segunda-feira, maio 25, 2009

Alentejo

Às vezes esqueço-me de como Portugal tem lugares belos. Conduzi por estradas rectas, quilómetros a fio, rodeada de paisagens espectaculares e inspiradoras. Às vezes chovia torrencialmente, e cheirava bem: a terra molhada, um odor irrestível que dava vontade de saltar para fora do carro e correr, de braços abertos. Não o fiz. Apenas sorri, para mim, e disse muitas vezes, para os que me acompanhavam "Adoro este cheiro". Passámos por cegonhas nos ninhos e outras que voavam no alto. Se elas vêm cá passar férias, porque não ficamos nós? Ainda espero que um dia, alguma, me traga qualquer coisa no bico. Como nos livros infantis, pendurado numa fraldinha. Branca. As ovelhas e as vacas completam a paisagem de uma alimentação disponível para todos. Coelhos atravessam a estrada à minha frente e múltiplas aves, de várias formas, voam baixinho sem medo de atropelos. Também um rato enorme passa à minha frente. O céu está, ora azul, ora cinza. Muito escuro, à espera que (eu) passe para me deitar água em cima. As nuvens parecem animadas, de tão fofas. Imagino-me a saltar como um boneco infantil, em cima delas. Vejo raios de sol que as trespassam sem medo. Sinto que Deus existe. Há amarelo nas flores e verde no resto, algumas papoilas e brincos rosa. À beira da estrada, como se esperassem boleia. Levo-as comigo, na alma, e deixo-as em terra de ninguém. Agradecem e seguem viagem. Fico-me pela natureza. Omito aqui as plumas e as migas, o ensopado de lebre (não comi) e a sopa de cação. Também o pão, as azeitonas, o tempero com sabor a coentros e alho. Gosto de cá estar. Prometo regressar em breve.

2 comentários:

Reflexos disse...

O Alentejo ainda não saimos de lá e já temos saudades...

Dylan disse...

Excelente descrição.