depois de me ter sentado em cima, me parece pesar mais do que os 20 quilos regulamentados.

Confesso que nunca gostei de fazer malas. Que nunca soube prepará-las. Eu sei lá o que me vai apetecer vestir dentro de três dias? Ontem quando comecei a saga achei que era simples. T-shirts, calções, biquínis e chinelos. Mai’nada! Mas depois fico a olhar para o guarda-fatos, para as gavetas, e lá vem a mini-saia branca que também é boa para levar para a praia, o vestido vermelho comprado em NY que só usei uma vez, a camisa branca com motivos japoneses, porque me dá um ar 'fashion' e descontraído...

Estou para aqui a pensar se não a devia voltar a abrir e deixar por cá algumas coisas. Já estou mesmo a ver o filme... daqui a uma semana vou passar horas às voltas para encaixar tudo o que agora, dobradinho e passado a ferro, coube na perfeição, mas que depois parece multiplicar-se, inchar até adquirir o dobro do volume. Uma hora a insultar-me, a praguejar qual marinheiro, porque o raio dos ‘souvenirs’ se digladiam com as t-shirts, os chinelos, os biquínis... Pronto, pronto... vou até ali e já volto.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Agradecimentos

A gerência gostava de agradecer ao leitor(a) da Aldeia de Paio Pires, Setúbal. É o mais assíduo no ‘sitemeter’. A gerência pede desculpa de não actualizar o blogue tantas vezes como o caro(a) leitor(a) provavelmente gostaria. A gerência teme que as coisas tendam a piorar agora que a Carrie está a menos de 24 horas de se meter num avião e de se pôr a andar daqui para fora.

(Já agora, onde raio fica a Aldeia de Paio Pires?!)

To do list*

  • Levantar o visto
  • Ir à farmácia comprar repelente
  • Depilação, pedicure e afins
  • Massagem
  • Almoçar
  • Passar a tarde na melhor esplanada de Lisboa
  • Ler Philip Roth até fartar
  • Ioga
*Em estágio para o voo de Sábado.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Mission accomplished

Sem dramas, sem choro (ok, com uma lagrimazinha a resistir ao pestanejar acelerado), e acima de tudo sem medos. Apenas com uma enorme sensação de vazio e saudade. Sobrevivi para contar o resto da história. Não desta, porque esta chegou ao fim. Ponto final parágrafo.

PS: Gosto muito de ti. E isto é apenas um 'até já'.

Fix (me)

When you try your best but you don't succeed
When you get what you want but not what you need
When you feel so tired but you can't sleep
Stuck in reverse


And the tears come streaming down your face
When you lose something you can't replace
When you love someone but it goes to waste
Could it be worse?
(...)
And high up above or down below
When you're too in love to let it go
But if you never try you'll never know
Just what you're worth


Eu podia estar aqui a falar da música, do palco, das luzes, mas depois vem a Samantha e desmonta tudo, como quem percebe muito do assunto (e assumidamente percebe), por isso mais vale estar sossegadita.

terça-feira, novembro 22, 2005

Dia D

D de decisões. Difíceis ainda por cima. Agora falta por em prática, mas já começou a doer.

segunda-feira, novembro 21, 2005

Temos pena

pelos leitores que hoje chegaram a este blogue através da pesquisa do Google. Não, Sexo é coisa que não abunda nesta Cidade. A gerência pede desculpa e promete colmatar a falha dentro em breve, sob pena de vir a ser processada por publicidade enganosa.

Why?

O que leva um homem a manter uma mulher em suspenso durante três semanas?

