A Dia casa hoje no Jardim da Estrela.
Recebi ontem à noite uma mensagem que dizia apenas ‘não te esqueças. É amanhã’. A Dia é a mulher a quem ‘nada de extraordinário acontece’, porque nada na sua vida é vulgar, e por isso ela acha que tem que recordar aos amigos que amanhã é o seu dia. O A. não ajuda. Afinal apareceu na Estrela, contava-me ela ontem à noite, uma semana antes da data marcada e ainda ligou para saber porque não estava lá ninguém. Conheci a Dia na caixa de comentários de um blog de referência - porque eu vivia num argumento de série Z, de um Deus cruel e com um grande sentido de humor, e a Dia estava solidária comigo -, de onde fomos corridas apelidadas de delicodoces. Descobri-lhe a escrita durante as noites frias de Dezembro e enviei-lhe a medo um email de elogio. Ainda hoje me deslumbro com a capacidade de escrita desta mulher. Li-lhe os arquivos de uma ponta a outra. E foram precisas muitas noites, num blog em que o tamanho médio de um post anda nos 8.000 caracteres. Isto foi muito antes de entrar em cena o Mr. 50.000. E ela esperava tanto deste leitor. Amanhã leva-o ao altar.
Poucos dias depois do meu primeiro email à Dia, ainda sem me ter sequer posto a vista em cima, ela convidava-me para passar o fim de ano lá em casa. Ela dizia naqueles dias – os dias A.J. – que dependia da bondade de estranhos. Quantas vezes não foram os estranhos a depender da bondade dela... Depois disso passamos noites e noites quase em claro em conversas intermináveis na janela do messenger. Eu no meu tapete vermelho. Ela no seu sofá laranja. Noites em que a produção bloguista atingia níveis inimagináveis. A Dia trata-me por Esquizo. De esquizofrenia. De adolescente esquizofrénica. Porque assim eram os nossos diálogos. Muitas conversas cruzadas. Sobre tudo e sobre nada. Acho que a maior parte era sobre nada. Quanto nos rimos. Quanto choramos... por isso Dia, que não te passe pela cabeça que me posso esquecer de ti.