sexta-feira, fevereiro 27, 2009

wishlist


[via Pó dos Livros]

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Uma mulher sabe que está velha [ii]

Quando a irmã lhe diz do outro lado do telefone: 'O F. tem uma namorada.' E o F. é o puto que nasceu pouco tempo depois de eu sair da faculdade.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Uma mulher sabe que está velha

Uma mulher sabe que está velha quando nas duas horas seguintes a ter saído do emprego:
1)Vai à farmácia comprar shampoo
2)Vai à costureira buscar o casaco que precisava de um corte nas mangas
3)Vai ao supermercado comprar sal e chá e sai de lá com bacalhau à Braz congelado e flores
4)Vai à tinturaria levantar a sweater do marido que não pode ser lavada na máquina
5)Vai ao sapateiro pedir que arranje a asa da mala que se descolou
6)Vai ao multibanco levantar dinheiro para pagar à empregada
7)Vai ao quiosque dos autocarros comprar senhas para a mesma empregada
8)Vai à papelaria para comprar envelopes para o dinheiro da empregada e o recibo do segundo emprego
9)Vai aos correios enviar o recido do segundo emprego
10)Vai para casa carregada de sacos a desejar sentar-se no sofá para ver o Patrick Dempsey

Beira-rio

As nuvens parecem correr em fast forward, empurradas vertiginosamente pelo magnetismo da água apressada no rio que sobrevoam.
A cortar o horizonte está um bloco de betão e umas aranhas de ferro recebem os raios amarelo-ferrugem que rasgam um pouco o algodão que se move hoje com estranha pressa.
Duas asas desafiam o movimento no sentido inverso a esta corrida de fim-de-tarde.
O sol vai baixando e ofusca-me com o brilho triplicado pelo vidro por onde chega.
Cesária começa a falar desse caminho longo que deixa saudade.
O perfume das folhas negras do Ceilão aguarda dentro da porcelana que o liberte.
Faço-lhe a vontade e tento abstrair-me do palreio em volta.

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Querido Sean,


Eu sou a Samantha e adoro-te. Tenho, por ti, a admiração que uma mulher pode ter por um homem que já foi casado com a Madonna (dizem-me que lhe batias, é verdade? Nem quero pensar nesse horror...) e que é um actor prodigioso, apesar de constar, que muito mal encarado. Vi-te em "Milk" e gostei. Ali, sorris como nunca e deixas passar uma imagem de homem doce e carinhoso, apaixonado pela vida... e por outros homens. Eu não me importo. Estiveste tão bem nesse papel que parecias o verdadeiro Harvey Milk, mas mais bonito e atraente.

Querido Sean, que bom que tenhas ficado à frente daquele monstro do Mickey Rourke, que já não estrela ovos na barriguinha de ninguém, mas antes anda para aí aos sopapos como se a vida se fizesse de wrestling e de homens machões e violentos. Mais feliz fiquei que tenhas ultrapassado aquele rapaz bonito, o Brad Pitt, que já basta ter a mulher que tem - linda, dizem-me - e que ganhou protagonismo num filme, para mim, sobrevalorizado. É verdade que se transformou, o rapaz, mas acredito que a maquilhagem e os efeitos especiais, as modernices do cinema, todo ele em computador, sejam os verdadeiros vencedores do Óscar.

Tu, não. Tu não precisaste de mais que uma barba comprida, uma camisa branca e um crachá no casaco. Bastou isso e uns beijos na boca - que bem que beijas, caro Sean - e brilhaste mais que as estrelas do Passeio da Fama em Hollywood. Vou aconselhar todos os meus amigos, para que te vejam neste "Milk". Vou sugerir o teu filme a todos quantos tiverem dúvidas a teu respeito. E no fim, ponho uma colher de "Suchard Express" numa caneca de loiça e bebo um copinho de leite, para adormecer. E só quero sonhar contigo.


