A caminho de NY
Não me apetece ponto!
Está uma mulher sossegadita, toda contente por ter finalmente despachado um dos cinco textos que devia ter entregue na segunda-feira, quando de repente toca o telemóvel. O nome do chefe a piscar no visor e eu a pensar “que foi que eu fiz agora?”, a que se segue uma rápida busca pelo disco rígido, ocupados que estavam o Tico e o Teco a cogitar sobre o que iam escrever a seguir, para chegar à conclusão que provavelmente era só mais uma qualquer história sobre o plano tecnológico e afins. No news!, portanto.
A conversa começou mal, com o chefe a dizer que tinha havido uma falha de comunicação. Parece que afinal sempre fiz alguma coisa, é desta que ele me despede e eu posso ir gozar os meus dias a plantar tomates ou outra coisa qualquer para o Alentejo, de preferência bem juntinho à praia, que esta vida anda a dar cabo de mim. Respiro fundo quando percebo que afinal a falha tinha sido da empresa xpto, que o convidou para ir a Washington tratar de um assunto que afinal é da minha competência. E, quando eu achava que ia ter mais uma semana enfadonha, lá vem a ordem para preparar a mala e embarcar para os States. Não está mal, não senhora, penso nos dois segundos que demoro a perceber que a viagem é amanhã (ou seja hoje), que tenho o Esparguete a passar férias cá em casa, que não sei se tenho roupa para ir de viagem de um momento para o outro, que... que... que... basicamente o que em outra altura qualquer teria sido recebido com saltos de alegria, transformou-se num momento de puro pânico e stress absoluto. Para complicar as coisas a avô do Esparguete não me atende o telefone e eu sem saber o que fazer com o meu mais que tudo.
O pânico rapidamente se transformou em irritação que descambou para uma verdadeira birra. Pela primeira vez na vida não me apetece fazer uma viagem. Estou cansada, tenho sono, preciso urgentemente de compensar mais um fim-de-semana mal dormido, e a última coisa que me apetece é passar quatro dias com pessoas com quem não tenho a mínima afinidade. Não me apetece ponto! Ainda por cima, não se manda uma mulher de viagem – principalmente numa que inclui uma paragem em Nova Iorque (!!!!) – no final do mês, quando a conta bancária está tão magra que já é preciso fazer uns quantos buracos no cinto para que não caia.
Quatro horas depois lá consegui arranjar ama para o Esparguete, a mala está feita, os livros, obrigatórios quando se perspectivam longas horas de avião, arrumados e eu para aqui sem sono, a ver as horas passar e a pensar que às seis manhã (hora completamente criminosa e imoral) tenho que estar no aeroporto... pelo sim, pelo não, já pus o despertador e liguei para o serviço de despertar.
Se me apetece? Agora que as coisas estão todas no devido lugar já consigo esboçar o sorriso. Amanhã quando chegar perto da Casa Branca e poder chamar uns quantos nomes ao Bush de certeza que o sorriso se terá transformado numa gargalhada. E na sexta, enquanto me passear pela Madison Av ou pela 5th, vou estar na fase das coisas que me fazem sorrir. Ai vou, vou!
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