A fazer convites que não concretiza: porque morreu o gato da avó, porque foi operado ao apêndice, porque acabou o açúcar, porque está a chover, porque está sol... Um homem que durante 19 dias aparece e desaparece feito coelho a saltar da cartola, mas só quando ele quer. Lança charme, “flirta”, seduz descaradamente, mas no último minuto afasta-se. Faz marcha-atrás. Liga os quarto piscas e desaparece. Até à próxima vez…

Terá namorada? Uma mãe possessiva? Agorafobia? De todos esta é sem dúvida a única que me parece acertada. Não interessa entrar em pormenores. Garanto-vos que será difícil combinar (mesmo que seja para ele depois não aparecer) qualquer coisa em espaços abertos. Medo de compromissos? Não acredito. Ninguém assume um compromisso ao primeiro encontro. E é exactamente disso que estamos a falar: O primeiro encontro.

A primeira palavra é quase sempre dele. Quando se cruzam nos corredores ou por sms. A última dela. Porque mesmo quando ela aceita jogar com as regras dele, partilhando, talvez, da minha teoria sobre a agorafobia, o que é que ele faz? Adormece. Resposta só daí a 24 horas. E tal como das outras vezes, as justificações são tão esfarrapadas, que por muito que se tente pegar numa ponta, desfazem-se em pó, e ela fica como sempre de mãos vazias.

A D. é uma miúda interessante, inteligente, bonita e ainda por cima disponível. Não é possessiva. Tem a sua própria vida. Os seus amigos. Não fica em casa a ver as horas passar. À espera que o telefone toque. Passará com certeza muito bem sem um tipo que “não fode, nem sai de cima”. A D. tenta jogar este jogo da única maneira que sabe. Sendo sincera e acima de tudo protegendo-se. Mas faça ela o que fizer, aceitando jogar à cabra-cega, ao gato e ao rato, o resultado é sempre o mesmo. Ele simplesmente recua no último minuto.

O que leva um homem a deixar uma mulher em suspenso durante três semanas? (Os primeiros leitores serão contemplados com uma colecção completa da Sabrina. Se não sabem o que é também não têm idade para andar a ler este blogue, por isso andor!)

O que leva uma mulher a deixar-se ficar em suspenso durante três semanas? Esta eu sei. Há quem diga que é "para tirar aqueles músculos a limpo..."

domingo, novembro 20, 2005

Porque hoje é domingo

Chove lá fora como se o dilúvio fosse hoje e o céu cor de chumbo não traz notícias de melhoras. Inaugurei o Inverno acendendo pela primeira vez o aquecedor. Não tanto pelo frio, mas para me sentir protegida. Estou na ressaca de uma descoberta. De o ouvir dizer com todas as letras “estou com”, sem que na minha cabeça consiga medir em toda a extensão o que me diz. Percebo apenas que a descoberta não foi mais que uma confirmação de algo que já suspeitava. A vida, a dele, segue sem mim. Fico contente, porque o sei feliz. O medo que eu tinha que não pudesse voltar a sê-lo, sabendo que a culpa seria minha... mas percebo que era o bisturi que faltava para acabar com o cordão umbilical. Que como todas nós, também ele tem a capacidade de se regenerar. De (sobre)viver. Olho pela janela e vejo a chuva que bate na calçada sem parar. Sorrio. A vida, a minha, segue dentro de momentos.

sexta-feira, novembro 18, 2005

Orgulho

Rendo-me à minha transparência e entrego-me a um ritual que pensava partilhado. Sinto-me bem comigo.

Poder até podia

não teria era grande futuro.

Isto em resposta à pergunta do Esplanar: Você podia ser escritor? A solução está num teste, publicado no início dos anos de 1980 pelo Jornal de Letras, Artes e Ideias, e que o JPG nos desafia a responder.

Eu? Sou medianamente dotada (olha a novidade!) e inclino-me para o género Intenso: O fundo e, quase sempre, mais profundo que a forma. Convencido e angustiado. Grandes ambições. De Camus a Marx; mas também: Barthes, Goethe, Zola, Soljenitsine.

[Vão até lá e depois deixem aqui os resultados. Os restantes leitores podem usar a caixa de comentários.]

quinta-feira, novembro 17, 2005

Temporário

Além de esteticamente pouco apelativo, o cronómetro que aparece agora no topo desta Cidade, qual Empire State Building, é uma invasão indecente de um espaço comum, mas prometo que será temporário. Não imaginam o trabalho que me poupa. A uma semana de levantar amarras, passo as horas a contar os dias que faltam para sair daqui. E já falta tão pouco!