Sempre tua,
Samantha.

sábado, fevereiro 21, 2009

Aufwidersehen



Mais vale tarde que nunca. 20 anos depois da queda, ich gehe nach Berlin.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Yo no creo en brujas

Qual é a probabilidade da gaja que nunca fica doente ter uma paragem de digestão no exacto dia em que tem uma viagem marcada para o outro lado do mundo? Qual é a probabilidade de ser ruim ao ponto de nenhum mal lhe pegar quando trabalha 16 horas por dia durante meses seguidos e desatar a vomitar a duas horas de ir para o aeroporto? De fazer o 'check in' e minutos depois estar a pedir à hospedeira para lhe resgatar a mala que desta vez não vai a lado nenhum? De se contorcer com dores de estômago junto da passadeira das bagagens à espera que lhe devolvam a mala sem ter sequer saído da Portela? Toda. É por isso que desta vez não há quartos com vista, nem postais escritos de parte nenhuma. Apenas uma enorme frustração e a certeza de não acreditar em bruxas, sem dúvidas de que elas existem.

Este blog não tem fax!

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Vetem o Carnaval... e o Magalhães

Por mim pode não existir Carnaval. Em toda a parte do mundo, Brasil incluído. Mas abro aqui uma excepção para Torres Vedras. Não por causa do cortejo e das meninas despidas a tremer de frio, todas com celulite e pele de galinha, que muitas são gordas e não é de palha, e outras têm barriguinhas a cair no biquini, e há as mães orgulhosas à volta delas a dizerem umas às outras "ai a minha Marlene está uma senhora, e já o senhor Quintas da padaria mo tinha dito, mas isto o tempo passa e nós achamos que elas são sempre umas meninas, ora veja lá dona Gorete"; não por causa dos homens mascarados de mulheres, que eles não imaginam o que é ser mulher ou não tentariam ser uma, porque só são mulheres quando não têm que gramar os maridos, e o parto, e a depilação, e os ordenados não equiparados e as outras coisas todas más na condição feminina, porque para eles ser mulher é ter mamas grandes e vestidos bonitos e uma bandolete no cabelo com meias de renda nas pernas, às vezes rotas, as meias; não por causa dos gigantones com o Cavaco e com o Sócrates, eles frente-a-frente e com dizeres do povo "toma lá" e um manguito do Zé, mais a carinha do homem que os aguenta nas costas a aparecer no buraco do botão do colarinho e, quem sabe, uma fotografia da Manuela Ferreira Leite de boca fechada, ou à conversa com o Salazar para combinarem a tal Ditadura de seis meses. Não! É por causa do Magalhães que deve haver Carnaval em Torres! Mas só antes da decisão do Ministério Público, porque agora já não tem graça. Quis o MP proibir a sátira ao Magalhães, pois que tinha uma página com raparigas nuas, ai pois tinha, e a pesquisa do google dizia "mulheres" e toda a gente sabe que o Magalhães não procura mulheres porque, como qualquer empregador que se preze, quer é um homem que não vomite na gravidez, nem tenha de sair mais cedo para ir com o miúdo ao médico, "ai senhor doutor que o menino só chora e não tem daquelas gotas para a barriga, as cor-de-rosa, que isto também pode ser dentes". E o MP sabe que é assim. E miúdas nuas no pequeno ecrã de um computador que é o orgulho nacional? Ainda fazia pesquisa sobre as mulheres que o Presidente condecora todos os anos, e já aí está o 8 de Março, não tarda nada, e o Magalhães ainda punha despida uma cientista desconhecida mas mais importante que o inventor do Prozac, ou uma empresária que não a Bibá Pitta, que essa também tem lá os afazeres dela, ou uma jornalista que chamou a atenção para questões sociais e até sabe escrever e trabalha na redacção de um jornal que um dia disse mal do Magalhães. O carnaval de Torres Vedras pôs em causa toda a dignidade de um País que, felizmente, dá para rir o ano todo. E os próximos cinco, já que a crise continua. E para o ano, o MP há-de proibir as meninas a abanar o rabiosque, porque são todas menores de 18 - já o sabemos - mas como uma é filha do senhor Presidente da Câmara, "ai que grande que ela está, e bonita, sim, e bonita, que a miúda faz-se", pois a catraia do Presidente tem direito ao Carnaval, desde que não mencione, nem escreva, no Magalhães. E por tudo isto, odeio o Carnaval.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Uma mulher sente-se velha II

Quando ...
1. se ri e os olhos já não riem com ela
2. olha em redor e escasseiam amigos
3. já não consegue ver a beleza no simples nem simplificar a beleza
4. tem a vista demasiado cansada para ler
5. não tem avós
6. os sobrinhos já não pedem mimos
7. perdeu a agilidade no humor
8 . os seus decotes deixem de ser uma provocação para ser um atentado
9. as meias de leite já não lhe sabem como antigamente
10. já tem pouca vontade de saborear a vida

Não é o caso. Principalmente a parte do decote :)

Muitos parabéns neste post atrasado. Mas tenho chegado a casa sem vontade de vir para o computador. Estou a ficar velha...

