terça-feira, agosto 30, 2005

Privilégios

Sou uma privilegiada por trabalhar no Chiado. Sinto-o todas as manhãs depois de subir os quatro lances de escadas que me trazem das catacumbas do metro. Sinto-o no ar que ainda guarda a brisa fresca da noite. Nas esplanadas da Brasileira e da Benard. No sol que engrandece os prédios que guardam a traça de outros tempos. Nas pessoas que parecem mais bonitas.

E logo ali ao lado, à esquerda de quem desce a rua Garret, há o Largo do Carmo. Os frondosos Jacarandás. O GNR de serviço, qual homem-estátua dentro da guarita à entrada do quartel. Os velhos que à tarde jogam às cartas. Os turistas no seu linguajar nem sempre percebido. As excursões de escola com os miúdos que ouvem, talvez pela primeira vez, falar dos ‘bravos de Abril’.

Hoje pela primeira vez percebi que também aquela praça é um privilégio. E ali fiquei mais de uma hora, menos concentrada no livro que ando a ler, atenta às conversas de quem passava, com olhos que fugiam para as ruínas e para o Sol, para um céu que hoje me pareceu mais azul, mais doce…

1 comentário:

plim disse...

haja quem saiba apreciar esse prazer :)