segunda-feira, novembro 14, 2005

It's not getting better II - Uma outra visão

Há quem, a partir dos 30, perceba essa tua reflexão, Carrie.
Sou uma delas.

Há quem, a partir dos 35, não tenha alternativa, senão percebê-la.Conheço gente assim.

Na minha curta - mas sofrida, vivida, eu sei lá... - experiência, concluo que os jogos a que achamos piada aos 17, tornam-se viciantes aos 22, doentios aos 28, desesperantes aos 30, preocupantes aos 32. Mais não digo, porque não tenho idade para isso.

Creio ter a ver com o nosso ego, com a nossa auto-estima. Por um lado porque não sabemos dar, ao outro, a razão do nosso amor, do nosso gozo, da nossa satisfação e puro prazer... Ponto. Por outro, porque não sabemos, nós, lidar com os elogios, com o gosto do outro, com a entrega e com a dedicação que nos é dada. Soa-nos a falso. E partimos para outra.

Uma vez ouvi uma amiga desligar o telefone com a seguinte frase: 'Ele gosta demais de mim!'. Ri-me. Olhei para ela a pensar: 'Bolas... claro que gosta de ti. Tu és uma pessoa fantástica'. Ela disse-o com o humor que a carateriza. Mas com alguma preocupação. Como lidar com tanto 'gostar'?
O rapaz do telefonema já não é o namorado dela. Aliás, ela não tem, actualmente, um namorado.

É curioso. Conseguimos, por vezes, ser mais honestos e capazes de pôr a nú os nossos sentimentos nos momentos em que somos desprezados e, quando a coisa é partilhada, tendemos a fazer de conta que não é connosco. Penso, às vezes, que se me dizem 'gosto de ti' é ridículo dizer 'e eu de ti'. Fico com a sensação de estar apenas a retribuir. É como quando nos mandam um cartão de Boas Festas. Há uns que já dizem 'Agradece e Retribui'. Como quem diz... 'olha, não me tinha lembrado de ti, mas já que mandaste o cartão, aqui vai outro'. Não podia ser antes: 'Olha, fiquei tão contente por te lembrares de mim que não quis, de modo nenhum, deixar de dizer-te que também me lembro de ti'.

Acontece-me tanto...

Vai longo este 'post'. Porque o assunto que trouxeste à baila, Carrie, tem que se lhe diga. Tento, agora, ser o mais clara possível nestas coisas do amor e do gostar. Reclamo quando não o fazem comigo. Detesto entrelinhas e recados que não passam da intenção de os dar.
Às vezes ainda entro no jogo. Consciente que perderei sempre, seja qual for o resultado. É que este não tem soluções, nem mesmo invertidas, na página ao lado. Sai-se dele jogando até perder tudo. Na esperança de ganhar bom-senso, e uma grande dose de coragem.

Pela minha parte... gosto de ti. Muito. E das outras (semi) habitantes deste blog.

2 comentários:

Carrie disse...

Na verdade nem todas estamos sozinhas (felizmente!!!), mas as angústias, tal como as alegrias, não são exclusivo de solteiras ou “casadas”. Os links ficam ao critério de cada um.

Carrie disse...

Samantha,
Também eu acho ridículo dizer “e eu de ti”. Mais do que isso odeio quando me dizem “eu também”, como se o advérbio pudesse substituir o sentimento. Todos os homens que passaram pela minha vida sabem que é assim. A nenhum consegui fazer perder a mania de dizer “eu também”. Custa muito perceber que em troca queremos apenas um beijo, um ligeiro roçar de pele, um sorriso que seja?