A pergunta

Cai ou ou não cai?

Coisas que me fazem sorrir 17

Descobrir que aquelas mensagens de correio electrónico, que ando para apagar há meses, afinal sempre tem alguma utilidade, ainda que profissional. A seguir fazer delete.

quarta-feira, novembro 16, 2005

Coisas que me tiram do sério 6

Sair a horas para ir ao ioga e não ter aula porque está lua cheia. E?! Who funcking cares? Eu só quero queimar calorias e livrar-me do stress acumulado nos ombros, quero lá saber das fases da lua, das marés ou do alinhamento dos planetas!

Eu já sabia que na lua nova não há prática, e a verdade é que nunca quis sequer saber porquê, também sabia que estava lua cheia, já a tinha visto lá em cima redonda e provocadora, mas porque raio também não se pode fazer ioga na lua cheia? Hoje era tal a fúria, contra o mentecapto que inventou semelhante regra, que fui à procura. Sei que não interessa para nada, a mim serve-me para não me voltar a esquecer:

“Like all things of a watery nature (human beings are about 70% water), we are affected by the phases of the moon. The phases of the moon are determined by the moon’s relative position to the sun. Full moons occur when they are in opposition and new moons when they are in conjunction. Both sun and moon exert a gravitational pull on the earth. Their relative positions create different energetic experiences that can be compared to the breath cycle. The full moon energy corresponds to the end of inhalation when the force of prana is greatest. This is an expansive, upward moving force that makes us feel energetic and emotional, but not well grounded. The Upanishads state that the main prana lives in the head. During the full moon we tend to be more headstrong.

The new moon energy corresponds to the end of exhalation when the force of apana is greatest. Apana is a contracting, downward moving force that makes us feel calm and grounded, but dense and disinclined towards physical exertion.

Observing moon days is one way to recognize and honor the rhythms of nature so we can live in greater harmony with it.”


Claro que podia ter sido pior… hoje pus o despertador para as 7h(!!) para ir fazer aula. Graças a Deus, ou à minha preguiça, desliguei-o e virei-me para o outro lado...

O dedo na ferida

"'Que é que se faz com o que nos fica na cabeça, quando já não há nada a fazer?' pergunta algures o Miguel Esteves Cardoso, a espetar o dedo em cheio na ferida."

Encontrado nos arquivos da Rosebund.

A ovelha ranhosa

Não gosto do Natal. Assim como não gosto do Ano Novo, do Carnaval ou do dia do meu dia de aniversário, na devida ordem cronológica e não de desagrado. Irrita-me que as festividades marcadas no calendário tragam em ‘attach’ a obrigatoriedade de toda a gente andar de sorriso nos lábios. Então, no Ano Novo não há mesmo paciência!

Com o Natal vêm também a euforia dos presentes e eu, que adoro dar prendas quando descubro coisas que sei que vão ser realmente apreciadas, fico, invariavelmente, sem saber o que oferecer. Resultado: amigos 0 – FNAC 1. E depois há a mania de embrulhar o Natal com quase dois meses de antecedência, que faz com que qualquer dia – imagino que não muito longínquo – se comece a decorar as montras e a encher ruas e avenidas de enfeites de Natal em Agosto. Sou do tempo em que as luzes se acendiam algures no início de Dezembro, aí sim, já com um cheirinho a Natal no ar. Sou do tempo em que a árvore – quase sempre um pinheiro natural, que depois conservamos num vaso para mais tarde ser passado para a terra do jardim, ainda que poucos tenham sobrevivido – era enfeitada no feriado de 8 de Dezembro ( se bem que lá em casa, se tenha, nos últimos anos, começado a fazer na tarde da véspera de Natal), muito a tempo de dizer ao Pai Natal onde deixar as prendinhas. Agora não só nas lojas, mas também nas casas começam a aparecer sinais precoces do Natal, o que faz de mim a ovelha ranhosa lá do prédio, por não ter ainda dado um ar da minha graça natalícia. Não há paciência para as luzinhas a piscar, os pais Natal empoleirados nas varandas, a neve artificial nas montras. A sério que não há!

segunda-feira, novembro 14, 2005

It's not getting better II - Uma outra visão

Há quem, a partir dos 30, perceba essa tua reflexão, Carrie.
Sou uma delas.

