sábado, outubro 22, 2005

Uma vez sem exemplo

Eu sei que não é suposto isto ser um blogue político, também não é suposto ser sobre futebol, o que não me tem impedido de escrever sobre o assunto. Na verdade cada vez me convenço mais que isto não é sobre coisa nenhuma, assim sendo bem posso espetar aqui com as declarações do professor que ninguém vai reparar.

Devo ter sido a única pessoa de território continental e ilhas que não ouviu o anúncio da candidatura do professor, também conhecido por Cavaco Silva (já é a segunda vez que falo do homem e ainda não pedi a devida vénia), em directo em todas as televisões e rádios. Temos pena, mas estava às voltas com uma cacha, porque há valores que falam mais alto, afinal o futuro do País, para quem não sabe, está no choque (suspeito que a voltagem esteja acima dos níveis recomendados, só isso explica que naquele ministério nada funcione, que ninguém se entenda, muito menos na unidade, dita de coordenação, em que a desorganização é palavra de ordem), dizia eu que o futuro do País está no choque tecnológico e não nas presidenciais, e por isso não tive tempo para assistir ao circo que se montou à volta do homem (vénia). Também confesso que, à parte das peças de antevisão publicadas no meu pasquim, não tive tempo para ler o que publicaram os outros. Passei a manhã numa entrevista e quando cheguei estive a escrever sobre ao assunto e a discutir com a R.T. as possibilidades do tipo, além de ser casado, ser insuportavelmente “atinadinho” e mau na cama, e com isto eram horas de começar a trabalhar para a cacha, que eu ainda não sabia que o ia ser, mas como sou muita boa saquei a notícia e fiz um brilharete (sim, a modéstia continua a ser a minha principal qualidade).

Por esta altura já três dos nossos cinco leitores desistiram de ler, mas para os que se mantém estoicamente eu volto à questão: o professor! Ontem, ao final do dia, um colega meu decidiu pôr o som da televisão mais alto, suponho que por ter visto a imagem do Aníbal, a que se seguiu o meu já estafado comentário “não te estou a ver fazer a vénia”, depois de ter ouvido a voz do homem (a explicação para a história da vénia pode ser encontrada no Mau Tempo, no Bicho Carpinteiro ou no Insubmisso. Quem não tiver paciência para tanto pode passar no Glória Fácil, onde o JPH faz um apanhado da discussão).

Não faço a mínima ideia se eram declarações feitas durante o anúncio da candidatura ou noutra altura qualquer, nem sei do que é ele estava a falar, mas as campainhas de alarme soaram quando o oiço falar da “Assembleia Nacional”. Desculpe? Importa-se de repetir? E ele lá repetiu e corrigiu. Afinal estava a falar da Assembleia da República. Uff… Voltei a respirar, depois de perceber que afinal não tínhamos voltado ao Estado Novo. Já não bastavam as semelhanças com o outro, que também primava pela austeridade, que começou por ser ministro das finanças, e que depois foi o que se viu, como agora ainda vem falar de instituições do tempo da outra senhora. Se dúvidas havia…

PS: A “posta” é longa, tão longa como cada um dos cinco textos que tenho para entregar até segunda-feira, mas escrita entre dois cigarros. Fosse eu tão profícua a falar de outras coisas e a minha vida seria de certeza mais feliz. Já para não falar no fim dos pesadelos que tenho tido nas últimas semanas em que os ditos textos aparecem invariavelmente, qual exame final nos tempos de faculdade.

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