Sete horas
Aeroporto de Barajas, Madrid.
Voo com 5 horas de atraso. Mais duas de espera, para check in. E, em Lisboa, uma greve do handling para prolongar o tempo de recolha de bagagem.
No aeroporto, um homem com um cheiro de quem não toma banho há mais de um mês. Muito mais. Passa pela mesa e deixa um odor insuportável. Torço o nariz. Senta-se atrás de mim e reparo nele, cabelo colado à cabeça, oleoso, bebe uma cerveja. Lamento. Mas não aguento.
Oiço as palavras em castelhano com indicações anti-terroristas. Cuidado com as malas, e assim... E não deixe nada à mão de semear, olhe os ladrões. E este tagarelar no café.
Sete horas por um avião - da Vueling, ainda por cima - é muito tempo. Um desespero.
Em mãos, um relatório para apresentar ao patrão. Hoje é o último dia. Ainda não escrevi uma linha. Talvez amanhã. Ou esta tarde, durante a espera. Não me apetece, Não estou inspirada. Ele não vai gostar.
E deixei o livro na mala. Burra. Foi para o porão. Como posso ter deixado a primeira versão portuguesa de Hugh Laurie no porão? Recordo as últimas linhas de 'Viagem no Scriptorium', de Paul Auster. Já li, ficou em cima da mesa-de-cabeceira. E nada, comigo.
Sete horas à espera. E Barajas.
4 comentários:
Coincidências! Estou a acabar o livro do Paul Auster e aguarda-me, estou desejosa, o do Hugh Laurie
E então? O que achaste do livro?
gosto muito deste blog. escrito em estilo prada, sentido nas entranhas de qualquer mulher. da cidade. barajas ou lisboa.
barajas, leia-se em madrid.
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