Temos pena, temos muita pena
Todos os dias deviam começar assim. Todos os gestores deviam ser assim! Ai Ai Uma entrevista logo pela fresca com o presidente de uma empresa lindo de morrer. Cabelo desalinhado, olhos castanhos, lábios apetecíveis, sorriso enigmático, um traço de timidez a compor o retrato… e eu, de cabeça encostada à palma da mão, cotovelo sobre a mesa, a ouvi-lo falar sobre protocolos de internet, tecnologias, investimentos, routers e afins, como quem ouve poesia. A verdade é que a certa altura deixei simplesmente de prestar atenção ao que me dizia. Só me apercebi que estava a olhar para ele embevecida quando se calou à espera da resposta a uma pergunta que me tinha feito. Corei. Muito. Retomei a compostura, endireitei-me na cadeira, e lá peguei na caneta para tirar umas notas, como quem está realmente interessada no assunto. À despedida, dois beijinhos e uma olhadela para a mão esquerda como quem não quer a coisa. E lá estava, qual alarme anti-roubo, a bela da aliança dourada. Temos pena. É que temos mesmo muita pena!
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