Portuguesa nas Bahamas I
Bebo um cafe latte enquanto escrevo no lobby do Sheraton de Cable Beach, em Nassau, capital das Bahamas. Percebo que tudo e muito americano, por aqui - a comecar pelo teclado, como se ve - e arrependo-me de nao ter tido mais imaginacao que aquela que me levou a almocar, tardiamente, num Burguer King no centro da cidade. La, onde um gigantesco iate despejava turistas mais endinheirados que eu, aqueles que hao-de encher as lojas das ruas principais de Nassau, neste off shore que sao as Bahamas. Vejo relogios Rolex e Omega sem precos a vista, a espera que lhes perguntem quanto custam, arrisco a pergunta num technomarine para levar para casa e recebo 600 dolares de resposta. Nada feito. E sera dos mais baratos. As casas do city center sao de cores vivas ou adocicadas, amarelos e rosas e violetas clarinhos. Um taxista com o neto dentro da furgoneta leva-me a passear pelas zonas nao turisticas. Explica-me que mais de 75% da populacao e negra, que sao muitas as religioes que aqui operam, e por isso a quantidade inusitada de igrejas. E bares. Sao muitos, a cada esquina um novo bar, daqueles que aparecem no anuncio do Malibu. O velho taxista com a crianca de 4 anos ao lado, sem cinto, espalhada pelos bancos da frente da carrinha envelhecida, de sete lugares, diz-me que na parte mais antiga de Nassau vive a classe pobre. Ve-se que sim. Mas as casas sao desenhadas, pintadas, com banquinhos na soleira da porta como aquele em que se sentou Clint Eastwood em Gran Torino. O cor-de-rosa e a cor oficial das Bahamas, diz-me o meu novo amigo, e prossegue evitando o transito que vem do centro da cidade, que encerra as 17h30 (nao a cidade, em si, mas as lojas) e que traz para a zona de Cable Beach os mais ricos, ja cheios de compras. Sao quatro classes, aqui, continua a contar-me, a baixa, a media, a media-alta e a alta. Mas sao os pobres os que aqui vivem em maior numero. Em contrapartida, fala-me da pequena ilha por onde passamos e dos 22 quartos sobre as aguas limpidas - como nunca tinha visto - obrigados a encerrar depois de um terramoto em 1995. Robert Mugabe dormiu la, e nao percebo se o taxista me fala deste terrifico homem com orgulho ou, simplesmente, sem pudor. Ao lado aponta-me outra ilha. Pertenca de Eddie Murphy. Conhece? O comediante. Digo que sim e surpreendo-me com a riqueza que Hollywood pode gerar. Aqui nas Bahamas vive ainda Sean Connery, conta, e ate ja se naturalizou cidadao da ilha. Saio da carrinha com menos 20 dolares - dados de boa vontade - e um aperto de mao com a promessa de nos voltarmos a ver. Encontrei o guia certo. E o neto, a garantir seguranca. Amanha faco a entrevista aquela que ja quase podia ser minha amiga. E a terceira vez que nos encontramos. Uma hora de conversa, e o que nos espera. E tenho de maquilhar-me, como se valesse de muito. Felizmente estou com a pele bronzeada! Gosto de estar aqui.
3 comentários:
Bom proveito (como se fosse preciso dizer) e bom trabalho, por essa mesma ordem. E por favor, se encontrares o sir Connery, manda-lhe um beijinho meu :)
Boa entrevista! :o)
já te disse que a inveja é coisa feia?
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