Há quem, a partir dos 35, não tenha alternativa, senão percebê-la.Conheço gente assim.

Na minha curta - mas sofrida, vivida, eu sei lá... - experiência, concluo que os jogos a que achamos piada aos 17, tornam-se viciantes aos 22, doentios aos 28, desesperantes aos 30, preocupantes aos 32. Mais não digo, porque não tenho idade para isso.

Creio ter a ver com o nosso ego, com a nossa auto-estima. Por um lado porque não sabemos dar, ao outro, a razão do nosso amor, do nosso gozo, da nossa satisfação e puro prazer... Ponto. Por outro, porque não sabemos, nós, lidar com os elogios, com o gosto do outro, com a entrega e com a dedicação que nos é dada. Soa-nos a falso. E partimos para outra.

Uma vez ouvi uma amiga desligar o telefone com a seguinte frase: 'Ele gosta demais de mim!'. Ri-me. Olhei para ela a pensar: 'Bolas... claro que gosta de ti. Tu és uma pessoa fantástica'. Ela disse-o com o humor que a carateriza. Mas com alguma preocupação. Como lidar com tanto 'gostar'?
O rapaz do telefonema já não é o namorado dela. Aliás, ela não tem, actualmente, um namorado.

É curioso. Conseguimos, por vezes, ser mais honestos e capazes de pôr a nú os nossos sentimentos nos momentos em que somos desprezados e, quando a coisa é partilhada, tendemos a fazer de conta que não é connosco. Penso, às vezes, que se me dizem 'gosto de ti' é ridículo dizer 'e eu de ti'. Fico com a sensação de estar apenas a retribuir. É como quando nos mandam um cartão de Boas Festas. Há uns que já dizem 'Agradece e Retribui'. Como quem diz... 'olha, não me tinha lembrado de ti, mas já que mandaste o cartão, aqui vai outro'. Não podia ser antes: 'Olha, fiquei tão contente por te lembrares de mim que não quis, de modo nenhum, deixar de dizer-te que também me lembro de ti'.

Acontece-me tanto...

Vai longo este 'post'. Porque o assunto que trouxeste à baila, Carrie, tem que se lhe diga. Tento, agora, ser o mais clara possível nestas coisas do amor e do gostar. Reclamo quando não o fazem comigo. Detesto entrelinhas e recados que não passam da intenção de os dar.
Às vezes ainda entro no jogo. Consciente que perderei sempre, seja qual for o resultado. É que este não tem soluções, nem mesmo invertidas, na página ao lado. Sai-se dele jogando até perder tudo. Na esperança de ganhar bom-senso, e uma grande dose de coragem.

Pela minha parte... gosto de ti. Muito. E das outras (semi) habitantes deste blog.

It’s not getting better

Somos cada vez menos nós próprios. Somos cada vez mais como queremos que os outros nos vejam. Andei anos convencida que com a idade algumas coisas deixariam de ser precisas. Porque amadurecíamos e isso faria de nós pessoas mais sinceras connosco e com os outros. Enganei-me.

