quinta-feira, junho 28, 2007

A convivência com o tabaco (dos outros)

Eu não fumo. Nunca fui fumadora.

Lembro-me de ter experimentado um cigarro, ainda miúda, no sótão de casa dos meus pais, com o meu irmão do meio. Ele 'obrigou-me' a partilhar da experiência que ele então conhecia. Nunca mais dei uma baforada, até à noite de Ano Novo em que uma garrafa de João Pires deu cabo de mim. Estávamos na casa de Cascais nessa noite e, de cigarro na boca, lá fui perguntando à minha (hoje) cunhada até que ponto gostava do meu irmão mais velho. Só a bebedeira me permitiu tais facilidades... Enjoei, nessa noite, e para sempre, os cigarros. E nunca esquecerei a má disposição e os dias que se seguiram.

Quando casei 'escolhi' um não fumador. Irritava-me com ele sempre que, "só nas festas" acendia dois ou três cigarros. Fazia-o por prazer, mas também para me irritar. Tornei-me quase fundamentalista. Um dia divorciei-me (não por causa do tabaco) e, nesse mesmo dia, ele começou a fumar...

Recordo ainda a minha entrada numa redacção. "Não fumas, não bebes café? Espera uma semana ou duas e logo verás...". Passaram quase 14 anos e continuo sem fumar e sem beber café. Não gosto nem de uma coisa, nem de outra.

O meu namorado fuma. Muito. Faz do cigarro uma companhia, como refere a Carrie, citando Vasco Pulido Valente. Fuma no meu carro, na minha sala... ficamos nas mesas de fumadores, nos restaurantes. Naturalmente, incomoda-me. Já não sou fundamentalista porque a primeira experiência correu mal. Mas o cheiro do tabaco perturba-me e perturba-me ainda mais saber que estou com uma pessoa que, por causa dos cigarros, pode agravar os seus (e os meus) problemas de saúde.

Aposto agora na tolerância. Mas os fumadores são, normalmente, intolerantes. Eu tenho de 'levar' com o fumo deles, mas longe das suas mentes deixar de fumar um cigarro por minha causa. Se eu disser ao meu namorado para ficarmos na mesa de não fumadores - tenho esse direito! - ele deixar-me-á, na certa, a comer sozinha. E não me venham com o gesto ridículo de pôr o bracinho atrás das costas da cadeira do vizinho, porque não resolve nada. O fumo parece estar sempre de feição. Não refilo. Suspiro, tento não inspirar, aceito o facto de ter amigos e familiares que fumam e vou suportando.

Mas isto sou eu a pensar neles. Por uma vez podiam pensar em mim.

6 comentários:

Ana disse...

Pois não se importam não, ontem vi um Sr. que passevava com a sua filha que ainda mal andava. Numa mão levava a filha de pouco mais de um ano, na outra levava um cigarro!!!

waterfall disse...

Já fui fumador e só depois me apercebi como era fundamentalista. Sempre me convenci que o normal era fumar. Os que não fumavam é que estavam no mundo errado. E os meus colegas de trabalho, coitados, nem se queixavam. Já a minha mulher...

LurdesMartins disse...

Eu não digo... podia ter sido eu a escrever este texto... revejo-me em cada linha.
Bom fim-de-semana e com a menor quantidade de fumo possível!

maria inês disse...

E em mim tb já agora!
Não serei fundamentalista, mas lá que chateio os amigos fumadores chateio.

disse...

até à 2 meses fumava, considero-me agora fumadora em recuperação... mas parece-me que não era fundamentalista, apreciava as mesas de não-fumadores, porque o cigarro nunca poderia ser melhor companhia do que os que me acompanhavam ao jantar, mas no fim do jantar lá me dirigia à porta ;) respito pelos amigos e respeito pelo meu vicio. espero que já tenho passado... para sempre!
mas da altura em que não fumava e que todos os que me rodeavam o faziam (até aos 25 anos) retenho a frase que me atiravam quando reclamava porque o fuma estava a vir para cime de mim... "sabes o fumo vai sempre para cima das pessoas mais bonitas da mesa!"
;)

Paula Oliveira disse...

Oi miga!

tão lindo esse teu texto, me fez até chorar sabia? ando emotiva demais esses dias...pois é, chato sair de casa, né? ter filho adolescente é uma barra, mas não te grile não com esse tipo de problema, é como tesão, querida: dá e passa! rrrs ontem a minha filha entrou maus e foi direto pro quarto dela. senti que o grilo dela era fumo. então eu falei prá ela "filhinha, fume mas não durma. se já acabou do bom , então fume tabaco mas não não durma tá?" aí ela falou "mãe, num acabou não, ainda tem, quer?" aí eu fiquei na maior dúvida do tipo quero ou não quero? rrsss aí a bacurinha falou mais forte, eu fiz que fui e não fui e acabei fondo... me entreguei!!! na maior !!!. rrrss

bjjões!!!