Portugal visto do Céu I
Acredito em Deus e que Ele paira sobre as espessas nuvens numa observação atenta ao que cada um de nós sente e ao coração que bate. A 300 pés não subi alto demais, mas estivemos mais próximos. Curiosamente, não pensei n'Ele, ao longo da tarde, e só agora, em fim de dia, assumo que é culpado pelo que me vai acontecendo de bom. Sobre o mal, não sei, não importa. Vi hoje a Costa portuguesa de perto, mas de cima, como numa fotografia aérea permanente, que nos deixa fixados na beleza da Terra e no que nela existe. Natural, ou não, a paisagem portuguesa vista a bordo de um Cessna 172, quatro lugares, asa alta, é deslumbrante. Mesmo entre solavancos que a chuva abanou a partir do Centro do País, mesmo quando nos auscultadores éramos aconselhados a aterrar, mesmo quando um enorme vale se atravessou à nossa frente quando desviámos a rota, na Barragem de Crestuma. Do alto, o País parece mais rico, mais igual. Passar sobre a Quinta da Marinha e por cada casa, uma piscina, faz-nos pensar que ali se vive melhor que junto à Pedreira à beira-mar plantada, num sítio que não recordo. Mas até essa grandiosidade do homem me parece feliz, vista do céu. Aperto o cinto que o comandante diz ter air bag incorporado e olho para baixo sem tirar os olhos das arribas e das praias, das dunas e do mar que bate na rocha. É imensa esta beleza. E vejo os faróis que apontam o porto de abrigo, escuto indicações sobre um Charlie qualquer coisa, passa um F16 às nove horas, sigo uma rota que já é minha. E hoje foi só para abrir o apetite. Nos próximos quatro dias o céu não terá limites.
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