Passados os 30, e olhando para as mulheres (e homens) fenomenais que me rodeiam, percebo que nunca deixamos os bancos da escola, que nunca perdemos a timidez que nos impedia de ser frontais e nos fazia passar bilhetes, rabiscados em folhas roubadas aos cadernos do T.P.C., pela amiga-do-primo-da-amiga do nosso-mais-que-tudo do momento. É certo que aprendemos algumas coisas e nos sofisticamos. Deixamos de rabiscar bilhetes. Agora escrevemos sms ou usamos o messenger. Exactamente pela mesma razão. Falta-nos a coragem de olharmos de frente aquele(a) que nos desperta as feromonas. Inventamos coincidências que nunca chegariam a acontecer por muito que os planetas se alinhassem, arranjamos desculpas para estar no sítio certo à hora certa. O que nunca, ou raramente, fazemos é olhar nos olhos de alguém e dizer-lhe simplesmente "I love you. And not, not in a friendly way, although I think we're great friends. And not in a misplaced affection, puppy-dog way, although I'm sure that's what you'll call it. I love you. Very, very simple, very truly."

Com a idade vem, qual pack ‘dois-em-um’ que nenhuma de nós encomendou, uma noção do ridículo, ou da decência, que nos impede de ser espontâneos. Passamos a medir com regra e esquadro cada gesto, pesamos várias vezes cada palavra, não vá o entusiasmo do momento pôr mais pimenta num simples “olá”. Contemo-nos e amordaçamo-nos, sabendo que quem der o primeiro passo, quem mandar a primeira mensagem ou fizer o primeiro telefonema demonstrará uma fraqueza miserável.

Como em tudo a generalização pecará por excesso. Haverá quem, com a idade, perca a paciência para o jogo mais perigoso de todos, a sedução. Ou será melhor dizer o amor, porque afinal, nunca sabemos quando, onde, porque alguma coisa vai acabar... ou começar.

Me aguardem!

Há situações que tem um momento próprio. O primeiro beijo. O primeiro dia de aulas. O primeiro chumbo. O primeiro amor. A primeira desilusão. O primeiro emprego. Com o tempo aprendemos a prepararmo-nos para o que aí vem. E por muito que vida todos os dias tenha a capacidade de nos surpreender, vamos encontrando formas mais ou menos eficazes de lidar com as alegrias, as decepções, os sorrisos e as lágrimas. Mas de repente surge algo que de tão extemporâneo nos apanha de surpresa. Nos tira o tapete e nos faz tropeçar desamparados. É tal a estranheza que ficamos simplesmente sem reacção. A minha semana acabou assim. No caos. Talvez porque não reagi, não barafustei, não esperneei, não berrei, senti-me como se o meu mundo tivesse desabado. Agora é altura de levantar a cabeça e mostrar a algumas pessoas que não fico de braços cruzados perante a mais pequena contrariedade. Se há alguma coisa que posso, e sei, controlar na minha vida, é o meu trabalho. Me aguardem!

sábado, novembro 12, 2005

Pedra sobre pedra

"Ver ao longe é um dom especial de certas pessoas, sobretudo daquelas que não é pelas realidades alheias que caminham. Não pode por conseguinte ver ao longe aquele que põe a sua vontade ao serviço de qualquer acto imediato que caiba dentro do espaço de tempo da sua existência.
(...)
Quem não sabe ver ao longe levanta muros em redor de si e muralhas que lhe tapem o horizonte. Se não sabe ver ao longe, tanto lhe faz como não que exista o longe, por isso tapa-o.
(...)
A condição para saber ver ao longe é estarmos dentro de nós se se trata do próprio, ou de ter renunciado a si mesmo se se trata dos outros.

2 Romance
Almada Negreiros

sexta-feira, novembro 11, 2005

Rai’s parta

a vida que quando começa a endireitar-se de um lado, alguma coisa tem que dar para o torto noutro.

O desmoronar de um mito

O que as mulheres querem é muito simples: querem que as cenas dos filmes não sejam só nos filmes. Todas.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Hung Up

Quando choramos a ouvir o 'Hung Up' só pode haver uma, de duas explicações:
Ou não gostamos da música e custa-nos, até, ouvi-la...
Ou estamos tão tristes que ouvir Madonna, ou o genérico do 'Noddy' significa exactamente o mesmo.