Rio... p'ra não chorar


Voltamos à Cidade Maravilhosa, logo após a loucura carnavalesca, para nos entretermos em mais uma livraria com cafetaria. Um suco de abacaxi com hortelã e um cheirinho a maresia.

36

Uma mulher percebe que o tempo passa quando vê uma criança e ouve o tiquetaque, tiquetaque, tiquetaque num volume inusitado, cá dentro, o miúdo a sorrir e a apertar os dedos da mão direita, o tiquetaque, tiquetaque sem parar, a altos gritos. Uma mulher sente-se velha quando todos pensam, no dia do seu aniversário, que ela é, afinal, muito mais nova. Quando os ovários estão mais acabados que o rosto, mais enrugados, mais cansados de esperar. Uma mulher sente-se velha quando lhe oferecem um curso de cozinha, uma receita de waffles e uma máquina a compôr o arranjinho culinário. Quando lhe dizem que querem provar dos seus petiscos, das suas iguarias, coisas que ela não faz porque não tem, ainda, bocas pequenas para alimentar. Uma mulher sente-se velha quando recebe vales-oferta para uma loja de lingerie, quando a oferta é de 100 euros e requer tempo para escolher; ou quando recebe outro vale, outra oferta do mesmo valor, mas agora num SPA perto do sítio onde trabalha. Espera-se que saia, um dia, cansada e de olhos rasos, que entre pelo SPA adentro e diga bem alto "vá lá, dê-me 100 euros de uma nova vida". Uma mulher sente-se velha quando são muitos os sobrinhos a telefonar, já falam, já cantam "Parabéns a Você", já sabem que a tia faz anos e uma festa. E velha, quando não aguenta duas noites seguidas de folia, quando a cabeça cai na manhã seguinte, quando não bebe e, ainda assim, parece estar de ressaca. Uma mulher sente-se velha quando faz 36 anos, num qualquer dia 17 de Fevereiro de 2009.

De partida

A frustração de passar horas e horas fechada dentro de um avião é proporcional à vontade de partir. De andar de sandálias e camisolas de alças. De sentir na pele o calor de África. De me deixar embriagar pelas cores, pelo cheiro do calor. Regresso sete anos depois a uma terra que odiei à primeira vista, mas pela qual que me apaixonou perdidamente. Esta viagem é acima de tudo um recomeço. Cheio de sorrisos. Com muita vontade.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Quando a vida se transforma numa BD

"Você é o Calvin e ele o Hobbes."

[Ainda não sei se gosto da comparação...]

domingo, fevereiro 15, 2009

Marylin

Hollywood Boulevard é um misto de realidades. Ali estão o Teatro Chinês e o Kodak Theatre, aquele que todos os anos recebe a cerimónia dos óscares. Ali se encontram os turistas do mundo, sobretudo os do mundo chinês, e ali pisam as estrelas os visitantes, os actores e músicos, realizadores e artistas que a América reconhece. No chão, a assinatura e as mãos de Clint Eastwood, lado a lado com as da rapaziada do Harry Potter, ainda miúdos, pequenos. E eis que encontro Marylin. Duas, aliás. Vestem de branco como a actriz, moram ali, ao lado do pecado da luxúria, e arriscam fotografias a troco de uma nota de dólar. Convivem com o Pirata das Caraíbas e com Chaplin, não temem King Kong e sorriem para Batman e Robin, amigos. Uma mulher de mais de 50 anos interrompe-me o olhar para perguntar porque não falo com ela, porque não entrevistá-la? Porque sim?, pergunto. Diz-me que é Marylin, Marylin Monroe. Levanto o microfone e peço-lhe que se apresente. Vira-se de frente para a câmara e actua como uma estrela de Hollywood. Está ali. Pode ser uma. E não será demasiado velha para ser assim, Marylin?, pergunto. Explode. Que Hollywood não tem lugar para velhos, que ali está há muitos anos e sempre foi ela, a diva. E que a Marylin de branco, uma delas, é até alemã. Como pode uma alemã ser Marylin? Está zangada comigo e não percebe que, para mim, ela mais parece saída de O feiticeiro de Oz. A vestimenta lembra-me Mary Poppins e a maquilhagem não se adequa. Tenho pena dela mas, ao mesmo tempo, acho-a detestável. Pergunto porque não escolheu outra personagem, já que Marylin morreu bem mais nova do que ela é agora. Nova explosão. Ela quer ser Marylin, e mais nada. Nem se atreve a pensar numa Meryl Streep ou numa Susan Sarandon. Não, são velhas para a personagem que quer investir. Escolhe por isso a juventude e a beleza que já não pode imitar. Nem mostra as pernas, nem o decote. Pintou o sinal na cara e parece-lhe que basta. Sinto que tenho matéria para escrever e digo-lhe que a vejo como uma actriz. Pelo menos, assume a realidade que já não tem.

