Ainda o Natal...
Pela primeira vez, em 34 anos, faltei à missa no dia de Natal. Não fui à do Galo, não pus os pés em nenhuma outra. Adormeci, acordei mal, não dormi bem. Mas que mal me senti por não ter ido à missa no dia de Natal. Eu sou católica, nada praticante desde que me desiludi, mas acredito. Acredito mesmo. Não tenho dúvidas existênciais nem religiosas. Penso todos os dias na minha fé, e naquilo em que acredito, e agradeço aquilo que considero bençãos, e peço por mim e por todos os que sei precisarem de ajuda. Rezo. Às vezes distraio-me a meio de uma oração, e lá volto ao princípio, ou penso noutra e tento concentrar-me. Eu já não cumpro as regras e tornei-me numa daquelas católicas que a Igreja não aprecia. Já não tenho paciência para os sermões do Pe. L. ou do I.. Estão velhos e sem sentido. Mas também não vou à procura de outros. Nunca fui à missa aqui a Belas, por exemplo. E também não acredito na amizade sã dos que comigo cresceram na fé. Alguns abandonaram-me quando precisei deles, outros fizeram de conta que o problema não existia. Poucos se preocuparam. E esses, mantenho-os como meus amigos. Os outros não merecem sequer um telefonema, uma mensagem personalizada pelo Natal. Porque eu não mando mensagens iguais para toda a gente. Não gosto. Nem de recebê-las. Eu já fui feliz a acreditar. Já passei por experiências fantásticas ao lado de um Deus em que acredito. Há uns 4 anos deixei-me disso. É uma coisa entre nós. Não demonstro, não provo. Falto à missa no dia de Natal. E sinto-me culpada por isso. Gostava de ter beijado o Menino, naquele pé que limpam com um paninho depois de cada beijo molhado, às vezes de uma velha beata, às vezes de uma criança simples de cabelos dóceis. Gostava de ter entoado os cânticos, tal como fiz no carro, sozinha. Tal como noutros tempos em que organizava concertos de Natal e juntava o grupo para a cantoria, e teatros, e outras coisas que pagavam para ver. Eu já não sou praticante. Às vezes custa-me. Mas não o suficiente para voltar.
3 comentários:
Não tenho a tua capacidade de escrita mas senti cada uma das tuas palavras como se tivesse sido eu a imaginá-las. Neste inicio de ano muito obrigada.
A fase a seguir ao abandono da Igreja é sempre muito custosa. Mas depois vem uma saborosa sensação de liberdade de pensamento. Os pecados deixam de existir, podemos ajustar os rituais ao que realmente faz sentido para nós, sem pesos na consciência. Custou, mas agora é muito bom!
também deixei de lá ir..
não tenho problemas com isso.
já não me lembro da última vez que me sentei a agradecer.
de qualquer forma.. apesar dos motivos que nos fizeram afastar.. a força de viver segundo a nossa consciência sem Ele tem de ser muito maior..
bom 2008
gostei deste teu cantinho
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