Creio que estamos perante a hipótese dois, já que o 'Hung Up' até aproveita acordes dos Abba que cederam os direitos à diva da pop (eu também gosto desta, e muito) e minguém dúvida do mérito musical do grupo sueco.

Se estamos perante a hipótese dois é preocupante. Se associarmos as lágrimas a frases como 'Só não gostei de me ver a mim' então, a situação é ainda mais preocupante. Se acrescentarmos o facto de a mesma pessoa que chora e que não gosta de si própria ter saudades minhas (!!!!) chega a ser aterrador.

Minha boa amiga...
Do alto da minha experiência, lhe digo:
As pessoas que nos tratam mal não merecem o nosso amor.
As pessoas que nos fazem chorar não merecem o nosso sorriso.
As pessoas que pensamos serem 'únicas' na nossa vida são, apenas e sempre, mais uma.
As pessoas que nos roubam energia e tempo não estão a mais... Mas também não acrescentam nada. E porque é difícil termos tempo e energia para todas as outras pessoas, especialmente para as que nos fazem bem, então...

Bolas.
Eu não sou psicóloga.
Mas sei porque não gosto de ver uma amiga infeliz
E custa-me vê-la passar pelo meu caminho, sem nada poder fazer para provar que há estradas alternativas. E nem sempre são de terra batida. Mas podemos levantar o pó para não vermos o que ficou para trás.

Acelera.

Shakira, minha cara amiga

Se há um mês me dissessem que escreveria, um dia, um 'post' sobre a Shakira, eu diria:
- Sim, para dizer que a gaja tem mau ar, canta mal e vive de abanar as ancas, o que é pouco para uma mulher... (talvez o dissesse de forma mais bruta).

De facto, cada vez mais aprendo que as verdades absolutas não existem e que cada dia podemos mudar tudo e muita coisa. As opiniões também.

'Conheci' a Shakira querendo vendê-la.
Achei uma boa ideia trazê-la ao JN e acreditei que as adolescentes e os pais delas fariam deste, um momento de grandes audiências. Achei também que a Shakira era um tormento, estrelita latina, burra e sem interesse.

Metade era verdade. A outra, não.

Não me interpretem mal... nem me considerem tonta por falar da Shakira como se tivesse crescido com ela. Mas se podemos falar mal das pessoas, só porque lemos ou ouvimos uma entrevista delas, só porque vestem calças de lycra ou saia de cabedal com meias de renda... se podemos falar mal por 'dá cá aquela palha' (parafraseando a minha avó)... então, também podemos falar bem. Por razões simples.

Eu gosto da Shakira.

Pois é. Gosto. Uma miúda (mais nova que eu 4 anos) com o sucesso dela, gira que se farta, que se esforça por falar português... uma miúda que sai de uma entrevista e pergunta a uma pessoa como eu (que nunca viu, que não conhece e que é, claramente, menos 'apessoada' que ela) 'Fez sentido o que eu disse? Percebeu-se o meu português?'... Uma miúda que agradece por ter sido convidada quando, o que está em causa é agradecer-lhe o facto de ter vindo. Uma miúda assim só pode ter a minha admiração.

Se é verdade que as aparências iludem... aqui provou-se isso mesmo.
A Shakira da dança do ventre não provoca, apenas... tem é um pai libanês.
A Shakira das músicas pirosas pára para falar às miúdas de 8 anos e perde tempo com elas a tirar fotografias nos telemóveis.
A Shakira que deixa os homens em delírio viaja, afinal, com um irmão. E chora a morte de outro.
A Shakira Isabel (é verdade, assim se chama esta colombiana) é uma rapariga igual às outras, que vai ao supermercado e não quer ser reconhecida.

Rendida. Fiquei, é verdade.
Quase desculpo o título 'Fixação Oral', do último disco.

Ausência

Trabalho, trabalho, trabalho.
Estou de rastos.
Por isso não vim.

Porque há uvas escondidas entre as parras...

