sexta-feira, outubro 26, 2007

Sete horas

Aeroporto de Barajas, Madrid.
Voo com 5 horas de atraso. Mais duas de espera, para check in. E, em Lisboa, uma greve do handling para prolongar o tempo de recolha de bagagem.

No aeroporto, um homem com um cheiro de quem não toma banho há mais de um mês. Muito mais. Passa pela mesa e deixa um odor insuportável. Torço o nariz. Senta-se atrás de mim e reparo nele, cabelo colado à cabeça, oleoso, bebe uma cerveja. Lamento. Mas não aguento.

Oiço as palavras em castelhano com indicações anti-terroristas. Cuidado com as malas, e assim... E não deixe nada à mão de semear, olhe os ladrões. E este tagarelar no café.

Sete horas por um avião - da Vueling, ainda por cima - é muito tempo. Um desespero.

Em mãos, um relatório para apresentar ao patrão. Hoje é o último dia. Ainda não escrevi uma linha. Talvez amanhã. Ou esta tarde, durante a espera. Não me apetece, Não estou inspirada. Ele não vai gostar.

E deixei o livro na mala. Burra. Foi para o porão. Como posso ter deixado a primeira versão portuguesa de Hugh Laurie no porão? Recordo as últimas linhas de 'Viagem no Scriptorium', de Paul Auster. Já li, ficou em cima da mesa-de-cabeceira. E nada, comigo.

Sete horas à espera. E Barajas.

4 comentários:

Fim de Partida disse...

Coincidências! Estou a acabar o livro do Paul Auster e aguarda-me, estou desejosa, o do Hugh Laurie

Anónimo disse...

E então? O que achaste do livro?

Polly Jean disse...

gosto muito deste blog. escrito em estilo prada, sentido nas entranhas de qualquer mulher. da cidade. barajas ou lisboa.

Polly Jean disse...

barajas, leia-se em madrid.