Descubra as diferenças
A banda a tocar ao longe. E eu acabada de chegar, com vontade de ver tudo. A cidade, as ruas que interessam, ali ao lado pela primeira vez desde que aterrei. A estátua de Allende ali tão perto. Eu a querer fugir da comitiva. A boca seca do calor. Da antecipação. A banda a tocar cada vez mais perto e as figuras oficiais a dizerem-nos para entrar. É agora ou nunca. Está chegar a esfinge com quem não me consigo conciliar. É uma questão de pele. Empurram-nos para dentro do palácio. E eu a querer ver a praça. A querer sentir a vida. Eu de máquina em riste. A J. a dizer-me que pareço uma turista. Eu a fazer ar de ofendida. Que não. Que já mandei trabalho e mais virá logo que o homem bote discurso. O calor que aperta na sombra do Pátio de los Cañones. A banda que se cala e o homem que não chega. Agora ninguém nos deixa sair. Está calor. Tenho os lábios a ameaçar gretar, quero uma água e só me falam de protocolo. Os militares perfilados à nossa frente, mais o outro que espreita pela janela com ar de enfado. Está quente e sei que na próxima hora isto não dará em nada. A cidade que chama do outro lado do protocolo. Fico porque não tenho alternativa. Os passos que se calam sobre a passadeira vermelha. As honras militares e outros tantos salamaleques. Vou aonde não devo. Estou dentro do palácio porque tenho a mania que percebo de fotografia. Oiço a mulher em elogios de circunstância. E eu só penso em água. Passo pelos militares que se espalham pelos corredores do palácio. Chego à rua. Tenho uma boa meia hora para fazer o que quiser. Volto já.
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