domingo, fevereiro 11, 2007

SIM

A caneta escorregou para o sim como se já soubesse a minha intenção de voto há muito tempo. Nem me deixou ler e reler a pergunta que fala de despenalização e de interrupção voluntária da gravidez. Eu deixei-a fazer a cruz e dobrei o papel em quatro. Levei-o à urna, assim, dobrado e saí com os cartões na mão e a sensação de dever cumprido.

Eu votei sim no referendo. Por esta hora, não faço ideia se ganha o sim, se ganha o não. Tudo é, ainda, possível. Mas eu votei sim porque me parece que o não é um voto de atraso, hipócrita, e sem razão de ser nos dias que correm. Eu não sou a favor do aborto, não sou a favor da morte, não sou a favor de uma escolha incoerente e sem responsabilização. Mas sou a favor do respeito pelo acto de ter um filho; sou a favor do amor absoluto por uma criança, sou a favor de uma mãe feliz. Por isso votei sim.

Esta é uma discussão que nunca mais acaba. A abstenção dirá isso mesmo. Há muitas dúvidas, muitas pessoas que se ficam, sem saber que opção tomar. Porque é uma responsabilidade maior votar num referendo. Não quero aqui deixar mais explicações, convicções ou propaganda. A minha caneta - que estava pendurada na mesa de voto - sabia bem o que escrever, onde escrever. E o sentimento de que fiz o que estava certo vem dessa leveza, dessa forma rápida como a cruz se desenhou naquele quadrado. A minha consciência soube o que fez.

2 comentários:

Carrie disse...

Bonito post, amiga :)

jbettpinto disse...

E quem faz o que deve, a mais não é obrigado, é ou não é Sam?