Uma limpeza
A culpa é minha.
Deixo acumular tudo meses a fio. Tornei-me uma desorganizada pessoal. A minha vida é uma espécie de quarto que começa por ter a cama desfeita e, à medida que o tempo passa, já tem os sapatos desarrumados... a roupa espalhada no chão, o tapete repisado, duas ou três malas esventradas...
Quando chegamos a este ponto deixamos correr. Prometemos que um dia, no futuro (num muito distante) havemos de pegar naquilo tudo, dar a volta ao quarto, arrumá-lo. Até lá competimos com o Evereste e também gelamos... sempre que a porta não abre, impedida pelo lixo atrás dela.
Hoje foi um dia diferente.
Hoje comecei a limpar o quarto. Não foi assim tão difícil. Pensava eu que ia ter problemas a escolher o pano do pó, a verter o detergente, a calçar as luvas de borracha... enganei-me. É, de facto, uma questão de pôr mãos à obra, começar. Retirado o primeiro grão, tudo parece vir agarrado (como se usassemos aqueles 'agarra pó' dos anúncios publicitários, que trazem tudo colado à esfregona e até ficamos envergonhados com o lixo que acumulámos debaixo do sofá).
Não está tudo resolvido. Mas é um princípio. Também já corei, ao perceber como teria sido mais fácil se tivesse pensado nisto mais cedo (em 2004, nalguns casos). Mas perdi a vergonha para ganhar forças e continuar a organizar-me. Na vida. Como na alma.
É que se não tiramos logo o pano, para enfiá-lo, a correr, no lixo... corremos o risco de voltar a espalhar o pó. E depois não há quem o volte a agarrar.
1 comentário:
Deixa, eu ainda tenho o IRS de 2004 para entregar. Ao fim de... humm... muitos anos como contribuinte cumpridora, tenho finalmente uma mancha no meu curriculum.
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