As Pipocas

A publicidade no cinema não é para a minha idade. Sento-me e vejo raparigas semi-nuas, que se chamam Joana, Catarina ou Teresa, miúdas sem um pingo de celulite e com as costelas todas marcadas sob a pele. Vejo rapazes de cabelo comprido, melenas a cairem-lhes sobre os olhos, boxers de marca, abaixo da cintura e jeans meio-rotos, largos, a pender nuns ténis All Star. Elas têm olhos grandes e maquilhados, cabelos compridos e soltos, saídos de um frasco de Élseve Lóreal. Meneiam o corpo ao som de uma batida pujante e juvenil, bebem cerveja ou falam ao telemóvel, respiram sexo, deixam na sala um certo mau-estar entre a juventude, os "vintinhos", rapazes de namorada ao lado e pipocas na mão. Doces. Viro-me para a frente e para trás e percebo que sou das mais velhas naquelas cadeiras da Lusomundo, bilhetes comprados com cartão zon e, por isso, a metade do preço. Eu e a Charlotte, as mais velhas. O filme é "O Estranho Caso de Bejamin Button", nem de propósito. A idade, a velhice, a meninice e o que levamos dela. E à nossa volta sorve-se coca-cola em copos gigantescos, ouve-se o palpitar dos dentes nas tais doces pipocas. Salgadas, também. Concentro-me no filme e esqueço a publicidade anterior. Oiço-os rirem-se nas partes em que apenas esboço um sorriso. Vejo que não compreendem como eu, aquele filme. Talvez não esteja assim tão entradota... talvez seja isto a experiência de vida. E não fui ao cinema pela carinha laroca do Brad Pitt...

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

a caminho [iv]

[Set.02]

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

tragam-me a metralhadora

Eu, romântica incurável, que derrete com mensagens pirosas como “o que não é normal é tu existires, porque os sonhos não tem realização material”, que viu dezenas de vezes o ‘Sleepless in Seattle’ e outros tantos filmes de argumentos lamechas com a Meg Ryan, que ainda este domingo reviu o ‘depois do amanhecer’, que verte lágrimas no cinema sem grandes pudores e que adora finais felizes, jantares à luz das velas, banhos de espuma, a acompanhar com um bom vinho, eu romântica incurável confesso que odeio, com todas as letras a capitular, o dia dos namorados. Sim. Tenho um problema com ursinhos e coraçõezinhos e todos os ‘inhos’ possíveis, mas odeio acima de tudo a massificação do sentimento, da banalização das datas, da obrigatoriedade de estar a dois e de mostrar ao mundo quanto se amam os pombinhos, mesmo que seja por um único dia em 365, que nos resto do ano ela ponha maquilhagem para esconder as nódoas negras e ele se arraste no trabalho para chegar a casa o mais tarde possível. Nada disso conta a 14 de Fevereiro, o que interessa é ter namorado e não sair da linha. Para não parecer anormal.E juro que pego na metralhadora ao próximo email/press release a lembrar a bela da data.

'restos' do almoço

"[...]Essa cena da vitimização é tramada. És tu e o Sócrates!"

Com o sol a bater no rio, peixe grelhado e bom vinho. É bom voltar ao reino dos vivos.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

tempo ii

Lido muito mal com o tempo. Com o que me falta. Pior ainda com o que tenho em excesso. Lido mal com os dias que se esfumam. Que passam por mim sem que os viva verdadeiramente. Lido pior com as horas que não passam. Sem que eu saiba o que vêm a seguir.