É a ouvir o novo disco de Madonna que escrevo este 'post'. Explicarei, adiante, o porquê da minha ausência deste 'blog' (a quem possa interessar) mas, para já, tenho de dizer qualquer coisa sobre os MTV Awards...

1 - Antes de mais: Obrigada, Carrie. Estive lá por tua causa. E foi uma oportunidade única. Estivemos lado a lado e vimos (ou, pelo menos, pressentimos) coisas diferentes... Mas a prova de amizade foi o bastante para eu gostar de lá ter estado. Mais a Madonna...

2 - A Madonna... Ora, a Madonna não cantou em play-back. Aliás - e lamento dizer isto - até desafinou um bocadinho... Havia, isso sim, um 'delay' entre o que ouvíamos e o que víamos no ecrã. Porque se tratava de um espectáculo pensado para televisão, e porque a MTV teve, pela primeira vez num evento destes, tradução simultânea. Ora, sendo esta gente um pouco obcecada com as questões do pudor - não fosse a Shakira mostrar as mamas ou o Robbie Williams mandar todos para a 'puta que os pariu' - havia uma diferença de três segundos entre o que acontecia e o que era mostrado. Começa a ser frequente, em cerimónias deste género.

3 - Também achei brilhante a actuação dos Foo Fighters, por causa do jogo de luzes e da forma como parecíamos estar sobre e sob as nuvens. Era só escolher de que lado queríamos estar. Eu fui variando. Fraquinhos, os Coldplay... música mal escolhida e som miserável. Na televisão, diz quem viu, parecia tudo bem. Lá está, aquilo era para ver em casa. Exemplo disto foi a actuação dos Gorillaz (parte deles). Perdeu-se metade do impacto no Pavilhão Atlântico...

4 - Foi exactamente o espectáculo televisivo que me impressionou (ossos do ofício?). É que estava tudo bem montado, muito bem estruturado e planeado para o quadradinho. Um exemplo: quando a Madonna entregou o prémio ao Bob Geldof, um momento aparentemente importante, só o público atrás deles estava em êxtase. Ou seja, só o público sob o foco de luz. Todas as outras pessoas pareciam estar a ver outra coisa. Talvez tivessem mudado de canal...
Ainda assim pareceu-me bem feito. Profissional. E os momentos não foram assim tão mortos, quando comparados com coisas que já vi ou fiz (em tv, claro está)... E até elogio o trabalho do assistente de palco que esteve aos gritos. É um trabalho difícil, o dele: fazer acreditar que estamos todos 'muita bem', satisfeitos da vida e a 'curtir' cada segundo daquele espectáculo... Se pensarmos que parte do público (a maior parte) não comprou bilhete e estava ali porque lhe deram essa oportunidade, apenas, sem gozo, portanto...

5 - Quanto à Shakira... aguardo o convite para ir às Bahamas! Deve ter quartos para todas.

Noites longas

Ando há uma semana a deitar-me com um grego que não me deixa dormir.

terça-feira, novembro 08, 2005

Frase do dia

"Estou mesmo apaixonada"

segunda-feira, novembro 07, 2005

Devagar, devagarinho...

Hoje fiz as pazes com um CD.

"Ain’t nobody’s love that can help me..."

(Sim, Samantha, podes gravar para ouvires sempre que quiseres)

domingo, novembro 06, 2005

The Brooklyn Follies

“Yes, I suppose you could. And you’d wind up regretting it every day for the rest of your life. Don’t go there Joyce.Try to roll with the punches. Keep your chin up. Don’t take any wooden nickels. Vote Democrat in every election. Ride your bike in the park. Dream about my perfect, golden body. Take your vitamins. Drink eight glasses of water a day. Pull for the Mets. Watch a lot of movies. Don’t work too hard at your job. Take a trip to Paris with me. Come to the hospital when Rachel has her baby and hold my grandchild in your arms. Brush your teeth after every meal. Don’t cross the street on the red light. Defend the little guy. Stick up for yourself. Remember how beautiful you are. Remember how much I love you. Drink one Scotch on the rocks every day. Breathe deeply. Keep your eyes open. Stay away from fatty foods. Sleep the sleep of the just. Remember how much I love you.”

