A ovelha ranhosa
Não gosto do Natal. Assim como não gosto do Ano Novo, do Carnaval ou do dia do meu dia de aniversário, na devida ordem cronológica e não de desagrado. Irrita-me que as festividades marcadas no calendário tragam em ‘attach’ a obrigatoriedade de toda a gente andar de sorriso nos lábios. Então, no Ano Novo não há mesmo paciência!
Com o Natal vêm também a euforia dos presentes e eu, que adoro dar prendas quando descubro coisas que sei que vão ser realmente apreciadas, fico, invariavelmente, sem saber o que oferecer. Resultado: amigos 0 – FNAC 1. E depois há a mania de embrulhar o Natal com quase dois meses de antecedência, que faz com que qualquer dia – imagino que não muito longínquo – se comece a decorar as montras e a encher ruas e avenidas de enfeites de Natal em Agosto. Sou do tempo em que as luzes se acendiam algures no início de Dezembro, aí sim, já com um cheirinho a Natal no ar. Sou do tempo em que a árvore – quase sempre um pinheiro natural, que depois conservamos num vaso para mais tarde ser passado para a terra do jardim, ainda que poucos tenham sobrevivido – era enfeitada no feriado de 8 de Dezembro ( se bem que lá em casa, se tenha, nos últimos anos, começado a fazer na tarde da véspera de Natal), muito a tempo de dizer ao Pai Natal onde deixar as prendinhas. Agora não só nas lojas, mas também nas casas começam a aparecer sinais precoces do Natal, o que faz de mim a ovelha ranhosa lá do prédio, por não ter ainda dado um ar da minha graça natalícia. Não há paciência para as luzinhas a piscar, os pais Natal empoleirados nas varandas, a neve artificial nas montras. A sério que não há!
2 comentários:
julgo que amanhã vais ter uma surpresa que deixará crancky. Logo pela manhã...
Sempre detestei a festa do ano novo. Até que lhe descobri uma utilidade. Dia 31 de Dezembro: arrumações!!!
Deito tudo que não serve para nada no lixo, separo a roupa que vou dar para os pobres, organizo todos os meus papéis, pensamentos e sentimentos.
Mas que é um disparate de uma festa é verdade.
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