Carta à Carrie - Parte II
Minha amiga Carrie,
Achar a normalidade uma chatice não é mau. Procurar sempre chatices na vida é que não é normal!
A normalidade não tem de incluir pantufas com ursos, telenovelas à noite e um 'até logo' apressado. A normalidade não tem de ser '9 to 5'. Não tem de ser uma viagem monótona onde o ponteiro não passa dos 60 Km/h. A normalidade pode ter momentos tão bons, quanto anormais.
Acho normal que alguém escreva desenfreadamente num blog - Estou a fazê-lo agora, caso tenhas reparado nos últimos 'posts' - não acho normal que alguém queira, todos os dias, reescrever uma vida. O que ficou decidido, muda-se. O que ficou definido, altera-se. O que ficou arrumado, baralha-se. No blog, como na mente.
Mas se o blog tem uma opção de delete, não há-de a mente ter uma outra, de forward?
Querida Carrie... a ansiedade também não é um defeito. Nem um problema. Excepto quando é procurada, como forma de arranjar outro. Outro problema, naturalmente.
É onde quero chegar. Porque continuas a procurar a anormalidade que é ter, sempre, um problema? Não preferes deitar a cabeça na almofada, sossegada, sem stress, sem dramas, sem angústias?
Eu prefiro.
Quando não é assim, então fico triste. Angustiada. Mas prefiro pensar que há razões para não o estar, amanhã.
E se as há para mim...
Vai longa a carta que te escrevo. Não ta mando por sms porque isso levaria, à tua conta, mais uns algarismos que não queres ter. Não queres voltar a ter.
Voltar nem sempre é bom. Voltar a ter não é necessariamente o melhor.
Especialmente, amiga Carrie, quando nunca se teve.
Sempre tua,
A vida é muito difícil (mas não custa assim tanto viver)
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