Fechar os olhos
E de repente faz-se escuro como breu. Não sei quando foi que os neons se apagaram, concentrada que estava a martelar o teclado na fúria de mandar trabalho para Lisboa. Anda tudo ao contrário. Acordo quando tu te deitas. Janto quando tu almoças. Vou dormir quando aí ainda é dia. Deito a cabeça na almofada, mas não convenço a cabeça a dar ao corpo o descanso que precisa. Os neurónios ainda acham que às 18h [com sorte vou para a cama às duas da manhã] são horas de dormir a sesta. Durmo uma hora, hora e meia no máximo e depois fico às voltas na cama. Às sete [é imoral e devia ser punido com pena de morte] toca o despertador. E começa tudo outra vez. Apertos de mão, assinaturas, formaturas. E nós, do lado de fora, a desejarmos que acabe. Nós que adormecemos à porta de reuniões de alto nível. Que cabeceamos nas conferências de imprensa. Que congelamos nas paradas. Nós só queremos dormir. Não me digam que é a viagem de uma vida. Eu sei que é. É bom. A Cidade Perdida é linda, mesmo quando vista a correr em passo acelerado. Mesmo quando se luta contra uma eventual hipotermia. A praça Tiananmen é uma desillusão. Escusam de dizer o contrário. Duas visitas não chegaram para me fazer mudar de ideias. Falta-lhe a imponência dos filmes. Pequim é enigmática, mesmo que seja apenas uma fachada de quarteirões de arquitectura a estrear, com avenidas imponentes e 11 horas diárias de hora de ponta. Xangai é a Nova Iorque da Ásia. Deslumbrada pelos neons. E eu queria ficar aqui para sempre. Neste 36º andar com a cidade aos pés... mas apenas se pudesse dormir!
Sem comentários:
Enviar um comentário