Esta – juntamente com a frase de abertura [“I was looking for a quiet place to die. Someone recommended Brooklyn…”] – foi eleita, por unanimidade, a melhor passagem do “The Brooklyn Follies”.

sábado, novembro 05, 2005

O primeiro dia

do resto da minha vida. Foi ontem. Espero não estar enganada...

sexta-feira, novembro 04, 2005

Mote para um jantar...

"O que é que se pode fazer quando o amor nos larga? De repente há tempo para ler, tempo para os amigos, tempo para o trabalho, tempo para o olhar. Diz que sim. Há tempo para tudo, mas é tudo sem querer. E depois, um dia, acorda-se, vai-se à mesa, lê-se a última página do último livro que se tinha para ler, abre-se a agenda, e verifica-se que tudo está em ordem e que se está finalmente em dia. Em dia"

Não sei qual é a fotografia, nem se a legenda é da autoria do próprio FTA, só sei que gostei. Muito.

Muita parra e pouca uva

Não percebia e continuo sem perceber a histeria em torno dos MTV Music Awards. Não sei como é que o espectáculo resultou em televisão (pelo que me dizem saíram-se mal), mas a mim pareceu-me “muita parra e pouca uva”. Muitos momentos mortos, péssimo som, maus apresentadores, muito barulho de fundo na plateia. Não há explicação para o histerismo colectivo de cada vez que um dos artistas dizia ‘boa noite Lisboa’ ou ‘Obrigada’. Pela parte que me toca encolhia-me na cadeira envergonhada com o provincianismo do povo, mais ou menos selecto, com muita lantejoula e vestido de gala.

Claro que houve momentos bons (esta é para aqueles que dizem que passo a vida a queixar-me). A Madonna, que me é um tanto indiferente como artista (desculpa Samantha), cantou em ‘playback’, mas mostrou que continua a ser uma verdadeira senhora no palco. Os Green Day foram soberbos, num palco que anulou o ar pardacento das anteriores actuações. O mesmo aconteceu com Foo Fighters, com um brilhante jogo de luzes, e o Gorillaz que combinaram imagens em três dimensões com dois dos artistas em cor de osso. Os System of a Down tem um som fortíssimo e, mesmo para quem não gosta do género, é impossível ficar-lhes indiferente. Os Coldplay estiveram longe do que acho que pode ser um concerto deles (presumo que não quiseram estragar a festa do final do mês em Lisboa, risco mínimo já que os bilhetes estão esgotados - infelizmente! - há séculos), mas mesmo assim valeram a pena.

Para além da música foi interessante ver como se deram as transformações do palco, com uma roda gigante a ser mudada de sítio em poucos segundos, o público bem treinado que se ia movimentando/saltando guiado pelos holofotes que davam sinal de que estavam a ser filmados. Mas os condicionalismos de um directo, como muitos intervalos publicitários deram lugar a momentos mortos e enfadonhos, durante os quais um tipo absolutamente histérico tentava pôr o público a mexer e a gritar Portugal, não fossem os figurantes adormecer na forma nos quatro minutos de espera entre cada bloco.

PS: Já agora, just for the record, vi o concerto ao lado de uma amiga da Shakira e no fim do espectáculo fui dar um beijinho ao amigo do peito do Robbie. Sim, porque eu só me dou com gente bem colocada.

quarta-feira, novembro 02, 2005

Gostei, ou não...

Hoje foi um daqueles dias em que gostei da imagem que me devolvia o espelho. Gosto do preto, porque imprime uma imagem de sobriedade e ‘glamour’, mesmo que não se vista mais do que umas calças e uma camisola banal. É uma cor com personalidade. Serve de pouco ser juiz em causa própria, principalmente quando sei que esta última não é predicado que me valha por estes dias. Mesmo assim, gostei do reflexo que sobressaía através de um ‘malmequer’ vermelho.