Avozinha
Fim-de-semana acompanhada. Avósitting. Só existe em Portugal, e eu faço-o. Além das provas de amor, das declarações repetidas, fica a história dos tempos em que vestia um avental branco na Rua Morais Soares. Era a criada do menino. Criada, e não empregada, nem senhora, nem mulher-a-dias. Há 80 anos era-se criada. Sem vergonha.
Sábado volto a recebê-la. Para lhe dar banho e passar-lhe as mãos molhadas pelo cabelo branco. Para vesti-la, quando já não chega lá. Para lhe servir o descafeínado que tão bem lhe sabe. E mesmo que a noite seja dividida em 10, mesmo que os olhos estejam em permanente alerta, mesmo que o sono nunca durma comigo... mesmo que a manhã me traga dores de cabeça, vale a pena ficar com ela.
5 comentários:
Como te compreendo.
Vale sempre a pena.
Realmente, é bem verdade, vale mesmo a pena sim senhora, aqueles olhos transmitem ternura que mais nenhuns sao capazes.
É amor, num estado puro. Eu tenho 31 anos e nenhuma avó ou avô, desde os 18... e tenho tantas saudades. Aprendi tanto com a minha avó, mas tanto, que acho que chegando à idade adulta, ela iria ensinar-me muito mais. E eu iria cuidar dela muito mais.
Vale tanto a pena...
As saudades que tenho de tudo isso...
Eu tive uma, "BI". Lembro-me dela quase todos os dias. Eu já era Mãe, ela chegou a ser "TRI". Para mim era a avó Angela, para os meus filhos a Náná. Os banhos, o penteador, os pentes e os "plixes", as unhas e os cremes...Fiz isso tudo e é bom ver que há gente que o continua a fazer.
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