Eu cá gosto do Natal!
Desde sempre. Desde os tempos em que os meus pais escondiam os presentes no roupeiro dos avós. Nessa altura, eu e os meus irmãos esperávamos pelo momento em que ficávamos sozinhos em casa e, pé ante pé, lá íamos à descoberta do que viria no sapatinho. Nessa altura, havia um sapatinho na chaminé. Não sabíamos muito bem que havia um Pai Natal, velhote das barbas brancas que a Coca-Cola terá inventado. Havia o sapato. Todos os dias 24 de Dezembro tínhamos, debaixo da chaminé, em cima do fogão, o nosso mais bonito e querido sapato. Diziam-nos que o Menino Jesus, pequenino - sabe-se lá como - descia pela chaminé e trazia os presentes. Era o dia em que mais cedo acordávamos, o 25. Era o dia de Natal!
Lembro-me ainda do Natal em que o meu tio levou um convidado à ceia. Era negro, um rapaz, adolescente, pouco mais velho que eu. E vivia numa instituição, com outros miúdos, sem pais. Sei que trocámos presentes com ele, que lhe demos brinquedos, que partilhou connosco o sabor do perú. E, anos mais tarde, acabei por convidar o N. com o mesmo intuito. Ele estava a preparar-se para passar a noite de Natal sozinho, em casa. Estávamos a sair da redacção e calhou perguntar-lhe o que ia fazer. E assim acabámos juntos, a comer Tiborna, a ouvir as crianças que eram minhas mas que o fizeram sorrir. E o Pai Natal já existia, dessa vez!
Hoje, nas últimas compras, ouvi muita gente a maldizer o Natal. Não partilho dessa opinião, dos que dizem que é só consumismo e não sei mais o quê... Eu comecei cedo a fazer as compras e fui comedida: mais do que valores materiais, procurei, nos meus presentes, caras. A cara de cada um, quando receber o presente. Gosto de ver os sorrisos, de sentir os beijinhos, de agarrar os abraços. Gosto disso. E é nesses momentos que penso, quando compro a prenda, seja cara ou barata. É claro que quase me irritei quando, na sexta-feira, fiquei mais de uma hora e meia à procura de lugar para o carro, no Bairro Alto. Mas suportei, espírito zen - como aprendi com o Detective Crews, da série Life - e acabei a comer um bife com alho e a beber cola zero. Com as miúdas com quem lido diariamente, com aquelas de quem pouco ou nada sei se não houver momentos assim.
Já agora: troquei hoje presentes com o P. Acertei em tudo! E tenho um ipod espectacular. Só me falta aprender a lidar com ele. Tenho 365 dias para isso.
Feliz Natal a todos os que por aqui passam. É um prazer contar convosco!
3 comentários:
Fiquei deliciada com a descrição simples mas cheia de significado, que se aproxima tanto daquilo que acredito ser o espírito de Natal.
Um Feliz Natal :)
tal e qual: "Havia o sapato. Todos os dias 24 de Dezembro tínhamos, debaixo da chaminé, em cima do fogão, o nosso mais bonito e querido sapato. Diziam-nos que o Menino Jesus, pequenino - sabe-se lá como - descia pela chaminé e trazia os presentes. Era o dia em que mais cedo acordávamos, o 25. Era o dia de Natal!"
boas festas!
Pois é... tudo isto é Natal; a magia, as crianças, o acolher os desconhecidos... e apesar de as vezes as nossas memórias serem diferentes, e das vidas menos boas, o Natal ainda é o nascer do Menino e vale pelo brilho nos olhos de todos os meninos.
Espero que no tenhas encontrado toda a magia no teu Natal.
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