Faço as pazes com Lisboa
Tenho encontro marcado para os lados da Sé. Às 16.15 impreterivelmente. Não gosto de chegar atrasada. Faço-me à estrada com tempo. Uma lucidez estranha apesar do cansaço de uma semana de trabalho de seis dias. Apesar de ainda não ter recuperado de uma quinta-feira que começou às 8h00 e acabou à 00h30 do dia seguinte. De nunca dormir o suficiente. De não conseguir adormecer profundamente. A cabeça sempre demasiado cheia. É o sol que me desperta. São as cores desta cidade num Outono adiado. Lisboa tem mais espaços verdes do que alguma vez tinha reparado. Há vida na Avenida da Liberdade. Turistas e lisboetas que desdenham dos centros comerciais. Espécie em vias de extinção que resiste a quatro paredes e respira o fumo dos tubos de escape. Há ainda mais a partir dos Restauradores. Afinal a Baixa não está sequer moribunda. Passar a semana do Chiado afasta-me destas paragens nos dias de suposto descanso. Há gente. Muita gente nos passeios à espera para atravessar. Nas esplanadas. Em frente às montras. Muitos turistas de máquina em punho. Estão bem com a vida. Deixo o carro na Praça das Cebolas. Subo com tempo e com calma. Gosto das ruelas, dos becos, das escadas escuras em túneis decadentes. Gosto das velhotas que espreitam quem passa. A roupa pendurada nas janelas. O ambiente de bairro que me lembra S. Bento. Cheira a grelhados. A peixe assado. Com tempo decido a entrar pela primeira vez no Pois, Café. Já por lá passei tantas vezes. À pressa. Hoje entro e procuro mesa. Há divãs e sofás, mesas de jantar, mesas de apoio. Escolho uma mesa de tamanho familiar [é mais fácil de abrir o Expresso], que partilho com dois casais estrangeiros. À minha frente esperam a conta. Os outros entretém-se com guias de viagens e um livro. Não consigo ver a capa. Não resisto a bisbilhotar as leituras dos outros. Há por toda a parte estantes com livros [quase todos estrangeiros] e placares de anúncios. Lêem-se livros. Joga-se às cartas. Saboreia-se apfelstrudel acompanhado de sumos de frutos. Há música e o ambiente mais ‘cosy’ que já encontrei num café de Lisboa. Não é um sítio de passagem. É para ir ficando, enquanto se vê a rua escurecer.
3 comentários:
Outono, Alfama, dias claros, fim-de-semana. Qeu combinacao fantastica!
bem isto é um off-topic, mas esta estúpida curiosidade está a matar-me ( ou quase).
Sei que já entrevistas-te a Shakira, quem a viu diz que ela é muito diferente..muito mais baixa e magra..é assim tão diferente do que se vê na televisão?
Começo a achar que se a visse não a reconhecia.
Alexandra,
O blog é de quatro pessoas. Quem entrevista as estrelas é a Samantha que anda um bcaodinho perdida. Mas acredito que ela volte. Há-de passar por aqui e até é capaz de responder à tua pergunta. Mas tem que ser ela.
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