E por cá?
Neste lado do mundo também se dorme pouco. Quando todos se deitam também eu tento ir para cama e logo que posso adormeço. Mas a noite faz-se de sonhos que quase sempre são pesadelos. A noite faz-se a acordar de tempos a tempos, a ficar de olhos bem abertos à espera que se vão os monstros que me atormentam. Não, não estão debaixo da cama como nos quadradinhos do Calvin, estão por todo o lado, na minha cabeça. Fantasmas em forma de gente, que se atropelam em pesadelos uns a seguir aos outros e que não me deixam descansar.
Depois acordo e tenho sono numa manhã já tardia, com o sol em roda livre. E não saio logo da cama porque o corpo não me deixa, e o pensamento é mais forte e não quer que me levante. Os compromissos atrasam-se, as horas certas resvalam, os dias passam iguais e não consigo mudar nenhum.
Neste lado do mundo há razões para organizar tudo, mas a razão não o permite, pelo menos a minha. Neste lado do mundo os dias são, para mim, como para tantas outras pessoas, que não tu que estás do outro lado, do lado de lá, onde eu também poderia estar porque dormiria o mesmo. Neste lado do mundo a cabeça acorda em dor e só não morre porque é acelerada com comprimidos para viver. E vive mais um dia, um a seguir ao outro.
Nenhum lado do mundo nos sabe bem. Nenhum lado da vida nos agrada quando não temos descanso.
Eu tenho saudades tuas e gosto de ti. Acordada e a sorrir. Pode ser que aqui me leias e que sorrias comigo. Eu estou à tua espera para voltarmos ao mesmo lado e para tentarmos descansar juntas. Mesmo que não seja comigo que dormes.
E podemos ir ao cinema. De olhos bem abertos, não?!
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