quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Vamos lá tentar outra vez...

Regresso ao fim de um dia em que a cabeça tilintou e o sono pairou sobre os olhos até às 4 da tarde. Felizmente há shiatsu (e luar) numa sala pequena com velas e um aquecedor, que a t-shirt do costume já foi obrigada a cobrir-se com um casaco de malha. Ela começa pelos meus pés e fala comigo enquanto sinto os dedos ao de leve, com um creme que massaja suavemente. Depois viro-me e há silêncio. Ela cala-se e eu respiro, suspiro, deixo-me morta para nem sentir o corpo que sinto passar ao meu lado. Sei que me levanta as pernas e os braços, passa com força pelas minhas costas e deixa-me a coluna a assobiar. Namoro-lhe as mãos resistentes e peço mais sem falar. Desejo que a hora não acabe e continuo a fechar os olhos, às vezes a cerrá-los, numa dor quase sentida mas muito àquem do que me prometeram que seria uma sessão deste género.

Os nós dos ombros começam então a desenrolar-se, a destrinçar-se e posso rodar melhor a cabeça. Oiço que o meu corpo estalar e quase gemo por saber disso. A dor de cabeça regressa, talvez porque a noite teima em ser cedo, talvez porque a forte massagem me atiça o sofrimento. Sinto-a do lado direito, o mesmo onde começou esta manhã e foi calada pelo milagroso 'migretil'. Dizem que é forte. O meu estômago queixa-se ao segundo. As meias de leite talvez não ajudem. Duas e meia, bebi eu hoje. Uma pela manhã, antes de ligar o computador; outra depois de almoço para curar a ressaca de sono; uma terceira ao fim do dia, para enganar a vontade de comer um bom jantar. Esta última ficou a três quartos. Tantas vezes me acontece assim. Gosto dela com espuma e devolvo-a se não me aparece à frente comme il faut. Já sabem como é, as senhoras do bar. Perdem mais tempo com a minha meia de leite do que com 4 ou 5 cafés. Faço a fila crescer sempre que chego ao balcão. Disfarço, como se não soubesse de nada, como se não fosse a minha escolha o motivo do alongar das gentes.

Não penso nisto quando a minha cabeça sente os cabelos num rodopio suave com as mãos de Isabel a passarem por ela. Segue-se a zona da barriga que faz aqueles barulhinhos incómodos quando mais nada se ouve em redor. Ela remexe o meu estômago, desembrulha-me os intestinos e talvez me passe os dedos pelo apêndice. Dói. Mas não tanto como queria que doesse. Soube de gente que numa sessão de shiatsu limitou-se a chorar enquanto dormia. Eu não durmo, nem choro. Fico ali a tentar aproveitar o momento e lamento que as mãos não me batam mais. É duro, o meu corpo. Nem o sinto, esta noite.

Por agora, passa na minha televisão 'Gran Torino'. Belo filme de e com Clint Eastwood a quem chamaram 'o mestre'. Não o vejo, porque sei-o do cor. Embalo o ouvido com a voz de James Blunt e um sussurrado tom grave do cineasta. Sabe bem acabar assim o dia.

Combinado, Miranda. Voltei para te fazer companhia nesta cidade.

2 comentários:

LurdesMartins disse...

E já fazia falta! ;)

(a minha meia de leite - de cevada - também é assim: espumosa!!! Pelo menos no sítio do costume!)

Catarina disse...

Ainda bem que estão de regresso :o)