Vida


Roubadas em olhares.aeiou.pt

terça-feira, fevereiro 10, 2009

LA 2




segunda-feira, fevereiro 09, 2009

LA 1

Venho mais tarde contar as estórias. Para já, a ressaca, o cansaço. Mais de 35 horas sem ver uma cama. Dia difícil, após o regresso. Ainda bem que não ganho óscares todos os anos, ou não aguentaria a pedalada...

Modéstia

Quatro mulheres, esta manhã, no bar:

- A minha preferida é a Samantha.
- A minha também. Ela é fantástica.
- É a única insubstituível!

Eh, eh...
Falavam do filme. Não deste blog!

As minhas cuecas de Los Angeles

5 pares por 25 dólares e ainda ofereceram o cãozinho de pano. Tudo na Victoria's Secret. E porque a British Airways fez o favor de perder a minha mala em Londres. Valeu-me o cheque de 72 dólares para recuperar a higiene pessoal.

domingo, fevereiro 08, 2009

fora de prazo

uma mulher percebe que está de facto exausta quando quase adormece na marquesa enquanto lhe fazem a depilação.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Mudança [ii]

Primeiro estranha-se. Faz comichão na boca do estômago. Um nó na garganta. Depois, quando o coração que tudo ordena dá um descanso, pesam-se os prós e os contras. Rasga-se um sorriso. Ensaia-se uma gargalhada. E depois entranha-se. Ainda há [promessa de] vida para além do caos.

[mas continuo a precisar de shots de tequilha com sal e limão. só que agora por outros motivos]

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Um conde visionário ou a história de Serralves


O segundo Conde Vizela, Carlos Alberto Cabral (1895-1968), para além de ter sido um grande industrial, foi um homem culto e viajado que procurou aos mais renomados artistas do seu tempo para construir, mobilar e decorar a Casa de Serralves.

Entre eles, destaca-se o francês Émile Jacques Ruhlmann, um famoso decorador ao qual recorreu após visitar a Exposição Internacional de Artes Decorativas que teve lugar em Paris, em 1925.

A casa começou a ser construída nesse ano e os trabalhos terminaram só em 1944. Foi "um projecto ambicioso", que o conde conseguiu concretizar ao mesmo tempo que geria a Fábrica de Fiação e Tecidos do Vizela, uma das maiores do seu tempo.

A construção encontra-se amplamente documentada através da correspondência que o Conde Vizela e Ruhlmann mantiveram entre 1926 e 1939, "por vezes quase diária", segundo referiu o director do Museu de Serralves, João Fernandes.

"Tudo vinha de Paris", salientou João Fernandes, observando, no entanto, que "o Conde Vizela é o grande autor da Casa de Serralves", mas com Ruhlmann por trás.

Eurico Cabral ainda se lembra bem do tio, da casa que ele teve em Biarritz, França, e de como Serralves foi o seu "primeiro choque cultural", quando pela primeira vez lá entrou, em 1947.

"O meu tio reuniu praticamente toda a família aqui, quando inaugurou a casa", recorda ainda. Segundo conta, o segundo Conde de Vizela era homem de poucas falas, "sempre muito sério e que vivia muito isolado, sobretudo aqui em Portugal".

Tudo mudava quando se encontrava em Biarritz. "Ia às compras ao mercado, andava sempre sem gravata, coisa que nunca vi aqui, vestido com casacos desportivos, e ia à praia", conta Eurico Cabral, que guardou este acervo "em caixotes" porque se mudou há pouco tempo para Lisboa.

A Fundação de Serralves pretende "pôr à disposição do país" este acervo, de que também fazem parte fotografias tiradas pelo célebre Domingos Alvão, de modo a poderem ser consultado e sobretudo integrado numa "grande exposição" que vai fazer sobre a Casa de Serralves a partir de Julho deste ano.

A exposição integra-se no programa de comemorações dos 20 anos da criação da própria Fundação de Serralves. A propriedade onde se encontram a Casa e o Museu de Serralves foi depois comprada, em 1957, por Delfim Ferreira, Conde Riba d' Ave, a quem se deve a preservação deste património. Em 1986, o Estado português comprou-a.


Em contrapartida, estou a comer cerejas em Fevereiro.

dias de chuva

É oficial. Preciso de me embebedar até cair.

[adenda: de preferência com shots de tequilha]

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Próxima conversa

Mel Brooks, a propósito do musical "Os Produtores"...

Próximo destino