segunda-feira, novembro 26, 2007

Estás no Ar!

A primeira vez é a mais difícil, mas custa mais pensar no que se vai fazer que fazê-lo, realmente. O assunto era-me familiar e estava à vontade para falar de Rock in Rio. Sabia as datas de todos os festivais até 2014, e quam está já confirmado, e que este ano há duas edições, e mais não sei o quê, e tinha a entrevistada ao meu lado. Ao repórter de imagem pedi paciência e uma lição antes do momento H. Ao pivot pedi paciência e um lançamento simples. Ao coordenador pedi paciência e uma voz doce ao meu ouvido. Lá estava eu, bem vestida, pintada a preceito, sem brilhos que a Câmara não gosta. Lá estava eu sem ter decorado nada porque esse é um erro crasso. Lá estava, frente à câmara, passo ensaiado para a entrevista, início encaminhado e despedida na ponta da língua. Tens minuto e meio, oiço no meu ouvido. E escuto no auricular palavras ditas na reportagem que antecede a minha entrada. Contagem decrescente e a peça acaba. O pivot apresenta-me e oiço o meu nome na televisão. É agora. Sorrio. A luz fere-me os olhos mas tenho de encarar o bicho. Esqueço-me de mim para dizer o que sei e faço um ar sério, endireito-me para o ecrã, pego no microfone cuidadosamente. Estás no ar. Fala. Falo e só me calo para ouvir a resposta às minhas perguntas. E minuto e meio passa a correr. Não custa nada. Penso nas lições de quem é já experimentado, penso porque é que só agora me aventurei nesta 'vida', se há 15 anos vejo como se faz, penso que sou capaz. E sou. Fecha. O ouvido diz-me o que fazer. E faço. Obedeço à voz que me chega via éter. Volto a sorrir. Fico quieta em two-way. Saíste. E respiro fundo. O primeiro directo é que custa mais. Depois de aceitar a câmara a primeira vez tudo se faz. Os olhos abertos pela luz. O microfone a tapar a boca. Mas tudo direitionho, no dizer. Passou a mensagem. Agradeço à entrevistada. E preparo-me para o próximo. Afinal, fui mesmo capaz!

4 comentários:

Carrie disse...

Agora imagina fazer isso sem 15 anos de televisão na bagagem. Sem nunca ter tido uma câmara na tua cara. Sem teres um repórter de imagem à tua frente. Sem uma voz conhecida do outro lado. Sem rede.

[e depois imagina-te a ouvir as críticas mais duras de quem, afinal nunca o tinha feito, mas tem a teoria toda. Hoje há quem agradeça as críticas. Tiveram algum efeito]

PS: estavas perfeita. Mas isso disse-to no próprio dia.
PS1: Ainda bem que voltaste.

Eu disse...

Ou então, imagina-te nas mesmas condições acima descritas, mas com uma t-shirt da kitty, com poucas horas de sono e que qd entras ficas sem retorno e desatas a olhar para televisão ao lado para ver se te vês, mas antes ainda tens tempo para um sonoro Está, com quem fala ao telefone... muito bom ;-)

Leão da Lezíria disse...

Estava gira. Por mim a peça podia durar meia hora, ficava ali a ouvir-te com gosto...

Anónimo disse...

Ainda estou na faculdade, mas já tive que experimentar um directo... e sim, custa mais da primeira vez. Não me correu bem, mas também não correu mal. Podia ser melhor, mas também podia ser pior...
O pior foi ter que ver aquilo que fiz... em frente à turma toda...

Saudalunações