O que eu vi em Veneza II...
Estava tanta gente à porta que temi não poder entrar. Mostrei o cartão vermelho com a fotografia e a palavra "daily", imprensa diária, portanto, e a luz verde acendeu-se para mim e para o repórter de imagem. Ali, a dois passos, os homens das revistas e da televisão, dos filmes e dos Óscares. Sorriso lindo, o do Clooney... Brad Pitt de chapéu na cabeça, um certo ar de cowboy, e a frescura de quem acabou de desembarcar em Veneza, ao sol. Dezenas de jornalistas de mão no ar para fazer perguntas. Também levantei a minha, microfone em riste, lá atrás as muitas câmaras a captar as respostas das estrelas. E os Cohen, irmãos, bem-dispostos, sempre a rir e a fazer piadas. Agora tu, George, agora tu, Brad... E os dois homens, provavelmente dos mais bonitos do Universo (que eu não sei como é em Marte, mas na Terra são, de certeza, dos melhores) ali estavam, à minha frente, à distância de uma pergunta que não consegui fazer. Tanta gente. Um pseudo-repórter brasileiro conseguiu ter voz e perguntou se seria melhor um óscar ou encontrar a mulher de uma vida em Veneza... interesante, pois, a pergunta... e eu, os jornalistas da BBC e da Time, outros italianos e tantos japoneses, à epsera de um "talking head" aproveitável. Mas não, veio uma tonta, italiana, vestida como quem vai fazer jogging e perguntou: "Brad, George, algum de vós quer correr comigo?" Responde Clooney, com graça: "Eu fugia era de si..." E a plateia riu.
Meia hora passa num instante e ainda houve tempo para a Tilda Swinton, também ela protagonista no filme que abriu Veneza (depois de uma curta do nosso Manoel... pois), "Burn After Reading". Fim da conferência anunciado, uma multidão de máquina em punho e papel a pedir autógrafos. Eu, retirada, a observar. Não, eu não vou lá... Não fui. Para quê? Lembro-me de um anúncio de há uns anos sobre uma boneca, a "Joana" (fazia bolinhas). Dizia: "É mentira, é mentira, ela é mesmo igual a nós!"