sábado, dezembro 01, 2007

Dor

[a três tempos]

Pago para que me ensinem a cair. Sem dor ou ossos partidos. Por momentos eu sou eu de novo. Ensinam-me que não posso baixar os patins a dois tempos. Dizem-me para flectir as pernas, inclinar as costas. É uma questão de centro de gravidade. Faço tesouras. Sou incapaz de virar à direita. Travo. E caio. Caio como nunca cai de cima dos patins. Faço carrinhos. Rio-me. Rio-me muito. Rio com vontade. E eu sou de novo eu. Desligo o piloto automático da última semana e deixo-me ir. Sem rede. Para cair à vontade. Nem sempre nos partimos quando vamos ao chão.

Trabalho durante a tarde entre o riso do G e os enfeites de natal. Despacho em meia hora metade do trabalho que me atormenta há três meses. Sem dor.

Dói-me a garganta do frio e de gritar pelo Benfica. Dói-me a alma de pensar em tudo menos em futebol de cada vez que o número 6 toca na bola.

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