segunda-feira, junho 13, 2005

Jacarandás

Esta cidade foi invadida pelas flores lilases dos Jacarandás. Sempre amei aquelas árvores que em Junho ficam carregadas de pequenas flores e anunciam que o Verão está mesmo aqui ao virar da esquina. Confesso que só agora descobri como se chamam. Que querem? Não precisamos de dar nomes às coisas para sentir que nos fazem bem, para saber o quanto gostamos delas. Além disso, descobri, há poucos dias, que existe nesta cidade um verdadeiro culto às ditas árvores.

Pela parte que me toca, saio todos os dias do jornal, sinto o bafo quente das noites de Verão – que este ano chegaram mais cedo, com esta onda de calor que, a um só tempo, me entorpece os sentidos e me concentra a sensibilidade em cada milímetro de epiderme –, que se mistura com o cheiro das flores lilases, e respiro fundo. O cheiro. O cheiro. O cheiro. Invariavelmente fico com vontade de ir a pé para casa. Adiar o mais possível a hora do Adeus, que eu sei ser pouco mais do que um ‘Até Já’ mais prolongado.

É com um ‘Até Já’ mais prolongado que todos os dias me despeço das flores que vão caiando e criam por estas ruas, avenidas e praças um lençol azul em tons de roxo. Caminhar por estes dias nas ruas desta cidade faz-me lembrar como a vida é bonita, mas infinitamente frágil. Mas faço-o com a certeza que daqui a um ano lá estarão de novo os Jacarandás floridos. E lembro-me, que tal como aquelas flores lilases, também nós vivemos por ciclos e renascemos sempre que a vida nos obriga.

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