terça-feira, abril 08, 2008

Fora de série

Não importa a hora a que chego a casa. À minha espera, um ecrã de 32 polegadas e vários canais no cabo. Faço zapping à procura de uma que tenha começado naquele momento, que se prepare para começar. E há sempre uma série para ver. Ontem vi três episódios de "House". Vi o primeiro episódio da primeira temporada que, por acaso, nunca me tinha passado pelos olhos - apesar de guardar religiosamente, em dvd, as três temporadas já editadas. Foi uma das séries que parou, por causa da greve dos guionistas em Hollywood. Presumo que, por isso, a Fox esteja a repetir episódios da temporada IV, agora no ar. A coisa foi de tal forma nos EUA que, Hugh Laurie, britânico, decidiu ir a casa com a família enquanto os homens dos guiões não se decidiam a regressar ao trabalho. E se é genial, o guionista de "House"! David Shore, se não me engano. Sim, é esse o nome.
Tenho visto muita coisa de crime: às vezes páro nos "CSI" mas gosto, sobretudo, do que se passa em Las Vegas. Os actores são mais credíveis. Por outro lado, apesar de achar que David Caruso é um cretino, que põe sempre os óculos da mesma maneira, que tem o andar pedante de todos os polícias que não valem nada... apesar de tudo isto, acho-lhe piada. Os gestos exagerados e o facto de levar sempre a melhor com um certo espírito de filme dos anos 30 faz-me gostar da série. Ainda assim, prefiro "A Patologista". Gosto dela. Não tanto quanto gosto de toda a equipa da Casa Branca, especialmente de Sam Seaborn ou de Josh Lyman. Aaron Sörkin (não sei se está bem escrito) é um judeu muito bom. Escreve lindamente para televisão e, nesta série, "Os Homens do Presidente", ficamos a perceber melhor porque se batem Hillary Clinton e Barak Obama por um lugar na liderança do Partido. Perceber esta série é entender melhor o sistema político dos Estados Unidos. Tenho andado a ver os episódios em dvd, um a um. São sete temporadas mas ainda vou na terceira, a caminho das eleições.
E depois há "Boston Legal". Fantástico, o Alan Shore. Um advogado de primeira com tudo o que é preciso para se gostar dele: o charme, a inteligência, o sentido de humor. Não precisa de ser bonito. É essencialmente um excelente actor.

É uma pena que não tenhamos capacidade para guiões destes, para séries deste calibre. Honra seja feita a "Conta-me como foi" que nos conduz ao passado recente do tempo de Salazar. Mas nada mais temos que se veja. Já não lamento as telenovelas - que abomino - mas as séries que não temos. Acho que é, sobretudo, um problema de conteúdos. Não temos quem pegue numa história e desenvolva um bom guião. Tudo nos sai assim teatral, à antiga, pouco profissional.

Felizmente o Reino Unido e, sobretudo, os EUA, dão-nos pano para mangas no que respeita a séries. Não gosto de todas. Não acho piada a "Perdidos" ou à "Betty Feia" (apesar dos prémios). Mas gosto de "Donas de Casa Desesperadas" como gosto de "Irmãos e Irmãs", como gostei de "Sete Palmos de Terra". Uma espécie de ar fresco na televisão que nos chega, uma escola de actores e de profissionais que me faz querer mais, para além da pura descontração. Tenho-me esquecido dos livros, é certo, mas não consigo afastar-me dos mundos diversos que uma boa série me oferece em casa.

Agora vou ver mais um ou outro episódio.

7 comentários:

Anónimo disse...

Estava tudo parado!
A parti de 13 de Abril recomeçam TODAS as séries...
E eu aqui mortinha por recebê-las.

Mrs. Sea disse...

Eu adoro ver a série "em contacto"... Ui... o que há melhor do que estar deitadinha no sofá, enrolada num cobertor quentinho, abraçadinha ao nosso mais que tudo, a ver o "Em contacto", a ouvir a chuva e o vento e o temporal todo lá fora??? NADA!!! :)
Bjins e boas séries...

vertigem disse...

A falta de séries em Portugal deve-se mais há falta de investimento neste tipo de produto audiovisual, do que há falta de qualidade dos nossos guionistas. Uma novela é 10 vezes mais barata que uma série - e, aos olhos dos patrões das televisões, mais rentável! Se os nossos guionistas são tão bons quantos os americanos? Provavelmente, ainda não, porque estão a anos luz da experiência deles. E no que toca às produtoras, todas ambicionam fazer séries (e não novelas) à altura do que de bom se faz lá fora, mas não têm onde colocá-las...
Provavelmente, isto é do conhecimento da maioria, mas achei por bem relembrar, já que estudei guionismo e conheço os problemas da profissão.

Kaiser Soze disse...

a procura também se cria com o produto, não tem de ser anterior.

Perdidos, Twin Peaks e Seifeld, por exemplo, não tinham um nicho ao qual se dirigiam.

às vezes não é só investimento, é visão.

LurdesMartins disse...

Eu cá sou mais ER - Serviço de Urgência. Adoro!!! O dinheiro que já gastei... acabei de comprar a 10ª série.

sofi disse...

recente descoberta no universo das series:

californication.

Recomendo vivamente. Para fãs do Weeds e não só...

Vera disse...

Irmãos e Irmãs está no top das minhas preferidas! House, E.R.,Donas de Casa, The Closer, A Patologista, Bones, são as nossas preferidas!
Também já não há pachorra cá em casa para ver os chamados canais generalistas...então os canais por cabo e a RTP2 andam numa fona através do nosso comando!
Por isto, e só por isto, Viva a TV Cabo...